quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Com mais de cem anos, a figueira branca da Rua Ibrahim Prudente povoa a imaginação popular com suas estórias.


A figueira branca localizada na Rua Ibrahim Prudente da Silva esta ali bem antes de existir o asfalto, recorda Nelson Volponi (74), morador do Ângelo Maggi. “Em 1935 meu pai ia da Água das Abóboras para Jataizinho fazer compras e parava o cavalo no local para tomar água da mina”, recorda.                                    
Quem tem boas recordações da figueira é o agricultor Nelson Maruyama, que cultiva uvas. Vivendo na chácara de frente a árvore, ele recorda que a figueira, hoje fraca e com os galhos caindo, foi mais bonita quando havia mata e plantação de café nas imediações, bem antes do asfalto e o fluxo de veículos. “Viemos de Assai em 1965 e não havia energia. Estudava no Colégio Olavo Bilac e eram diversas as estórias de assombração contadas a respeito da figueira e, para complicar a situação, faziam macumba em volta dela, deixando frango e cabrito morto. Tamanho era o medo, que ao voltar da escola corria sem parar da linha do trem até a minha casa”, recorda aos risos Nelson Maruyama, que aos 52 anos cita que nos anos 70 muitas pessoas traziam roupas em bacias para lavar na mina e que as brincadeiras da época era caçar pássaros e esperar a chuva para se divertir na lama.                                
O engenheiro agrônomo da Emater de Ibiporã, Iolder Colombo, diz que no Paraná há vários tipos de figueira. Elas são da família moraceae e da espécie ficus SP, que não tem espécie definida. “Técnicos do IAP e IAPAR afirmaram que há três espécies de figueira na região, onze no Paraná e mais 1180 catalogadas. A da Rua Ibrahim Prudente da Silva deve ter mais de cem anos. Ela é a popular figueira branca e se destaca pela copa, boa para sombreamento. Porem não se adapta a mata fechada por necessitar de espaço para crescer os galhos, que nascem lateralmente num ângulo de 45 graus. Ela chega a 30 metros e em sua extensão há um ecossistema de plantas, fungos, insetos, larvas e ninhos de pássaros. É uma arvore completa e que deve ter mais valor, pois seu látex é usado na confecção de medicamentos e os frutos alimentam pássaros e animais como paca, cotia, tatu, rato do banhado, anta e cobra”, afirma Iolder Colombo, que certa vez, ao passar o dia em cima de uma figueira às margens do Tibagi viu que é grande a quantidade de animais que vão a ela em busca de alimento.                                                                                                         
Na mata do IAP há três grandes figueiras e outras menores. Ela é importante na área ecológica por ajudar no sistema radicular, uma vez que suas raízes profundas (que atingem 40 metros solo adentro) ajudam a contem as erosões. “A figueira é um ser vivo que sente estímulos e está no estado dormente. Ela tem a mesma importância cultural que a peroba e a araucária”, pontua. 

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