Bartoldo Bernal Martins conta a Folha
de Jataizinho que sua família chegou ao Paraná em meados de 1959, vindos de
Cafelândia (SP). Primeiramente foram morar em Florai, onde ficaram três anos e
teve a oportunidade de estudar o primário. “Em 1963, devido uma forte geada,
meu pai vendeu o sitio que morávamos e mudamos para uma fazenda no Taquari, de
propriedade de seu primo, dono da Moval em Arapongas. Trabalhamos como
empregados e aos doze anos de idade trabalhei com ardor para ajudar o sustento
da família. Por conta disto, conseguimos montar uma olaria de tijolos e com o
dinheiro ganho meu pai possibilitou que minhas três irmãs se formassem professoras,
ofício que exercem até hoje em Jataizinho”, recorda.
Com a luta diária, junto ao pai, aos 18 anos Bartoldo começou
a trabalhar na olaria, agora dirigindo um caminhão. “Entre 1966 e 1967 entregava
tijolos em Londrina. A olaria se chamava São Luís e em 1971 meu pai trocou o
nome para Cerâmica Palmeira, empresa que mantém o nome até hoje, localizada no
Parque Industrial Garrastazu Médici. Naquela época, a Zona Norte de Londrinaera
apenas o Conjunto Milton Gavetti. Londrina cresceu e onde é a Gleba Palhano, havia
apenas mato e eucalipto. Jataizinho era composta pela Vila Lucaresci, conhecida
por Vila Frederico. Só tinha Jatay e a Vila, com umas 40 casas e cinco
olarias”, pontua.
Aos
63 anos, Bartoldo Bernal Martins é pai de três filhas e trabalha com o irmão. “Nestes
50 anos a produção do tijolo se transformou. O trabalho braçal deu lugar à
mecanização de 80% do processo de fabricação. E, devido àsleis ambientais, a
argila não pode ser extraída dos rios. Ela é comprada em Curiúva ou Sapopema e
a trago de caminhão”, diz.
Com uma empresa que gera cerca de 40
empregos, Bartoldo lembra que trabalhou muito na vida, em jornadas que chegavam
a 18 horas, produzindo tijolos dia e noite. “Carreguei muito barro com pá, além
de puxar argila e tijolos no caminhão. Hoje está mais fácil devido os instrumentos
como pá carregadeira e, por conta da idade, trabalho na administração da olaria”,
afirma.
Mesmo
sendo um empresário de sucesso, que trabalhou muito para chegar onde está e que
acompanha o vigor da construção civil, visto que seus produtos são vendidos
para oito construtoras de Londrina, Bartoldo não esquece os amigos e sempre que
pode os encontra no Restaurante Casarão para bater um papo e recordar as
lembranças passadas e atuais de Jataizinho. “Só tenho amigos e onde passo todos
me cumprimentam. O tempo e a vida na cidade mudaram as coisas. Com sete anos
trabalhei na roça. Diferente da cidade, hoje se começa a trabalhar com idades
superiores”, diz.
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