sexta-feira, 25 de julho de 2008

O sonho dos Piratas - Parte I

O relógio-cuco, que Márcio havia ganhado de um amigo que viajara a negócios para a Alemanha, estava colocado bem no centro da parede. Não se escutava outro barulho a não ser o dos ponteiros do relógio e o do suspiro de Márcio, que dormia profundamente com a janela aberta naquela quente noite de verão.
Apesar de ser jovem, Márcio, um executivo recém-formado em administração, montou, com seus sócios, um belo escritório no centro da cidade e já tinha uma agenda cheia de clientes. Como trabalhava muito, sempre dormia e acordava cedo. Nas horas de folga, preferia ficar em casa. Morava no litoral, tinha um bom salário, mas estava sozinho, pois ainda não havia encontrado a pessoa perfeita para dividir o mesmo teto. Mesmo assim, não se sentia isolado e paquerava as garotas que lhe chamavam a atenção.
Já eram mais de três horas da manhã, e o cuco, que saia de sua casinha as seis, ainda dormia quando Márcio começa teve um sonho estranho.
Estava no mar, perdido dentro de um pequeno barco, sem remos e alguém que o ajudasse. Desesperado, perdido e só, não via nada além de água. O que poderia estar acontecendo com ele? Por que estava ali, perdido no mar, sem ninguém para lhe ajudar? Tinha vontade de ir embora, mas não sabia o que fazer.
Já sem esperanças, ouviu um barulho ensurdecedor. Sentiu o vento e as ondas se agitarem e aumentarem a cada instante, balançando seu barco cada vez mais. De repente, apareceu na sua frente um grande barco com uma bandeira estranha. Seria dali que vinha o apito? Era a sua salvação? Márcio não titubeou, começou a gritar e a gesticular para chamar a atenção. A escuna acabou vindo em sua direção. “Ainda bem”, pensou. Uma corda foi jogada com a qual Márcio subiu na escuna. No convés, não avistou ninguém, dirigiu-se para a parte central, onde ficava o timão, e viu um senhor de os olhos verdes e uma barba branca. Apesar disso, não aparentava ser muito velho. Apresentou-se como Capitão Jean e foi logo informando que a tripulação estava repousando. Eles eram corsários franceses e acabavam de sair de um conflito com um navio mercante inglês. Saquearam ouro, prata e outros valores, porém, grande parte do tesouro havia caído no mar, assim como vários homens das duas tripulações. Ele também se apresentou e explicou que era brasileiro, morava no Rio de Janeiro e não sabia como fora para ali.
Só então percebeu que estava num navio de piratas.

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