sexta-feira, 28 de dezembro de 2007
O homem e seu ninho
quarta-feira, 26 de dezembro de 2007
Gafanhotos Blindados
Segundo Tiago Nirvana, a banda surgiu após uma conversa com Flávio, no bar Potiguá. Flávio veio do Rio de Janeiro para Londrina depois de fazer muita musica no bairro de Guadalupe, na Cidade Maravilhosa. ”Na minha rua muita gente tocava violão. Aprendi só de olhar”, comenta Carioca. “Toquei na banda de garagem Descontrole, que adotava o estilo mais agressivo”. Com ensaios ao menos uma vez por semana, eles ainda não se apresentaram e esperam se entrosar para subir aos palcos. “A música é meu mundo. Gosto do cheiro do estúdio. Fiz muitas amizades em Londrina, logo no primeiro encontro houve empatia e simpatia entre todos ao mesmo tempo”, completa Carioca.
Outro músico da Gafanhotos Blindados é Diego Rodrigues. Para ele, tudo começou cedo, logo aos 13 anos, quando escutou Basket Case do GreenDay. “A bateria se destaca muito nessa música”. Porém, o que chama atenção foi sua entrada inusitada para a banda. “Conversava com o Tiago a respeito de música e percebemos o mesmo gosto. Cada um estava com seu instrumento e decidimos, naquele momento, entrar num estúdio. Afinamos os instrumentos e começamos a tocar. Essa parceria já dura mais de um ano”, lembra Diego, ao lado da única mulher do grupo, Vanusa Carvalho. Com passagem por algumas bandas de garagem, muitas vezes o público a chama de Pitty, porque ela interpreta algumas canções da cantora de rock que faz muito sucesso entre os adolescentes. “Com doze anos tocava violão e meu pai sempre gostou. É diferente uma mulher fazer isso”, diz.
“Nosso som busca a critica social e alerta a sociedade contra as desigualdades. O que vemos, fazemos como historia de vida”. Essas são as palavras de Tiago da Silva Moreira, conhecido como Tiago Nirvana e que passou por diversas bandas, como a Garage 38, Nirvana Cover, The Back Three e Crau. Tiago toca desde os 16 anos. “Tinha um mini-sistem quebrado e o troquei por um baixo Magnus vermelho. Nele tirei minha primeira musica: Polly, do Nirvana”, recorda-se. “Cresci ouvindo músicas de Roberto Carlos, Alice Copper, Beatles, Creedance e ABBA. Meu pai ainda tem todos esses vinis guardados em casa”. Com influências do grunge, ele tem o seguinte pensamento: “Você tem que ter atitude. Não pode existir medo de expressar o que pensa e sente, já que na vida nunca pode existir preconceitos”.
terça-feira, 25 de dezembro de 2007
Pedras Ruivas e seu Rock Intenso
Com músicas próprias, abordam fatos sociais e filosóficos sobre a vida, amores e coisas afins. Quanto as apresentações, foram muitas. “Em 2002 tocamos no Rock das Mangueiras para mais de 300 pessoas, mas nosso período mais intenso foi em 2004, quando tocávamos quase todos os fins-de-semana no MPB Bar”, recorda Ruivo.
Das vinte músicas do grupo, “Segunda Pagina”, versão de “Jornais”, de Nenhum de Nós, é a que mais faz sucesso. A banda se orgulha de ter participado de programas na Universidade FM e na Cincão FM, onde cantaram ao vivo.
segunda-feira, 24 de dezembro de 2007
Never Land - Terra do Nunca
domingo, 23 de dezembro de 2007
Fora do Tempo - HardCore Agressivo
A musicalidade na Região Norte de Londrina é diversificada e há várias bandas que tocam músicas próprias. Com o hardcore agressivo, letras de vanguarda engajadas na crítica social, a Fora do Tempo é independente e prefere não se rotular. O grupo é composto por César Galvão, 24, vocal; Tiago Ravache, 21, guitarra; Alessandro Pereira, 23, baixo; Tiago Scarelli, 22, guitarra e; Andrey Hudson, baterista de apenas 14 anos. O nome Fora do Tempo surgiu posteriormente. No inicio chamava-se Fratura, algo que lembra uma queda. “O nome deu-se porque cada integrante gostava de um estilo musical. Nos ensaios, sempre havia um músico que não era afinado com os outros e a música ficava fora do tempo”, diz Scarelli, pioneiro na banda e morador do Aquiles. Para não haver divergências, todos dizem que gostam de rock. “Ele uma ‘árvore’ com várias vertentes”, completa Andrey.
O mais experiente é César Galvão, que mora no Jardim dos Alpes e passou por diversas bandas, entre elas a Surface, onde tocou guitarra. Galvão ouviu muito Ramones, Dead Fish, Dance of Days e é autor das letras e arranjos. “São diversos os estilos e influências que resultaram em baladas a sons progressivos. Algumas julgo confessionais, ao mesmo tempo subjetivas e com múltiplos sentidos. Ao todo, possuímos sete composições e a de maior destaque é “Ilusões”, que aborda a vontade de ficar com uma pessoa”.
Outro integrante da Fora do Tempo é Tiago Ravache, que vive no João Paz e é professor de violão. Com influências de Offspring e músicas clássicas, acha errônea a discriminação de alguns estilos. “Quando se define que existe uma tribo, é porque há divisão”. Apesar da técnica, ele entrou na banda inusitadamente. “Havia um show marcado para o sábado e estavam sem guitarrista. Isso era quarta-feira. Fui convidado, ensaiei e no sábado subi ao palco”, relembra. Guitarrista há seis anos, aprendeu muito através de Mozart e Beethoven. “Eles expressam sentimentos e emoções”. Quem toca baixo, guitarra e violão é Alessandro Pereira, morador do Luis de Sá. “Conheci o César em 1998, quando andávamos de skate e em pistas de madeirite na Saul. Nessa época escutava muitas bandas e sempre tive o gosto eclético”. Como Ravache, ouve Vivaldi, Bach, Mozart e ao mesmo tempo CPM 22. “A música clássica é mais formal. Mas há transições. Música é algo muito aberto”, recordando-se que pegou num violão muito cedo. “Era um Tonante com cordas de aço, do meu avô, que tocava na Folia de Reis. A Folia é tradição e cultura popular relacionada ao violeiro caipira”, diz. Scarelli, do Aquiles e Andrey, do Luis de Sá tem a mesma opinião. Ambos sabem que a banda tem um futuro promissor, pois tocam em escolas e ensaiam todos os sábados. Scarelli completa: “Falta, em Londrina, mais espaços públicos e privados para as bandas mostrarem seus trabalhos. Em compensação, as novas tecnologias, como o celular, mp4 e a internet, possibilitam que mais pessoas conheçam nosso trabalho”.
sábado, 22 de dezembro de 2007
Dark Flames - Guerreiros que vão a batalha
quinta-feira, 20 de dezembro de 2007
Projetos analisam segurança alimentar
Os alunos de iniciação científica, mestrado e doutorado dos cursos de Ciência de Alimentos, Farmácia e Bioquímica, Veterinária e Química, estudam como controlar toxinas de fungos (micotoxinas) e cianobactérias. "Isso ajuda os profissionais saírem preparados para o mercado de trabalho e atuar conforme as necessidades nas áreas analíticas, microbiológica, instrumental, biotecnologia e de reagentes", diz.
Elisa afirma que devido o Brasil depender muito do agrobusiness, precisa agilizar a qualidade do controle das pragas agrícolas e o desenvolvimento de tecnologias para garantir a segurança sanitária dos alimentos.
Um problema enfrentado pelo país é a aquisição de kits, específicos por exame, usados em laboratórios químicos para detectar contaminação em alimentos. O Brasil é muito dependente desta tecnologia estrangeira, tendo seu valor muito elevado, com preços que variam de R$1.000,00 a R$10.000,00 a caixa para trinta análises. "O preço é muito alto para os padrões da nossa agricultura".
Outro objetivo da pesquisa é a formação de recursos humanos capazes de criar este tipo de produto, além da importância da tecnologia visar à melhoria do controle de microrganismos e toxinas sobre gêneros de consumo interno e para exportação. "Queremos criar a mentalidade profissional para o cientista discutir e debater o assunto com a comunidade externa à universidade".
Fungos e bactérias, segundo Elisa, são comuns e crescem no meio-ambiente. No entanto, se a situação ficar favorável ao microrganismo, ele pode produzir toxinas nos alimentos e gerar doenças cancerígenas. Estudos procuram descobrir formas de controlar e evitar a contaminação a todos os tipos de alimentos e principalmente da água.
Toxinas em alimentos de origem vegetal
A farmacêutica Simone Fujii, doutoranda em Ciência do Alimento desenvolve o projeto "Produção de Imunoreagente, visando ao desenvolvimento de Coluna de Imunoafinidade para diagnósticos de Ocratoxina". O objetivo é desenvolver kits de colunas de imunoafinidade para análise de micotoxinas em alimentos.
Micotoxinas, segundo Simone, são classificadas como toxinas naturais, principalmente em alimentos de origem vegetal. Produzidas desde o início da cadeia produtiva, a micotoxina gera toxicidade crônica, como a ocratoxina, causada pelo do Aspergillum ochraceus e Penicillium verrucozum. Presente no café, as ocratoxinas podem gerar câncer e deficiência nos rins em longo prazo. "O projeto prevê o desenvolvimento de uma coluna (kit) reutilizável capaz de realizar trinta exames. Isso irá reduzir o custo e a dependência da importação", afirma Simone.
O método usado é o cultivo de células de camundongo (conforme o Código de Ética), para posteriormente produzir o anticorpo que dará possibilidade da criação da coluna. Testes preliminares com a coluna de imunoafinidade conseguiram reter a toxina do ocratoxina, porém, a quantidade de experiências deve ser muito grande para confirmar o método. Simone diz que “esta análise é”
importante para manter e controlar a qualidade dos alimentos, devido os compradores exigirem a análise de micotoxina".
Ela recomenda que o agricultor deve prestar atenção e cuidado com a colheita, armazenamento, manejo e análise dos produtos agrícolas, esses procedimentos, quando feitos corretamente, diminuem a contaminação e proliferação de fungos. Os benefícios da pesquisa são inúmeros, devido o controle, através de metodologias confiáveis e de custo acessível ser essencial para garantir fornecimento de alimentos isentos de contaminação por toxinas.
Monitoramento de água contaminada
Elisabete Hiromi Hashimoto, doutoranda em Ciência de Alimentos, trabalha com monitoramento de água contaminada por microcistinas, toxinas produzidas por cianobactérias freqüentes em água e desenvolve o projeto “Imunohistoquímica, visando ao controle de cianofíceas na piscicultura”. A doutoranda diz que o enriquecimento de água, por descarga de esgoto; lixiviação de solo fertilizado; e piscicultura que enriquece o meio com nutrientes, favorece o florescimento de cianobactérias que produzem cianotoxinas, algumas apontadas como promotoras de tumor. O limite permitido é de 1mg/l.
Elisabete Hashimoto se dedica aos estudos com a tilápia (uma espécie de peixe) devido o uso de ração na piscicultura, que favorece o enriquecimento da água. A cianobactéria produtora de toxina é consumida pelo peixe e afeta a saúde humana através da cadeia alimentar. Para descobrir se o peixe está contaminado, existe a técnica da imuno-histoquímica, que consiste numa reação antígeno-anticorpo diretamente no tecido do peixe. Esta mesma toxina (microsistina) foi encontrada no reservatório de água que abastecia uma clínica de hemodiálise em Caruaru, em Pernambuco no ano de 1996.
A doutoranda diz que muito pode ser feito para controlar as cianobactérias, como a atuação consistente de cada segmento, integrado com o setor produtivo a partir do controle, higienização e monitoramento da água e do pescado.
quarta-feira, 19 de dezembro de 2007
Ciclistas percorrem mais de seiscentos quilômetros em busca de um sonho
Na noite de treze de setembro deste ano, os ciclistas Jean Lima Moreira, 24 e Edielson Costa, 18, ambos do Maria Celina, Carlos Rodrigo Ferreira de Oliveira, 18, do Jardim Tocantins e Abiel Santos, 21, do José Giordano, saíram de Londrina para São Paulo numa aventura inesquecível a duas rodas. Percorreram 617 quilometros em três dias e duas horas. Nas bicicletas, com garupeiras adaptadas, muita água, mantimentos e uma carta que seria entregue a um possível patrocinador. “Não conseguimos entregar a carta e a jornada não foi fácil. No caminho paramos três vezes para dormir. Fazíamos isso debaixo de àrvores na estrada e em postos de combustíveis. O que vale é a experiência. Tudo que se faz na vida tem que ser com esforço”, diz Jean.
Todos integrantes da viagem compõe a equipe Bike Radical Show, que está junta há três anos. Eles se apresentam em escolas e participam de campeonatos por todo Paraná, onde realizam saltos em obstáculos e acrobacias em rampas.
A equipe, composta por seis integrantes, treina aos fins de semana no fundo de Vale do Maria Celina, em Londrina, Paraná. O patrocínio, que não foi conseguido, seria para a compra de uma Kombi ou uma Van para a logística do material esportivo, que é composto por rampas, obstáculos e bicicletas aro 20. Hoje o frete custa em torno de R$60. “Quando pedimos ajuda a órgãos públicos, como ambulâncias, policiamento e material de sinalização das ruas, raramente somos atendidos. Se a escola não ajudar, temos que tirar dinheiro do próprio bolso”, lamenta o esportista.
Quem quiser contratar ou conhecer o trabalho da equipe Bike Radical Show, pode entrar em contato com Jean, no (43) 84114592 ou (43) 33382241.
terça-feira, 18 de dezembro de 2007
Trabalhadores perdem empregos
sábado, 15 de dezembro de 2007
Conto - Piranã
Piranã - Parte II
"Há muito tempo, quando Tupã fez o mundo, havia somente a Terra sem vida alguma. Só existia água. Um infinito de águas. Tupã, o Todo Poderoso, Criador dos Céus e da Terra e do Universo, achou que o planeta devia ser habitado por homens, criados a sua imagem e semelhança. No alto de seu poder e sabedoria, concedeu infinitos poderes a Quará, o rei Sol, para que secasse um quarto da água que havia no mundo. Com isso, os elementos terra e água viveram em harmonia. Como havia barro em abundância, o Criador usou esta matéria-prima para fazer as criaturas. Tupã criou o homem do barro. Porém, ele não era forte, ao se molhar, desmanchava-se e virava terra. Se exposto a Quará, secava e tornava-se poeira que se esvai com o vento. Tupã, sem saber o que fazer, criou as árvores com seus frutos e embelezou a Terra. Descobriu que as árvores eram fortes, fixas no solo e não se moviam. Resolveu, então, criar o homem de madeira, que daria bons frutos e aroma com suas flores. Quando o homem-árvore começou a crescer e a florescer, disse ao Senhor que precisava caminhar para admirar a beleza da Terra. Tupã explicou que isso era impossível, pois, como a árvore, ele deveria ficar fixo na sua terra e dar bons frutos. O homem-árvore ficou triste e chorou. Suas lágrimas eram suas folhas, que forraram o chão. Clamou a Tupã que o fizesse de outra forma, nem de barro nem de madeira, mas que fosse forte, pudesse caminhar. Tupã lhe pediu que ficasse tranqüilo. Faria uma criatura forte sem que a água ou o poder de Quará o desmanchasse. Ele seria ereto e caminharia sobre a Terra. Tupã descansou e, no outro dia, de manhã, juntou terra, água e madeira. Com a mistura, fez um homem com costelas de madeira e órgãos de barro. Sua obra era perfeita e ele sabia que o homem não podia ser feito apenas com a madeira ou o barro, e sim com ambos. Com sua sabedoria, colocou a criatura em pé e assoprou no seu nariz. Aquilo que era madeira transformou-se em ossos e cada pedaço de terra virou uma célula. Este homem foi criado à imagem e semelhança de Tupã."
Piranã - Fim
Depois daquele dia, o homem tinha vida própria, andava na chuva, no sol, entrava em rios, montanhas, enfim, por onde quisesse. Tupã via sua alegria, mas notava que estava só. Resolveu dar-lhe um irmão. Quando a criatura dormiu, tirou uma costela e dela fez um ser igual e ele. Mas, para que não houvesse confusão e para que não soubessem quem foi criado primeiro, o Criador chamou os gêmeos de Matehuala e Túxpan. Como andavam pela terra, Tupã lhes deu poder para criar animais e se transformarem no que quisessem, no entanto, não teriam a forma humana ao mesmo tempo. Matehuala, durante o dia, seria homem, criaria os animais conforme a sua vontade e, em seu rosto, haveria um círculo. Durante a noite, se transformaria em animal. Túxpan teria riscos no rosto e daria continuidade à criação de Matehuala. Nas trevas, seria humano, e seus animais teriam hábitos noturnos, como a coruja, o morcego, o cachorro do mato, o lagarto e a preguiça. A perfeição de Tupã era tanta que, durante o dia, Túxpan virava uma águia e acompanhava Matehuala e, na noite, Matehuala transformava-se em um cachorro do mato.
Túxpan criava um ser e, quando o sol nascia, metamorfoseava-se em animal, Matehuala então completava o trabalho. Assim surgiu o tamanduá. Uma vez, Túxpan criava um ser quando o irmão, transformado numa coruja, avistou muitas formigas. Elas comiam tudo e devastavam o caminho por onde passavam. Túxpan não sabia o que fazer. Ao raiar do dia, o ser em suas mãos estava inacabado. Transformou-se numa águia e voou bem alto, acima das estrelas, para ver as formigas. Avistou uma sombra que caminhava durante o dia. As formigas eram tantas que formavam uma montanha com mais de dois quilômetros de altura. Matehuala pensou rápido e fez um animal com a barriga e o nariz grande, além de uma boca comprida, capaz de comer um formigueiro com um único sopro. Assim nascia o tamanduá.
— Mas como um homem se transforma em animal? — queria saber Mré.
O ancião respondeu que, para Tupã, nada é impossível e, quem sabe, Piranã transformou-se num homem ou em outro animal.
— Pára com isso, assim você deixará a princesa mais triste — falou Hyn.
Sem perder a postura, o homem disse que os seres que fazem o bem para o mundo e para seus semelhantes podem tudo aos olhos do Criador e perguntou ao casal se queriam saber o fim da história. A princesa, com os olhos lacrimejantes deixou cair várias lágrimas no chão que rolaram pela terra e foram dormir no pé de um ipê. A árvore, imediatamente, floresceu belas flores roxas e aos pés do ipê brotou um imenso e caudaloso rio.
Tupã resolveu que Matehuala e Túxpan deviam ter filhos para habitar o planeta. Os filhos de Matehuala tinham, no rosto, um risco horizontal e os de Túxpan, um círculo. Os descendentes de Matehuala deveriam casar-se com os filhos de Túxpan, mas nunca um filho de Matehuala poderia se unir a um descendente de Matehuala. Assim, quem tivesse a marca de um risco viveria e teria filhos com os que têm círculos no rosto. Se houvesse um casamento errado, as duas tribos desapareceriam da face da Terra por desrespeitar a tradição.
— Mas como saber quem é Matehuala ou Túxpan? — perguntou Hyn.
— Olhe seu rosto refletido na água e saberá quem tu és: Matehuala ou Túxpan. Veja, analise e descubra sua identidade. Em qual animal você pode se transformar? Na águia? No onça? No cavalo? Pense no seu pai. É o homem que determina os filhos Matehuala ou Túxpan. Hyn, peço que vá morar com a família de sua mulher, dê continuidade aos trabalhos de seu sogro, proteja e defenda a família da sua mulher.
Isso mexeu com a cabeça de Mré e Hyn. Anoitecia e eles tinham que ir embora, mas, antes de se despedir, o grande índio falou que faltava o fim da história.
— Como, no mundo, a vontade de Tupã deve ser respeitada, chegará o dia em que os filhos de Matehuala e Túxpan, homens de carne e osso, não habitarão o mundo, em seu lugar, haverá homens de metal com olhos de vidro, corpo resistente à chuva de fogo, tempestade de areia e ao sol escaldante. Seu alimento será a energia de Quará, o rei Sol. Ela será renovada quando a seta de Quará tocar suas cabeças. Sua força durará por muito tempo, mesmo que o mundo esteja em trevas. Ele nunca envelhecerá ou morrerá e seu nome será Robô.
— Porque o homem de metal viverá no lugar do homem de carne e osso? — perguntou Mré.
— Os homens de carne e osso destruirão tudo por ganância. Não existirão mais recursos naturais, como a água e as árvores, e o poder de Quará será intenso.
Depois disso, levantaram-se e despediram-se. O ancião ergueu a cabeça e disse a Mré que Piranã nunca mais voltaria para casa.
— Seu condor foi escolhido por Tupã para levar a mensagem de paz aos homens de carne e osso. Dizer a todos que a preservação do mundo é necessária, senão, em breve, os homens de metal serão os próximos habitantes do planeta. Piranã voará alto, acima das estrelas para cumprir sua missão.
Mré foi para casa e sua tristeza era tal que suas lágrimas formaram uma grande lagoa com peixes e plantas e, ao abraçar Hyn, viu uma estrela brilhar no céu e uma ave condoreira, negra e azul lá no alto. “Era Piranã, que voava longe para levar a mensagem da paz.”
quarta-feira, 12 de dezembro de 2007
OVNI´s invadem o Norte do Paraná - Verdade ou ficção?
Histórias que envolvem extraterrestres têm como credibilidade o depoimento das personagens, sendo o testemunho, a única forma de confirmar sua veracidade. Jocelino de Matos é um desses personagens. Ele conta que em Maringá, em 1979, então com 21 anos, voltava da casa da irmã, acompanhado do irmão caçula, quando foram abdusidos por extraterrestres.
Na ocasião, a Policia Militar foi acionada e enviou uma viatura ao local em que Jocelino afirmou ter se encontrado com a nave espacial. Ao vistoriar o terreno, a policia percebeu marcas que mostravam que Jocelino e Roberto foram arrastados por quatro metros. Porém, não havia indícios que mostrasse o pouso da nave, radioatividade ou algo extraordinário.
Segundo o ufólogo de Mandaguari, Paulo César de Oliveira, autor do livro "Naves Cósmicas - Portal de Luz para uma grande missão" (120 páginas), o fato teve grande repercussão e trouxe diversos especialistas à cidade para estudar o caso. Exames médicos e psiquiátricos com Jocelino confirmaram a hipótese de que ele fez mais de um contato e que, após a experiência, passou a "psicografar" mensagens supostamente ditadas por extraterrestres. Eram rabiscos sem sentido que não foram traduzidos e nem Jocelino sabia decifrar.
Em 1982, o fotógrafo Mário Mori, registrou um objeto voador, sobrevoando Londrina, no Norte do Paraná. Não muito longe, em Jataizinho, luzes misteriosas assustaram quem estava na praça de pedágio na noite de oito de abril de 2003. O guarda noturno do pedágio focalizou, com seu equipamento de monitoração, luzes semelhantes a uma "água-viva marinha".
Disputa tecnológica: O ufólogo Paulo César afirma que a disputa tecnológica impede a revelação de descobertas como as fotos da superfície de Marte com "pirâmides e tubulações que levam ao centro do planeta vermelho", ou as "viagens por outras dimensões". Um exemplo é o dos foguetes extraterrestres, que para viajar de uma estrela a outra, não utiliza o plano físico, mas "a 4ª dimensão, onde o tempo e o espaço não existem".
Para que isso aconteça, é necessário um reator que tenha força de aceleração tão grande, que a matéria se transforme em luz e entre pela 4ª dimensão. Entretanto, o domínio sobre a matéria deve ser muito avançado. Impossível? Paulo afirma que em 1947, os Estados Unidos, com o experimento Filadélfia 1, conseguiu colocar um navio inteiro na 4ª dimensão. Para isso, aceleraram as moléculas do navio com um redemoinho eletromagnético.
Entretanto, o físico Mário Goto, afirma que tais experimentos ou viagens seriam impossíveis de serem realizados com a tecnologia que existe na Terra.
segunda-feira, 10 de dezembro de 2007
Preservando a memória - Time de futebol, do Heimtal, tem mais de 50 anos
Em 1952, no Heimtal, Reinold Strass e José Caponi deixaram de jogar bola na rua. Eles arrancaram uns tocos de santa-bárbara que havia no terreno, onde hoje é a praça do Patrimônio, e fizeram o primeiro campo de futebol com traves de vigota. O jogo de estréia foi contra a Fazenda Maria Lúcia e muitas outras partidas se seguiram, movimentando os domingos do lugarejo. Em campo, times das fazendas Santa Ana, Cascatinha e Primavera.
Caponi, que mora até hoje no Patrimônio, chegou em Londrina no dia 8 de dezembro de 1948, vindo de Jacutinga, interior de Minas Gerais. Ganhou, da avó italiana, o apelido de Zizi, trabalhou na Viação Garcia, na antiga empresa de Energia Elétrica do Paraná e foi barbeiro. Por sua iniciativa, foi criado o primeiro time veterano do Heimtal, em 1º de maio de 1980 e que atua até hoje.
Em 1959, quando a rodovia João Carlos Strass era de terra e na Região Norte de Londrina, só tinha café, o campo que hoje é utilizado pelo Heimtal Futebol Clube foi construído num antigo canavial e teve Antonio Caponi, pai do sr. José, como primeiro presidente.
José Marcolino, 69 anos, o Zé Badu, que mora há mais de 50 anos no Patrimônio, veio de Orandi, Bahia, para trabalhar com os pais como lavrador. Entrou no time como quarto-zagueiro e recorda que antigamente as partidas eram disputadas com bolas de capotão e os placarem não passavam de 1 x 0 ou 2 x 1. "Eram partidas difíceis, mas conquistamos vários troféus", comenta.
Zizi observa que hoje pouca gente vai ao campo. "Antes, quando tinha jogos na praça do Heimtal, as pessoas vinham dos sítios e das fazendas da região para assistir as partidas", relembra.
Atualmente, o Esporte Clube Heimtal se mantém com a ajuda de amigos, com a venda de espaços publicitários no campo e com a promoção de bailes.
sexta-feira, 7 de dezembro de 2007
Moradia Popular - Programa dá acesso a plantas de casas
quinta-feira, 6 de dezembro de 2007
Comendo bem e barato - Cascas e talos também vão para a panela
Ela aprendeu a utilizar as cascas, talos, sementes e folhas que poderiam ir para o lixo. Além de economizar no mercado, dona Dinorá se orgulha da saúde dos filhos - todos com mais de 20 anos hoje. "Economizei na farmácia e no dentista porque todos têm dentes muito bons. Meu filho de 24 anos nunca nunca teve uma cárie."
Cozinheira profissional, ela aprendeu sozinha a aproveitar as sobras. "Quando a gente está grávida, o médico dá muitas orientações. Com a vinda dos filhos, escutei muita coisa importante", acrescenta. "O que seria jogado fora deve ser bem lavado e deixado de molho com um pingo de água sanitária. Depois de limpos, devem ser cortados em pequenos pedaços. São ótimos no preparo de refogados, sopas e para misturar ao arroz e na carne."
Com os filhos crescidos, Dinorá decidiu passar adiante sua experiência, ensinando que todos estes alimentos são ricos em vitaminas, ferro e cálcio, além de serem indicados para pessoas com anemia e outros problemas de saúde. "As folhas verdes, por exemplo, tem grande concentração de ferro e cálcio", diz baseando-se na cura de um dos filhos. "Couve batida no liquidificador é bom para úlcera também", indica. Apesar do hábito de comer verduras não ser comum entre as crianças, a cozinheira afirma que cabe à mãe ensinar e usar a criatividade na hora de cozinhar. "Meus filhos aprenderam a comer de tudo", acrescenta.
Dicas de combate ao desperdício
*Não jogue fora os talos do agrião - eles contém muitas vitaminas. Limpe, pique e refogue com tempero e ovos batidos.
*As folhas de cenoura são ricas em vitaminas A e devem ser aproveitadas em bolinhos, sopas ou picadinhas em saladas.
*A água do cozimento das batatas concentra todas a vitaminas. Aproveite-a, juntando leite em pó e manteiga para fazer purê.
*As cascas da batata, depois de bem lavadas, podem ser fritas em óleo quente e servidas como aperitivo.
Receitas práticas e simples
INGREDIENTES
4 cenouras grandes;
1 copo de suco de limão;
casca de 1 laranja;
3 litros de água;
Açúcar e gelo (a gosto).
MODO DE PREPARO: Bata no liquidificador as cenouras com 2 copos de água. Coe e reserve o resíduo. À parte, bata o suco de cenoura, o suco de limão e a casca de laranja. Coe e acrescente o restante da água, o açúcar e o gelo
DICA: O resíduo é aproveitamento para sopas, docinhos, no arroz, etc.
Valor Nutritivo: Carboidratos; vitamina A e C.
Bolinhos de talos vegetais (de espinafre; brócolis; folhas em geral e legumes)
INGREDIENTES
3 xícaras de talos de vegetais;
1 cebola picada;
2 dentes de alho amassados;
1 xícara de leite;
4 colheres (sopa) de farinha de trigo;
sal (à gosto).
MODO DE PREPARO: Faça um refogado com a cebola, alho e os talos de vegetais picados. Depois, acrescente a farinha misturada com o leite e deixe cozinhar mexendo sempre, até formar um creme espesso. Tempere a gosto. À parte, leve ao fogo o óleo para aquecer e depois faça os bolinhos e frite-os no óleo quente. Os bolinhos podem ser passados em ovo batido e na farinha de rosca.
Valor nutritivo: Fibras, vitaminas, minerais, proteína e carboidrato.
terça-feira, 4 de dezembro de 2007
Ave que simboliza o Paraná está ameaçada de extinção
Luiz dos Anjos explica que a relação conhecida por mutualismo, entre a gralha e a araucária rustifórmica (pinheiro), acontece durante o inverno, quando o pinhão, semente da araucária, é seu principal alimento. "Quando a gralha pega o pinhão e voa para outra árvore para se alimentar (ela nunca fica no mesmo local onde pegou o alimento), coloca o pinhão nos galhos do pinheiro e o segura com as garras, abrindo-o em seguida. Muitas vezes, o pinhão escapa e cai no chão. Quando isso ocorre, a semente é absorvida pelo sub-bosque denso que existe ao redor da árvore. A gralha-azul volta ao pinheiro e busca outro pinhão, preferindo não ficar vulnerável a predadores", diz. O fato dela voltar a araucária para buscar outro pinhão contribui para a dispersão acidental da árvore.
Luiz dos Anjos diz que o pássaro que simboliza o Estado do Paraná, desaparece de várias regiões, devido à proliferação da espécie depender de grandes áreas de florestas. "Por causa do constante processo de desmatamento, as populações diminuem junto com as chances de sobrevivência". O professor alerta que a gralha-azul se enquadra, em termos de conservação, como vulnerável, pois o número da população já inspira preocupação quanto à manutenção ao longo do tempo. Para reverter o quadro, áreas remanescentes de florestas de araucárias devem ser mantidas e é necessário um censo para se ter idéia de eventuais planos de manejo e repovoamento a serem desenvolvidos.
Quanto aos predadores, a gralha-azul não tem muitos, devido ao seu porte avantajado, (do bico à cauda mede de 30 a 40 centímetros). A predação pode ser de pequenos mamíferos, como o quati, que tem acesso a ovos e ninho. Quando adulta, aves de rapina são os principais predadores. Uma característica da espécie é a vivência em grandes bandos, onde os indivíduos defendem-se uns aos outros e beneficia o período reprodutor, quando outras três aves ajudam o casal a proteger e cuidar do ninho. O ciclo de vida, da gralha-azul, varia de 12 a 15 anos e a solidificação de ovos ocorre uma vez por ano com geração de três a cinco ovos
A lenda da Gralha-Azul
- Ainda bem que as aves se revoltam com as dores alheias. A gralha subiu ainda mais, na imensidão. Novamente a mesma voz a ela se dirigiu:
- Volte avezinha bondosa, vá novamente para os pinheirais. De hoje em diante, Eu a vestirei de azul, da cor deste céu. Ao voltar para o Paraná, você vai ser minha ajudante e plantar pinheirais. O pinheiro é o símblo da fraternidade. Ao comer o pinhão, tirá-lhe primeiramente a cabeça, para depois, a bicadas, abrir-lhe a casca. Nunca esqueça: antes de terminar o seu repasto, enterre alguns pinhões com a ponta para cima, já sem cabeça, para que a podridão não destrua o novo pinheiro que dali nascerá. "Do pinheiro nasce a pinha, da pinha nasce o pinhão... Pinhão que alegra nossas festas, onde o regojizo barulhento é como um bando de gralhas azuis matracando nos galhos altaneiros dos pinheiros do Paraná. Seus galhos são como braços permanentemente abertos, repetindo às auras que o embalam o meu convite eterno: Vinde a mim todos..."
A gralha por uns instantes atingiu as alturas. Que surpresa! Onde seus olhos conseguiam ver seu próprio corpo, observou que estava todo azul. Somente ao redor da cabeça, onde não enxergava, continuou preto. Sim preto, porque ela é um corvídeo. Ao ver a beleza de suas penas da cor do céu, voltou célere para os pinheirais. Tão alegre ficou que seu canto passou a ser um verdadeiro alarido que mais parece com vozes de crianças brincando.
"O plantador de pinheiros", escrita em 1925 por Eurico Branco Ribeiro, no livro "A sombra dos pinheiros".
segunda-feira, 3 de dezembro de 2007
Jesús MalVerde
domingo, 2 de dezembro de 2007
A urbanização influência nos fatores sócio-econômicos de uma comunidade?
Assaltos, roubos e homicídios eram comuns no dia-a-dia do Jardim São Jorge, bairro localizado na região norte de Londrina. Por isso, o bairro era notícia freqüente nos noticiários de jornais, rádios e TV´s. A fama que perseguia os moradores desde o início da ocupação da área era tanta, que chegou ao ponto de nem conseguirem empregos na cidade. Mas isso mudou a partir de meados de 2003, com a chegada da urbanização ao local. O asfalto e os benefícios que ele proporcionou, mexeu com o brio da comunidade que decidiu se unir, por intermédio da associação de moradores local e também “sanear” a fama do São Jorge, que atualmente tem cerca de 4,5 mil habitantes.
Augusto Corrér, presidente da Associação dos Moradores do Jardim São Jorge, lembra que a onda de violência era tamanha que os caminhões que faziam entrega de bebidas e gêneros alimentícios só entravam no bairro sob escolta policial ou em companhia de comerciantes locais, pois a possibilidade de serem assaltados, em plena luz do dia era grande.
Segundo Corrér, os assaltos e furtos a residências, comércio e ônibus que faziam a linha do bairro eram freqüentes. “Percebemos que a situação chegou a um ponto insustentável quando os ônibus deixaram de entrar no bairro, pois os motoristas e cobradores tinham medo de serem assaltados. Foi a partir daí que a associação convocou os moradores para reuniões para tratar da questão e convencê-los de que a responsabilidade e o zelo pelo patrimônio devem ser feitos pela comunidade”. diz.
Com isso, os moradores decidiram se engajar para diminuir a violência no bairro. Entre as estratégias, a denúncia de crimes e a identificação de criminosos para a Polícia. “Vários infratores se mudaram ou foram presos. Criou-se um código de ética e de postura, em que o cidadão, o pai de família, não precisava ficar preocupado em deixar sua residência sozinha e não mais encontrar sua TV, na volta. Hoje em dia, o lugar é de muito respeito”, diz Corrér.
Exemplo – O capitão Roberto de Moura Rocha, comandante da 2ª Companhia da Polícia Militar, lembra que o Jardim São Jorge tinha muitos problemas e liderava o número de chamadas recebidas pela PM, “chegando ao ponto de serem registrados de dois a três homicídios por semana e altos índices de furtos. A organização e a cobrança dos moradores em assembléias coibiram a ação dos infratores. Por isso, o conceito do São Jorge hoje é muito bom”, diz. O capitão Rocha comenta ainda que muitos bairros em outras partes de Londrina, que contam com melhor infra-estrutura e padrão socioeconômico mais elevados, estão enfrentando crescentes problemas na área de segurança. Por isso, o militar recomenda que essas comunidades deviam seguir o exemplo do São Jorge.
Estamos no céu, diz comerciante
“Olha, o pessoal do leite mal encostava aqui e já tinha assaltante esperando. Mas eu não deixava eles roubarem não. E graças a Deus, nunca roubaram nada aqui”, garante, lembrando-se que o bairro justificava a fama de violento. “Só haviam duas empresas que faziam a entrega dos nossos pedidos. Lógico que com a segurança da Polícia ou mesmo dos comerciantes. Hoje, os caminhões de mais de 30 empresas entram no bairro na maior tranqüilidade. O São Jorge está um paraíso”, diz.
Severino credita à chegada do asfalto a debandada dos ladrões do bairro. “Eles foram embora, porque a comunidade se uniu contra a violência e, assim, acabamos com a bandidagem que existia aqui. Hoje podemos dizer que estamos no céu”, diz com alívio.
sábado, 1 de dezembro de 2007
O enxadrista
O galo - Parte I
Os dias passavam e Pompeu nada conseguia, além de serviços que lhe rendiam o suficiente para uma semana. Ainda assim, sonhava em comprar um carro novo ou roupas no shopping para Matilde. Queria dar luxo e conforto à sua companheira e, por não conseguir, achava-se um fracassado. Em seus devaneios, acreditava que poderia melhorar sua condição humana.
- Pompeu, se você quiser ser um cara rico, faça um pacto comigo. Vá de preto à feira de domingo e arrume, para mim, um galo e uma galinha preta que ponha ovos marrons e choque cinco pintos. Depois, pegue a galinha, corte o pescoço e beba seu sangue comigo. Depene a danada e a coloque numa encruzilhada com um maço de velas pretas, uma garrafa de pinga, pipoca, um maço de cigarros e carne de rabanada. Quando fizer isso, abrirei todas as portas e caminhos. Você ganhará muito dinheiro e terá tudo que quiser. Mas não se esqueça, se voltar atrás, algo de ruim o atormentará para sempre. Sua vida será um purgatório e quando morrer, queimarás no fogo do inferno. E aí, aceita o pacto comigo?
Pompeu, ensopado em suor, acordou estupefato às três horas da manhã. Matilde perguntou o que havia acontecido e ele respondeu que teve um pesadelo. No outro dia, numa sexta-feira, ela foi para o salão e Pompeu ligou para um amigo, o Jeca Marica, dono de uma chácara, e lhe perguntou se ele tinha um galo e uma galinha preta. Marica riu e perguntou se Pompeu queria fazer despacho ou macumba. Enrubescido, disse que ia satisfazer a vontade da mulher, que estava com desejos de comer frango com polenta. Esclarecido o mistério, o amigo pediu para Pompeu se dirigir a chácara para escolher as aves. Antes de sair, pensou se isso era certo e imaginou se tudo aquilo não passava de alucinação os devaneios.
O galo - Parte II
- Vou fazer um cocar. As penas da cauda do galo são maiores e as da galinha são mais fortes e resistentes. Se juntar os dois tipos, o artesanato fica mais realçado, disse ao amigo.
Explicada mais uma vez a situação, os dois se dirigiram ao poleiro. Lá, mais de 50 espécies de galos, galinhas e pintinhos das mais diferenciadas cores, tamanhos e raças. Tinha galinha d água, caipira, angorá, de granja, andaluza, galinzé, pedrês, preta e perdiz. Quanto aos galos, viu de briga, águia e índio. Para que o pacto fosse consumado, Pompeu, com a voz firme, perguntou se as galinhas pretas botavam ovos marrons.
- Qualquer galinha caipira bota ovos marrons.
Ironicamente e com um sorriso nos lábios completou:
- Se a gazela que lhe der botar ovos de ouro, você terá que devolve - lá.
Pompeu foi embora e em casa, Matilde se assustou com a novidade. Contou que Marica havia lhe convidado para tomar café e que aquele foi um presente devido os muitos anos de amizade. Sem desconfiar das artimanhas malignas que planejava, ela nem ligou.
Ele fez o cercadinho improvisado com caixas de madeira e os soltos lá dentro. Pegou uma espiga de milho, esbugalhou e lançou os grãos para as aves que futuramente seriam sacrificadas. Após isso, Pompeu deitou-se na cama e começou a pensar em tudo que compraria com a grana propiciada pelo capeta. Um carro, roupas novas, uma casa com piscina e o salão para Matilde. Fechou os olhos e sobressaltado, num piscar viu que era noite. Saiu na janela. Estranhamente, a galinha botou e chocou cinco ovos com pintinhos amarelos. Apressadamente os ordenou numa fileira e em sua mesa já lhe aguardava a sacola com carne, cachaça, cigarros, velas e pipocas que foram compradas na tarde anterior. Na cintura, duas peixeiras virgens e afiadas para cortar a cabeça dos animais e duas taças para brindar o sangue com o demo. Nosso protagonista andou até uma encruzilhada, espalhou tudo no chão e à meia-noite acendeu uma vela preta. Em seguida, cortou num só golpe, a cabeça do galo, tendo a galinha e os pintinhos como testemunhas oculares. Com o sinistro pacto consumado, pegou o corpo da ave, já sem vida, e derramou seu sangue na taça. Quando levava a boca o copo transbordante de sangue quente, escutou um cacarejado e, assustado, viu a cabeça do galo picando seu pé.
- Só pode ser obra do diabo. Esse bicho vai me perseguir e minha alma queimará no enxofre do inferno.
Quase desmaiou, mas o galo não parava de picar seu pé. Nesse momento, uma voz lhe pergunta o que acontecia.
- De quem é essa voz? É o demo? Ele vai me levar para o inferno. O que faço agora?
Num sobressalto, Pompeu levanta-se. Não percebeu que tinha cochilado e viu que na verdade, a galinha saiu do cercado, entrou pela janela e picava seu pé, como se quisesse chamar sua atenção. Enquanto isso, o galo cacarejava para o amanhecer e sua mulher lhe chamava para ver os dois ovos que a galinha botou no chão do quarto.
Aquele seria o primeiro desjejum propiciado pelas aves.
sexta-feira, 30 de novembro de 2007
MiniConto
quinta-feira, 29 de novembro de 2007
As Rádios Livres no BR
segunda-feira, 26 de novembro de 2007
Deu na capa da Folha Norte de Londrina
Jovens cientistas descobrem substância que pode ser utilizada como combustível em automóveis sem poluir o meio ambiente.
Um grupo de alunos do Colégio Estadual Adélia Dionísia Barbosa, do Parigot de Souza III, na região Norte de Londrina, realizou uma pesquisa sobre combustíveis alternativos e descobriu que o hidrogênio pode ser utilizado na locomoção de veículos e máquinas. Isso também ajudaria a diminuir os efeitos climáticos causados pelo aquecimento global.
O trabalho, denominado “Hidrogênio – Uma alternativa para o futuro” foi feito pelos integrantes do Clube de Ciências do colégio, que colocaram um motor de automóvel em funcionamento utilizando apenas o elemento pesquisado. De acordo com o professor de Matemática Adriano Augusto Leite de Azevedo, coordenador da pesquisa, o hidrogênio foi escolhido porque não emite gás carbônico na atmosfera, considerado o principal responsável pelo efeito estufa e pelo aquecimento global.
“A idéia surgiu quando os alunos viram um livro de Física com um foguete movido a hidrazina. Depois, foram pesquisadas substâncias como o biodiesel, o álcool e o gás natural. Constatou-se que eles desperdiçam muita energia na sua produção, poluem o meio ambiente, não suprem a necessidade de abastecimento e ainda geram resíduos tóxicos”, relatou.
Para encontrar um combustível alternativo mais viável para o meio ambiente, os jovens cientistas realizaram pesquisas em livros, revistas e internet a respeito do hidrogênio e seu uso tecnológico e chegaram à conclusão que a substância é a menos poluente. A utilização de alimentos na obtenção de combustíveis também foi verificada, mas, conforme o professor, o uso da soja pode gerar problemas no abastecimento e encarecer o alimento.
O aluno do 1° ano do Ensino Médio, Marcos Alexandre Sales, de 15 anos e integrante do Clube de Ciências, disse que um carro de 1000 cilindradas tem capacidade para percorrer, com 10 metros cúbicos de hidrogênio, 100 km. “O motor não sofre nenhuma modificação, apenas se faz uma adaptação no carburador”, avisou o jovem cientista, que desde 2005 participa do grupo e já ensina conceitos básicos de Física e Matemática aos alunos mais novos.
Financeiramente, o projeto “Hidrogênio: Alternativa para o futuro” não é viável devido aos altos custos do cilindro, em torno de R$1.700,00, e da carga de hidrogênio, que tem 10 metros cúbicos e custa R$1.000,00. “Todo o material para desenvolvimento das pesquisas foi doado por empresários que atuam na área”, informou o professor de Matemática.
Azevedo lembrou que ainda há um projeto para a construção de um equipamento com três partes que seriam utilizadas para separar hidrogênio e oxigênio, no entanto é necessária a colaboração de um patrocinador, pois o orçamento da maquina é de R$25 mil.
Em 2008, os alunos do Colégio Estadual Adélia Dionísia Barbosa participarão da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), voltada para estudantes do último ano do Ensino Médio e Técnico. A feira será realizada de 11 a 15 de março de 2008 na USP (Universidade São Paulo). Neste ano, o Clube de Ciências já foi premiado em um concurso realizado em Londrina, que contou com a participação de 25 escolas.
O Clube de Ciências do Colégio Professora Adélia Dionísia Barbosa surgiu em 1998, após o professor Adriano Azevedo observar que muitos alunos tinham dificuldades em aprender Matemática, Química e Física. Com o início das reuniões, o interesse dos estudantes aumentou pelas disciplinas da área de exatas. “Sempre que um aluno tem uma dúvida a respeito de determinado assunto que envolva a ciência, ele traz à sala de aula para pesquisa e discussão coletiva. É essa curiosidade e exposição de idéias que fazem os alunos se interessarem pelos estudos. Com a prática a aceitação do conteúdo foi maior e mais agradável”, ressaltou. Hoje, participam das reuniões 15 alunos, na faixa etária de 14 a 17 anos, que fazem parte das turmas de 8ª série ao 3º ano do Ensino Médio. Wagner Pires Bento, 16 anos, morador do Alto da Boa Vista e aluno do 2° ano, começou a participar do grupo há cinco meses e revela que a aplicação dos conhecimentos científicos nos estudos lhe garantiu melhores notas. “Além disso, é importante se conscientizar de que o meio ambiente deve ser preservado para que a humanidade não pereça no futuro”, afirmou.
Para Mayara Barra, 15 anos, aluna do 1° ano do Ensino Médio, o aprendizado pela prática transforma o estudo em algo divertido e isso incentiva a pesquisa. A estudante disse que ela e os amigos se vêem como jovens cientistas ou futuros físicos, matemáticos e químicos. “É uma ‘ponte’ para a entrada na universidade. Cada um tem seu potencial. Quando se tem uma dúvida individual, é pelo coletivo que se fazem as pesquisas e se trazem as respostas. Cada lição aprendida é uma experiência vivida”, declarou.
Reportagem escrita por Marcelo Souto e publicada na Folha Norte de 10/11 a 16/11/2007
domingo, 25 de novembro de 2007
"O aeroplano"
sobre a cidade de meu berço!
Bem mais alto que os lamentos bronze,
as catedrais catalépticas.
Dar cambalhotas repentinas,
loopings fantásticos,
saltos mortais,
como um atleta elástico de aço.
O ranger rascante do motor...
No anfiteatro com painéis de nuvens.
Tambor...
Se um dia,
o meu corpo escapasse ao aeroplano,
eu abriria os braços com ardor,
para o mergulho azul na tarde transparente...
Como seria semelhante,
a um anjo de corpo desfraldado.
Asas abertas, precipitado,
sobre a terra distante...
Riscando o céu na minha busca,
rápida e precisa,
cortando o ar em êxtase no espaço,
meu corpo cantaria,
sibilando,
a sinfonia da velocidade.
E eu tombaria,
Entre os braços abertos da cidade...
Ser aviador para voar bem alto!
Por Luis Aranha
Quem foi Luis Aranha?
O ofício do poeta
Se não existissem as palavras, não haveria o mundo.
As letras ditam o significado dos objetos,
e concretizam as razões para se viver.
A poesia dá sentido à vida,
e liberta o oprimido.
Quando advém do sábio, expressa conhecimento.
Os versos que adormecem nos ouvidos,
São ecos infinitos que ressoam no ar.
Inseridas em nossas mentes,
criam as imagens do real.
Emaranhados de letras digeridas,
resultam em idéias pujantes e no grito ardido,
que se exaspera de uma boca flamejante.
Elas são signos longínquos,
que voam no espaço perdido,
do mar da semântica,
onde os adjetivos tornam-se abstrações.
As palavras são guiadas pela boca,
pelo vento do redemoinho,
onde o poeta sorri com o coração.
Por isso,
fale,
escreva e pense,
com base nas palavras.
As rádios dos Trabalhadores Mineiros Bolivianos
sábado, 24 de novembro de 2007
Poesia-Manifesto Indianista
Sou Arapuã, filho do Sol e da Lua,
cunhado pelas mãos da Pachamama.
De noite, ando rápido como um jaguar,
de dia, vôo alto como um condor.
Sou cacique do povo Guarani,
tenho a sabedoria do pajé
e a força do guerreiro.
Meu cocar é de penas de arara e de tucano.
Escondo-me no nevoeiro
e, com a minha lança,
luto contra meus inimigos,
impiedosos forasteiros que vêm nos saquear.
Sou sábio, sagaz e veloz.
Meus olhos são como os da aguia e corro como um puma.
Com o rosto pintado com urucum,
vou a guerra.
Sou forte e bravo,
guerreiro com a força de Tupã.
Ao cair da noite, como aipim à beira do fogo,
conto estórias, transmito tradições.
Kaingang, Guarani, Yanomami,
Terena, Xoclén, Karajá e Pataxó
todos unidos.
Os inimigos invadem nossas terras
e querem construir usinas.
Tamanha covardia!
Seus operários maltratam nossas índias,
põem fogo na mata e caçam os animais.
Que Tupã nos dê sua força
para lutar e destruir nossos inimigos.
Só assim a lança triunfará e
libertará os índios.
Concreto armado
Alto, imponente e com o brilho ofuscante que irradia a nova aurora de vidro, aço e concreto. No interior do gigante armado, são milhares de vidas que circulam, das mais diferentes profissões e diversificadas ocupações. Nas mentes azuis e nos corações cinza-cromo aflitos de seus transeuntes o despertar para a visão infinita que alcança o mais distante horizonte.