A representação da cultura norte paranaense de
manifesta pela música. Um dos expoentes da cultura Pé Vermelho é o músico e
compositor Ermiliano Costa Domingues, de 72 anos, conhecido por Tonil, da dupla
Tonil e Tonel. Vindo de Guaraí (SP), ele aprendeu a tocar viola aos 10 anos com
o tio Gumercindo Costa Rodrigues, que o viu como um futuro violeiro. “Daqui a
50 anos você será o Rei da Viola”, recorda as palavras do tio.
Sendo um violeiro tradicional,
nascido e criado no campo, Ermiliano ensinou o irmão a tocar e cantar, formando
a dupla Tonil e Tonel em meados de 1956. Com autoria de várias músicas de raiz,
gravou LP´s, CD´s, tem composições na internet e se apresentou por todo país,
como parques, cinemas, caminhões, circos, palanques políticos e rodeios. “Íamos
ao circo da Água das Flores, que tinha a igreja e a escola cercada por poucas
casas, mas com muita gente da área rural. O circo lotava”, diz. Entre as
músicas conhecidas está “Rainha Boiadeira”, que relata a história verídica de
um circo, onde havia um boi bravo. Foi aí que chegou uma moça e solicitou montar
o animal. Com facilidade ela o dominou. Ao perguntarem seu nome, disse que
viera de Andradina e era filha do Rei do Gado”, pontua o cantor, emocionado com
o relato.
A
vida artística de Ermiliano Domingues não se resume apenas aos palcos. Ele se
apresentou em emissoras de TV, além de por mais de vinte anos ter programas no rádio,
como a Marajoara de Ibiporã, Metropolitana de Cambé, Rádio Norte e Brasil Sul
em Londrina, além da Nova Geração. “Na Metropolitana obtive o diploma de
locutor e na Nova Geração apresentei o programa A voz de Tonil e Tonel”, recorda.
Com vários aparelhos de
som em casa, como amplificadores e microfones, ele ensaia no estúdio caseiro e os
mesmos são transmitidos por alto falantes localizados em cima do imóvel, na
Vila Frederico. Outra atividade é a gravação do trabalho de outros artistas.
“Ao gravarmos, o artista chega às 4 horas da manhã. Tomamos um café bem forte,
entramos no estúdio e gravamos cerca de doze músicas, tocadas diretas e sem usar
computador. Por ser artesanal é diferente da gravadora profissional, onde eles
preparam os músicos. No meu caso, sou um artista popular”, diz.
Se engana quem
acha que Ermiliano Domingues é apenas um artista. Durante a vida conciliou o
palco com o trabalho de Operador de Trator de Esteira na Codapar, o antigo Café
do Paraná e atual Secretaria de Agricultura do Paraná. Com a vida de
aposentado, se dedica a reforma de um caminhão antigo. “Tenho saudade do circo
e do cinema. Nestes locais o povo nos abraçava e como violeiros éramos a
autêntica figura do caipira, expressa no palco. Vou levar a vida cantando”,
finaliza Tonil, que representa e preserva a história do Norte do Paraná, ao ser
o caipira que tem na música de raiz, temas de boiadeiro, café, agricultor e a
roça.
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