segunda-feira, 3 de maio de 2010

3.1 – “Ações orquestradas para esvaziar as investigações”.

Com este primeiro editorial, do dia cinco de outubro, o jornal Valor Econômico, tenta fazer uma relação entre o Presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva, com os constantes acontecimentos que movimentam o cenário político brasileiro. Ao abordar que o presidente, ao conseguir eleger Ricardo Berzoini e o Campo Majoritário, para a presidência do Partido dos Trabalhadores e, eleger o deputado paulista do Partido Comunista do Brasil, Aldo Rebelo, para a Presidência da Câmara, o Valor Econômico traz a tona a discussão a respeito do corporativismo e do apoio que Lula pode ganhar na Câmara, dentro do partido e, principalmente, o ganho de força do presidente que daria motivos para que as investigações das CPI’s não tivessem tanta força contra ele e seus aliados. O jornal lembra que o maior favorecido com as mudanças ocorridas no cenário político, não é diretamente Lula, mas o Partido dos Trabalhadores, que se articulou novamente e, busca forças para não sucumbir às investigações.

Além do mais, não podemos nos esquecer, que é o Governo, que vêm realizando manobras para que as investigações não se aprofundem. No caso citado, consta que o Governo e seus aliados, atrapalham as investigações, ao não possibilitarem que sejam quebrados os sigilos bancários dos investigados. Isso é uma vergonha, que deveria ser cessada.
Segundo o Valor, caso a crise política se acentue, com as denúncias da CPI dos Bingos, o PT pode perder muitos cargos e poder nas eleições de 2006. Por isso, sua intenção, segundo o jornal, é esvaziar e desgastar as CPI’s e as investigações, para que nada de concreto ou mesmo, comprometedor, seja provado. Junto a isso, o Valor diz que em muito as CPI’s não vêm realizando seus trabalhos como deveriam ser, se tornam instrumento político partidário e que possivelmente acabaram em “pizza”, ou seja, deixam impunes os corruptos.

Devemos acreditar que afirmação é incorreta, ao lembrarmos que vários parlamentares já tiveram seus mandatos cassados, como o pivô da CPI dos Correios, Roberto Jefferson (PTB-RJ) e outros parlamentares já renunciaram, como Valdemar da Costa Neto (PL-SP).
Quanto ao editorial em si, ele nos traz a idéia central, que há a perca da credibilidade das investigações, através do aparelhamento do partido político do Governo, pelo Estado, para que haja impunidade e os corruptos saiam ilesos das investigações. O editorial, formulado desta maneira, requer uma análise mais profunda. A partir do momento que se cria e narra fatos, para nos dar maior entendimento, pode-se as vezes manipular uma idéia, ou quem sabe, até exagerar, para que a notícia tenha mais relevância e chegue com mais força aos leitores. Desta forma, deve-se pensar o limite que o jornalista pode opinar sem ferir a moral dos que trabalham nas esferas públicas, ou seja, as fontes. Desta forma, não devemos nos esquecer que ao escrever um editorial, jamais poderemos ser movidos por segmentos ideológicos, aspirações ou preferências. Mas sim, devemos nos orientar pelo diferencial ético. Assim, nosso jornal terá mais credibilidade e os leitores, que, ao lerem o editorial, poderão acreditar em quem escreveu e, principalmente, levar em consideração a idoneidade e isenção do que está escrito.
A análise do editorial de cinco de outubro, revela que o Valor Econômico, ao ser um jornal voltado para um público segmentado e elitizado, deveria trazer a tona, as notícias com mais relevância e criticas a respeito de um assunto tão polêmico, que é o da corrupção institucionalizada e das CPI’s. Ao ser conivente e menos crítico com a ação partidária que dará menos força e crédito as investigações, o Valor Econômico mostra que é independe do Governo e que pode até ajudar o mesmo. Sua posição correta, seria de criticar e fazer uma matéria contra a ação partidária que força o enfraquecimento das investigações. O jornalismo nunca deve dar apoio a medidas que venham usurpar e denegrir a ética de nosso Estado. Mas sempre ser combativo e crítico, a tudo aquilo que venha prejudicar o cidadão brasileiro.

O sétimo parágrafo diz o seguinte:

“Corre-se o risco de que as CPI’s que pararam o país por quatro meses legitimem à lamentável prática política de financiamento dos partidos com dinheiro ilícito, que no limite pode submeter as decisões políticas a financiadores que, se não querem mostrar a cara, estão à margem da lei ou querem obter benefícios da máquina governamental sem serem percebidos”.

Apesar da crítica contundente ao jornal, que deveria ser incisivo nas apurações e mais crítico ao Governo, ao desmascarar a corrupção, devemos citar que ainda existe no editorial, a idéia que se mostra contra a arrecadação ilícita de dinheiro por parte dos partidos políticos. Ao consideramos que a crítica se estende a todos os partidos, o jornal não está tomando parte para ninguém e cria parâmetros que vão além da notícia ao ser mais profundo na análise e na crítica.

Contudo, devemos concluir a sub-capítulo, dizendo que apesar das investigações feitas pelo Ministério Público, Polícia Federal pelo Congresso Nacional, o Valor Econômico, devido ao grau em que chega aos seus leitores, deveria conferir e dar mais peso as investigações. Isso seria feito através de críticas mais contundentes em seus editoriais e a cobrança mais justa contra os que dilapidam o que é público. Sem se apegar a ideologias ou a interesses de mercados, o jornalismo tem toda a isenção necessária para a atribuição e exercício de suas funções, como a liberdade para fazer as críticas sem poder, no futuro, ser reprimido ou sofre retaliações. Quando o caso específico, ou editorial, é referente as esferas do Poder Público, a isenção e o desapego a ideologias são fatores que determinam o grau crítico e a veracidade da crítica.

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