quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Eu vi um Brasil na TV

Os modelos global e universal foram responsáveis, em fases diferentes, pela introdução no Brasil do capitalismo enquanto valor de exposição. Além do valor de uso e do valor de troca, a briga entre os gigantes evidencia entre nós este terceiro elemento típico da sociedade da informação e do espetáculo, o valor de exposição, sem o qual é impossível entender o arrastão que o sistema comunicacional monopolista operou no país.

Enquanto a Globo fisgava o espectador pelo seu "padrão de qualidade", a partir do qual a ascensão social era um valor mostrado sempre indiretamente através das novelas, a Universal/Record capturava o fiel/telespectador pelo dispositivo imediato do culto ao dinheiro, sem intermediários e sem rodeios. Em ambos os casos convergimos para o que Walter Benjamin chamou de capitalismo como fenômeno essencialmente religioso.

A Rede Globo representou a fase de acumulação primitiva do capital de exposição, principalmente nos anos 1970 e 1980. O filme Bye Bye Brasil (1979), de Cacá Diegues, mostrou muito bem como a televisão operou essa integração nacional, deslocando o país para uma dimensão paralela da realidade. Só que a partir dos 1990, quando o modelo das grandes redes de televisão começou a se desarticular, inclusive pelo impacto da internet, entram em cena os magnatas neo-pentecostais tupiniquins, complicando ainda mais as intenções de manutenção da hegemonia global.

Walter Benjamin dizia que "o capitalismo é uma religião puramente cultural. Nada nele tem significado que não esteja em relação imediata com o culto, já que ele não tem dogma específico nem teologia". É exatamente nesse sentido que se configuraram as pretensões comunciacionais da IURD, estabelecendo entre nós a fase de consolidação do capitalismo como religião.

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