sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Com apenas vinte meses, Escola de Futebol Ibiporã já revela talentos para o exterior

João Aparecido Gomes, de 50 anos e morador do Jardim Pinheiro, está à frente da Escola de Futebol Ibiporã há vinte meses. Gomes é técnico profissional, dirigiu times como o Grêmio São Carlense a jogou no Osasco. Natural de Ibiporã viveu em São Paulo e retornou a cidade para montar a escola. “Era um sonho antigo idealizado e planejado por mais de um ano”. Além de João a equipe é formada pelo coordenador João Geraldo Rocco Junior e Cláudio André Paixão Neli, preparador físico.
Não precisou muito tempo em campo para a equipe do Nossa Terra notar que o Ibiporã Futebol Clube é um celeiro de craques e talentos que serviram de base para quatro times que disputaram o Campeonato Paranaense nas categorias pré-mirim (sub 12), mirim (sub 13), infantil (sub 15) e juvenil (sub 17). Entre eles, Paulo Pacheco da Silva, de 16 anos, sondado pelo Feyenoord Rotterdan, da 1ª divisão do Campeonato Holandês. Na oportunidade que atuou pelo Feyenoord, Pacheco fez dois gols contra a Seleção Sub 17 da Holanda. “A diferença no jogo é muito grande. Lá é mais toque. Aqui é drible. Porém o atleta tem que se adaptar”. Com contrato fechado, o jogador afirma que todos devem se dedicar aos estudos. “Na Europa você é cobrado dentro e fora de campo,” diz o atleta que está aprendendo a falar inglês.
Talentos em Ibiporã tem de sobra e os resultados aparecem quando a força e a determinação são virtudes nos atletas. O futebol resgata o ser humano, é um dos esportes que mais tiram as crianças das ruas pela integração social e é o preferido das classes menos favorecidas e da maioria da população por não ser caro. Quem um dia não sonhou em ser um jogador de futebol?
Mas, sem investimentos da esfera pública e dependendo de empresários, João reclama a falta de recursos para reforçar o treinamento. A verba que entrasse seria destinada à aquisição de alimentos, material esportivo e transporte. “Não sabemos se o aluno se alimentou bem antes de sair de casa. Se estiver, fica apto à atividade esportiva”, diz.
Entidade sem fins lucrativos, a escola de futebol tem mais de trezentos atletas cadastrados. Para integrar a equipe não é preciso dinheiro, mas disciplina, educação e freqüentar regularmente a escola com apresentação bimestral do boletim. O treino é no contra-turno escolar de segunda, quarta e sexta, das 8 ás 10 horas. Á tarde, todos os dias o treino é das 14 às 17 horas, com atividades táticas e preparação física e psicológica. “No psicológico pedimos a melhoria do rendimento escolar, que se respeite à família e a religião. O jogador deve estar preparado porque ele é visto por multidões.”
Em breve, João diz que viram a cidade, empresários de grandes times da capital, para marcar amistosos e se firmaram parcerias para que os talentos sejam revelados nesses times. E, no mês de setembro, a equipe estreará um novo uniforme.

Mesmo com o esforço, nem todos os jogadores entram em times grandes

Apesar do belo trabalho do professor João e da oportunidade recebida por Pacheco, nem todos os jogadores conseguem entrar em times grandes e muitos, até foram enganados e tem que pagar para ficar nos times, como diz Renan Henrique Terra. Aluno do ensino médio, em Jataizinho e atuando como volante e meio campo, Renan acredita que o futebol nasce e cresce no jogador devido o amor ao esporte. Praticando desde os seis anos, ele vê que os incentivos e as oportunidades são pequenas e cita nomes de jogadores daqui, que hoje estão no futebol brasileiro e internacional, como o goleiro Ney do Vitória ou Kléberson, que atuou pela Seleção.
Com experiência em diversas “peneiradas”, que selecionam jogadores para clubes maiores, ele reclama que muitas equipes não se interessam por talentos, mas sim pelo dinheiro. “Um time pediu R$400,00 por mês para que ficasse alojado e treinasse em seu Centro de Treinamento. Não tenho esse dinheiro todo, mas não podemos nos esquecer que esporte é saúde e diversão”, conclui.

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