A
vida de José de Oliveira Lima, o Zé Mineiro, se confunde com o desenvolvimento
de Jataizinho e região. Nascido em 8/8/1918, em Capitólio, Minas Gerais, ele chegou
a Ibiporã após seguir os passos da irmã e do cunhado, Izabel e Acácio Goulart. Residente em Jataizinho até 1/7/2002,
quando faleceu aos 84 anos, viveu seus últimos dias na Rua Barão de Antonina,
832, no imóvel hoje habitado pelos filhos. Sua companheira, Conceição Alves de
Lima, faleceu em 11/11/1994.
Zé
Mineiro chegou à Ibiporã em 1938. Anos depois se casoucom Conceição e tiveram
13 filhos. Era o principio da colonização do Norte do Paraná. Aos 20 anos de
idade morou onde hoje fica a rodoviária e trabalhou por dez anos na serraria
“Lugô & Cia”, em companhia dos irmãos Figueira, Jotinha e Voltariano. Seu labor
consistia no embarque de madeira nas gondolas na ferroviária.
Dez
anos se passaram e Zé Mineiro mudou a atividade. Foi para Londrina, com Aquiles
Pimpão, trabalhar na pecuária. Foram mais dez anos de trabalho e, com os parcos
recursos, que não lhe permitia adquirir um lote de terras, começou a trabalhar
como tropeiro e a fazer “rolos”. Em relatos familiares, Zé Mineiro dizia que
“se havia um carreador, a gente entrava. Não ficou uma trilha na região por
onde não passei”. Osmildo Lopes, conhecido como Português e genro de Zé
Mineiro, lembra que quando chegavam animais pelo trem, o sogro ia lá fazer
“rolo”. “O empenho era tamanho, que eram constantes as idas à Apucarana (fim da
linha férrea na época) com a tropa de 60 burros e mulas, afim de engorda-los. Além
dos equinos, Zé Mineiro criava e vendia porcos, os levando a região de São
Jerônimo da Serra, numa propriedade sua em Terra Nova. Lá fazia “rolo” de carroças,
animais e sítios”, lembra.
Com
o árduo trabalho e cansado pelas viagens de tropeiro, Zé Mineiro botou fim as “peregrinações”
e comprou cinco alqueires as margens do Tibagi, onde se situa o Jardim John
Kennedy. Aos poucos ele aumentou a área da propriedade e chegou aos 20
alqueires, aproximando-se da denominada “jaqueira”.As terras, vendidas a Luiz
Evangelista, anos depois foram recompradas pela família, que retomou as
atividades de cerâmica, ramo no qual Zé Mineiro constitui quatro fábricas.
Foi
no Jonh Kennedy que ele conheceu Conceição e criou os filhos Hélia Alves de
Moraes, Célia Alves, Agnel José de Lima, Sinélia Maria de Lima, José Carlos de
Lima, Mário Divino de Lima, Lucélia Aparecida de Lima Lopes, Noel Aparecido de
Lima, Noélia Conceição de Lima, Manuel Antônio de Lima, Leone Mário de Lima,
Maria José de Lima e Silvia Márcia de Lima.
Em seus últimos dias de vida, ele viveu rodeado de filhos,
netos e bisnetos, curtindo a velhice e orgulhoso de ter ajudado a desenvolver a
região, ao transportar e vender animais para montaria e tração. Em sua sala,
havia esculpido em madeira, um belo garanhão que o fazia recordar os tempos de
tropeiro, das longas montarias e caminhadas.
Osmildo Lopesconheceu o sogro na infância e é membro da família
há mais de quarenta anos, pois é casado com Lucélia Aparecida de Lima Lopes. “O
Zé Mineiro foi humilde. Mas isto não impediu que tivesse algumas propriedades. Em
vida, chegou a ter 94 casas na Vila Frederico, bairro que ajudou a fundar, além
de outras no Jonh Kennedy. Ele foi ligado a Igreja Católica e ajudou as famílias
carentes, além de doar terrenos à igreja e a famílias”, cita.
Com este legado, o pioneiro Zé Mineiro sintetiza a
identidade cultural do norte paranaense, onde figura o tropeiro, o agricultor e
o caipira, tudo expressado numa única pessoa. “Filhos, netos e bisnetos sentem
orgulho do legado. Eles continuam a sua história e buscam, através do trabalho,
desenvolver a região, seja na área rural, cerâmica (atividade na qual a família
possui três fábricas), além de outras. No entanto, ainda falta seu
reconhecimento público. Falta um projeto em sua homenagem, dando seu nome a uma
rua, bairro ou escola”, finaliza o genro.
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