O trabalho de recuperação e socialização de
dependentes químicos e alcoólatras envolve profissionaisno intuito de “libertar”
e reinserir a pessoa na sociedade. A comunidade terapêutica Passo a Passofaz este
trabalho. Administrada por Tânia Ferreira e sem fins lucrativos, a Passo a
Passo acolhe por encaminhamento pessoas de cidades da região, via Caps e
Assistência Social, ou por solicitação das famílias. Hoje, 45 homens e 12
mulheres são atendidos Congoinhas. Para entrar no projeto é necessário o
dependente querer mudar de vida. São nove meses internado e os dias são
ocupados com ações envolvendo grupos de apoio, psicólogos e acompanhamento
espiritual, além do tripé trabalho, oração e disciplina. “Os internos fazem a manutenção
da chácara com trabalhos de pedreiro, carpinteiro e jardinagem. Após sete meses
são encaminhados ao mercado de trabalho. Com a recuperação completa retornam as
famílias, que ficam agradecidas com os resultados. Não vemos apenas o interno,
mas um contexto que a família está envolvida”, afirma Tânia. Atuando há seis
anos na comunidade, ela vê diversos fatores que levam o individuo ao vício. A desestruturação
familiar é um exemplo. “A solução é prevenir desde criança, para a pessoa não conhecer
as drogas”, declara.
Ex-dependente químico e coordenador da
comunidade, Paulo Roberto Cabrera cita que a rotina dos internos começa às 7
horas e termina em torno das 22 horas. O período é intercalado com atividades
de recreação. “Para entrar na casa a pessoa tem que admitir que não consegue ficar
no “mundo” e que perdeu o controle da situação, onde a droga influência sua
vida. Após isto, deve reconhecer que apenas Deus irá livra-lo do vício”,
ressalta.
José Luis dos Santos Júnior, de 26 anos, é
dependente químico e está em recuperação há nove meses. Coordenador na Passo a
Passo Feminina em Congoinhas, ele começou nas drogas por curiosidade e influência
das más companhias. “Durante seis anos fui adicto ativo. O uso constante me
desgastou e dei muito trabalho a minha família. Roubei e me prostitui. Após a recuperação,eles
(família) voltaram a confiar em mim e hoje sei que são meus únicos amigos.
Natural de Londrina, José Luis dá um conselho aos jovens: das drogas não se
leva nada. “Busque primeiro a Deus e ocupe seu tempo com estudo, trabalho e tenha
a vida saudável com esportes. No mundo atual, onde há muita criminalidade, os
jovens envolvidos com drogas morrem. Uma amiga morreu ao meu lado por dívida em
drogas. Aquilo me chocou e mesmo assim não sai do vício”, diz.
Os irmãos Mateus, de 15 anos e Marcos, de 12
anos, vieram do noroeste do Paraná para a comunidade, após serem jurados de
morte, decorrente duma dívida nas drogas. “Dei trabalho para minha família e
resolvi me internar. Fui para o sanatório mas não deu certo. Tive recaídas e me
encaminharam para a Passo a Passo”, afirma Mateus. Nesta idade, ele já usou
crack e roubava para o consumo. Tendo abandonado os estudos, ele ainda vê a
chance de conquistar algo na vida. “Diferente do adulto, o adolescente tem muito
que conhecer da vida, além de poder voltar aos estudos, ser um grande homem e
ter uma família. Hoje é mais fácil tirar o jovem das drogas do que um adulto” finaliza Paulo.
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