A primeira bicicleta foi inventada em 1818 na Inglaterra pelo alemão Barão Karl Von Drais, onde duas rodas eram ligadas por uma peça de madeira e o ciclista impulsionava-se apoiando os pés no chão. No Brasil a invenção chegou em 1898 e se tornou uma prática muito popular.
Alessandro Silva Garcia é quem diz. Com uma bicicletaria na Avenida Saul Elkind, Alessandro é mecânico de bicicleta há 10 anos. Hoje com 22 anos, ele se lembra quando aos 12 anos pediu para aprender o ofício a partir de consertos de aros e remendo de pneu. A partir daí pegou prática e experiência numa montadora de Curitiba e montou uma sala na Saul Elkind. Alessandro diz que o ofício é conhecido por mecânico de bicicleta e consiste em consertos em geral e acessórios, desde o remendo até a montagem completa da bike, sendo os mais solicitados a centragem do aro e regulagem dos freios. Alessandro diz que a maioria dos clientes é da Zona Norte e que entre os consertos, que chegam aos 70 por semana, vão desde a cross até a popular Barra Circular e que com a chegada do verão a procura pela bicicleta é maior, inclusive para quem vai trabalhar. Dentro da bicicletaria Alessandro é auxiliado por Vander Eduardo Schitkoski, 19 anos, que aprendeu a profissão há um ano e nove meses, sendo compensadora e humilde. Apesar do pouco tempo, sua dedicação é tanta, que ele disse que o primeiro projeto de bicicleta foi feito pelo francês Mede de Sivrac, em 1790, era o celerífero, que em latim significa transporte rápido.
Outra pessoa que trabalha com bicicletas é Ailton José Francisco, de 34 anos, da Bike União. Com uma oficina no Jardim dos Estados há quatro anos, seu trabalho não consiste somente em consertos, mas se ramificou para a borracharia e motopeças. Com o trabalho em família, trabalhando junto com a esposa Claúdia, 29, e o irmão Gilvan Mendes, 28 anos, que diz que a profissão é o seu ganha pão e que a conhece desde criança. Ailton, que antes era caminhoneiro, começou com uma pequena porta, como quem não queria nada, diz que hoje o trabalho é a principal fonte de renda.
A esposa de Ailton, Cláudia Francisco, ajuda a família fazendo vários serviços, como um remendo ou na regulagem e troca de freio. Ela afirma que que já fabricaram a bicicleta dupla e a motorizada, sendo que a dupla foi para uma pessoa de Rolândia que tinha problemas de saúde e não conseguia andar sozinho. A pessoa foi a loja, escolheu as peças, personalizou a pintura. No mesmo dia que a bicicleta ficou pronta ele foi para Rolândia pedalando junto a um amigo. Com muita saída de bicicletas novas e usadas, outra especialidade de Ailton é a fabricação de bicicletas motorizadas a partir de quadro comum, mas com motor de mobilete ou walk machine.
No Cincão, uma das bicicletarias mais conhecidas é a do Professor, apelido carinhoso ganho por José Roberto Gomes, 50 anos, professor de Educação Física até 1994. Mas antes disso, em 1991, José montou uma bicicletaria no Aquiles Stenguel para ajudar os filhos e complementar a renda. Muito preocupado com a saúde proporcionada a partir da prática do esporte, Professor aprendeu a mecânica de bicicletas a partir da curiosidade. Como seu pai tinha um mercado, era ele quem consertava as cargueiras quando havia algum defeito, tanto que no seu estoque atual é possível encontrar uma velha cargueira. Outro fato que marcou o professor, foi quando em sua juventude, morava em Faxinal e viu uma bicicleta feita com quadro de madeira compensada. Hoje com serviços de montagens, manutenção e reforma, e com a maioria da clietela formada por operários, ele acredita que o exercício da profissão está difícil. Apesar disso não desanima e coloca e engenhosidade em prática. Tanto que a encomenda da bicicleta dupla, que é feita a partir de dois quadros de Barra Circular é comum para ele.
Pensando na qualidade de trabalho, ele afirma que a diferença do preço nas peças é muito grande, entretanto é essa diferença que determina a qualidade. Perguntado sobre a vedete das bicicletas, Professor disse que quem ganha disparado é a Barra Circular, seguida de perto pela freestyle. Entre as fábricas mais conhecias estão a Caloi e a Monark, porém com a tercerizaram da linha de montagem, essas marcas desapareceram do mercado. Entretanto, ele diz que a tecnologia está tao avançada, que as melhores bicicletas são todas feitas de fibra de carbono.
Melhor do que o ônibus, a bicicleta: Benedito Sebastião da Silva, nos seus 56 anos de idade, diz que a vida toda andou de bicicleta. Morador do Jardim Paraty, ele usa a Barra Circular Monobloco Olé 70 para ir a todos os lugares. A bicicleta, segundo Benedito, foi criada em comemoração ao Rei Pelé, que ajudou a Seleção Brasileira na conquista do Tri em 1970, no México, tem aro 28 e o freio é com varão de ferro. A mesma, que segundo ele só viu tres iguais em Londrina, carrega uma cópia da Taça Jules Rimet pintada próximo ao banco e tem mais de 34 anos.
A saíude do aposentado é tanta, que duas vezes por semana vai a Cambé, numa média de 45 minutos: “compensa mais ir de bicicleta porque demora menos e não custa nada, além de no calor eu colocar um chapéu na cabeça e ir encontrar os amigos”.
Cuidado, a atenção é essencial, diz Vágner: Morador do Vivi Xavier, Vágner Miguel dos Santos, 14 anos, possui uma JNA, que a utiliza para serviços domésticos e principalmente para se divertir com os amigos. Sua prática mais comum é ir ao Centro ou ao Igapó nos finais de semana. Apesar da distancia, ele acredita que o cuidado e o respeito ao transito é essencial, além da necessidade de ser feita em Londrina ciclovias e o motorista ter consciencia de que o bicicleteiro deve ter espaço na rua.
De Londrina a São Bernardo do Campo em cima da bike: Quando o letrista Boanerges Pereira da Silva, de 48 anos, começou a andar de bicicleta por diversão, não imaginaria que a prática o levaria tão longe. Morador da rua Cegonha, no Violin, Boanerges começou a andar de bicicleta por turismo, depois com o aumento das distancias a prática se tornou um esporte. A 1ª vez que saiu de bicicleta foi aos 18 anos, quando foi a Bela Vista do Paraíso, para visitar alguns amigos. Os fatos são tantos, que ele se lembra, como se fosse hoje, quando aos 21 anos foi a São Jerônimo da Serra, na casa duma ex-namorada. Ele saiu de Londrina às 4 horas, chegou em São Jerônimo ás 10h30, até que chegou em Londrina às 22h30. Nestas aventuras sobre duas rodas, Boanerges já foi a Telêmaco Borba, Castro e Tomazina, porém a viagem que o mais marcou foi em 1995, quando foi a São Bernardo do Campo, no ABCD Paulista. Difícil e demorada, ele a planejou com antecedência. A viagem durou quatro dias e meio, ficando por lá durante cinco dias.
Com uma placa na traseira, identificando-o que era de Londrina e a preocupação de segurança com farol, pisca e retrovisor, era comum as pessoas o pararem-no na estrada e perguntar se estava pagando promessa, ele todo sorridente dizia que não, mas sim que estava praticando um esporte. Entre Londrina e São Bernardo, o caminho era repleto de paisagens como montanhas, rios e florestas.
Com a viagem interrompida pela chuva, Boanerges ficou tres dias em Sorocaba devido a chuva, entretanto, quando chegou na casa de seus parentes em São Bernardo, eles não o reconheceram. Primeiro ele chegou no portão e bateu palma, seu irmão foi ao seu encontro e não o reconheceu, então Boanerges tirou o óculos e o capacete a aí sim seu irmao lhe deu um abraço e disse: “você é maluco mesmo”.
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