São os vereadores mirins de Ibiporã, que tem muita seriedade e respeito ao município.
Muitos adolescentes que estão na faixa etária dos 14 a 15 anos, exercem atividades saudáveis como a prática de esportes, a dedicação aos estudos ou estabelecem relacionamentos pela internet. Em Ibiporã essa realidade não é diferente. Porém, existe um grupo de estudantes que estão preocupados não apenas com o bom rendimento escolar, mas também com as necessidades do município. Eles são os vereadores mirins, que formam um grupo de vinte pessoas que se reúnem uma vez por mês, na Câmara Municipal, para discutir e procurar das encaminhamento político aos problemas da cidade.
O mandato, que dura um ano e não dá direito à reeleição, conta com estudantes de 10 escolas públicas e particulares da cidade, que estão na 7ª ou 8ª série do Ensino Médio. Quanto à forma de escolha dos eleitos, ela é feita da seguinte maneira: Os alunos com as melhores notas são convidados a fazer uma redação com o tema “O que é ser um vereador”. Após a seleção do grupo mais qualificado, é feita uma eleição, onde os dois alunos mais votado tornam-se os representantes da escola no Legislativo Municipal. As reuniões, presididas a cada sessão por um vereador-mirim diferente, tem o caráter pedagógico, visa à cidadania e traz a situação da Câmara para os jovens. O projeto, que é um dos mais antigos do Paraná, está na sua 11ª Legislatura e surgiu em Junho de 2007, através da Resolução 01/97, de autoria dos vereadores João Toledo Coloniezi e Lourdes Narciso.
Nas reuniões, engana-se quem pensa que tudo não passam de brincadeira. No plenário, a coisa é séria. Em pauta, assuntos polêmicos relacionados ao município, como a falta de iluminação nos bairros, asfalto, melhorias nos hospitais e postos de saúde e principalmente temas ligados à infra-estrutura. Após a discussão, a pauta vira Projeto de Lei encaminhado a Câmara dos Vereadores de Ibiporã para que se tome as devidas providências. A iniciativa, tanto dos vereadores, quanto dos alunos voluntários, ajuda em muito a administração da cidade ao trazer problemas da comunidade, por quem mora lá, além da representatividade, participação e sensibilidade dos vereadores-mirins ser valorizada. Além do encaminhamento dos projetos de lei, tudo o que é discutido nas sessões fica arquivado e os alunos devem pesquisar a origem do nome da escola onde estuda. Na última sessão, foi apresentada a história de Antônio Iglesias, mesmo nome de uma escola.
Admiração dos amigos é o que não falta, diz o vereador-mirim Pedro Henrique dos Santos, aluno da Unidade Pólo, de 14 anos. “Aprendo muito e essa é uma boa experiência para minha vida. Sei como funcionam os ritos de uma sessão e muitos queriam estar no meu lugar”, relata Pedro. Pedro, como os outros adolescentes, de sua idade, está na faixa etária onde o ser humano começa a criar valores, a participar da sociedade e escolher o que pretende ser no futuro. A Câmara-Mirim desenvolve o senso crítico e traria, no futuro, pessoas mais capacitadas para a Gestão Pública, já que muitos que concorrem ao pleito, ao menos sabem o que faz um vereador.
Ao fim da Legislatura, a cada dois anos, os vereadores-mirins são levados a Curitiba para conhecer a estrutura administrativa estadual e as relações existentes entre as instâncias dos poderes Municipais, Estadual e Federal. Na capital são mostradas leis que amparam as reivindicações, para onde devem ser encaminhadas, códigos de postura, leis orgânicas e a Constituição. Isso são ferramentas que ensinam na prática o que pode amparar as necessidades. Assim aconteceu com Jonathan Vinícius Rossato, que estuda no 3º ano da Unidade Pólo e mora no Jardim Pinheiro. Ele aprendeu muito na Câmara, em 2004, e hoje aos 17 anos é professor de informática. “Aprendi em termos de política e exerço minha cidadania quando preciso do Poder Público para buscar meus direitos e melhorias para Ibiporã.” Consciente do papel que exerceu, dá um recado aos futuros vereadores-mirins: “As próximas gestões tem que ser levadas a sério, dando continuidade ao projeto e acatando os projetos de lei de iniciativa popular”, frisa o professor.
Se questionados quanto à política atual, os vereadores-mirins, em unanimidade respondem que todos devem ter senso crítico aguçado e acompanhar noticiários de TV, ler jornais e revistas que tratem do tema. “Os políticos devem cumprir as promessas de campanha, diminuir a desigualdade social e ter uma visão voltada aos mais pobres”, diz Laressa Evelyn Buachak, aluna da 8ª série do Colégio Olavo Bilac. Aos 14 anos, Laressa é a presidente da Câmara e na redação que a selecionou, escreveu que iria fazer valer o direito dos cidadãos e melhorar a sociedade, mesmo sendo uma adolescente. “Tem valores que melhoram a cidade com projetos pequenos, mas que chegam as instâncias do poder. A sociedade deveria observar que não existe apenas políticos corruptos. Há os de boa índole e coerentes”, diz Laressa, que finaliza com a seguinte frase: “Esse projeto dá voz aos pequenos que pensam grande”.
O período das reuniões variam. A próxima está marcada para 13 de agosto, às 17 horas, na Câmara Municipal.
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