terça-feira, 22 de novembro de 2016

Com grande conhecimento intelectual, Leonel Bacinello escreveu peças teatrais, narrou rodeio e futebol.


A vida do comerciante Leonel Bacinello não se resume apenas aos negócios imobiliários da Bacinello Imóveis e da Lotear Loteadora. Aos 53 anos e auxiliado pelos filhos Ben Hur Bacinello e Leonela Bacinello, sua história é ligada ao movimento artístico e cultural. Apaixonado por Shakespeare e influenciado por Bertold Brecht, o qual mantém um livro em seu escritório, Bacinello também é um exímio locutor. Ele recorda que tudo isto começou em meados de 1969, quando sua família veio de Londrina para Cambé. “Os cafezais dominavam a paisagem e meu pai, Militino Bacinello, casado com Zilda Bacinello, veio ser operador da máquina beneficiadora de café. Tamanho era o volume da produção que havia cerca de oito comércios do gênero na cidade. O agricultor trazia o grão e a beneficiadora colocava o produto no mercado, na maioria das vezes destinado a exportação. Da mesma forma que vivi o auge do café, fui testemunha do seu declínio em 1975 após a grande geada negra e cheguei à conclusão, após anos, que os governos da época não estavam preparados para a catástrofe que tirou os colonos do campo. Mesmo com as dificuldades, meu pai continuou no ramo e se aperfeiçoou indo a locais onde a geada não afetou, como no Espírito Santo e em Vitória da Conquista, na Bahia”, diz                                                                                                         
Formado em Contabilidade pelo Olavo Bilac e com a profissão de torneiro mecânico, ele também trabalhou na multinacional GSZ, no ramo de GLP e em 1982 atuou na prefeitura e paralelamente na área de comunicação. Foi na área pública que ele desenvolveu trabalhos de grande importância nas artes, junto com o ex-secretário de Cultura José Júlio de Azevedo. “Havia o reconhecimento do meu trabalho, uma vez que dirigi por treze anos o grupo teatral Águia de Haia, numa referencia a Rui Barbosa. Escrevi peças que abordavam os problemas sociais da época, como o êxodo rural. Elas eram interpretadas por atores como Antônio Guilherme Lopes, Marlene Miranda, Marcos Guebara e Tânia Pascoeto. Eu tinha cerca de 21 anos e a Divisão de Cultura estava na Rua França 345, posteriormente mudando de endereço”, declara Leonel, que através do grupo teatral recebeu muitos prêmios e realizava quatro mostras estaduais por ano no município. Além do teatro, ele escreveu poesias, literatura de cordel e musicais. “Fazíamos teatro de maneira informal e aos poucos amadurecemos a idéia de montar uma peça de nome ‘Fé, esperança e sofrimento’, que passou pela censura dos militares e foi liberada para maiores de 14 anos. Vivi o período e sabia que não se fazia nada sem autorização”, recorda Leonel, que também foi presidente da Federação de Teatro Amador no Paraná por um longo período na ditadura. Outro trabalho de grande reconhecimento foi o musical “Álibi”, interpretado por José Vitor (bateria), Ademar Bacinello (guitarra base), Paulo Cesar (guitarra solo), Valdecir Comar (baixo) e pela cantora Ângela.                                                                   
Com o passar dos anos, em meados de 1995 ele foi nomeado Diretor do Departamento de Promoções Culturais no município, onde fazia carnaval de rua, rodas de viola, festivais de teatro, shows nos bairros e projetos como o “Criança na Praça” e “Voz e Canção”, algo intenso e que atendia as comunidades. Neste período algo inusitado lhe acontecia: a Associação dos Operários montou um espaço para rodeios no intuito de arrecadar fundos e não havia ninguém para narrar. A título de diversão ele assumiu a responsabilidade e tamanho foi o sucesso e popularidade de Leonel Bacinello, que em pouco tempo ele foi convidado pela Companhia de Rodeio Esporas de Ouro, de Guarapuava, para narrar eventos em exposições e feiras agropecuárias.                  
A fase do rodeio foi até 2003 e a partir de 2005, quando o Clube Atlético Cambé (CAC) retornou a 2ª Divisão do Campeonato Paranaense, ele foi convidado para narrar os jogos pela Rádio Cidade de Cambé (AM 770), onde criou jargões e um estilo próprio. Mesmo após o CAC sair de Cambé, ele permaneceu no rádio e junto com o Ismael Catóia, Valdecir Mendes, João Marcos Silveira, Juan Piazza e Rafael Ribeiro, transmite os diversos campeonatos. “Transmitir futebol é uma grande emoção e muitos gostam do meu estilo único de narrar. Tanto que os ouvintes vêm na rádio me cumprimentar e tirar fotos na cabine. Não faço isto no intuito de ficar rico, mas sim por hobby e paixão”, relata. Quanto as artes, ele afirma que pode se recuperar a efervescência dos movimentos culturais no município através da construção de um espaço público para abrigar apresentações de teatro, circo, balé, dança, shows de musicas variados e assim por diante, pontua Leonel, que em 1992 foi candidato a vereador.


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