sexta-feira, 3 de abril de 2015

Retratando a história

Noel de Oliveira fez mais de dez mil fotografias em Jataizinho.
           O aposentado Noel de Oliveira é uma lenda viva em Jataizinho. Nascido em 1945 e hoje, aos 68 anos, se dedica a venda de caldo de cana. Porém, no passado era conhecido pelas fotografias. “Meu irmão tinha uma máquina fotográfica e sempre admirei seu trabalho. Quando se mudou para São Paulo, comprei a máquina e fazia fotos em pequenos binóculos, algo popular na época, mas raro hoje em dia. Com a digitalização e maior acesso as novas tecnologias, a atividade caiu, me obrigando a mudar de ramo”, lamenta.
Aos 23 anos, em 1968, Noel trabalhava num frigorifico, conciliando com a atividade de fotógrafo ambulante, de casa em casa, vendendo binóculos. Ele fazia a foto, revelava o filme em Londrina e cortava os internegativos para colocar nos binóculos. “Muitos ainda têm e as fotos são as mais variadas possíveis. Os jovens e adolescentes nem imaginam como se fazia, pois hoje as imagens são digitais e instantâneas, obtidas a partir do celular”. Tamanha era a popularidade do binóculo, que nas festas da igreja, Noel cobrava para as pessoas olharem nele. “A era digital findou os fotógrafos tradicionais, pois os trabalhos estão concentrados na internet. Não existe glamour, mas o celular faz uma foto de excelente qualidade. Não se contrata fotógrafos como antigamente, pois muitos têm seus meios e recursos. Estamos na Era Digital”, diz.
Mesmo com a Era Digital pujante Noel é remanescente da “Era Analógica” e ainda oferece seu trabalho pelas ruas de Jataizinho, atuando como fotógrafo ambulante. Em sua bolsa, carrega a máquina fotográfica analógica. É uma Zênite 300 com flash, onde os filmes revelados em Londrina. “Com a Zênite 300 registrei aniversários, casamentos, batizados e as mais variadas festas, que viraram álbuns de excelente qualidade. A foto antiga era de menor qualidade. Mas, os laboratórios melhoravam o trabalho”, conta.
Noel diz que não foi o primeiro fotografo da cidade. Antes dele havia um japonês, chamado Maeda, que trabalhava na praça central, com imagens em preto e branco. “Nunca fiz foto 3x4, usadas em documentos. O comum são os tamanhos 9x13 e 10x15. As ocasiões que motivavam as pessoas a tirarem fotografias, eram diversas, como crianças que vestiam roupa nova, ou uma formatura. Fiz mais de dez mil fotografias e tenho muitas em casa. Mas, devido o tempo, elas estragaram”, relata.
Entre as curiosidades relatadas, está a dos que após anos, vêm a sua procura afim de resgatar fotografias antigas, algumas com mais de 40 anos. Outra curiosidade são os clientes que solicitavam a retirada de centenas de fotos, mas no momento de pagar não tinham dinheiro, ou pediam fiado.

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