O jornalismo, principalmente o impresso, tem múltiplas maneiras de expressar sua orientação e de expor sua opinião a respeito da política nacional e internacional, administração, ideologia e acontecimentos diversos. A linha de conduta – que é a substância do próprio veículo de comunicação – manifesta-se desde a redação de simples notas em colunas, em páginas inteiras, ou, no editorial, o ponto de vista oficial da empresa. Evidencia-se: a filosofia da empresa na escolha do serviço das agências de notícias; no valor atribuído a determinadas matérias; no silêncio em torno de acontecimentos e pessoas; e nos comentários menores.
Não há restrições para os assuntos que possam ser abordados no editorial, mais conhecido, popularmente, como artigo de fundo. Deve, porém, ser escrito em linguagem acessível, que demonstre cultura e grande força de argumentação. Tanto podem ser analisadas as prováveis conseqüências de um projeto de lei apresentado ao Congresso, como a determinação do governo de desvalorizar a moeda ou mesmo um plano municipal que vise o alargamento das ruas. O bom articulista que tiver uma ótima linguagem e vocabulário aprimorado, transformará em excelente editorial, qualquer assunto que venha abordar. O que ele escrever será o pensamento do jornal, quer o artigo esteja assinado pelo diretor, pelo redator responsável ou pelo profissional que exerça o cargo de confiança atribuído.
Segundo Luiz Amaral, “a situação conjunta de todos esses meios é chamada de posição. O jornal parte dos fatos, com reportagens e sustenta sua opinião com editoriais, tópicos, sueltos, nos quais satiriza, elogia, condena homens e idéias, sempre de forma clara e lógica, a fim de atingir com mais facilidade as diversas classes de leitores.” A força do editorial está ligada à conduta do jornal. Para que pese, tem que ser publicado num jornal que pese. Um mesmo editorial poderá ser nulo se publicado num jornal de escândalo ou num semanário inexpressivo. Porém produzirá efeitos profundos se estampado num diário respeitado.
É o editorial que dá o tom de nobreza à página e valoriza, com a sua presença, tópicos e notas ali publicados. Pode aparecer na página de rosto, como na segunda ou quarta página. Para facilitar a leitura e chamar mais a atenção do leitor, vem em tipos maiores e derrama-se por duas, três, quatro colunas, de acordo com o tamanho e o tipo de diagramação da folha. Sua fonte são os acontecimentos do dia, no campo nacional e internacional e de preferência aborda assuntos que estão mais próximos aos leitores.
Amaral diz que “a feitura do editorial não contém regras fixas. Tanto pode partir do informativo para o deliberativo, como do deliberativo para o explicativo. No entanto, não é aconselhável citações fastidiosas, o excesso de erudição, o amontoamento de cifras e o tom doutoral”. Além disso, acredita-se que o ataque pessoal é o pior defeito de um editorial e logo se conhece o mau editorialista, quando este procura esse caminho. Desta forma, exige-se de um editorialista, integridade, independência e seriedade.
Segundo Mário Erbolato, em Jornalismo Especializado,
“A tarefa do responsável por um jornal está condicionada à missão pública da imprensa. Fixada uma orientação, é preciso seguí-la à risca, usando honestidade e imparcialidade e sem depender de favores. Além disso, a humildade e a coragem, estão entre as principais qualidades do verdadeiro jornalista. Humildade para reconhecer os limites de sua própria capacidade e coragem para dizer o que pensa”.
Desta forma, o editorial deve ajudar o leitor a compreender a complexidade das notícias, mas sem força-lo em suas conclusões. Há os que lêem os artigos de fundo e não concordam com o jornal, embora cheguem a elogiar os editoriais pela clareza do texto. O artigo de fundo precisa comentar construtivamente, mas nunca adotar uma política de “panos quentes”, ou de simples narração, sem tomar partido.
Para a conclusão, apresentamos dez qualidades, que segundo Erbolato , o editorialista deve possuir:
1º - Estar bem informado.
2º - Especializar-se nos assuntos sobre os quais escreve.
3º - Ser imparcial nas opiniões.
4º - Rever as suas conclusões, se porventura a evolução dos acontecimentos comprovar que houve erro em editorial anterior.
5º - Ter facilidade para discernir, para saber qual assunto é mais importante.
6º - Dominar os estilos narrativo e argumentativo.
7º - Explicar bem os fatos.
8º - Dar os antecedentes.
9º - Usar sempre a primeira pessoa no singular e não no plural.
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