sábado, 19 de novembro de 2016

Comunidade Passo a Passo ajuda dependentes a sair do vício.


O trabalho de recuperação e socialização de dependentes químicos e alcoólatras envolve profissionaisno intuito de “libertar” e reinserir a pessoa na sociedade. A comunidade terapêutica Passo a Passofaz este trabalho. Administrada por Tânia Ferreira e sem fins lucrativos, a Passo a Passo acolhe por encaminhamento pessoas de cidades da região, via Caps e Assistência Social, ou por solicitação das famílias. Hoje, 45 homens e 12 mulheres são atendidos Congoinhas. Para entrar no projeto é necessário o dependente querer mudar de vida. São nove meses internado e os dias são ocupados com ações envolvendo grupos de apoio, psicólogos e acompanhamento espiritual, além do tripé trabalho, oração e disciplina. “Os internos fazem a manutenção da chácara com trabalhos de pedreiro, carpinteiro e jardinagem. Após sete meses são encaminhados ao mercado de trabalho. Com a recuperação completa retornam as famílias, que ficam agradecidas com os resultados. Não vemos apenas o interno, mas um contexto que a família está envolvida”, afirma Tânia. Atuando há seis anos na comunidade, ela vê diversos fatores que levam o individuo ao vício. A desestruturação familiar é um exemplo. “A solução é prevenir desde criança, para a pessoa não conhecer as drogas”, declara.
Ex-dependente químico e coordenador da comunidade, Paulo Roberto Cabrera cita que a rotina dos internos começa às 7 horas e termina em torno das 22 horas. O período é intercalado com atividades de recreação. “Para entrar na casa a pessoa tem que admitir que não consegue ficar no “mundo” e que perdeu o controle da situação, onde a droga influência sua vida. Após isto, deve reconhecer que apenas Deus irá livra-lo do vício”, ressalta.
José Luis dos Santos Júnior, de 26 anos, é dependente químico e está em recuperação há nove meses. Coordenador na Passo a Passo Feminina em Congoinhas, ele começou nas drogas por curiosidade e influência das más companhias. “Durante seis anos fui adicto ativo. O uso constante me desgastou e dei muito trabalho a minha família. Roubei e me prostitui. Após a recuperação,eles (família) voltaram a confiar em mim e hoje sei que são meus únicos amigos. Natural de Londrina, José Luis dá um conselho aos jovens: das drogas não se leva nada. “Busque primeiro a Deus e ocupe seu tempo com estudo, trabalho e tenha a vida saudável com esportes. No mundo atual, onde há muita criminalidade, os jovens envolvidos com drogas morrem. Uma amiga morreu ao meu lado por dívida em drogas. Aquilo me chocou e mesmo assim não sai do vício”, diz.
Os irmãos Mateus, de 15 anos e Marcos, de 12 anos, vieram do noroeste do Paraná para a comunidade, após serem jurados de morte, decorrente duma dívida nas drogas. “Dei trabalho para minha família e resolvi me internar. Fui para o sanatório mas não deu certo. Tive recaídas e me encaminharam para a Passo a Passo”, afirma Mateus. Nesta idade, ele já usou crack e roubava para o consumo. Tendo abandonado os estudos, ele ainda vê a chance de conquistar algo na vida. “Diferente do adulto, o adolescente tem muito que conhecer da vida, além de poder voltar aos estudos, ser um grande homem e ter uma família. Hoje é mais fácil tirar o jovem das drogas do que um adulto” finaliza Paulo.

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