terça-feira, 1 de janeiro de 2008

157 - Assalto a mão armada (Parte V)

As batias do meu coração estavam tão aceleradas que se confundiam com o motor da moto. Trinta mil é uma boa grana! Antes de sair, rezei um pai-nosso e três ave-marias.
O plano era o seguinte: Alexandre, que estava com a Ponto 40, entraria encapuzado para dar voz de assalto. Eu, que estava na moto, tinha que render o guarda, tomar o “canhão” e amarrá-lo num pilar.
Quando chegamos Alexandre caminhou mais ou menos cinqüenta metros em direção à mesa do gerente. Fiquei lá fora e deixei a moto pronta para sair. Depois segui em direção ao guarda para pedir informações. Parei na sua frente e comecei a conversar. Enquanto isso, na gerência, Alexandre perguntava pelo malote. O guarda percebeu a movimentação e antes que pudesse reagir dei-lhe dei uma rasteira e uma coronhada na sua cabeça. Ele caiu e implorou piedade. Com o vigilante rendido e Alexandre na mesa do gerente, tudo parecia certo. Só que um imprevisto aconteceu: ele não queria dar o malote e Alexandre deu tiro na sua mão. Fomos obrigados a correr por causa do barulho.
- Como você me dá uma dessas? Dar um tiro e sair fora sem nada?
Uma viatura nos perseguiu e tivemos que a atirar. Alexandre foi atingido no pescoço e caiu da moto. Não podia parar, então acelerei. Escondido, soube pela TV que Alexandre morreu com um tiro no pescoço e dois na cabeça. Provavelmente foi executado. Fiquei desolado e sem saber como agir. De madrugada, enquanto dormia, ouvi um ruído. Era tarde demais. A polícia me prendeu e as câmeras de TV me filmaram.
Hoje, dentro de uma cela na cadeia, conto esta história triste e me arrependo de tudo que fiz, desde o momento que comecei a roubar e a usar drogas. Sei que a minha mãe e a mãe de outros amigos que estão nesta cela sofrem pelos erros dos filhos. Se tivesse escutado seus conselhos e andado no caminho certo, provavelmente não estaria amargando essa vida dura. Sonho em sair daqui, constituir família, ter emprego honesto, enfim, um futuro decente. Apagar esse passado triste. Que bom seria se a maldade não tivesse invadido meu coração e eu fosse livre! Poderia sair na rua, ficar em frente de casa esperando a Lúcia passar, admirar seus lindos cabelos negros e até quem sabe lhe perguntar como foi seu dia, se está interessada em tomar um sorvete ou passear no parque, juntos e de mãos dadas.

2 comentários:

Anônimo disse...

Ola muito massa seu blog!!!se quiser add como amigo blz!! visita e comenta tbm no meu blog site ;www.marcelomauricio.com

Abrcos

Anônimo disse...

Muito boa a história cara. Tava procurando outras coisas no google e acabou saindo na tua pagina. Eu comecei lendo a Parte III, por curiosidade acabei lendo a Parte I, II, me empolguei e acabei lendo tudo hahaha.