domingo, 6 de julho de 2008

MotoCicleta

Carlinhos ia todos os dias com sua moto trabalhar
Passava pelas ruas apressado. Não podia parar
O que valia era à roda do tempo e da fortuna. Não podia vacilar
Era rápido. Não tinha buraco de rua nem tempo para esperar
Mano, que correria. O cara ali quase conseguiu se espatifar
Carlinhos falava: nesse mundo não dá para vacilar
Meu, fica olhando. O cara correndo ali vai se arrebentar
Não deu outra, todos pararam para contemplar
O cara andando. O ônibus chegando. Tudo pronto. Cena espetacular
Foi mais um, não deu tempo para o cara brecar
Mais um na rua, corpo estendido. Lá vem o rabecão buscar
Carlinhos em sua moto, falava que nesse mundo não dá para vacilar
Vou maneirar, andar na moral, nada pode me afetar
A vida é louca, o sistema é bruto. Mano, nessa vida não se pode vacilar
Carlinhos sabia, bastava um olhar
Vou prestar mais atenção, tenho que esperar
Mas um dia para trabalhar
Lá estava Carlinhos. Seu pensamento não podia vagar
Corria demais. Dava 100, 120, 130. O radar não vai me pegar
Sua moto parecia turbinada, se tivesse asas iria decolar
Quem sabe voar
Na estrada era um às. Naquele dia só pensava em acelerar
Carlinhos corria, cortava o ar
Era esperto, sabia pilotar
E mesmo assim, sabia que não podia vacilar
Mas que pena, também não podia derrapar
Sua moto começou a encurvar
Lá foi Carlinhos, vendo sua moto se espatifar
Em seu último respiro, pensou: não podia vacilar

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