domingo, 20 de dezembro de 2015


Maria Madalena da Costa Bueno, hoje com 90 anos, nasceu em 16 de agosto de 1924 em Itaporanga (SP), onde seu pai era fazendeiro e engordava porcos. Aos 17 anos se casou com Benedito Silva Bueno. Ambos trabalhavam no campo, ele na lavoura e ela numa chácara com horta, engenho de garapa e pequenas criações. “Era em torno de 1944 e trabalhávamos em 35 alqueires de terra. Infelizmente naquele ano,perdemos quase tudo devido uma grande geada”, recorda. Deixaram as terras e vieram ao Paraná em 25 de abril de 1945, onde desembarcaram na antiga estação ferroviária de Jataizinho. “Arrendamos um bar em Assaí, que na época tinha muitas pessoas vindas do Japão e seus descendentes”. No mesmo ano vieram morar em Jataizinho, alugaram a casa do senhor José Zaninni e montaram um bar na atual Rua Antônio Brandão de Oliveira, onde hoje se localiza o Depósito Santa Mônica. Ela recorda que ao ir comprar produtos em Londrina, obteve dez caixas de banha e dez sacos de açúcar. A banha era vendida em pacotes vindos de Ponta Grossa. “A gordura utilizada na época provinha diretamente do porco e não era industrializada. A banha foi vendida rapidamente e o capital começou a crescer. Devido a isto o ponto comercial se valorizou e o vendemos em 1950. Meu esposo investiu cerca de 58 mil cruzeiros (da época) para montar uma casa de secos e molhados, ferragens e roupas. Com o comércio dando lucro, meu pai ficou doente e passou um telegrama para dar a notícia. Sabendo disto, Benedito cortou o cabelo e fez a barba para ir à missa, pedir rezar pela melhora do sogro. Mas, por conta dum temporal, perdemos tudo, o que não deixou ele abalado”, recorda Maria Madalena, ainda lúcida e com saúde. “Uma cerâmica doou tijolos e telhas para um novo prédio. Mas como era demorado para construir, fomos a Ibiporã e compramos madeira. Fizemos uma casa com a frente de tijolos e o restante de madeira. Abrimos um novo comercio, mas com o falecimento do esposo, em 1953, vendi tudo”, cita.                                                                                                
Após isto, ela trabalhou como cabeleireira e nos meados dos anos 60 montou umapensão, frequentada por diversas pessoas, como o professor Dídimo; a senhora Maria Capucho; o farmacêutico Gilson Beloni;o cartorário Jesuíno;o gerente da antiga Pernambucanas, Osvaldo de Lima, conhecido como Vaca; Evilásio Rangel Cordeiro, um dentista prático que viera do Rio de Janeiro; e a família Lacerda, composta por JoséCorreia de Lacerda, Cícero Correia de Lacerda, Osvaldo Correia de Lacerda e Pedro Correia, que vieram montar uma fábrica de fumo. “Tinha por inquilino numa casa de onze quartos, o delegado Avelino Alves Pereira, que não pagava aluguel. Com seu despejomontei a pensão, na RuaBrandão de Oliveira. Na época um clube em Jataizinho e o trem passava em dois horários: dez horas o misto, com cargas e quatro vagões de passageiros e o das 16 horas com passageiros da 1ª e 2ª classe, vindos de Maringá com destino a Ourinhos. Na pensão servíamos almoço e janta para cerca de 18 pessoas quem vinham trabalhar em lojas e bancos de Jataizinho”, revela.           Se estivesse vivo, o esposo Benedito da Silva Bueno estaria com 96 anos. Seus filhos, ainda vivos, são a Maria de Lourdes, professora de português e inglês, que faz 70 anos setembro; o advogado Joaquim Carlos Bueno, de 67 anos; e a professora Maria Inês, de 62 e casada com Nivaes Pereira Pardim. Os três filhos lhe deram doze netos.                                                                                                                        
Viúva desde os 27 anos, Maria Madalena da Costa Bueno não casou novamente por ser conservadora e hoje, entre as memórias que se misturam ao presente, estão o cinema de Jataizinho, um balcão e uma cristaleira com mais de 70 anos, móveis da época que se casou.

Nenhum comentário: