domingo, 14 de junho de 2015

O que é transgênico? Muito é debatido, mas há pouco esclarecimento.

          Hoje em dia é debatido nos veículos de comunicação a questão dos alimentos transgênicos, porém pouca coisa é esclarecida. Medidas que impedem a exportação de soja transgênica e a retenção de cargas é notícia constante nos jornais. Mas porque tanto medo?
         
          Segundo Alexandre Lima Nepomuceno, do Departamento de Fisiologia Vegetal da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, a Embrapa, transgênico é a planta ou organismo que tem genes de outras espécies, mas não através do cruzamento natural, mas pela ciência. “É como se um gene do elefante fosse colocado na grama e o gene da grama no elefante”, enfatiza Nepomuceno. O cientista diz que todo transgênico é um organismo modificado, mas nem todo organismo modificado é transgênico, isso porque o transgênico é a combinação de genes de espécies diferentes, no caso, a planta pode receber um gene animal. Nos organismos modificados a espécie é alterada geneticamente, mas isso é feito entre as mesmas espécies, como grama e grama. Parece assustador, mas é tecnologia de última geração.

         Essa tecnologia, segundo o cientista, resolve muitos problemas na agricultura e na vida do ser humano. Um exemplo é o da insulina, que desde os anos 70 tem produção transgênica. Antes, a matéria prima era retirada de animais mortos, fato que causava problemas. Com o avanço da tecnologia, foi possível a recombinação do DNA e se codificou a insulina humana através da introdução do DNA numa bactéria. Hoje esta bactéria é criada em tonéis para a obtenção da insulina.
A 1° planta transgênica foi criada num laboratório dos Estados Unidos em 1994, era tomate que tinha frutos que demoravam para amadurecer, fazendo o tomate durar mais tempo. Nepomuceno, disse que não houve polêmica entre os americanos, porém do ponto de vista comercial a proposta foi inviável.
No atual contexto a soja transgênica mais comercializada é a RR (Rand up Ready) da Monsanto, que utiliza o herbicida glifosato, desenvolvido com o gene CP4EPSPS duma bactéria de solo resistente a aplicação de veneno contra insetos e erva daninha.

          O que é debatido entre pesquisadores e cientistas, é que a tecnologia está na mão de grandes empresas que criam monopólios, devendo o Estado investir mais em ciência e tecnologia para gerar competição. Atualmente a Embrapa produz onze espécies de soja transgênica, que depende apenas da aprovação da Lei de Biosegurança para serem comercializadas (ver box). Outra novidade é a parceria com a estatal japonesa Jircas, que desenvolve soja resistente a seca a partir da arabidopsis chaliana, espécie de erva daninha que foi a primeira planta que teve o DNA seqüenciado. Além disso, está em estudo uma espécie de feijão resistente ao mosaico dourado, praga que dizima plantações.

          Nos Estados Unidos, 80% da soja é transgênica, na Argentina o percentual pode chegar a 99%, tanto que a soja transgênica plantada no Brasil, principalmente no Rio Grande do Sul, é oriunda da Argentina. Tal justificativa para o plantio nesses países é de que o herbicida glifosato é biodegradável e diminui a contaminação do agricultor e do meio ambiente. Porém, para plantar a soja RR da Monsato, o agricultor é obrigado a pagar R$1,20 de royaltes a Monsanto por saca de 60 kilos (atualmente a saca é vendida a R$34,50). Neste caso, o produtor analisa de compensa ou não, já que a única diferença é que a soja da Monsato, quando aplicado o glifosato é mais resistente a erva daninha. Segundo Nepomuceno, o período recomendado para plantar soja é a partir de 15 de novembro, com colheita prevista para março e abril.

          Se não passar pela Lei de Biosegurança, transgênico é rejeitado

          Segundo Nepomuceno a Lei de Biosegurança consiste em análises de diversas características de saúde, alimentar e ambiental que não prejudiquem ou cause risco ao ser humano, animais e meio ambiente. A mesma indica que a pesquisa pode ser feita no Brasil. O conflitos entre a Lei de Biosegurança e a Lei Ambiental é evidente, pois a modificação genética implica em mudanças que não são conservadoras e que altera as características originais do produto. A China por exemplo, país de onde vem a soja, impõe restrições aos transgênicos por considerar que o alimento geneticamente alterado pode acabar com as características e particularidades da soja orgânica.

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