sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Os heróis anônimos de Jataizinho.


Em janeiro as chuvas castigaram Jataizinho e outras cidades da região. Muitos foram os prejuízos e foi necessário o amparo da população para auxiliar os desabrigados. Neste contexto surgiram diversos heróis anônimos, como o motorista Sérgio Aparecido Veiga de Oliveira (39). Nos dias mais intensos da chuva a água invadiu sua casa cerca de 40 centímetros, sendo ela mais alta em relação a outros imóveis da rua. Vendo o desespero dos vizinhos, ele foi a diversas residências e resgatou móveis, roupas, mantimentos, animais e idosos. Quando isto aconteceu à água estava acima da sua cintura. “Tomei a atitude por compaixão e por não desejar a dor e o sofrimento que passei, uma vez que perdi muitos objetos. Não apenas eu, mas muitos foram solidários”, diz Sérgio de Oliveira mora em Jataizinho desde 1994 e já viu quatro enchentes, como em 1997. Vivendo com a esposa Juliana Firmino e mais dois filhos, ele observa que alguns imóveis próximos a Rua Curitiba foram construídos pertos ao Ribeirão Jataizinho, sendo que não deveria ser expedida autorização dos órgãos públicos, como por exemplo, o habite-se. “Quando minha esposa comprou o imóvel, não sabia que estava numa área próxima ao rio. Deve haver uma distância mínima para evitar impactos ambientais e para se preservar o meio ambiente. Infelizmente os órgãos públicos foram coniventes ao liberar o alvará destas casas. Os futuros compradores de imóveis devem observem estas questões e haver  mais rigor quanto à fiscalização de obras.                    

A esteticista Rosenilda Bergamini não foi diretamente atingida pela enchente, porém a situação calamitosa a comoveu. “A tempestade durou cerca de uma hora e interrompeu o fornecimento da energia elétrica. Comecei a ouvir pessoas assustadas gritando por socorro e chorando. Fui até elas e ofereci minha casa como abrigo. Fiz o que pude, mas fiquei triste porque no momento dos acontecimentos os órgãos públicos não estavam presentes. Cabe aos mesmos avisar a população que o rio estava subindo e que se deveria abandonar o local. Isto é prevenção”, diz a esteticista. Através da Rádio Nova Geração ela fez um apelo para o resgate de um casal de idosos, presos devido o alagamento. Não demorou muito e logo surgiram vários botes para socorrer o casal. “Faz vinte anos que moro aqui e nunca vi algo assim. Há muitos heróis anônimos que ajudaram neste dia, como o Odemir Briola da Rádio Nova Geração e o Sérgio Oliveira. Porém faltou a ação e orientação imediata dos órgãos públicos, uma vez que a população ficou desorientada. Acolhi cerca de dez pessoas em minha casa, dei abrigo e comida para grávidas, crianças e idosos”, diz. Ela ressalta que o ginásio de esportes deveria ter sido aberto antes para receber as pessoas, além da prefeitura ter colocado os caminhões tardiamente a disposição, algo que teria salvado muitos objetos.                               

Emocionada com a situação, Maria Elza dos Santos recorda os momentos difíceis que passou com as chuvas e agradece a ajuda que Rosenilda ofereceu a muitas pessoas. “Ela (Rosenilda) teve um grande coração. Estávamos desesperados, com frio e fome. Não havia quem nos ajudasse. Neste momento surgiu esta heroína anônima, que nos acolheu e nos alimentou. A Rosenilda provou ser mais que uma amiga. Ela foi companheira e uma mãe, cabendo as pessoas se espelharem no seu exemplo”, pontua. 

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