1 – Apresentação: As rádios comunitárias nasceram com o sentido de dar voz às camadas populares e desfavorecidas. A participação cria condições para que a representatividade seja exercida. Seus membros expressam opiniões, defendem pontos de vistas e buscam forças políticas junto ao poder público.
Uma rádio comunitária é a soma de todas as vozes de uma comunidade, expressa através de uma entidade sem fins lucrativos, com programação plural e gestão coletiva. Chama-se comunitária, dentro do conceito de área geográfica e pela comunidade que reside na mesma área.
Devido à participação efetiva da comunidade, as rádios comunitárias se diferem em muito das comercias. Seus fins e objetivos são justificados não no lucro, mas no desenvolvimento local, no resgate da cultura e na construção da cidadania. São instrumentos de democratização da comunicação e da sociedade, multiplicadora de vozes, organiza a vida comunitária, social, política, cultural. Dinamiza a economia local e, sobretudo valoriza a estima de comunidades e povos esquecidos pelo Estado. Suprem deficiências de emissoras comerciais, já que essas não falam diretamente à comunidade e não estão no dia-a-dia local.
Grande parte da programação das rádios comunitárias é dedicada aos assuntos locais, informação, serviço, lazer, manifestações culturais, folclóricas e tudo mais que contribua para o desenvolvimento da comunidade, sem discriminação de raça, religião, sexo, convicções político-partidárias e condição social. Respeitam valores éticos e sociais da pessoa e da família e dão oportunidades à manifestação de diferentes opiniões sobre diversos assuntos.
De grande alcance, especialmente entre as populações de menor poder aquisitivo, elas são excelentes prestadoras de serviço e formadoras de opinião. Porém, a legislação brasileira para concessão de rádio é envolta em polêmicas e muitas vezes levam casos relacionados à transmissão de emissoras não-comerciais à polícia. Ela considera crime o não cumprimento das normas sobre instalação, programação, administração e transmissão de rádio comunitária. A punição vai duma advertência, multa ou perda da autorização.
A Rádio Cincão FM, objeto de estudo, surge em 1997 com um transmissor, um microfone e uma mesa de som. Sintonizada em 87,9 MHz, possui um site on-line, uma torre que alcança boa parte da região Norte de Londrina, sendo uma das conquistas da comunidade. Seu processo de habilitação começou quando um grupo de pessoas reuniu-se para colocar a teoria na prática.
A “nova rádio”, que funcionava em fase de testes, foi um sucesso e rendeu muitos comentários. Na época, não havia a Lei das Rádios Comunitárias. Mesmo assim, os idealizadores foram ousados ao pleitear uma liminar na Justiça e colocar a rádio no ar. Porém, a liminar foi negada e continuaram a operar. Isso causou um grande estrondo na sociedade e logo a ANATEL (Agência Nacional de Telecomunicação) a lacrou, apreendeu instrumentos e acusou os idealizadores de exercerem ilegalmente a rádio difusão.
Para a regulamentação, foi preciso à compra dum transmissor, toca CDs, microfones, computadores e antena. Após uma laboriosa etapa jurídica e burocrática em Brasília, em 2005, a Cincão FM recebeu autorização do Ministério das Comunicações para iniciar suas atividades legais.
Interligada 24hs a internet, deixa o ouvinte atualizado com as últimas notícias. Seu objetivo é manter a programação, aumentar a audiência e acima de tudo tornar-se a caixa de ressonância da população da Zona Norte de Londrina.
Ela tornou-se uma ONG que preza pela democracia. É um canal aberto de comunicação a todos que queiram reivindicar reclamar, informar e exercer a cidadania. Tendo conhecimento que a democracia se constrói pela participação popular, a Cincão FM é protagonista e agente dessa luta, diferenciando-se de outras rádios.
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