João Batista de Castro (55), o popular João Sanfoneiro, chegou a
Cambé em 1982 vindo do Espírito Santo. Casado com Maria Aparecida dos Santos
(48), ele recorda que aos 12 anos ao ver a Folia de Reis em sua casa se admirou
tanto que seguiu o grupo interpretando o palhaço Bastião, num elenco composto de
12 artistas. Com o passar dos anos foi para Ibiporã e atuou até os 25 anos
naquele município. “Com a morte dos integrantes idosos em Ibiporã, montei um
grupo no Jardim Tupy, que permaneceu por seis anos. Geralmente a Folia de Reis
atua por sete anos e após o período novos integrantes assumem”, cita João Sanfoneiro,
que ainda não fechou o ciclo. Há sete anos sem se apresentar, ainda existe a
esperança de formar um novo grupo. Ele guarda roupas, fardas, bandeiras e
instrumentos musicais, porém não acha outros cantadores pois é difícil.
Tradição antiga dos
católicos, a Folia de Reis é uma tradição antiga que anuncia o nascimento de
Jesus em 25 de janeiro. Em 25 de março um anjo disse que ia nascer o menino
Jesus em nove meses, que é dezembro. Na mesma época havia muitos reis, sendo
Heródes o principal. Ao saber que nasceria o grande rei da Terra não gostou
disto e assim que soube da noticia começou a procurar o menino. Neste mesmo
tempo, três fazendeiros ricos se interessaram e tinham interesse em dar
dinheiro ao “Rei dos Reis”. Um rei, numa noite sonhou que Jesus nasceria num determinado
lugar. Em outros dois locais, dois reis tiveram o mesmo sonho. Eram os três
Reis Magos: Gaspar, Baltazar e Brechó, importantes na Jerusalém da época. Eles
sabiam que uma estrela os guiaria até o local. Assim que Heródes soube da
notícia, começou a segui-los através da estrela. Após isto, a mesma se apagou
porque Heródes queria tirar a vida de uma criança. Com a estrela se apagando
eles aguardaram. Heródes se cansou e foi embora. Isto culminou no retorno do
brilho, levando-os e Belém, onde estava o menino Jesus e o presentearam com ouro,
mirra e incenso, presentes caros na época. Ao retornarem as suas terras, os
três combinaram de fazer uma grande festa nas comunidades para comemorar o
nascimento de Jesus. Ali começava a Folia de Reis, baseado na historia bíblica
e tendo o seis de janeiro como uma tradição religiosa.
João
Sanfoneiro integrava o Grupo Estrela do Oriente no Jardim Tupi e relata que após
julho eles se juntam e começam a treinar as músicas. Em 25 de dezembro após a meia
noite, se inicia a cantoria no presépio e nas casas, onde o Embaixador faz o
primeiro verso e depois o grupo responde cantando com instrumentos. Ao
retornarem fazem uma festa onde todos são convidados. “A Folia de Reis é uma
tradição que traz fé e harmonia as pessoas. Muitos devotos dos reis magos receberam
milagres dos santos, pois é uma festa religiosa”, relata João Sanfoneiro, que
pratica o catolicismo na Igreja Matriz. Ele ressalta que a Folia de Reis deve ser
preservada para as novas gerações e não pode parar. Caso alguém se interesse em
formar um novo grupo deve procurá-lo no telefone 96419369 ou mesmo no Centro,
onde é muito popular.
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