domingo, 14 de junho de 2015

Os politiqueiros.

Ainda não estamos no período eleitoral, mas é incrível! Quando chega esta época, os problemas sociais se tornem fáceis de resolver. A massa que é tratada como “povão”, em sentido pejorativo e ignorada pela elite, como os personagens da novela que fazem apologia ao modo de vida da classe ociosa, isto é, sempre há um executivo bem sucedido que aparece como herói e esculacha a plebe.

Voltando aos aspectos concretos da classe dominante, a massa desfavorecida se torna virtuosa e glorificada pelas virtudes da simplicidade e humildade, sendo “os que nunca desistem”. A moralidade e a ética reinam em todos os discursos, criando harmonia numa sociedade em constante conflito. A ilusão a partir da retórica, é que o capitalista tem poder sobre os oprimidos, conformados, excluídos e miseráveis de espírito. Na sociedade atual o conflito entre a burguesia e o proletariado tem pouca dimensão, tendo a guerra dos excluídos pouco caráter político no sentido da sociedade justa que utiliza meios que remetem a barbárie e demonstra contradições da sociedade hora latente, hora selvagem.

Os políticos, mesmo os que nasceram na virtuosidade do povo, criam intrigas pelo poder. Integrantes de grupos de poder econômico aparados pela máquina do estado, brigam pela perpetuação e definição dos nossos destinos e potencialização das virtudes do povo. Estes grupos não são homogêneos e a competição entre si fecha as possíveis brechas aos excluídos e oprimidos. É possível mostrar que um torneiro mecânico se torne líder perante aristocratas europeus e heróis de resgate dos Estados Unidos. Os que têm maior chance na disputa demagógica é formada e financiada pelas “castas” econômicas, enquanto a ordem vigente é questionada pela retórica ou por projetos mirabolantes, como a reconstrução de Londrina apresentada pelos futuros “chefes comunitários”, ficando reduzidos em segunda ordem à miséria social, política, econômica e cultural.

Somente a geração de empregos diretos com incentivos fiscais, ou doações de terrenos duvidosas, para atração de empresas, não resolve os problemas sociais. Discursos de Responsabilidade Social, propagandas institucionais e filantropia, não acabam com o cerne da miséria social. Debates e discussões não são feitos, como a vinda dum hipermercado a Londrina ou a construção dum teatro municipal. A voz do pobre diz que a melhor saída seria a vinda dum hipermercado que o tirasse do desemprego e lhe desse oportunidade de trabalho, sendo que o teatro é supérfluo, sendo “coisa para rico”. Entretanto, não é questionada a qualidade dos empregos, a exploração dos trabalhadores, sabe-se que muitos empresários passam por cima de direitos trabalhistas e dão pouca dignidade aos funcionários. O teatro traz qualidade de vida e é utilizado na capacitação cultural das classes mais baixas. Portanto, os empregos são necessários para qualidade de vida, mas é necessário que dêem dignidade e potencializem o espírito criativo do homem, além de gerar renda. Os discursos são unidimensionais, onde a qualidade de vida é emprego e educação. O velho modelo positivista é cego para a criatividade e diz que segurança é questão de policia.

Não se vê a transformação política privilegiando a autonomia do indivíduo e a constante participação coletiva e cultural tendo em vista projetos que incentivem a criatividade das massas, transformação educacional que impulsione o lúdico. A visão completa da realidade não é unidimensional, linear e parcelar, contendo apenas tecnicismo e emerso na ordem que reprime e massifica, ou seja, a criação dum bando robótico. No lugar disso deve haver transformação econômica introduzindo modos de produção que incentive a solidariedade, igualdade e fraternidade. Incentivar propriedades coletivas que não sejam estatizadas e burocráticas.

O discurso parece utópico, mas o futuro prefeito não tem capacidade para isso? Já existem projetos que privilegiam alguns pontos citados, como economia solidária, modelos de educação (não só para crianças) e propriedades coletivas.

O que se sabe é que o futuro é incerto, a miséria social indica crescimento a taxas crescentes. Os candidatos que estão para se eleger dividem-se entre a corrupção descabida e propostas populistas, ignóbeis e paliativas, num continuísmo comum dos políticos. A questão está no que queremos para cidade, as mudanças são possíveis, mas parecem desacreditadas e impossíveis de serem colocadas em prática pelos líderes.

Independente do vencedor, é necessário não pestanejar e se organizar para fazer frente à miséria e a barbárie. Os estudantes devem ser mais participativos no movimento. Porém muitos questionam: “...mas eu não sou daqui, não vejo importância no futuro prefeito da cidade”, é por isso, por falta de consciência política que a corrupção corrompe o sistema.

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