A
figueira branca localizada na Rua Ibrahim Prudente da Silva esta ali bem antes
de existir o asfalto, recorda Nelson Volponi (74), morador do Ângelo Maggi. “Em
1935 meu pai ia da Água das Abóboras para Jataizinho fazer compras e parava o
cavalo no local para tomar água da mina”, recorda.
Quem tem boas recordações da
figueira é o agricultor Nelson Maruyama, que cultiva uvas. Vivendo na chácara de
frente a árvore, ele recorda que a figueira, hoje fraca e com os galhos caindo,
foi mais bonita quando havia mata e plantação de café nas imediações, bem antes
do asfalto e o fluxo de veículos. “Viemos de Assai em 1965 e não havia energia.
Estudava no Colégio Olavo Bilac e eram diversas as estórias de assombração
contadas a respeito da figueira e, para complicar a situação, faziam macumba em
volta dela, deixando frango e cabrito morto. Tamanho era o medo, que ao voltar
da escola corria sem parar da linha do trem até a minha casa”, recorda aos
risos Nelson Maruyama, que aos 52 anos cita que nos anos 70 muitas pessoas
traziam roupas em bacias para lavar na mina e que as brincadeiras da época era
caçar pássaros e esperar a chuva para se divertir na lama.
O engenheiro agrônomo da Emater de
Ibiporã, Iolder Colombo, diz que no
Paraná há vários tipos de figueira. Elas são da família moraceae e da espécie ficus SP, que não tem espécie definida. “Técnicos
do IAP e IAPAR afirmaram que há três espécies de figueira na região, onze no Paraná
e mais 1180 catalogadas. A da Rua Ibrahim Prudente da Silva deve ter mais de
cem anos. Ela é a popular figueira branca e se destaca pela copa, boa para
sombreamento. Porem não se adapta a mata fechada por necessitar de espaço para
crescer os galhos, que nascem lateralmente num ângulo de 45 graus. Ela chega a 30
metros e em sua extensão há um ecossistema de plantas, fungos, insetos, larvas
e ninhos de pássaros. É uma arvore completa e que deve ter mais valor, pois seu
látex é usado na confecção de medicamentos e os frutos alimentam pássaros e animais
como paca, cotia, tatu, rato do banhado, anta e cobra”, afirma Iolder Colombo,
que certa vez, ao passar o dia em cima de uma figueira às margens do Tibagi viu
que é grande a quantidade de animais que vão a ela em busca de alimento.
Na mata do IAP há três grandes
figueiras e outras menores. Ela é importante na área ecológica por ajudar no
sistema radicular, uma vez que suas raízes profundas (que atingem 40 metros
solo adentro) ajudam a contem as erosões. “A figueira é um ser vivo que sente
estímulos e está no estado dormente. Ela tem a mesma importância cultural que a
peroba e a araucária”, pontua.
Nenhum comentário:
Postar um comentário