segunda-feira, 2 de março de 2020

Dona Marlene e o livro “Minha vida, meu bairro, minha cidade!”

Em 2019, a aposentada Maria Helena de Oliveira Morais lançou a revista do projeto cultural “Memória da Mulher Negra Londrinense” em que realizou uma pesquisa sobre 40 mulheres negras de Londrina que foram importantes para o desenvolvimento social, cultural e comunitário nas quatro regiões da cidade e nos distritos, através de perfil biográfico, mesclado à memória do bairro, região e da própria cidade. A proposta foi contribuir com a memória da cidade por meio do resgate das histórias de mulheres simples, trabalhadoras, artistas amadoras e que estiveram fora do foco da história e da mídia ao longo do desenvolvimento de Londrina.
Nas próximas semanas ela lança o livro autobiográfico “Minha vida, meu bairro, minha cidade” com sua trajetória de vida desde a infância em Ourinhos (SP), passando por cidades do interior de São Paulo, Minas Gerais e Paraná, além da urbanização da Zona Norte de Londrina e suas conquistas como mulher, mãe e artista.
Num país de grande população negra e com grande maioria de mulheres, a importância dessas duas publicações se dá pela valorização e preservação da memória e patrimônio imaterial; pela discussão das questões de gênero e o deslocamento da história e do espaço geográfico para a periferia das cidades. “Nasci em dez de julho de 1943 em Ourinhos. Sou filha de Horácio de Oliveira (1895 - 1970 - natural de Xavantes - SP) e Maria de Oliveira (1905 - 1967 - natural de Belo Horizonte - MG) que eram filhos de escravos. Meus avós maternos são Ana da Silva e João da Silva (pais de Maria de Oliveira), africanos, da Costa da Mina (atual Benin, Togo e Gana) e escravos no interior de Minas Gerais. Meus avós paternos são Sebastião de Oliveira e Rafaela Conceição de Oliveira. Eu era muito miudinha e foi preciso chamar uma senhora para me amamentar, até mamãe ter o leite. Esta senhora era descendente de escravos, magra e de uma religiosidade intensa e se chamava Altina. Contam que um dia mamãe comentou com ela que eu era muito frágil e temia que eu não crescesse e nem tivesse forças para sobreviver à aparente fragilidade”, cita Maria Helena.

- Esta garotinha vai ser a alegria do lar, respondeu dona Altina.” (inicio do livro)

A proposta patrocinada na modalidade de bolsa pelo PROMIC (Programa de Incentivo a Cultura de Londrina) além de ser cultural, passa pelos contextos social, educativo e de defesa da memória da mulher em Londrina e também contribui com a aplicação da Lei Federal 10.639/03, cultura de matriz africana, além de registrar o movimento e a importância da luta da mulher negra em Londrina nos últimos 40 anos. A diagramação do livro é de Marcelo Paes e revisão do jornalista Aldo Moraes. O livro tem prefácio da professora Divanir Cirino e do poeta e ator Ronilson Moura. Maria Helena de Oliveira, 76 anos, é a proponente do projeto.

Youtube:

Contatos: aquitemlivro@bol.com.br

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