quinta-feira, 10 de junho de 2010

Eles fizeram parte da nossa infância.

Presente no imaginário, a Coleção Vagalume estimula a leitura e a reflexão, além de abordar problemas sociais e conflitos adolescentes.

Quem se lembra dos personagens Tonico e Carniça, o Menino de Asas, Xisto ou da série “O Mistério do Cinco Estrelas”, “O Rapto do Garoto de Ouro”, “Um cadáver ouve rádio”, todos de Marcos Rey e também de alguns livros que mexeram com o imaginário de muitos, como “Aventuras de Xisto”, “O Caso da Borboleta Atíria” ou a “Árvore que dava dinheiro”, do contemporâneo e ganhador do Prêmio Jabuti de Literatura, Domingos Pelegrini?
Estes são apenas alguns dos livros, personagens e autores da Coleção Vagalume, exemplares de fácil entendimento, linguagem simples e com temas que atraem a atenção do público juvenil quando falam de aventura, fantasia e casos policiais.
A Coleção Vagalume aborda, como no livro “Tonico e Carniça”, por exemplo, mazelas sociais de um Brasil da década de 80, onde as desigualdades sociais e a pobreza eram maiores, levando seus leitores a refletir sobre determinados problemas, como o menor abandonado, a criminalidade ou mesmo acerca do adolescente e seus conflitos no meio social. O exemplo são os livros de Marcos Rey, onde um conflito adolescente real transforma-se numa aventura literária com desfecho, como em “Garra de Campeão”.
Carlos Delfino, funcionário do Centro Cultural e pedagogo, acredita que a leitura, não apenas desta coleção, é uma alternativa contra o mundo violento, além de ser um fator que o desenvolve (leitor) como cidadão que reflete mais sobre as dificuldades, ajudando-o a encontrar melhores soluções. “Mesmo não havendo indicação de professores, a Coleção Vagalume é procurada espontaneamente, mostrando um ser autodidata e com grande poder de reflexão, devido o ato de ler”, afirma o pedagogo.
Delfino cita que a coleção Vagalume atualmente não é a mais procurada devido o aparecimento de outras editoras, coleções e autores, como a coleção “Literatura em minha casa”, que adapta poesias, novelas, teatro e clássicos como Homero, Camões, Monteiro Lobato, transformando-os para o adolescente ler e até se interessar pelo título original. “Infelizmente, uma das coisas que diminui a cada dia é o hábito da leitura. As pessoas lêem cada vez menos, principalmente livros. O hábito da leitura deve começar cedo, desde criança, mas para isso, o ato de ler deve ser interessante, prazeroso. Tanto é, que, independente das coleções serem novas ou antigas, o importante é trazer o estimulo a leitura, através do fácil entendimento, rapidez, poucas páginas e muitas ilustrações, compondo o conjunto letra e imagem. E, por mais que sejam assuntos diferenciados, devem construir na imaginação, seja da criança ou do adolescente, universos distintos que estimulem a percepção e a criatividade. E, não podemos esquecer: apesar de serem coleções voltadas ao público infanto juvenil, em sua essência há sempre um problema social ou conflito, desdobrando-se num contexto moral e de reflexão acerca dos valores humanos”, conclui o pedagogo.

Resenha Tonico e Carniça. O livro é a continuação de Tonico, de José Rezende Filho. A estória retrata a continuação da história de Tonico, um menino órfão de pai, que teve sua vida completamente mudada por causa desse acontecimento. Neste livro, Tonico volta a estudar de manhã, como fazia quando seu pai era vivo e o seu Tio Severino lhe promete uma cadeira de engraxate, onde ele trabalhará junto com seu amigo Carniça. Ele na parte da tarde e Carniça na parte da manhã. Carniça também volta a estudar, esta é a condição imposta por seu tio Severino, sua mãe Zenaide e sua avó Dona Corália para ele trabalhar na cadeira, junto com Tonico. O negócio deles vão indo muito bem até o dia que Carniça é assaltado, enquanto trabalhava. Ele fica tão preocupado e desesperado, que começa a pensar no que a família de Tonico vai dizer, imaginado que fora ele quem roubara a cadeira. A coisa vai indo, os ladrões falam com Carniça que o dinheiro é para a cadeira ser protegida. Carniça desconfia que os ladrões são da favela e o revólver utilizado seja de brinquedo. No último capítulo, Carniça reage ao assalto e é baleado e a estória termina com Carniça internado, mas com Tonico e seu Tio Severino torcendo pela sua recuperação.

Um comentário:

Aline disse...

Com certeza essa coleção teve sim grande influência em nossa infância,muitas vezes até indiretamente através de comentários dos pais ou professores, histórias que retratam a realidade e que mesmo sendo de alguns anos passados ainda sim podemos fazer uma"ponte" com os dias atuais. Ler deveria ser um hábito, e mesmo que ainda não seja é possível mudar essa situação começando por nós e passando essa atitude para gerações futuras. Gostei muito deste artigo muito interessante, está de Parabéns =D