segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

E como vivem os índios da nossa região?

O estagiário de Ciências Sociais, Adriano Francisco da Cruz, atua na Secretaria de Ação Social de Londrina e trabalha no projeto que atende as necessidades das populações indígenas do Apucaraninha. Para ele, trabalhar com os Caingangs é uma ótima experiência devido a disciplina de Antropologia, que estuda a questão teórica dos indígenas. "Estudar a teoria e trabalhos etnográficos sobre uma certa comunidade indígena é uma coisa. Quando você começa a conviver com eles pessoalmente, seu conhecimento se enriquesse cada vez mais através da junção teórica e prática. O que se observa é a relação e contato com os não índios e também que certas teorias clássicas indígenas (comparadas com o contato), mudanças e principalmente a questão da resistência. Aparente, eles dizem que vão "deixando de ser índio", porém, cada vez mais eles resistem. A resistência é vista no fato da cultura ser algo dinâmico e nessa dinâmica, cada vez mais eles recriam formas tradicionais no presente".
Questionado como o Caingang faz isso, o estudante respondeu:
"Por exemplo, um dos grandes fatores que se vê presente é a língua, pois são bilingues, porém a preferência é falar o Caingang. Coordeno uma escola de futebol com a intenção de prevenir o alcoolismo, situação grave nas terras indígenas. Quando tem campeonato e jogamos fora da reserva, a torcida se comunica com os jogadores em caingang. Eles não falam português. Isso é algo forte que se vê presente e que tem valor antropológico. Numa analise complexa, dizer que o futebol prejudica a cultura dele é errado, pois ele reforça cada vez mais a tendência de serem caingangs".
Adriano afirma que hoje em dia a situação dos indios é muito crítica devido a falta de recursos naturais que existiam no passado. Por consequencia, a situação de miséria é comum. "Muitos querem ter uma televisão ou outro bom material. No entanto não existe o apego igual a nós. O que existe na verdade é a relação de proximidade junto as famílias e o fato de não negarem alimento, mesmo sendo escassa. Pela pouca alimentação que eles tem e por mais miseráveis que sejam, sempre que houver uma refeição, o índio convida outra pessoa de fora. Isso mostra que eles compartilham e mantém os laços familiares".
O estudante diz que a sobrevivência dos índíos do Apucaraninha é de subsist~encia e se baseia na agricultura, além de alguns serem pensionistas, aposentados e venderem artesanatos. Ele confirma que a renda bruta vêm mesmo da venda de artesanato, que é feita em Londrina e região. "Alguns poucos são empregados pela Funai, outros pela FUNASA, mas até esse mesmo passa apurado. Mesmo que ele seja funcionário da FUNAI e ganhe bem, sua família é numerosa, sendo entre dez a quinze pessoas para sustentar". isso mostra que existe estímulos para o crescimento da população indígena. Há menos de uma décvada, haviam 750 caingang. Hoje são mais de 1500 caingangs no Apucaraninha, sendo que a maioria são crianças. Elas (as crianças) através da Secretaria de Ação Social, FUNASA, Funai, Secretaria da Agricultura, são cuidadas pelo Programa da Saúde Indígena. "A escola, na reserva, é do índio, onde a educação é orientada por estatuto e especifica conforme a cultura Caingang. Muitos professores são índios, duas professoras são não índias e a educação é bilíngüe. A questão da saúde tem acompanhamento no Posto de Saúde dentro da reserva e durante a semana, vários médicos estão presentes, além de dentista, enfermeira e auxiliares de enfermagem. Existem os agentes indígenas que acompanham as crianças", diz.
Mesmo com todo esse cuidado, existe o problema do alcolismmo, que é tratado com oficinas nas escolas, tanto para os professores e alunos através de cartilhas, folders e palestras sobre alcoolismo.
Ciente de que seu trabalho ajuda na preservação da cultura indígena, Adriano diz que a politica da Funai é precária quanto aos indígenas e cabe a prefeitura de Londrina, muitos trabalhos. "Comparada com outras reservas, o Apucaraninha é previlegiada. Se não fosse alguns projetos, como o envio de cesta básica, ajuda para fazer documento, acolhimento e despesas com água, luz, manutenção, telefone e outras coisas, a situação estaria mais precária. O dever de tudo isso é da Funai, porque ela tem a jurisdição sobre os índios. A política indianista tem muito a desejar e questões que estão no estatudo não são cumpridos. Em relação a política indianista, eles (os indios) já perderam muito, mas aos poucos tentam reconquistar seus direitos. Como a demarcação de terras. Isso é um dos primeiros passos, pois eles já perderam muitas."

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