domingo, 9 de maio de 2010

Temos uma identidade cultural?

De colonização recente, falta ao Norte do Paraná um ícone que represente sua história, cultura e tradições.

Tendo menos de 100 anos, o Norte do Paraná pode ser considerado uma miscelânea de culturas e etnias que vão desde a colonização japonesa, italiana e alemã, transitando pelos nordestinos, paulistas e mineiros. Mas todos, independente de onde vieram, tinham um objetivo comum: lavrar a terra vermelha.


Assim, o Norte do Paraná desenvolveu-se, sem uma etnia definida e um ícone especifico, mas tendo o café como a principal fonte trabalho e renda dos agricultores. Junto com o café e os agricultores, vieram às cidades, a estação de trem, a igreja e a rodoviária, que tanta gente recebeu. Mesmo após as geadas e a industrialização, a região preserva a cultura da terra, onde as lendas estão ligadas ao matuto e ainda existe o inconfundível sotaque do caipira. Mas, se fossemos construir uma identidade cultural ou ícone do Norte do Paraná, qual seria o modelo? Num local, marcado por agricultores e camponeses, por que não, essas pessoas, os maiores geradores das riquezas, não serem o símbolo de uma cultura?

Fatos e fotos ilustram esta trajetória e eles devem ser expostos para as futuras gerações se identificarem e construírem uma tradição genuína.

O secretário de cultura, Júlio Dutra lembra da nossa colonização, que transcende o ícone rural, visto nos cidadãos e moradores das propriedades afastadas da área urbana. Para o secretario, isso deve ser aproveitado, exemplificando a construção da nossa igreja, feita com doações de sacas de cafés por agricultores e também pela montagem do espetáculo em homenagem a rota turística do café. “Através de um romance, contaremos a vinda de nossos imigrantes em busca do ouro verde. A região do Norte do Paraná se deu por causa do café e o que prevalece na região é a agricultura, gerando a nossa riqueza”. Dutra ressalta o uso, na peça, de roupas e traços rurais comuns a todos nós e que nos diferenciam de outros lugares, criando uma identidade única e especifica do Paraná.

Há mais de 40 anos em Ibiporã e vendo as diversas transformações na sociedade, o artista plástico Henrique Aragão afirma a idéia de que o Norte do Paraná seja muito novo, com poucas tradições e que seja um local a ser desbravado, numa época em que a sociedade é globalizada e muitas culturas estão fragmentadas. O artista lembra que o resgate destas características e a personificação deste ícone podem ser encontrados não muito longe, mas aqui pertinho, nas cidades no Norte Velho como Jacarezinho, Abatiá, Uraí ou Santa Mariana. “É só fazer uma visita a uma feira destas cidades, onde será possível encontrar uma pessoa simples, mas que represente a imagem do norte do Paraná. Nestas comunidades rurais se mantém algumas tradições, principalmente nas crianças. Elas encontram algumas resistência dos pais, porém as mesmas tem acesso às escolas rurais, com ensino voltado ao cultivo da terra e ao trato com os animais”. O artista ressalta que esta cultura popular e genuinamente paranaense está no interior, cabendo a nós não sermos nostálgicos, mas sim, cumprirmos a missão de criar caminhos, através da comunicação, para trazermos isso ao conhecimento de todos.

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