Titubeou mais uma vez. Mas, na sua mente surgia a imagem de Matilde que se matava cortando cabelo e tirando unha encravada de clientes antipáticas e gordas. Juntou o pouco dinheiro que tinha e foi à chácara. Ao chegar, foi recebido calorosamente por Marica, que o esperava no portão. Marica, ainda desconfiado, perguntou ao amigo por que as penas das aves tinham que ser pretas. Só venderia se soubesse o motivo. Tinha medo que o amigo estivesse envolvido com a magia negra. Ao saber, Pompeu deu uma gargalhada bem alta e, encabulado, explicou que as galinhas caipiras dão melhor caldo para polenta e que as penas tinham que ser daquela cor devido à coloração esverdeada, isso dava um tom diferenciado.
- Vou fazer um cocar. As penas da cauda do galo são maiores e as da galinha são mais fortes e resistentes. Se juntar os dois tipos, o artesanato fica mais realçado, disse ao amigo.
Explicada mais uma vez a situação, os dois se dirigiram ao poleiro. Lá, mais de 50 espécies de galos, galinhas e pintinhos das mais diferenciadas cores, tamanhos e raças. Tinha galinha d água, caipira, angorá, de granja, andaluza, galinzé, pedrês, preta e perdiz. Quanto aos galos, viu de briga, águia e índio. Para que o pacto fosse consumado, Pompeu, com a voz firme, perguntou se as galinhas pretas botavam ovos marrons.
- Qualquer galinha caipira bota ovos marrons.
Ironicamente e com um sorriso nos lábios completou:
- Se a gazela que lhe der botar ovos de ouro, você terá que devolve - lá.
- Vou fazer um cocar. As penas da cauda do galo são maiores e as da galinha são mais fortes e resistentes. Se juntar os dois tipos, o artesanato fica mais realçado, disse ao amigo.
Explicada mais uma vez a situação, os dois se dirigiram ao poleiro. Lá, mais de 50 espécies de galos, galinhas e pintinhos das mais diferenciadas cores, tamanhos e raças. Tinha galinha d água, caipira, angorá, de granja, andaluza, galinzé, pedrês, preta e perdiz. Quanto aos galos, viu de briga, águia e índio. Para que o pacto fosse consumado, Pompeu, com a voz firme, perguntou se as galinhas pretas botavam ovos marrons.
- Qualquer galinha caipira bota ovos marrons.
Ironicamente e com um sorriso nos lábios completou:
- Se a gazela que lhe der botar ovos de ouro, você terá que devolve - lá.
Pompeu escolheu uma galinha caipira bem pretinha e um galo de briga com as penas pretas esverdeadas e a cauda vermelha. Amarrou as aves, uma em cada lado dum cabo de vassoura, perguntou a Marica o preço e disse que seria o convidado de honra para o caldo com polenta. Marica riu e avisou que não precisava pagar pelas aves, mas que a promessa para o jantar deveria ser cumprida. Antes de sair, questionou como e quando a galinha botava ovos.
- É preciso dar milho ou ração. Não se esqueça de fazer um cercadinho para não escaparem.
Pompeu foi embora e em casa, Matilde se assustou com a novidade. Contou que Marica havia lhe convidado para tomar café e que aquele foi um presente devido os muitos anos de amizade. Sem desconfiar das artimanhas malignas que planejava, ela nem ligou.
Ele fez o cercadinho improvisado com caixas de madeira e os soltos lá dentro. Pegou uma espiga de milho, esbugalhou e lançou os grãos para as aves que futuramente seriam sacrificadas. Após isso, Pompeu deitou-se na cama e começou a pensar em tudo que compraria com a grana propiciada pelo capeta. Um carro, roupas novas, uma casa com piscina e o salão para Matilde. Fechou os olhos e sobressaltado, num piscar viu que era noite. Saiu na janela. Estranhamente, a galinha botou e chocou cinco ovos com pintinhos amarelos. Apressadamente os ordenou numa fileira e em sua mesa já lhe aguardava a sacola com carne, cachaça, cigarros, velas e pipocas que foram compradas na tarde anterior. Na cintura, duas peixeiras virgens e afiadas para cortar a cabeça dos animais e duas taças para brindar o sangue com o demo. Nosso protagonista andou até uma encruzilhada, espalhou tudo no chão e à meia-noite acendeu uma vela preta. Em seguida, cortou num só golpe, a cabeça do galo, tendo a galinha e os pintinhos como testemunhas oculares. Com o sinistro pacto consumado, pegou o corpo da ave, já sem vida, e derramou seu sangue na taça. Quando levava a boca o copo transbordante de sangue quente, escutou um cacarejado e, assustado, viu a cabeça do galo picando seu pé.
- Só pode ser obra do diabo. Esse bicho vai me perseguir e minha alma queimará no enxofre do inferno.
Quase desmaiou, mas o galo não parava de picar seu pé. Nesse momento, uma voz lhe pergunta o que acontecia.
- De quem é essa voz? É o demo? Ele vai me levar para o inferno. O que faço agora?
Num sobressalto, Pompeu levanta-se. Não percebeu que tinha cochilado e viu que na verdade, a galinha saiu do cercado, entrou pela janela e picava seu pé, como se quisesse chamar sua atenção. Enquanto isso, o galo cacarejava para o amanhecer e sua mulher lhe chamava para ver os dois ovos que a galinha botou no chão do quarto.
Aquele seria o primeiro desjejum propiciado pelas aves.
Pompeu foi embora e em casa, Matilde se assustou com a novidade. Contou que Marica havia lhe convidado para tomar café e que aquele foi um presente devido os muitos anos de amizade. Sem desconfiar das artimanhas malignas que planejava, ela nem ligou.
Ele fez o cercadinho improvisado com caixas de madeira e os soltos lá dentro. Pegou uma espiga de milho, esbugalhou e lançou os grãos para as aves que futuramente seriam sacrificadas. Após isso, Pompeu deitou-se na cama e começou a pensar em tudo que compraria com a grana propiciada pelo capeta. Um carro, roupas novas, uma casa com piscina e o salão para Matilde. Fechou os olhos e sobressaltado, num piscar viu que era noite. Saiu na janela. Estranhamente, a galinha botou e chocou cinco ovos com pintinhos amarelos. Apressadamente os ordenou numa fileira e em sua mesa já lhe aguardava a sacola com carne, cachaça, cigarros, velas e pipocas que foram compradas na tarde anterior. Na cintura, duas peixeiras virgens e afiadas para cortar a cabeça dos animais e duas taças para brindar o sangue com o demo. Nosso protagonista andou até uma encruzilhada, espalhou tudo no chão e à meia-noite acendeu uma vela preta. Em seguida, cortou num só golpe, a cabeça do galo, tendo a galinha e os pintinhos como testemunhas oculares. Com o sinistro pacto consumado, pegou o corpo da ave, já sem vida, e derramou seu sangue na taça. Quando levava a boca o copo transbordante de sangue quente, escutou um cacarejado e, assustado, viu a cabeça do galo picando seu pé.
- Só pode ser obra do diabo. Esse bicho vai me perseguir e minha alma queimará no enxofre do inferno.
Quase desmaiou, mas o galo não parava de picar seu pé. Nesse momento, uma voz lhe pergunta o que acontecia.
- De quem é essa voz? É o demo? Ele vai me levar para o inferno. O que faço agora?
Num sobressalto, Pompeu levanta-se. Não percebeu que tinha cochilado e viu que na verdade, a galinha saiu do cercado, entrou pela janela e picava seu pé, como se quisesse chamar sua atenção. Enquanto isso, o galo cacarejava para o amanhecer e sua mulher lhe chamava para ver os dois ovos que a galinha botou no chão do quarto.
Aquele seria o primeiro desjejum propiciado pelas aves.
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