Famílias deixam fundo de vale para viver a realidade da casa própria.
A entidade “O Ylê Axé Òpó Omin I”, fundada em 17 de dezembro de 1988, teve grande influência para que diversas famílias que moravam no fundo de vale do Aquiles Stenghel, conquistassem o direito à casa própria. A entidade é fundamentada na cultura africana e tem sua origem espiritual na mesma. “Nossa missão partiu da vontade de fazer um trabalho social. Oferecemos almoço a crianças carentes”, diz Terezinha Pereira da Silva, 48, que mora no Maria Cecília e coordena a entidade que atende em torno de 221 famílias do Vale da Lua, Vale do Sol, Primavera e Jardim dos Campos. “O Ylê Axé Òpó Omin I” leva a cidadania aos mais carentes através de oficinas culturais e o combate a pobreza, oferecendo um ofício e trabalho aos interessados. Há palestras de combate a dengue, Lei Maria da Penha (que defende o direito das mulheres), cidadania e parceiras com a Universidade Estadual de Londrina, com a “Universidade sem fronteiras”.
Quanto à conquista das casas, Terezinha relembra como foi o processo de invasão do fundo de vale. “Muitas pessoas não tinham condições de pagar aluguel. Em 1995, várias famílias invadiram o fundo de vale e deram início ao Vale da Lua. Em 1997 começou o Vale do Sol”, diz. Na ocasião, os moradores corriam riscos com a água contaminada, enchentes e falta de energia elétrica. Foi implantada a ‘torneira comunitária’ e a ‘energia elétrica comunitária’. Apesar disso, alguns moradores obtiveram dificuldades em pagar a energia, pela falta de emprego. “A COPEL não quis instalar energia individual devido à invasão ser um terreno irregular”. Observando que as dificuldades somente aumentavam, a comunidade se organizou e no ano de 2002, após diversas assembléias e reuniões na Prefeitura e na COHAB tiveram como resposta a remoção das famílias. Em 2005 as primeiras casas começaram a ser entregues no Jardim Primavera.
Uma das beneficiadas é a doméstica Idelzuita Valéria de Souza, 45. “Tinha muitas dificuldades para arrumar emprego porque não tinha comprovante de residência”, diz. Sua vida mudou. Se antes morava num fundo de vale, hoje mora numa casa de 57m² com quintal de 200m². “Planto árvores frutíferas e diversas ervas. Assim como eu, quero que outros conquistem suas casas”, afirma Idelzuita, com orgulho.
Carlos Eduardo Afonso, presidente da COHAB, diz que ao todo serão entregues 257 casas até o inicio de novembro. 66 casas já estão ocupadas e são em torno de 70 operários, da região, que executam a obra.
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