terça-feira, 6 de setembro de 2011

A arte como preservação da memória

Após os vendavais que atingiram Ibiporã e derrubaram centenas de árvores, alunos do Olavo Bilac utilizam um cedro para preservar a história.


A arte pode ser expressa de várias maneiras a partir da natureza e da criação humana, onde tudo que está em estado natural se transforma. Assim acontece no Colégio Olavo Bilac. As últimas chuvas derrubaram centenas de árvores e causaram imensos prejuízos financeiros, fazendo que um cedro destruísse parte do muro da escola. A árvore, plantada em 1973 por uma ex-aluna em 21 de setembro, homenageando o Dia da Árvore, foi abrigo de uma imensa fauna e flora, tendo ninho de pássaros, variedades de musgos, liquens, além de marcar a infância e adolescência dos que passaram por este colégio. Mas o que fazer com tanta história? Cortar os pedaços de madeira para transformarem em lenha?


Uma iniciativa dos alunos do 3º ano e de alguns professores, mudou completamente o destino do cedro e criou uma oportunidade para o desenvolvimento da escultura a partir da madeira.


De acordo com a professora de biologia, Salete Bortolazi Almeida, o trabalho dos alunos contribui para a valorização da arte e a preservação da história de uma escola e de uma comunidade, pois o cedro, em diversas oportunidades foi usado nas aulas de biologia para exemplificar a riqueza de vida. “A raiz, que seria cortada pela motosserra, mostrou sua beleza e através de pedidos dos professores e alunos, fora poupada e encaminhada a fim de se desenvolver a atividade”. Tamanho é o valor da árvore, que ela será a primeira obra de arte de uma galeria que será montada no colégio e já conta com diversas doações.

Segundo o artista plástico Henrique Aragão, convidado para orientar os alunos, a raiz será limpa e descascada com uma marreta e um formão. Após isso, passará por um processo de lavagem, linchamento, proteção por cupinicida e tratamento com verniz fosco para exibir o aspecto natural da madeira. “Isso é um processo de arte civilizatória. A arte fica, sendo o ser humano lembrado pela sua concepção artística. Com isso, tudo se torna um processo de conhecimento que desperta na mente do individuo formas substanciais que o influenciarão nas suas atividades dali pela frente”.

Para o aluno Humberto Lucas Almeida, membro do grupo, a experiência de participar da arte coletiva é diferenciada e estimula o jogo de equipe. “Aprendemos algo novo e damos valor à história do Bilac, um dos colégios mais afetados pelas chuvas”, ressalta o aluno, um dos inúmeros voluntários que ajudou a recuperar a cidade e a limpar a escola.

Já os alunos João Paulo da Silva e Isabelli Sayri Kono, donos da técnica de desenhar, tanto com as mãos ou no computador, ficaram orgulhos por serem escolhidos para projetar o desenho da árvore na futura galeria de arte do Bilac. E, apesar dos conhecimentos, eles sabem que além de ser fundamental o resgate da história do colégio, a interação com a natureza é algo a ser valorizado pelo homem.

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