A
história de José Resende Moreira em Jataizinho, o popular Zé Brás, se inicia em
meados de 1959, quando veio de Ibiporã, da Água do Sabão. Lá ele era
construtor, na época em que as casas eram feitas de peroba, madeira ainda vista
em muitos imóveis e conhecida pela resistência ao tempo. “Com peroba fiz escolas,
pontes e outras edificações. Não havia energia elétrica e ela se obtinha por
motores a diesel e gasolina. As ruas eram de terra e com a vinda do asfalto, o
município se desenvolveu. Vim para cá devido uma febre e a impossibilidade de
trabalhar no ramo da construção”, afirma.
Por conta das
adversidades, Zé Brás, que é marceneiro, foi esfaqueado numa briga e viu a
primeira mulher adoecer devido o câncer. Com parcos recursos, gastou o que tinha
com remédios. Na época, o prefeito de Jataizinho, Dionízio Striquer, lhe doou
um terreno de 800 metros para a instalação duma fábrica de charretes e carrocerias
de caminhão. Como a prefeitura da época não tinha veículos, ele doou uma
charrete para o recolhimento e transporte de lixo. “O terreno, desde 1920 era
duma família de turcos, mas não era legalizado. O Atanásio Belo, dono de um
hotel em Londrina, deu aprocuração e a escritura do terreno”, lembra José Braz,
hoje com 85 anos.
Apesar de conquistar o
terreno, uma adversidade dificultaria sua vida: a morte da esposa Rosalina
Farias, em 1960. Por conta disto, criou “na marra” os quatro filhos: Vanda Resende
Moreira (agricultora), Irineu Moreira (soldador), Lúcio Moreira (já falecido) e
Beatriz Moreira, uma artista plástica de renome internacional. Com os filhos
maiores, Zé Brás se casou com Nereide Farias Moreira, funcionária pública
estadual que atuava no posto de saúde. “Criei as crianças com ajuda dos vizinhos
e na lei da natureza”, cita.
Quanto
à marcenaria, ele aprendeu a fazer tudo sozinho e hoje constrói e reforma cadeiras,
mesas e carrocerias. “Aprendi o que sei quando jovem ao trabalhar de ferreiro numa
usina em São Paulo. Mesmo aposentado, continuo no ramo e na juventude era
especialista em rodas de carroça fundida a ferro quente”. Católico praticante, ele
vê com alegria os domingos, pois vai à missa e há 40 anos senta no mesmo lugar,
acompanhado de José Carlos de Lima, o Zezinho Mineiro, hoje com 63 anos.
Nestes 55 anos, Zé Brás viveu muitas histórias. Uma dela foi
quando chegou a televisão, em 1964. “Havia apenas dois aparelhos de televisão
na cidade e um era meu. As pessoas se reuniam no terreiro de casa para assistir
filmes e atrações como o Rim TimTim e Bonanza”, recorda.Outro fato marcante foi
quando ao vir de Assai, com o caminhão carregado de toras e o mesmo quebrou na
estrada. “Sinalizei a via com um lampião, mas veio um ônibus e bateu contra
ele. A batida destruiu parcialmente ambos os veículos e a empresa de ônibus
moveu uma ação judicial contra mim. Na audiência, juiz e promotor questionaram o
porquêde ter deixado o caminhão quebrado na rodovia, com uma tora de quatro
metros para trás. Ele afirmou que devia existir uma sinalização com pano
vermelho. Indignado, respondi: Se o motorista não viu a tora, como ia ver um
pano vermelho? Ao mover outra ação contra a empresa de ônibus, ganhei a causa,
no entanto, a empresa não o pagou e para minha tristeza perdi o caminhão”,
lamenta.
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