sexta-feira, 13 de junho de 2008

No São Jorge garrafas, ferro-velho e pneus usados viram adornos e geram renda. O melhor de tudo é que a reciclagem contribui com o meio-ambiente.


A reciclagem é muito rentável e contribui para que dejetos, que demorariam séculos para se decompor, sejam retirados do meio-ambiente. “Basta ter criatividade que você ganha dinheiro. Minhas obras são admiradas e bem recebidas no mercado”, afirma Gerson Eugênio da Silva, 30. O serviço de Gerson consiste na transformação de garrafas de vidro em diversas peças, que variam de vasos ornamentais a copos de uso doméstico. Desenvolvendo o trabalho em sua casa, de forma artesanal, ele vê com preocupação a falta de um local adequado para a transformação dos reciclados. “Corto a garrafa com um ferro quente”, diz o artesão que construiu as ferramentas do ofício. Mas não imaginem que Gerson se ocupa apenas da confecção. Há o processo de vendas que é feito de porta a porta.
Ciente da preservação ambiental que desenvolve, o artesão diz que as garrafas não tem retorno para as fábricas e seria um desperdício venderem o quilo a R$0,04 para virar caco de vidro. “Recolho a matéria-prima da natureza, residências, restaurantes ou compro no ferro-velho vinte garrafas a R$1,00”.
Uma pá de catar lixo ajuda na limpeza e é útil para as residências. Osmar dos Santos, 36, produz esse tipo de pá com material reciclado. “Se sair com vinte pás e vender cada uma a três reais, volto com as mãos vazias e os bolsos cheios de dinheiro”, relata. Para construir a ferramenta Osmar utiliza madeira ou cabo de vassouras, dois pregos pequenos e pedaços de calha. “Corto a calha com um tesourão. Dobro em três partes, bato com um martelo e coloco os pregos. Está pronta a pá”.
A confecção e venda de pás gerou dinheiro para Osmar, que estava desempregado e renda para muitos outros que saem as ruas para vender o utensílio. “No início fazíamos com madeira quadrada que vinha como doação de uma madeireira. A calha obtinha em construções”. Vendo potencial no produto e a grande saída para o consumidor, Osmar acredita que se houvesse espaço nas feiras livres, muitos comprariam sua invenção e por conseqüência daria renda e empregos. “Se houvesse um espaço comunitário, poderia ser feito em escala industrial”, diz Osmar, que atualmente confecciona as pás em sua residência.
Nilson Lino de Oliveira faz quatorze tipos de vasos, entre o “aranha”, “de parede” ou para flores. Além disso, ornamentos como cobras, jacarés, tábuas de carne e para colocar panelas. A matéria-prima provém de pneus usados. “Um pneu jogado na natureza ou em vias públicas pode acumular água da chuva e virar criadouro para o mosquito da dengue ou da febre amarela”, diz. Experiente na arte de transformar pneus em utensílios domésticos, Nilson afirma que os produtos de maior venda e aceitação são os baldes, as bacias e tanques. “Viro o pneu ao avesso com uma morsa e faço cortes sem emendas. No fundo coloco um pedaço de madeira resistente e pinto as laterais de amarelo ou branco. Se a pessoa trabalha como servente de pedreiro e as roupas estão encardidas, é só deixar de molho que a sujeira vai embora rapidinho”. Com a produção de vinte vasos ao dia, Nilson se orgulha de ter construído uma casa no União da Vitória IV com a venda de vasos e informa que alguns servem para alimentar animais. “É só colocar a ração”, completa.
Quanto à obtenção da matéria-prima, ele compra o pneu usado por um real nas borracharias. “Muitos colocam fogo nos pneus. Imagine o quanto isso prejudica a natureza. Quando faço um tanque, ele dura mais de quinze anos”.

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