domingo, 29 de junho de 2008

Artigo: A falta de moral que dilapida a segurança

Nos últimos tempos, a sociedade civil organizada, junto com nossos governantes, se preocupa, discute e planeja ações na área de segurança pública. O brasileiro, a cada dia, se sente como refém de criminosos organizados em “sindicatos e organizações” altamente aparelhadas e financiadas pelo dinheiro sujo do tráfico de drogas e da lavagem de dinheiro, que compram, de forma ilícita, armamentos mais potentes que os da polícia. Tamanha corrupção se reflete na organização de ações terroristas contra policias, civis e rebeliões em presídios.
A violência não escolhe suas vítimas. Faz a classe média sofrer os horrores dos seqüestros, assaltos e se esconder em condomínios fechados. Esta inserida nas classes sociais mais baixas, onde jovens passam preciosos anos de suas vidas nas cadeias ou abreviam-na no crime e tráfico de drogas.
Milhões de reais são investidos para criar soluções plausíveis a fim de conter a violência, combater o crime e estabelecer a paz. Medidas socioculturais e educacionais aplicadas a presos, visam sua reinserção na sociedade, no entanto, muitas não levam em conta que o indivíduo, após cumprir uma árdua pena, não encontra trabalho e atraído pelo crime, reincide ou comete piores crimes depois da “pós-graduação” que fez na cadeia. A solução para tais problemas. Não se encontra apenas na mão de Estado, mas nas condutas morais a qual o cidadão deve servir de exemplo àqueles que se encontram marginalizados e excluídos financeiramente de todo processo capitalista. A sociedade deve repensar suas condutas e considerar que passamos por uma transformação negativa de valores e conceitos morais.
A família, base da estrutura da educação dos cidadãos e seio conservador da sociedade, aos poucos vai se desfragmentando e se dilapidando pela valorização de conceitos burgueses que pouco reflete conceitos morais dentro de um lar e essenciais para a boa educação. Enquanto pregam moralidade na política, não fazem jus aos seus discursos e direcionam a educação de seus filhos, para um caminho obscuro, devido à falta mínima de moral no lar. É preciso que todos adquiram novos hábitos e valorizem a instituição familiar, além de valorizar o próximo, esquecendo o individualismo que os tornam inacessíveis. Se essas idéias fossem colocadas em prática, não teríamos grandes índices de violência e com o aumento da compreensão e valorização das pessoas mais simples, as potências bandidos e marginais, teriam mais piedade e pensariam antes de cometer seus crimes.

sábado, 28 de junho de 2008

O mundo redondo é retilíneo

Quando as distâncias eram enormes
e o tempo infinito,
havia dois mundos perdidos,
divididos por monstros gigantes e heróis mitológicos.

Graças aos feitos marítimos,
o homem, a Terra, descobre,
nasce a poesia renascentista
e a ciência se desenvolve.

O futuro é escrito no papiro
e a máquina de Gutemberg nos comove.
Acabou-se o elo perdido
e todos sabem como a Terra se move.

Com a locomotiva,
o homem vê a evolução dos transportes,
abrem-se caminhos
nas estradas de aço modernas.

Tão breve é o mundo evoluído
que a pressa anda de automóvel.
Hoje o seu veículo
é movido pelo petróleo.

Tão rápida é a evolução
que, em menos de três dias, chego lá no Japão.
Isso se for de avião,
já que, de jatinho, corto a barreira do som.

Lá no meu cantinho,
absorvo a informação,
seja pelo rádio de pilha ou pela televisão.
É assim que formulo minha opinião.

O espectro, ao vivo,
foi zapeado,
vejo outra cena,
essa é a interação.

Na interface do micro,
textos são fáceis de serem escritos
e editados.
Meus amigos mais íntimos fazem conexão.

Converso com um amor longínquo,
apertando botões com a ponta dos dedos de minha mão.
quem há muito se queria
se vê na tela da computação.

Esse é o mundo retilíneo
dos satélites e das parabólicas
que mostram mapas e estradas
com definição.

Amanhã já se saberá
que falaram de Marte e de sua população.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

A bruxa do sovaco fedido

A bruxa do sovaco fedido
que andava descalça na terra
havia encontrado um sapo sabido
que falava a língua da Inglaterra.

Quem viu o feito do girino
encantou-se e ficou louco.
O encantamento maligno fez cair no sono
quem ouviu os gritos do sapo rouco.

Não sabia, aquela banguela
Sebosa, com sua vassoura encardida,
que os homens que tinham moela
fariam dela uma grande guisada.

Os mais espertos que não haviam dormido
andaram na direção daquela magrela,
jogaram-na para o alto como um dado,
caindo assim a carniça no caldo da panela.

De tanto fazer feitiço,
acabou virando refeição,
gororoba, almoço, jantar e carne de chouriço
para a marmita do Sebastião.

O pobre do sapo embora quisesse ir,
gostava tanto de dar risada
que até xixi as pessoas faziam de tanto rir.
Tinha o sonho de encontrar a amada.

Na lagoa ou num brejo,
longe daquela bruaca,
desejava, da princesa, o beijo
que encerrasse o feitiço da bruxa careca.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Palavras ao avesso

O mundo é escrito com uma palavra,
se não existissem, não haveria mundo.
Elas ditam seu significado, as razões para se viver e tudo que há nele,
dão sentidos às formas e aos sentimentos, libertam o amor oprimido.

Palavras expressam maravilhas, são ondas que saem das nossas bocas
e adormecem aqueles que nos ouvem,
como um eco infinito que ressoa no ar.

Na minha mente,
imagens se constroem.
Emaranhados de palavras mostram que a vida é infinita
ao gole das doces letras pujantes.

O sabor da noite exaspera,
ouço o grito ardido
da boca flamejante que ressoa em versos.

Aos olhos caninos
e ouvidos taciturnos,
voam signos longínquos no espaço perdido,
no mar sideral semântico.

O mel de seu hálito
invade a minha boca
e me leva ao delírio com torpor.

Em absoluto, sinto a falta de sua companhia,
esses são indícios da solidão
no futuro do indicativo
que me leva a construir abstrações verbais.

Seu nome será forjado e fundido nas estrelas
com o fogo e o aço da paixão
pecaminosa de libido pelo lastro dos sentimentos da lenda eterna.
Assim, meu amor será proibido
pelas letras manchadas
de sangue exaurido
pelas mechas que rasgam o coração.

As palavras são guiadas pela boca
no vento do redemoinho
do poeta que sorri sem razão.

Na noite fria regada a vinho,
Peço, a ti, o beijo escaldado pela compaixão,
mas a donzela, armada de espada, tocha e canhão,
dorme sorrindo.

Anda nua pela ponte ilusionista dos verbos e dos pronomes,
sem ao menos que lhe guie para o lado dos amores perdidos da minha direção
Sei que não ama ninguém, por isso a desejo em sonhos íntimos.

Aos olhos do gênio
do artista
do poeta
e do rei

À procura de alguém que a ame
no horizonte perdido,
enrubescido por um dia ter amado ninguém.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Falta de pesquisas direcionadas ao pequeno agricultor cria entraves na economia

Agricultores têm dificuldades para se adaptar a novos métodos, no entanto, são várias as facilidades aos que querem empréstimos.

Por Marcelo Souto

Segundo o PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), a agricultura familiar é regulamentada e caracterizada por propriedades rurais com lotes de no máximo 20 alqueires ou 50 hectares; administrados e cultivados pelas famílias; limitada ao emprego de dois funcionários; e renda familiar de até R$60 mil por ano. Independente do maquinário, a agricultura familiar prioriza o trabalho manual e as alternativas de escoamento vão do comércio local à venda dos produtos na CEASA (Central de Abastecimento de Londrina). Representando cerca de 85% das propriedades rurais no Paraná e com estimativas da Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento de Londrina, que ultrapassam as 2400 no município, num universo de 3150 propriedades, é a agricultura familiar que produz a maioria dos alimentos consumidos. Ela se difere do grande produtor, que produz commodities para exportações e têm grande participação em produtos de valor agregado, como olerícolas, café, soja, milho, raízes e feijão. Além disso, a agricultura familiar emprega a maior parte da mão-de-obra rural.
Apesar deste quadro, a agricultura familiar busca subsídios para contornar uma crise que vêm se instalando na agropecuária, que registraram percas de R$26,26 bilhões para o setor em 2007, segundo informações da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A explicação mais coerente para este quadro é a estiagem, alteração de preços, falta de assistência técnica e financiamento no plantio, endividamento, falta de preço mínimo, descompatibilização entre recursos financeiro e época de plantio, alto custo de produção e diversos outros fatores. “Um dos problemas mais decorrentes é à falta de pesquisas para novas tecnologias. As existentes tornam-se inadequadas e de difícil adaptação. Os sistemas atuais não pensam no pequeno agricultor, que ainda usa os métodos tradicionais”, diz Paulo Gonçalves da Silva, Diretor de Abastecimento da Secretaria Municipal de Agricultura. Gonçalves diz as dificuldades e perda de rentabilidade é o que mais tira o homem do campo.


Seguros e financiamentos dão mais garantias aos agricultores

Entre as soluções para melhorar a qualidade, aumentar a renda e a produção familiar, a EMATER (Empresa Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural), empresa pública de direito privado e vinculado ao Governo do Estado, faz projetos de orientação, que vão do plantio a colheita, para aumentar a produtividade (sem custos ao agricultor) e garante diversos programas de auxílio. Um desses programas é o Seguro da Agricultura Familiar (SEAF). “O SEAF foi criado pelo Governo Federal para que o produtor possa desenvolver sua lavoura com segurança. Ele atende uma antiga reivindicação da agricultura familiar por seguro com garantia de renda”, é o que explica Paulo Roberto Mrtvi, responsável pela unidade da EMATER de Londrina. Centrado na agricultura familiar e com um valor segurado igual ao valor financiado mais parcela de 65% da receita líquida esperada, o SEAF viabiliza, dá sustentabilidade, promove o uso de tecnologias adequadas, cuidados com o manejo e medidas preventivas contra as adversidades agro climáticas.
Outra alternativa para o pequeno agricultor é o PRONAF, que financia e têm várias linhas de créditos em sistema de custeio de produção e investimento. “Em 2007, o PRONAF D, que agrega agricultores com renda bruta anual de R$ 14.000,00 à R$ 40.000,00, emprestou, em Londrina, R$ 650.929,44 para custeios de produção”, diz Paulo Mrtvi. As taxas de juros do PRONAF são bem menores que as aplicadas no mercado, variando de 1% á 7,25% ao ano e com prazos de pagamentos que variam de 2 a 10 anos. “Quando o agricultor paga em dia o PRONAF, pode haver rebate e desconto nos empréstimos”, diz.


De olho no mercado, agricultores formam cooperativas para facilitar crédito

No ano passado, a CNA, divulgou que o Produto Interno Bruto (PIB) da agropecuária foi de R$537,63 bilhões, número muito abaixo das expectativas projetadas. Apesar das percas e da instabilidade, os agricultores se unem para enfrentar essas dificuldades através cooperativas de financiamentos e crédito rural. Formada por agricultores assentados pela Reforma Agrária em Marmeleiros (Pr) e presente nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, a Cooperativa de Crédito Rural com Interação Solidária, a CRESOL, comemorou recentemente 10 anos de existência. Em Londrina há oito anos e presidida pelo agricultor José Cândido Rosa. A cooperativa também atende os municípios de Ibiporã, Cambé, Tamarana e Sertanópolis. “A CRESOL facilita o crédito rural para 200 associados, funcionando quase como um banco. O dinheiro gira dentro da cooperativa de agricultor para agricultor. Hoje ele pode ter uma conta corrente, pode abrir poupança e retirar talões de cheque”, diz José Rosa. A facilidade e comodidade ao crédito é o que mais faz crescer o número de cooperados, que devem formar grupos de três, onde cada um avaliza o outro. Os financiamentos variam entre R$ 3 mil á R$ 18 mil para custeio, com juros de 4% ao ano. Para se associar, é preciso documentos pessoais e escritura que comprove a posse ou arrendamento de terras.
O agricultor José Cardellossi, da Usina Três Bocas, foi um dos primeiros cooperados da CRESOL. Produzindo batata-doce e mandioca e os comercializando em Curitiba, Cardellossi fez um empréstimo de custeio de R$ 4.600,00 para compra de adubos e consequentemente aumento da lavoura. “O empréstimo no banco é mais difícil e as cooperativas são uma força para o agricultor”, diz Cardellossi.


Com as facilidades de créditos e financiamentos, criam-se possibilidade para adquirir terras

Segundo Paulo Gonçalves, há muitas possibilidades de crescimento e expansão da agricultura, setor que muito contribui para a economia. Um deles é o Crédito Fundiário, que prevê financiamento aos interessados no agro negócio. O crédito funciona da seguinte forma:

- O pretendente ao empréstimo deve apresentar a Declaração de Elegibilidade, que comprove renda familiar inferior e não possuir patrimônio familiar superior aos limites estabelecidos nos Manuais Operativos do Programa Nacional de Crédito Fundiário (PCNF);
- Para a linha CPR e NPT/CPR, renda familiar de R$ 5.800,00 e patrimônio de R$ 10.000,00, não considerada a moradia familiar;
- Para linha CAF e NPT/CAF, renda familiar de R$ 15.000,00 e patrimônio de R$ 30.000,00;
- Nunca ter sido beneficiário de qualquer outro programa de Reforma Agrária Federal, Estadual ou Municipal;
- Não exercer função pública nas esferas municipais, estaduais e federais;
- Estar disposto a assumir o compromisso de tomar – posteriormente pagar - empréstimo para a aquisição de terra e contribuir com 10% dos custos de investimentos comunitários ou básicos;
- Ter, nos últimos 15 anos, no mínimo, cinco anos de experiência em exploração agropecuária;
- Não ter sido, nos últimos três anos, proprietário de imóvel rural com área superior a 48 hectares, limite de área para ser enquadrado como propriedade rural familiar;
- Não ser promitente comprador ou possuidor de direito de ação e herança em imóvel rural.

Paulo Gonçalves diz que também existem créditos rurais para jovens agricultores, conhecido por linha Nossa Primeira Terra. Além dos requisitos acima, devem atendem as seguintes exigências:

- Ter no mínimo 70% de membros com idade entre 18 a 24 anos, podendo ter até 30% de membros com idade de até 28 anos;
- Os pais não podem ser proprietários de área superior a três vezes a dimensão da propriedade familiar, exceto quando fica comprovado a divisão do imóvel entre os descendentes que desejam permanecer na terra familiar. Para cada descendente, em área inferior a dimensão da propriedade familiar e quando aprovado pelo CEDRS;
- Os pais não devem ter uma renda bruta familiar superior a R$ 15.000,00 e patrimônio familiar superior a R$ 30.000,00.
- Dar autorização para ser submetido a agentes financeiros e a UTE para realizar pesquisas cadastrais necessárias à aprovação da proposta para aquisição de terra.

Mais informações podem ser adquiridas na Secretaria Municipal de Abastecimento e Agricultura, no telefone 33411177.

terça-feira, 24 de junho de 2008

A mídia exerce grande influência sobre a sociedade, a economia e os meios políticos. Isso não é recente.

Ela traz à tona questões relevantes debatidas pela sociedade e articula ações que visam à integração social e política entre os meios e os agentes. Quando parte-se desse pressuposto, os movimentos sociais tornam-se ferramentas fundamentais para a dispersão das idéias e debates.
Com base nessas informações, considera-se que “O Dia Nacional da Juventude”, evento realizado anualmente e marcado por mobilizações de milhares de jovens em todo o país para celebrar a vida da juventude, ganha força e maiores proporções quando sua proposta é vinculada nos veículos de comunicação. O DNJ é manifestação e tomada de posição não só para os jovens participantes de grupos religiosos, mas para toda a sociedade. Ali se busca uma causa e a construção de melhorias no mundo.
Movimentos como o DNJ, quando tratados pela mídia, adquire maior representação. É um fato cuja representação pública atrai a população e a mobiliza em seu favor devido à importância social do movimento. Ele torna-se pertinente quando aborda questões voltadas à juventude, como sua relação com o meio ambiente. Nesse sentido, a mídia ajuda a construir a idéia coletiva de que a juventude pode formar uma corrente de cidadania e solidariedade, que traga informação, formação e conscientização de todos os desastres ambientais que estão sujeitos o planeta. Essa é uma visão positivista. Em nosso país é comum o noticiário mostrar inúmeros casos de adolescentes e jovens vítimas da violência pelo crime e pelo tráfico de drogas. Essa visão jornalística tem muito peso principalmente no processo de constituição das representações sociais.
A mídia age sobre o momento e fabrica coletivamente uma representação social que, mesmo quando está muito afastada da realidade, perdura apesar dos desmentidos ou das retificações posteriores porque ela nada mais faz, na maioria das vezes, que tende, por isso, a redobrá-los. É preciso levar em conta o fato de que a televisão exerce um efeito de dominação muito forte. Isso lhe confere grande peso na constituição da representação dominante dos acontecimentos. Quando as populações marginais ou desfavorecidas atraem a atenção da mídia, os efeitos da mediatização estão longe de ser os que esses grupos sociais poderiam esperar. A mídia doravante faz parte integrante da realidade e produz efeitos de realidade que ela pretende descrever. Sobretudo as desgraças e as reivindicações devem exprimir-se mediaticamente para vir a ter uma existência publicamente reconhecida e ser, de uma maneira ou outra, “levada em conta” pelo poder político. Intrinsecamente articulada e articuladora com os meios políticos, a imprensa é o canal onde muitos fatos históricos são desenrolados e levados ao público. Sejam as massas ou as elites.
Com base nisso, a reconstituição das lutas políticas e sociais através da imprensa tem sido o alvo de muitas pesquisas recentes. Nos vários tipos de periódicos se encontram projetos políticos e visões de mundo representativas de vários setores da sociedade. Necessariamente isso não transforma a realidade, mas é base para qualquer reivindicação consciente de mudança.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Sugestoes de Pauta

Aos nobres colegas jornalistas, que visitarem essa página, sugiro algumas pautas:

Pneus usados: Qual a destinação correta?: Não se sabe qual é a destinação dos pneus usados. Eles se acumulam em borracharias, quintais e rios, tornando-se um potencial criadouro de larvas da dengue. Qual medida a ser tomada pelo cidadão ou dono de borracharias quanto ao destino? Cabe uma matéria que oriente a população para tomar as providências cabíveis.
Possíveis fontes - Borracharias: Três borracheiros explicariam a destinação de pneus usados e dariam informe ao usuário. - SEMA: A Secretaria de Meio Ambiente daria informações sobre tratamento de resíduos e informações a respeito da multa a quem jogar detritos no meio ambiente.
- CMTU: Informações sobre local de destino. - Enquete com três usuários, com opinião sobre o que deve ser feito com quem joga pneu no meio ambiente e possíveis soluções sobre a destinação.


Estação da COPEL: No Jardim São Paulo, em Londrina, a loteadora Santa Alice doou um terreno a COPEL. Em contrapartida a Companhia deveria asfaltar o trecho de 200 metros da Avenida Salim Samon. Após cinco anos nada foi feito e a rua tornou-se depósito de lixo. Isso é motivo de reclamação no bairro e o objetivo da matéria é levar ao conhecimento público um parecer da COPEL.

Fontes: Robson, Santa Alice (loteadora). Fizeram a doação do terreno e da rua, mas a COPEL não tomou as medidas cabíveis para asfaltar.
- Copel (Assessoria de Imprensa): Questionar o porquê da não realização da obras e buscar uma resposta, prazo ou projeto.
- Opinião de três moradores da região/rua.
- CMTU/SEMA: Providências cabíveis e multas a serem aplicadas a quem está jogando lixo/entulho na via e no caso do não cumprimento, por parte da COPEL, averiguar se há implicações jurídicas. - Parecer da Secretaria de Obras, se há projeto e o que pode ser feito.


Coleta e destinação de entulhos: No próximo dia cinco, será lançada no Diário Oficial, a Resolução 307 (Conama), referente ao tratamento de resíduos da construção civil no âmbito municipal. Os transportadores terão que se cadastrar, fazer licenciamento e não destinar nenhum tipo de resíduo em fundo de vale. O gerador será identificado e notificado para que justifique o destino dos resíduos. Se não houver justificativa, será aplicada multa que varia de mil reais a cinqüenta milhões. A penalidade será aplicada ao gerador e transportador. A resolução implica que todo transportador deve ser cadastrado junto a SEMA (Secretaria de Meio Ambiente) e haverá estudos que indicaram o local de estacionamento das caçambas e sinalização. Quanto aos veículos de transportes, será considerado o estado de conservação. Quem produz até 1.000 litros, por trabalho, pode contratar um caçambeiro, após um valor maior, deve existir um projeto de planejamento, apresentado a SEMA. Aos que forem reformar ou construir, devem apresentar o projeto para obter alvará. Somente após a comprovação de destino a obra será regularizada. Isso vale a partir da data de publicação. Caso não haja comprovação, a multa consiste numa compensação ambiental, como por exemplo, limpar um fundo de vale. Segundo Gerson de Lima, Secretário de Meio Ambiente, haverá custos maiores na obra, mas é de responsabilidade do gerador a destinação dos resíduos e o valor deverá ser orçado na obra. O secretário diz que caberá ao engenheiro, o projeto de destinação dos resíduos.

Fontes:Fernando Barros (CONSEMA) 91083074 (engenheiro) – Barros está desenvolvendo o projeto para a Prefeitura e pode dar maiores informações.
- Kurika Ambiental: 33744400 (Joel ou Marcelo). A Kurika é a única empresa em Londrina que trará os resíduos, retornando-os ao meio produtivo.
- Engenheiro/Construtora: Qual é a opinião a respeito.
- Gerson de Lima (SEMA): Sobre as multas e implicações para quem não cumprir a futura lei. - Carroceiro: O que farão para destinar o entulho? Isso implica custos elevados?
- Duas ou três fontes que estejam construindo para opinar.


Cooperart: A Cooperart é uma cooperativa que monta grupos de trabalho para obter renda pela via do artesanato, venda de jóias e pedrarias. As mulheres que participam das oficinas muitas vezes têm crianças pequenas e não tem emprego. A cooperativa opera com pouco custo e hoje são em torno de 40 pessoas envolvidas. O trabalho é feito com associações e igrejas. Não há distinção mais se leva em consideração quem deseja produzir. Além do artesanato, é feito a customização de jeans. Devido à união de outros grupos, a Cooperart se fortalece e busca mercado, mas focada nas necessidades da comunidade.

Fonte: Luciana – 33374513/99572330/3320637 (Cooperart)


As energias renováveis são muito pesquisadas e referem-se ao uso da água (hidráulica), luz solar (captação por placas) e vento (eólica). Esses temas foram diversas vezes divulgados nos meios de comunicação. Devido ao não ineditismo, busquei empresas que usam de forma racional os recursos naturais. Foram encontradas nos mais diversificados segmentos: construtora que na execução de obras, racionaliza o uso da água; um projeto de mestrado que analisa a eficiência do consumo elétrico em edificações comerciais; e por fim, três empresas que reciclam e beneficiam chumbo, óleo e resíduos. O objetivo é demonstrar a diversidade, orientar a população quanto às soluções possíveis, além de mostrar que o desenvolvimento e a tecnologia podem estar ao lado do meio ambiente, sem causar estragos e prejuízos.

O primeiro exemplo está na diversificação e estudos que procuram soluções e alternativas para a utilização correta dos resíduos e recursos naturais, sem que afeta a natureza e diminua consideravelmente seus impactos. Na nossa região, a Kurica Ambiental S/A, trata e destina resíduos da construção civil, de residências, restaurantes e comércios através do reaproveitamento da matéria orgânica, pela reciclagem. O que antes era lixo orgânico é compostado, torna-se adubo, sendo aplicado em lavouras. Em Londrina, 68% dos resíduos diários são orgânicos, 14% recicláveis e outros 18% não podem ser reaproveitados. (www.kuricaambiental.com.br) 33744400/33422030.

A Bothanica é uma empresa que também apresenta alternativas conscientes de preservar a natureza e os resíduos, pela reutilização do óleo de cozinha. No ato de fritar alimentos, despeja-se o óleo nas pias. Isso entope encanamentos, contamina rios e lagos, impermeabiliza diversos tipos de terrenos, agrava problemas com enchentes, aumenta o número de insetos, roedores, bactérias e provoca doenças. A Bothanica recolhe o óleo e o transforma em sabão e adubo. Isso reduz a quantidade de gordura nas estações de tratamento de água e esgoto, deixa os rios e lagos mais limpos e promove a educação ambiental. (www.bothanicaambiental.com.br) 08004000397/33420397.

Nas indústrias de grande porte, a geração de chumbo e o lançamento de resíduos sólidos no ar são imensos. Para minimizar esses efeitos, a Tamarana Metais Ltda., desenvolveu um processo de antipoluição que filtra e lava todos os gases vindos de fornos de refino. O objetivo é diminuir o risco de impacto ambiental e faz monitoramento de solo, ar e água. (tamaranametais.com.br) – 33981385.

Na Universidade Estadual de Londrina, o curso de mestrado da Engenharia Civil, estuda a eficiência energética de edificações comerciais, baseado no clima da região, uso de espaços, além de decisões arquitetônicas para que não se perca o conforto e economize energia. A relevância do estudo está na crescente demanda por energia elétrica e a limitação futura das usinas hidrelétricas existentes. Segundo Miriam Jerônimo Barbosa, coordenadora do mestrado, o objetivo é contribuir, através do projeto arquitetônico, para maior eficiência e inclusão de normas racionais pela aplicação de métodos e implantação de equipamentos de consumo eficiente. (Miriam - Departamento de Engenharia Elétrica)

domingo, 22 de junho de 2008

Fatos criados - A visão midiática

Os mal-estares sociais não têm uma existência visível senão quando se fala deles na mídia ou quando reconhecidos pelos jornalistas. Os mal-estares não são todos igualmente “mediáticos”, e os que são, sofrem, inevitavelmente, diversas deformações a partir do momento em que são tratados pela mídia. São fatos cuja representação pública foi explicitamente fabricada para interessar aos jornalistas, ou então aqueles que por si mesmos atraem os jornalistas porque são “fora do comum”, dramáticos, emocionantes e rentáveis.
Todas as visões jornalísticas não tem o mesmo peso dentro da profissão e, sobretudo, fora, no processo de constituição das representações sociais. Quando se relê ou se revê, com frieza, tudo o que pôde ser escrito ou mostrado sobre acontecimentos, pode-se certamente encontrar um artigo ou uma reportagem particularmente pertinentes. Mas esta leitura, ao mesmo tempo exaustiva e a posteriori, esquece que esses artigos passam geralmente despercebidos pela maioria das pessoas e se perdem num conjunto cuja tonalidade é em geral muito diferente.
A mídia age sobre o momento e fabrica coletivamente uma representação social que, mesmo quando está muito afastada da realidade, perdura apesar dos desmentidos ou das retificações posteriores porque ela nada mais faz, na maioria das vezes, que tende, por isso, a redobrá-los. É preciso levar em conta o fato de que a televisão exerce um efeito de dominação muito forte. Isso lhe confere grande peso na constituição da representação dominante dos acontecimentos. A informação “posta em imagens” produz um efeito de drama que é próprio para suscitar muito diretamente emoções coletivas.
Deve-se levar em consideração que muitos movimentos são criados pela mídia e sua duração depende do tempo de exposição destinado a ele. É necessário saber o processo que levou progressivamente todos os jornalistas a se desinteressarem pelos acontecimentos que eles anteriormente contribuíram para produzir. Assim, o que se chama de acontecimento, não é jamais senão o resultado da mobilização, que pode ser espontânea ou provocada, pelos meios de comunicação, em torno de algo com que todos concordam por determinado período. Quando são populações marginais ou desfavorecidas que atraem a atenção da mídia, os efeitos da mediatização estão longe de ser os que esses grupos sociais poderiam esperar porque os jornalistas dispõem, nesses casos, de um poder de constituição particularmente importante, que é a fabricação do acontecimento que foge quase totalmente a essas populações.
Diante deste quadro se vê uma população dominada e menos apta a poder controlar sua própria representação. O espetáculo de sua vida quotidiana não pode ser, para os jornalistas, senão ordinário e sem interesse. Na visão elitista, eles são desprovidos de cultura e, além disso, incapazes de se exprimir nas formas requeridas pela grande mídia. Assim, a mídia fabrica, para o grande público, que não está diretamente ligado a uma apresentação e uma representação dos problemas que enfatizam o extraordinário. Se esta representação ocupa pouco espaço no discurso dos dominados, é porque estes dificilmente são ouvidos. Fala-se deles mais do que eles falam e, quando falam aos dominantes, tendem a tomar um discurso emprestado, o que os dominantes usam.
A defasagem entre a representação da realidade e a realidade como pesquisas mais minuciosas podem fornecer artifícios ainda mais importantes no tratamento televisivo dos incidentes. A atenção dos jornalistas está mais voltada para os confrontos populares do que para a situação objetiva que os provoca. Eles se tornam sintomas de uma crise mais geral da sociedade que tende a ser tratada independentemente das situações concretas. Paradoxalmente, os jornalistas, em suas pesquisas locais, dão pouca importância a dados locais. O acontecimento mediático que eles fabricam funcionam como uma espécie de teste projetivo junto aos diferentes atores sociais que eles interrogam, cada um podendo ver nisso a confirmação do que ele pensa há longo tempo. Dessa forma, a mídia contribui para a estigmatização de pessoas e locais, muitas vezes apresentados como insalubres e sinistros e seus moradores como delinqüentes.
A mídia doravante faz parte integrante da realidade ou, se preferirmos, produz efeitos de realidade que ela pretende descrever. Sobretudo as desgraças e as reivindicações devem exprimir-se mediaticamente para vir a ter uma existência publicamente reconhecida e ser, de uma maneira ou outra, “levada em conta” pelo poder político. A lógica das relações que se instauraram entre os atores políticos, os jornalistas e os especialistas em “opinião pública” chegou a ser tal que, politicamente, é muito difícil agir fora da mídia ou contra ela.

sábado, 21 de junho de 2008

Novas bandas surgem no espaço de Londrina, entre elas a Conspiração


Aos 15, 16 anos de idade, os adolescentes fazem muitas atividades saudáveis, como estudar, praticar esportes e tocar instrumentos musicais. Os integrantes da banda Conspiração não se afastam desse perfil. Amigos de escola, o grupo se conheceu no intervalo do Colégio Olympia de Moraes Tormenta e descobriram que a afinidade musical poderia resultar num trabalho artístico. Apesar da recente formação, que conta com apenas sete meses, foram inúmeras as apresentações no pátio do Olympia e o primeiro grande show desta garotada será nesse domingo, no I Rock Cold Fest. (Mais informações no fim da matéria).
Andrey Hudson, 15 anos, que toca bateria e mora no Maria Cecília diz que o nome Conspiração não retrata o verbo trair. É resultado da influência que têm da banda Offspring, que lançou o CD “Conspirace of One”. A Conspiração ainda conta com o guitarrista Alexandre Paulo, 16, do Semiramis; o baixista Edson Oliveira, 15, do Maria Cecília; Marcelo Fernandes, 16, no vocal; e Bárbara Farias 15, do Semiramis, na guitarra e que estuda no Colégio Marcelino Champagnat.
Quanto às músicas, Alexandre é categórico em afirmar que tocam covers de Porcos Cegos, Dead Fish e Ratos de Porão, mas ressalta que possuem letras e músicas próprias que abordam o comportamento humano, seus defeitos e virtudes. “Somos jovens e devemos ter senso crítico mais aguçado. Valorizamos as bandas independentes o nacionalismo e o amor à pátria. Nossas músicas são cantadas em português e somos contra a americanização. Isso destrói a cultura brasileira”.
Tanta determinação é vista na rotina desses adolescentes, que alteram os estudos com a música e esportes como futebol, vôlei e tae kwon do. “Quando tocamos na escola, os alunos e professores param para nos ouvir. Isso nos estimula e estimula outros que desejam aprender a tocar um instrumento musical”, diz Edson. Para Andrey, ter uma banda é algo que distrai. “O adolescente deve desenvolver atividades variadas”, conclui.


Rock Cold Fest dá espaço para bandas desconhecidas

O intuito do Rock Cold Fest é criar um festival com novas bandas da cena rock n’roll londrinense. “Não que a cidade não tenha festivais com bandas, mas queremos dar uma nova cara e colocar para tocar algumas delas que não estão tanto na mídia”, essa é a idéia de Peterson Felipe, organizador do evento. O festival será neste domingo, 22, com previsão de início às 13 horas.
Subiram ao palco seis bandas, dos mais diferentes estilos: Zero Cinco; Barrabás; Macrobiose; Conspiração; Carpello e Tio Japa.
O Rock Cold Fest será na Chácara Azul (Rua: Vinicius de Moraes 220) entre a UEL e os Correios e os ingressos custam seis reais.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

O princípio da democracia parte da Gestão Pública dos fatos

Quando se aborda democracia e a transparência na gestão publica, logo se coloca em pauta a questão do poder invisível. Para que haja maiores esclarecimentos, é entendido, como poder invisível, manifestações e tomadas de decisões, na administração, que não são levadas ao conhecimento público ou dos eleitores e governados.
A democracia parte do principio e da gestão pública dos fatos, onde são levados ao conhecimento geral às ações dos governantes e os governados, tem ação efetiva quando existe a participação. Isso se dá devido ao direito do voto, que é reconhecido e determina a representatividade. Nos governos democráticos todas as operações dos governantes devem ser conhecidas pela população, exceto algumas medidas de segurança pública, que são levadas a público nos casos extremos. Esse é o caráter público que se torna regra, onde o segredo é exceção.
O caráter público do poder, entendido como não secreto e aberto ao público, permaneceu como um dos critérios fundamentais para distinguir o estado constitucional do estado absoluto. Com essa idéia tem-se a concepção do principio de representação e caráter público do poder, onde a representação é uma forma de representar, apresentar, de se fazer presente, tornar visível o que seria oculto. A representação apenas pode ocorrer na esfera do público. Não existe nenhuma representação que se desenvolva em segredo e, representar significa tornar visível e tornar presente um ser invisível mediante um ser publicamente presente. A dialética do conceito repousa no fato de que o invisível é pressuposto como ausente.
Para que haja maior transparência e conhecimento das tomadas das decisões, a descentralização do poder inibe o poder invisível e cria ferramentas para o maior conhecimento, de todos, do que é decidido nas esferas do poder. Com a descentralização existe a proximidade espacial entre governante e governado e a multiplicação dos centros de poder foi uma opção oferecida aos cidadãos para fiscalizar os governantes e não ceder espaço ao poder invisível.
Nesta lógica, tem-se que citar a relevância dos meios de comunicação de massa, que são essenciais no processo de visibilidade dos governantes e da esfera pública, que determina a opinião pública. É a opinião pública que pretende discutir e criticar os atos do poder público e exige para isto a publicidade dos debates, tanto políticos ou judiciários. A visibilidade do poder não é apenas uma necessidade política, mas de moral. Quando não há amostragem da verdade em favor de atos ilícitos, isso é corrupção. Quando são levados a público, tornam-se escândalo.
Porém, leva-se em conta que muitos governantes defendem a não transparência na tomada das decisões públicas. Essa polêmica é grande se observada pelo aspecto iluminista, que critica as ações do Estado Absolutista, que é dominante e não se submete aos seus dominados. Esse último fator se torna evidente quando há desprezo pelo vulgo, considerado um objeto passivo de poder. É a opacidade da ação necessária para garantir ao soberano o controle total e a arbitrariedade sobre os governados.
No presente, são diversas as representações do poder invisível e os males a nós causados. Entre os exemplos, cita-se o governo paralelo gerido pelos fatores econômicos, que buscam omitir a verdade em favor de interesses particulares. E também os governos que usam da violência para dominar e coagir os dominados. Esses fatores são prejudiciais e somente tiram à credibilidade da democracia.

A imprensa como narradora dos fatos

Não é de hoje que se discute o papel social, político e econômico exercido pela imprensa e pelos jornalistas. Essas questões são relevantes e muito debatidas na sociedade ou nos meios acadêmicos. Coloca-se em pauta a importância dos acontecimentos e como são expostos através de pontos-de-vista, parciais ou imparciais, de quem as produz. Intrinsecamente articulada e articuladora com os meios políticos, a imprensa é o canal onde muitos fatos históricos são desenrolados e levados ao público. Sejam as massas ou as elites.
Tendo conhecimento disso, a historiadora Maria Helena Rolim Capelato, autora de “Imprensa e História do Brasil”, faz um panorama histórico e críticas sobre a influência e participação da imprensa em diversas situações que mudaram o rumo da história brasileira. Vista como uma “força política” a imprensa sempre foi usado por governos e poderosos que a temem, a vigiam, adulam ou a pune. Mas, também é fonte histórica, onde pesquisadores e historiadores buscam artifícios e fatos concretos para contar e analisar o passado. Essa fonte possibilita maior riqueza em detalhes, muito diferente do modo positivista de relatar a história, feita por documentos. Muitos pesquisadores e autores procuram compreender os pressupostos dos projetos políticos veiculados nos jornais e alguns escolhem a imprensa como fonte de investigação.
Mas, não é apenas na ajuda do relato histórico que a imprensa está presente. Ela participa ativamente na criação dos fatos e, principalmente, na maneira que lhe convém. Essa postura elucida o limite da objetividade, onde os interesses particulares são sobrepostos aos interesses comuns e coletivos. Capelato quebra o mito que a imprensa é o fiel da realidade para se questionar até onde se pode dar crédito a determinada notícia. Fatos que comprovem essa verdade não faltam. Um exemplo, segundo a autora, está no surgimento da ditadura militar, que se iniciou em 1964 no Brasil. A ditadura teve apoio de diversos veículos de comunicação, que eram contra o comunismo e viam no regime a forma de aniquilar a possibilidade de “serem expropriados de seus bens particulares”. Com base nisso, a reconstituição das lutas políticas e sociais através da imprensa tem sido o alvo de muitas pesquisas recentes. Nos vários tipos de periódicos se encontram projetos políticos e visões de mundo representativos de vários setores da sociedade.
Com o objetivo de mostrar a história presente e construir a verdade, muitos jornalistas se engajaram para mudar o rumo dos acontecimentos. Ruy Barbosa foi um deles. Criticavam a imprensa de seu tempo, que se “curvava e se vendia corruptamente” com falsos elogios aos governantes da época, ao invés de denunciar e vigiar seus atos. Ele é vista, no Brasil, como integrante do poder ou como o “quarto poder”, mas, prepotente e corrupto.
Concluí-se que o jornalista de hoje admite as limitações de seu ofício e reconhece a dimensão de seu papel, onde a reflexão pouco é questionada. Existem as interferências do poder político-ideológico e econômico sobre a imprensa, porém, seu conservadorismo ainda é muito grande, implicando na falta da crítica verdadeira. Porém, deve-se reconhecer que ela é indispensável em qualquer sociedade. A imprensa, em geral, serve para aproximar ou distanciar as pessoas. Permite que se participe dos governos e controla os governantes. Presta-se ao estabelecimento do controle político sobre os governados e é fundamental para o processo democrático. Necessariamente, isso não transforma a realidade, mas é base para qualquer reivindicação consciente de mudança.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Uma Sociedade Descentrada

Todos os movimentos, independente da origem, apresentam em sua linguagem características que o identificam e características de outros movimentos ou ideologias que o antecederam. Não tendo uma identidade própria, os novos movimentos utilizam símbolos, experiências organizativas e formas de ação idealizadas e baseadas nos movimentos anteriores. As revoluções, os movimentos operários e a sociedade socialista foram referências rituais que alimentaram a linguagem dos movimentos.
Diante disso, o sistema, que não é centralizado, torna-se uma rede de relações entre estruturas diferenciadas e relativamente autônomas, nas quais é necessário administrar o equilíbrio entre o poder centralizado e os poderes autônomos. Observa-se que nenhuma mudança pode operar em todos os níveis de um sistema, no qual diversos componentes funcionam segundo lógicas próprias. Raras as exceções, existem duas que se destacam: o domínio absoluto, que negue fortemente a especificidade e as diferenças entre os elementos que compõem o sistema social, reconstruindo uma comunidade que tem a transparência da violência total. No outro extremo, uma catástrofe nuclear ou ecológica, que negue a complexidade ocultando tudo na destruição. Aquém desses limites, as transformações nos sistemas complexos se situam somente sobre os planos específicos, segundo lógicas pertinentes de funcionamento, que não se transmitem, automaticamente, de um nível a outro e que nunca atingem simultaneamente a globalidade do sistema.
A mudança, como exigência permanente de adaptação do sistema e dos sistemas às variáveis de ambiente e às necessidades do equilíbrio interno transforma-se em fenômeno central. A mudança da qual se fala nos sistemas complexos são específicos e não é transferível diretamente a outros níveis ou sistemas: cada variação tem efeitos sobre o conjunto, mas sempre mediatos. Em todo contexto a identidade é o fator que define a individualidade. Assim, os movimentos contemporâneos não são totalizantes e devem aceitar a pluralidade dos planos e dos instrumentos da transformação social e sua irredutibilidade a respeito das suas diferenças.
Nunca como nos sistemas complexos as relações políticas se tornaram importantes. É necessário administrar a complexidade por meio de decisões políticas, das quais é necessário assegurar freqüência e difusão para reduzir a incerteza dos sistemas que mudam com rapidez excepcional. A complexidade e a mudança exigem decisões, criam uma pluralidade e uma variabilidade de interesses, incomparáveis com situações do passado, como a multiplicidade dos problemas a serem resolvidos. Esse processo esta ligado à complexidade, à necessidade de fazer frente a um ambiente mutável e ao multiplicar as exigências de equilíbrio interior do sistema. Deve-se considerar que os processos decisórios funcionam por meio da representação e qualquer processo de transformação política, avalia-se com tensão entre as estruturas de representação e demandas ou interesses dos representados.
De uma visão totalizante da política, passa-se ao reconhecimento da sua especificidade e da sua função necessária. Nas sociedades complexas, a política se transforma em possibilidade de mediação entre os interesses para produzir decisões. Ela não é a totalidade da vida social, em dois sentidos. Antes de tudo porque existe alguma coisa que vem antes da política, que a delimita e a condiciona: existem relações sociais e interesses que a precedem e que nela se traduzem e se mediam. A política não representa toda a realidade social porque existem âmbitos e dimensões que fogem e não se reduzem a ela.
A vida dos movimentos depende do funcionamento dos sistemas políticos, de instâncias nas quais entra uma multiplicidade de interesses, através da representação e de processos decisionais para a alocação de recursos. Essas instâncias políticas se multiplicam nas sociedades complexas muito além do sistema político restrito. Elas fornecem as condições para que o dissenso possa manifestar-se. A salvaguarda dos direitos das minorias, a visibilidade e o controle dos procedimentos decisionais, o grau de representatividade real dos mecanismos eleitorais, a qualidade dos filtros que regulam o acesso ao sistema político e o grau de elasticidade das regras do jogo político criam espaços para a expressão das demandas sociais. Com isso, os movimentos contemporâneos, por sua natureza, não podem ter eficácia senão pela mediação dos atores políticos e criam espaço no qual se tornam visíveis os dilemas profundos que caracterizam os sistemas complexos. Existe a necessidade de mudança e a exigência de manter um núcleo normativo e prescritivo estável. De um lado, trata-se de considerar os interesses mutáveis das multicolorações dos atores sociais e variabilidade de suas agregações. De outro, é necessário garantir sistemas de regras e de prescrições capazes de dar previsibilidade aos comportamentos e aos procedimentos. Dentro dos sistemas complexos, revela-se uma elevada fragmentação do poder e uma tendência paralela à concentração do mesmo. Multiplicam-se os grupos portadores de interesses, capazes de organizar-se e de obter vantagens no intercâmbio político; fragmenta-se a estrutura decisória dando vida a uma multiplicidade de governos parciais, bastante difíceis de serem coordenados. Paralelamente, assiste-se à consolidação dos aparatos que concentram, no seu interior, as decisões sobre os fins, submetendo-os a qualquer controle e a uma visibilidade. Os espaços nos quais se decide o sentido do agir coletivo tornam-se invisíveis e impermeáveis.
Nos sistemas complexos observa-se uma tendência ao alargamento da cidadania e a participação, enquanto aumenta a necessidade de planificação da vida social por meio dos aparatos burocrático-administrativos. A ampliação da esfera dos direitos individuais e coletivos impõe o planejamento como necessidade de coordenar a pluralidade dos interesses e das decisões para salvaguardar tais direitos.

terça-feira, 17 de junho de 2008

A moda de viola é tradição popular, expressa a música caipira brasileira e a identidade de um povo.

Na Zona Norte são diversos os violeiros que se reúnem para “baterem” viola. Desses encontros, surgem duplas ou grupos, que pode durar anos e render muitos casos.

Juntos há mais de uma década, a dupla que prefere ser reconhecida pelo nome artístico de Lenço Branco, 80 e Lenico, 71, se conheceram no Jardim Novo Amparo, onde residem. “Gostamos de Jacó e Jacózinho, Lio e Léo, Zico e Zeca e Tonico e Tinoco. A música caipira é raiz e vem do povo”, diz Lenço Branco, que ganhou o nome por amarrar um lenço alvo ao pescoço. “Quando jovem, era famoso e cantava nos circos. O engraçado é que entravamos pela porta da frente e ninguém dava atenção. O apresentador anunciava o show e subíamos ao palco. Depois do espetáculo, o sucesso era tanto, que tínhamos que sair pelos fundos. Mas não imagine que era apenas fama. Se cantasse mal, o povo botava para correr”. Muito antes de conhecer Lenico, aos vinte e cinco anos, Lenço Branco formava a dupla Mogi e Mirim, quando morou em Assis, São Paulo. Tornou-se Lenço Branco e era parceiro de Florestal. Em 1965 mudou o nome para Cruzeiro e formou a dupla caipira Cruzeiro e Cruzeiro. Eles compunham músicas do contexto popular que falavam sobre a vida do caipira. “Tento agradar a todos. Há vinte anos, fiz uma música chamada ‘Noite Linda’, inspirada em duas moças que me ignoravam”.
Lenico conta outras histórias. Participou das duplas Lenico e Linéco, cantou na TV e ganhou prêmios em rádios nas décadas de 70 e 80. “Só não gravei um CD porque não tinha dinheiro”, diz Lenico, que se apresentou diversas vezes no programa Lício e Línio, na antiga rádio Ouve Verde, em Londrina.


Um violeiro que procura um parceiro é Manoel de Lima Pardinho, 72, do Violin. Nascido em Iporã, no Paraná, freqüentou muito o serviço de alto-falante da cidade, onde tocava viola e cantava músicas caipiras. “O alto falante chamava-se A Voz da Cidade e era no armazém de Secos e Molhados. Morávamos vizinhos a ele. Hoje o serviço transformou-se na rádio de Iporã. Fiz à dupla Carmosa e Carmosinha e ficávamos num aquário, onde as pessoas que passavam na rua paravam para nos ver e ouvir”, recordando-se que o serviço era a atração da cidade.
Manoel já cantou com Aparecido Carvalho, o Iokin, de Paranavaí e era o Cajubi da dupla Cajubi e Cajueiro, com Arlindo Muniz, que ainda mora em Iporã. “Fiz muitos amigos. Hoje estou sem parceiro e procuro uma primeira ou segunda voz, afinada e da mesma tonalidade”. Procurando não desafinar, Manoel diz que faz a segunda e a primeira voz e todas as posições da viola onde “a garganta alcançar”.
Seu último parceiro foi Laurico, e faziam à dupla Neco e Laurico, que cantavam músicas sertanejas antigas de Tião Carreiro e Pardinho, Zico e Zeca e Lourenço e Lourival. Autodidata, começou a tocar quando comprou um livro de notas musicais. Cantor das músicas de raiz desde os dez anos recorda-se que o avô fabricava violas em Minas Gerais e sua tia as “experimentava” embaixo das arvores. “É algo que está no sangue. Pode passar muitos anos, mas nunca vou esquecer a tradição caipira”, diz.

Um grupo de violeiros que se encontrou ao acaso num domingo de manhã, bateu viola, notou afinidade e estão juntos até hoje é Anderson e Everson, nome artístico de Anderson Carvalho, 26, da Vila Yara e Carlos Roberto Parra, 44, do Jardim Castelo. Reunidos há seis meses e acompanhados pelos irmãos Hélio Aparecido, 55 e Rotildo dos Santos, 68, ambos da Vila Casoni, formam o “Grupo Musical Coração Sertanejo”.
“Violeiro bom se encontra afinando viola ou nasce em casa”, diz Anderson, que aprendeu a tocar com o avô aos doze anos. Sempre que pode, reúne-se com amigos para afinar sua viola ou para “prosear”.
A afirmação de Anderson, de que violeiro bom nasce em casa, se confirma quando observamos o exemplo de Hélio. “Via meu irmão Rotildo tocar e gostei. Ele aprendeu com nosso pai”. Conhecidos na região da Vila Casoni, os irmãos dizem que toda a família gosta e tem admiração pela viola. “Nosso pai reunia todos os filhos para contar casos e estórias antigas ao ritmo da viola”, relembra Rotildo.
Carlos Parra, ou Everson, tocou muita viola nas rádios de Londrina e região. “Tem uma rádio, aqui em Londrina, que começou a apresentar programas de roda de viola e os violeiros tocavam ao vivo. Como era uma novidade, poucos sabiam. Devido a isso, eu tocava mais de quinze musicas de uma só vez para segurar o ouvinte no ar e continuar com o programa”.

O Trio Flor da Terra é composto por Nelson Lining, o Nelson Ly, 58, de Cambé, Célio Ribeiro, 49, do Maria Celina e Antonio Silvestre, conhecido por Prateado, 63, que mora no Milton Gavetti. O Trio tem CD, fita K7, DVD gravados e suas músicas buscam inspiração no caminhoneiro e no caipira que saiu do campo e veio para a cidade.
“Cantamos a história e a vida do caminhoneiro porque um dia exerci essa profissão”, diz Nelson Ly, que dirige caminhão desde 1967. Criado na “roça”, entende de lavoura e foi “empurrado” para a cidade após uma epidemia de tifo que dizimou mais de mil e quinhentos porcos que criava. Antes de ser caminhoneiro, já cantava, mas não tinha dinheiro para seguir a carreira artística. Hoje Ly divulga o CD “Motoristas do Brasil”, que tem patrocínio e grande vendagem. “Nosso trabalho é difundido no Paraná, em Rondônia, Pará e Minas Gerais. As rádios comerciais tocam nossas músicas e um ouvinte, de Jaguariaiva, no Paraná, até ligou para conversar”.
Prateado afirma que as músicas são de raiz e abordam uma realidade comum a muitos, que é o êxodo rural e as dificuldades que o caipira enfrenta na cidade. “Essa é evolução do mundo. O sertanejo, mesmo que se mude para a cidade, ainda é um caboclo”.
“O DVD foi gravado ao vivo em paisagens da natureza, sítios e cachoeiras”, diz Célio. No santuário de Nossa Senhora, na Vila Nova, onde fizeram a música “Padroeira do Brasil”, todos choraram de emoção. “Tinha muitas pessoas na igreja”, completa.

Corruíra e Curió são dois pássaros e nome artístico de Mário de Castro Candido, 51, do Milton Gavetti e Maurício dos Santos, 65, do Maria Cecília. Mário é compositor e conheceu Mauricio numa roda de viola. “O Maurício possuía músicas antigas de raiz mais não tinha parceiro”. A dupla cantou “Colcha de retalhos” e “Encontro Milagroso”, dois clássicos sertanejos. Fizeram alguns ensaios e firmam parceria há dez meses.
Muito antes de morar no Gavetti, Mauricio era professor primário e cantou entre os anos 62 a 65 na Rádio Difusora Platinense, em Jundiaí do Sul. “Era aos domingos no programa Manhã Sertaneja. Tinha que ser tudo ao vivo para um auditório que nos aclamava com palmas”. Humorista, já cantou em festas juninas e ensina que no sertanejo há o recurso da declamação, que é prenúncio da estória. “Funciona como subterfúgio e retêm a atenção do ouvinte. “Cabocla Teresa” de Tonico e Tinoco e “A enxada e a caneta” de Zico e Zeca são exemplos”.
A criatividade na composição de Mário é tamanha que numa conversa ele escreve músicas de raiz, toadas e cururu. São histórias verídicas transformadas em música. Critico ao sertanejo atual, diz que os artistas de hoje são pops e não é populares, devido a não transmitirem a vida no sertão. “A música caipira fala da satisfação provocada pelo trabalho na roça, o trato das criações animais e paisagens sertanejas. O caipira é o matuto. Nele é vista a imagem e a simplicidade do povo brasileiro”.

domingo, 15 de junho de 2008

A rádio Cincão FM na era da internet

Atualmente, as rádios comunitárias exercem um papel fundamental nos processos de participação. Essas rádios, que nasceram com o sentido de dar voz às camadas populares e desfavorecidas, criam condições para que a representatividade seja exercida. Com o avanço das novas tecnologias, muitas rádios comunitárias ganharam o poder enviar sua programação pela internet, além de: transmitir o conhecimento para toda a sociedade do Mundo; compartilhar informações agregadas à comunidade na qual estão inseridas; trazer a realidade local para o conhecimento de toda a sociedade; informar e educar, ao mesmo tempo dando a oportunidade para a comunidade se expressar; abrir espaços para informação e prestação de serviços e informações à comunidade. Outros pontos fortes são: meio para integrar a comunidade a outras; e por fim, levar a toda comunidade maiores informações e encurtar a distância entre os emissores e receptores de suas mensagens.
Rádio comunitária na internet é o grito de cidadania. É a socialização entre comunidade de conhecimentos diferentes. Esse é o caso da Cincão FM, uma rádio comunitária localizada na Zona Norte de Londrina. Vista como um instrumento de democratização, ela é integrante de uma comunidade com mais de cem mil habitantes, que dispõem de escassos meios de comunicação. Sem fins lucrativos, ela possibilita a participação efetiva da comunidade; o desenvolvimento local; o resgate da cultura e; a construção da cidadania. Torna-se instrumento de democratização da comunicação e da sociedade, multiplicadora de vozes, organiza a vida comunitária, social, política, cultural e supre as deficiências de emissoras comerciais, já que essas não falam diretamente à comunidade e não estão no dia-a-dia local. Interligada 24hs a internet, a Cincão FM deixa seu ouvinte atualizado com as últimas notícias locais e tornar-se a “caixa de ressonância” da população da Zona Norte de Londrina. Por ter sua programação disponível na internet, a participação popular no processo emancipatório de comunicação é maior e acessível. Mesmo que a internet não esteja acessível às camadas mais pobres, a sua conexão possibilita que a “voz dos oprimidos” possa chegar a diversos locais e a um número maior de receptores, independente da área geográfica. Isso deve ser ressaltado quando se conclui que a concessão para a abrangência de uma rádio comunitária é de no máximo um quilometro. Com essa ferramenta, seus ouvintes-participantes da programação pluralizada (envolve desde programas cultural-artísticos populares a programas de utilidade pública de maior relevância política e social, onde são abordados problemas e dificuldades da região). Isso é um catalisador para que as necessidades e as reivindicações sejam colocadas em pauta, discutidas junto à sociedade e gestores públicos e políticos. Tal é veracidade, que muitas discussões somente chegaram às esferas centrais do poder e tiveram uma solução, devido à transmissão via internet. Se a Rádio Cincão FM fosse restrita apenas as ondas de rádio, muitas das questões de utilidade pública, da região, não seriam conhecidas fora de sua área de abrangência. Concebida para os interesses da população da Zona Norte de Londrina, ela é oposta aos meios de comunicação massivos, que são tomados como dominadores e manipuladores de mentes e corações a fim de adequá-los a ideologia e a outros interesses das classes dominantes. É a comunicação comunitária que se ocupa dos interesses do povo, seus problemas, aspirações e procura o conscientizar de seus direitos e cidadania. Isso é o que leva a transformação da sociedade. Quem ouve a um programa na Rádio Cincão FM, pela internet, talvez nem imagine que se trata de uma evolução pela qual passa a comunicação comunitária. A rádio comunitária, devido à proximidade com os ouvintes, compreende as necessidades locais e busca alternativas para solucionar eventuais problemas e conflitos que envolvam não apenas o todo coletivo, mas indivíduos que não encontram espaços públicos para solucionar suas necessidades. Partindo-se desse pressuposto, há provas e subsídios que comprovem as rádios comunitárias como ferramentas modernas e de cunho popular, instrumentos de participação e representatividade de camadas menos favorecidas. Agentes diretas no processo democrático da conquista e manutenção de direitos coletivos e individuais, onde são poucos os espaços para discussão e atenção as necessidades populares. A história da humanidade revela a existência de uma luta constante para que o maior número possível de pessoas participe das decisões políticas. Cabem as rádios comunitárias o papel aglutinador de forças aos menos favorecidos para saírem fortalecidos no embate que envolve diversos interesses. Essa árdua conquista amplia a participação e elimina muitas diferenças sociais e políticas. Desse modo, temos que observar que as novas tecnologias, em específico à internet, surgem como aglutinador e como canal para que o maior número de pessoas possa participar das decisões e também para que haja o maior número de receptores quanto à demanda das necessidades político-sociais. É de conhecimento público que a participação e os direitos populares estão enfraquecidos devido o poder da grande mídia. Mas, existem focos de resistência e canais onde a população se comunica e expressa suas idéias, reivindica melhorias, além da comunidade contar com um veículo de comunicação comunitário como alternativa e espaço para sua participação, através da oportunidade de expressão das suas vivências e carência, das necessidades de comunicação entre os indivíduos que compõe âmbito da abrangência do canal de comunicação. É o potencial para pensar criticamente a realidade social rompendo com a cultura do silêncio e despertando no indivíduo à vontade de expressão. O processo de comunicação desenvolvido nestes canais faz do ouvinte um agente ativo, que participa e constrói as mensagens e “desenvolve uma programação voltada para a conscientização, mobilização, informa e oferece entretenimento”.

sábado, 14 de junho de 2008

O rap de hoje é diferente de vinte anos atrás.


As letras retratam a violência e denunciam a opressão contra os pobres, moradores das periferias e excluídos do mundo do sistema. Inserido no movimento hip hop, o rap é engajado, ganhou respeito da sociedade e os Mc´s são poetas e rimadores contemporâneos.

O Grupo IML, Inspiração Muito Louca, é uma alusão a sigla do Instituto Médico Legal, conforme Emerson Carlos da Costa, 25, que mora no Jardim São Jorge. “A periferia foi muito violenta e tive amigos que morreram na criminalidade. Fizemos o IML com objetivo de resgatar e conscientizar os jovens sobre os perigos das drogas. Cabe a cada um escolher o caminho a seguir”.
Além de Emerson, o IML conta com Paulo Inácio Antunes, 25, do São Jorge e Leandro Claudino, 26, do José Giordano. Paulo conheceu os outros integrantes em eventos de rap e hoje gravam o CD “Evolução para os pobres”. “São letras baseadas na trajetória do São Jorge. Éramos uma favela. Hoje somos um bairro devido à perseverança dos moradores. Muitos não tinham nada, mas construíram suas casas e famílias. É a evolução que está em andamento”, diz Paulo.
Críticos a violência, os integrantes do IML participam da ONG União Comunitária das Periferias, a UCP. A ONG faz trabalhos sociais e luta pela estima e melhorias das condições para excluídos, presidiários e suas famílias. “Quando um jovem caminha para o mundo do crime, conversamos com ele para que vá a escola ou que participe de uma oficina nos projetos sociais desenvolvidos no São Jorge”, completa Emerson, que prefere a construção de escolas a das cadeias. “Nas cadeias o rap é muito forte. Lá as pessoas sofrem sem que os outros vejam e a música esta relacionada com a liberdade”.
“Quem mora na periferia é oprimido. A vivência na periferia não é um teatro burguês”, diz Leandro que trabalha de office-boy e cursa o ensino médio no Colégio Adélia Dionísia Barbosa. “Evolução para os pobres são histórias verídicas e vários amigos também cantam. Na música ‘Gotas de Sangue’ existem depoimentos de adolescentes infratores em recuperação. Eles denunciam a opressão do sistema carcerário”, completa.

O Pira-Pura surgiu na junção dos grupos Arquivo X, Arquivo Zona Norte e Mensageiros de Rua. A formação atual tem Valdir Almeida Silva, 30, o Sujinho, do Heimtal e Anderson Gonçalves Nunes, 23, o Pateta, do Violim. Com dois Cd´s gravados o Pira Pura é conhecido no Japão, onde venderam seiscentas cópias e são vários os sites de relacionamento, na internet, dedicados a eles.
“Para tudo tem começo” é o primeiro disco com 21 faixas e a música de trabalho é “Largada Nóia”, que crítica os entorpecentes. “Vendemos setecentas cópias em noventa dias”, diz Pateta. Sem depender de leis de incentivo a cultura o som do Pira Pura é tocado em rádios educativas e comunitárias. “Se você tiver dinheiro paga um valor determinado para a rádio comercial vincular a música durante trinta dias. Isso é ‘jabá’ e desvaloriza o trabalho do artista. A rádio comunitária abre espaço. Lá somos bem recebidos. Ela é um canal de comunicação para os mais pobres. Retribuímos isso com apresentações beneficentes onde arrecadamos alimentos e cobertores” diz Sujinho.
O outro CD do Pira Pura é “Tem gente que ri, tem gente que aplaude”, que vendeu mil e duzentas cópias em noventas dias. “O hit ‘5:20’ narra à estória de uma pessoa comum que mora no Cincão. Ao se dirigir para o trabalho encontra um malote com dinheiro que transforma sua vida” completa Pateta.
Produzindo o terceiro CD, Sujinho relata que o Pira Pura busca composições criativas que retratem o cotidiano. “Rap é liberdade. A partir de um fato, escrevo uma música”.

Edson Arlem Andreole, 28, do Vivi Xavier, jamais se esquecerá de 20 de março de 2001. “Foi o dia que surgiu a Sociedade Periférica”. O grupo ainda tem Joaquim Fernando Rodrigues, 29, do Maria Cecília e Jefferson de Castro, 27, da Vila Portuguesa. Na trajetória, apresentações comunitárias e participação em exposições fotográficas do Festival Internacional de Teatro, que acontece todos os anos em Londrina. “Em 2004 gravamos a coletânea ‘Z.N.’ com outros dez grupos. A música de trabalho foi ‘Homem do Gueto’ que relata o trabalho e a dignidade humana. Nada cai do céu e fazemos uma reflexão sobre o sistema”. No mesmo ano a música foi vinculada em rádios educativas e comunitárias, como o programa “Hip Hop e Cia.”. “Éramos convidados a debater sobre rap e sua representação na comunidade”, diz Jefferson.
Segundo Arlem, o rap expõe a criminalização e o preconceito contra os mais pobres. “Muitos falam que rap é apologia ao crime. Quem diz isso não analisa o problema social com maior profundidade. A bebida, o cigarro e a prostituição ninguém critica”. Mesmo sem ganhar nada, a Sociedade Periférica fez rap comunitário do Vivi Xavier com mais de quinhentas pessoas na platéia. “Fechávamos à rua e se emocionamos quando crianças subiam ao palco descalças e sem camiseta para cantar junto conosco”.
Joaquim afirma que ultimamente a Sociedade Periférica ensaia e se reestrutura para voltar a cantar.

O rap do Retrato das Ruas prefere ser reconhecido pela independência. Formado por integrantes de Cambé, o RDR produz um CD com treze faixas, prensado e original. “Há participação de grupos londrinenses”, diz Max dos Anjos, 21, do Jardim Silvino. O RDR ainda tem Márcio Vieira Martins, 23, e Henrique da Silva Nestório, 21, ambos do Ana Elisa. “A divulgação do grupo é feita de maneira inusitada. Gravamos cinco músicas em trinta CD’s. As cópias são distribuídas gratuitamente em rádios, para amigos e lojas que vendem artigos e CD’s de rap”, diz Márcio, que recentemente lançou um trabalho do grupo no YouTube, site da internet que agrega diversos vídeos.
Juntos há oito anos e ensaiando duas vezes por semana, o RDR participou de três coletâneas: “Revolução através da Política”; “Expressão Hip-Hop”; e “Voz Ativa Apresenta”. “Com a coletânea ‘Revolução através da Política’ ganhamos visibilidade na revista Rap Brasil, que é segmentada e tem circulação nacional”, diz Márcio.
A independência do RDR é percebida no discurso crítico de Max. “Rap é a revolta expressa nas palavras. Somos da periferia e representamos o povo. O grafite é um exemplo da contracultura onde o grafiteiro é um artista pós-moderno das ruas”. Conscientes do papel que exercem na sociedade, de alertar a todos sobre a opressão contra o mais pobres, Henrique diz que o rap é sério e voltado à dignidade humana. “Quando alguém é assassinado na periferia, a imprensa busca o lucro com o espetáculo grotesco e a desgraça da miséria. Mas quando são chamados para mostrar o trabalho de um artista, eles jamais virão. Cabe a nós dar ‘voz ao povo’ nas letras das músicas”.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

No São Jorge garrafas, ferro-velho e pneus usados viram adornos e geram renda. O melhor de tudo é que a reciclagem contribui com o meio-ambiente.


A reciclagem é muito rentável e contribui para que dejetos, que demorariam séculos para se decompor, sejam retirados do meio-ambiente. “Basta ter criatividade que você ganha dinheiro. Minhas obras são admiradas e bem recebidas no mercado”, afirma Gerson Eugênio da Silva, 30. O serviço de Gerson consiste na transformação de garrafas de vidro em diversas peças, que variam de vasos ornamentais a copos de uso doméstico. Desenvolvendo o trabalho em sua casa, de forma artesanal, ele vê com preocupação a falta de um local adequado para a transformação dos reciclados. “Corto a garrafa com um ferro quente”, diz o artesão que construiu as ferramentas do ofício. Mas não imaginem que Gerson se ocupa apenas da confecção. Há o processo de vendas que é feito de porta a porta.
Ciente da preservação ambiental que desenvolve, o artesão diz que as garrafas não tem retorno para as fábricas e seria um desperdício venderem o quilo a R$0,04 para virar caco de vidro. “Recolho a matéria-prima da natureza, residências, restaurantes ou compro no ferro-velho vinte garrafas a R$1,00”.
Uma pá de catar lixo ajuda na limpeza e é útil para as residências. Osmar dos Santos, 36, produz esse tipo de pá com material reciclado. “Se sair com vinte pás e vender cada uma a três reais, volto com as mãos vazias e os bolsos cheios de dinheiro”, relata. Para construir a ferramenta Osmar utiliza madeira ou cabo de vassouras, dois pregos pequenos e pedaços de calha. “Corto a calha com um tesourão. Dobro em três partes, bato com um martelo e coloco os pregos. Está pronta a pá”.
A confecção e venda de pás gerou dinheiro para Osmar, que estava desempregado e renda para muitos outros que saem as ruas para vender o utensílio. “No início fazíamos com madeira quadrada que vinha como doação de uma madeireira. A calha obtinha em construções”. Vendo potencial no produto e a grande saída para o consumidor, Osmar acredita que se houvesse espaço nas feiras livres, muitos comprariam sua invenção e por conseqüência daria renda e empregos. “Se houvesse um espaço comunitário, poderia ser feito em escala industrial”, diz Osmar, que atualmente confecciona as pás em sua residência.
Nilson Lino de Oliveira faz quatorze tipos de vasos, entre o “aranha”, “de parede” ou para flores. Além disso, ornamentos como cobras, jacarés, tábuas de carne e para colocar panelas. A matéria-prima provém de pneus usados. “Um pneu jogado na natureza ou em vias públicas pode acumular água da chuva e virar criadouro para o mosquito da dengue ou da febre amarela”, diz. Experiente na arte de transformar pneus em utensílios domésticos, Nilson afirma que os produtos de maior venda e aceitação são os baldes, as bacias e tanques. “Viro o pneu ao avesso com uma morsa e faço cortes sem emendas. No fundo coloco um pedaço de madeira resistente e pinto as laterais de amarelo ou branco. Se a pessoa trabalha como servente de pedreiro e as roupas estão encardidas, é só deixar de molho que a sujeira vai embora rapidinho”. Com a produção de vinte vasos ao dia, Nilson se orgulha de ter construído uma casa no União da Vitória IV com a venda de vasos e informa que alguns servem para alimentar animais. “É só colocar a ração”, completa.
Quanto à obtenção da matéria-prima, ele compra o pneu usado por um real nas borracharias. “Muitos colocam fogo nos pneus. Imagine o quanto isso prejudica a natureza. Quando faço um tanque, ele dura mais de quinze anos”.

A importância do voto

Em 2008, os eleitores das 5560 cidades brasileiras, escolheram através do voto secreto e democrático, prefeitos e vereadores, que os representaram durante os próximos quatro anos. Diante deste quadro, é de interesse comum levantar a questão da obrigatoriedade do voto, sua importância e o que isso significa para o processo democrático e representativo.
No Brasil, há duas décadas atrás, o voto para escolha de alguns cargos, como o de presidente, não era exercido pela população. Foram necessárias diversas medidas, processos políticos e democráticos para isso fossem assegurados por lei. Essa conquista reforça a democracia e a legalidade que a população tem sobre os políticos, independente da esfera. Foi dado poderes ao eleitor. Se ele estiver insatisfeito com alguém que o não representa, conforme suas necessidades junto aos poderes executivo e legislativo, o cidadão pode usar o voto, que é sua ferramenta legal, para não renovar o mandato do candidato.
Apesar da conquista, muitos questionam sua obrigatoriedade e não se sentem obrigados a cumprir tal medida. Isso é reflexo da corrupção e má-gestão de alguns políticos. Quando se cita a palavra política, não se deve trazer a mente algo não nos agrada, mas sim remontar ao passado e sua origem em Aristóteles. Para ele e na Grécia Antiga, política indicava procedimentos relacionados a polis. É a vida coletiva em sociedade. Se todos tiverem essa visão, se faz uma escolha melhor. Assim confiaremos no voto, nos candidatos que se comprometem com a população e com aqueles que estão sempre presentes e que buscam resolver os problemas. Além disso, o representante junto aos Poderes deve ser competente, ético e não se deixar levar por interesses pessoais.
Propósito político é responsabilidade de todos e daqueles que se propõe a contribuir para solução dos problemas atuais. Cabe a todos, incutirem na consciência coletiva e atentar a importância que a política representa e o que significa o exercício do voto. Com essas concepções, o cidadão pode reclamar, questionar e contribuir com suas críticas. Mas, sem se esquecer que antes de votar, ou escolher o candidato, deve-se analisar seu perfil. O discurso crítico e a participação tornam-se se contundentes com o voto consciente.

Sem formação necessária, pessoas buscar EJA para se recolocar no mercado de trabalho

Em Londrina ainda há vagas abertas e Núcleo de Educação pede que se tome cuidado com “falsas promessas”.

A formação básica é necessária para que os cidadãos alcancem melhores salários e postos de trabalho. Porém, muitos não tiveram oportunidade de concluir os estudos. A evasão escolar, que ocorre com maior freqüência no período noturno, segundo Eunice Satie Fusita, coordenadora auxiliar do EJA (Educação para Jovens e Adultos), implica em fatores sociais, como desmotivação, mudança, jornada de trabalho, desistência, obrigatoriedade de cuidar dos filhos ou afazeres domésticos. “Não há prioridade quanto à qualificação profissional para ingresso no mercado. Quando existe, o individuo encontra diversas barreiras”. Eunice diz que muitos alunos vêem a escola como uma opção de sucesso e o estudo como ferramenta para melhoria da condição social.
Luiz Cláudio dos Santos Furani, 22, mora no Maria Cecília, Zona Norte de Londrina e parou os estudos na 5ª série. Hoje retorna a escola, deseja terminar o ensino médio e ingressar no curso de mecânica de avião. “Após oito anos parado, vi que a escolaridade faz muita diferença”.
Furani freqüenta o EJA no Colégio Estadual Ubedulha Correa de Oliveira. A professora Rosalina Neves Presses, coordenadora itinerante do CEEBJA (Centro de Educação Básica para Jovens e Adultos), relata que a procura pelo curso é grande e todos os dias há pessoas se matriculando. “No EJA a evasão é pequena. Os alunos têm um objetivo. Caso isso ocorra, se traça um plano e entramos em contato com o mesmo”. Rosalina afirma que as aulas são separadas por disciplinas, cursadas individualmente. “Nas aulas de educação física, por exemplo, trabalha-se a qualidade de vida através de filmes e atividades. Os trabalhos são feitos em grupo para que não haja sobrecarga. A estima do aluno fica elevada. Ele alcança autonomia e independência. Cada professor agrega a teoria, interdisciplinaridade e debates que envolvem temas que resgatem a estima dos estudantes”, completa.
Adão Nunes, diretor do Ubedulha, diz os resultados são diretos e a transformação no modo de pensar logo é percebida. “Isso prevê inclusão social”. Essa também é a opinião de Roberto Gonçalves, Gerente SINE Londrina. Gonçalves observa que a quantidade de vagas que exigem escolaridade de ensino médio é muito grande. “Não há pessoal muito qualificado. É preciso se adaptar. Profissões como porteiro pede conhecimentos de informática, higiene, segurança e outros afins.
Segundo a técnica pedagógica do Núcleo Regional de Educação, Marília Inês Martins Gomes, a rede pública municipal oferece o ensino fundamental I, que consiste da 1ª a 4ª série. A rede pública estadual oferta o ensino fundamental II, que equivale da 5ª a 8ª série e o ensino médio, equivalente do 1ª ao 3º ano. “No EJA o tempo de estudo é menor. São dois anos e seis meses. No ensino regular o período é maior”, completa. “É uma oportunidade única”, diz Edson Faustino dos Santos, 27 anos e morador do Jardim dos Campos, em Londrina. Edson é casado, tem uma filha de cinco anos e parou na 6ª série. “Aos 17 anos trabalhava como gari de madrugada e não conseguia estudar de manhã. Nesse intervalo de dez anos, sempre quis retornar, mas nunca conseguia”. Hoje ele trabalha numa oficina de carros, pretende eliminar algumas matérias, no EJA do Ubedulha, e iniciar o curso de torneiro mecânico.
Eunice lembra que muitas escolas particulares prometem diploma em quatro meses, mas isso não passa de propaganda enganosa, pois muitos cursos não são reconhecidos pelo Ministério da Educação. “Mesmo que demore um pouco, o ensino público é de melhor qualidade.”
Os interessados em concluir o ensino fundamental e médio, podem procurar o CEEBJA. As matriculas estão abertas o ano todo devido o modo de ensino ser por eliminação de matérias. Pode-se entrar em contato pelo telefone 33247199 e os documentos necessários para efetivar a matrícula é a fotocópia da identidade, histórico escolar original e uma foto 3X4.

Lei Maria da Penha

A Lei Maria da Penha (11.340/06) é considerada uma importante conquista no combate à violência doméstica e familiar contra as mulheres. Recebeu esse nome como forma de homenagear a pessoa símbolo dessa luta, Maria da Penha Fernandes. Ela sobreviveu a duas tentativas de homicídio por parte do ex-marido, ficou paraplégica, mas se engajou na luta pelos direitos da mulher e na busca pela punição dos culpados.
Esta Lei responde às demandas das mulheres em situação de violência. Isso constitui um marco legislativo para as mulheres brasileiras e uma importante ferramenta para o atendimento nestes casos. Ela estabelece um paradigma ao dar novo tratamento à questão, que passa a ser considerada, uma violação de direitos humanos e não mais um crime de menor potencial ofensivo.
A lei Maria da Penha prevê a prisão preventiva e em flagrante do agressor, além da modificação da pena máxima. Antes era de seis meses a um ano. Agora passou para até três anos, com a possibilidade de ser aumentada em até um terço, caso a mulher agredida seja portadora de deficiência. Proíbe-se a aplicação de penas alternativas pecuniárias como pagamento de multa ou cesta básica pelo agressor, além de tipificar e estabelecer as formas de violência doméstica, como física, moral, psicológica, patrimonial e sexual.
A lei dispõe que a vítima deve estar sempre acompanhada de advogado durante todas as fases do processo e lhe retira a obrigação de entregar a intimação pessoalmente ao agressor. Ela estabelece que a vítima deve ser comunicada caso o ofensor seja preso ou solto.
A lei inova ao retirar dos juizados especiais a competência para julgar tais crimes e prevê a criação de Juizados Especiais de Violência Doméstica e Familiar, ampliando os poderes do julgador. Isso permite que ele adote as medidas que julgar necessárias e urgentes para resguardar a integridade física e psicológica da vítima, como o afastamento do agressor do lar comum ou o encaminhamento da vítima a local seguro.
A Lei Maria da Penha obriga as autoridades policiais que receberam a queixa, para que encaminhem, no prazo máximo de 48 horas, pedido a juizes para que sejam tomadas medidas que garantam a proteção da vítima.
Dependendo do caso, a mulher agredida poderá ser levada a uma casa-abrigo ou requerer que seu agressor seja impedido de se aproximar dela ou dos filhos.
Todos devem se inteirar dessa matéria e lembrar o quanto a violência doméstica ainda encontra-se presente em diversos lares. É de grande importância que a sociedade participe para que a Lei Maria da Penha efetivamente possa ter eficácia.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Conto 2079 - Parte I


Em 2079, a vida no planeta Terra é bem diferente da vivida há 100 anos. O mundo é dominado pelos grandes conglomerados industriais, corporações do setor da informação, comunicação, tecnologia e, principalmente, por bancos e instituições financeiras. Nesse ambiente moderno, a cibernética media grande parte dos contatos e relações virtuais. A moeda vigente, em todo o mundo, é o Kbytes, que circula não mais por células de papel ou moeda, e sim, por questão de segurança, via cartões de crédito ou pagamentos reconhecidos por um código definido pela córnea. Essa metamorfose se estabeleceu quando um cientista encontrou, ao acaso, resquícios de um meteorito que reduziu o tamanho dos microprocessadores e chips, aumentando em 7.500 trilhões de vezes a velocidade de transmissão de imagens, voz e dados. Isso ocorreu em 2015.
Lopes, um engenheiro eletrônico, olhou para o céu e viu um astro incandescente cruzar o espaço. O objeto, circular, não caiu muito longe de onde estava e, com 15 minutos de caminhada, pode contemplar aquilo que mudaria não só sua vida, como também o rumo da humanidade. O corpo celeste tinha formas perfeitas, sua circunferência era de, no mínimo, três metros, ele era maciço e leve. Possuía tamanha leveza e poderes eletromagnéticos que apenas o dedo indicador equilibrava o objeto, mais leve que uma pena e reluzente como ouro.
Era tarde e Lopes levou-o para casa sem ninguém perceber. No outro dia, o cientista notou situações anormais a sua volta. Ao acessar seu computador, percebeu que a velocidade das transmissões de dados e informações, na Internet, eram mais rápidas do que o normal. Lopes possuía um dos mais avançados sistemas de informática, mas, naquele dia, a velocidade era surpreendente. Foi algo que jamais viu em toda sua vida científica. Conforme clicava nos links, em fração de segundos, abria-se uma interface. Achou estranho, mas sabia que aquilo não acontecia por acaso. Fez um teste com seu celular. Ao acessar conteúdo de wap e streaming, impressionou-se com a rapidez da abertura das páginas, resolução de voz e imagens, que pareciam tridimensionais. Guardou segredo para não criar alarde. Como era engenheiro, moldou diversas placas e chips para circuitos eletrônicos com microfragmentos daquele precioso metal. Como resultado, obteve instrumentos velozes e pequenos chips com memórias superiores a de um servidor. A partir daquela matéria-prima, construiu sofisticados instrumentos, máquinas e ferramentas jamais vistos pelo homem.

2079 - Parte II


A habilidade, sabedoria e paciência de Lopes eram enormes. Com determinação e horas de pesquisa, ele reproduziu, em laboratório, o meteorito. Em menos de um ano, revolucionou o mundo das telecomunicações e da informática. Porém, nunca revelou seu segredo, que fora criptografado em uma parte secreta de seu corpo. Ganhou prêmios notórios na academia e foi indicado a diversos outros prêmios, com os quais ganhou notoriedade e, junto a ela, premiações em dinheiro. Com tanto sucesso e capital inicial, montou uma fábrica que, em menos de dez anos, se transformou na maior corporação do mundo, com milhões de empregados. Seu nome era Compus. A Compus era líder mundial de produção industrial e tecnológica. Suas invenções eram tão difundidas que sua marca e produtos eram vistos em hologramas tridimensionais com mais de 30 metros de altura. Eram imitações de prédios, aviões e outros objetos maravilhosos, como as grandes naves espaciais. As imagens cruzavam os céus a uma distância muito pequena do solo, causando grande impacto em quem acompanhava as apresentações. Com a produção em massa, seus produtos ficaram populares e acessíveis, conquistando de vez o mundo. Entre as invenções que revolucionaram o mundo, está o holograma tridimensional que projeta objetos gigantescos, com o uso de uma caneta; o circuito eletroencefálico de transmissão, que se parece com um óculos, mas captura pensamentos e os registra no computador; o sistema telepático via ondas de rádio que permite ao telespectador de TV, ouvinte de rádio e usuários de telefonia celular capturarem informações, mensagens e executar ações mecânicas apenas com o uso do pensamento, codificando e retransmitindo via sistemas de ondas. Havia o veículo híbrido solo-aéreo movido a oxigênio que flutuava com imãs magnéticos; o tele-transporte gigante; a máquina que diminui e aumenta o tamanho dos objetos; o telefone público que captura e recebe imagens e o mais impressionante de todos: a viagem virtual pelo chip Ultra-9. O Ultra-9 era um dispositivo implantado no córtex. Com ele, é possível se conectar a computadores, absorver informação da Internet, além de magnetizar o corpo, transformando-o em elétrons para viagens físicas virtuais.
Tamanho era o grau de desenvolvimento dos sistemas de transporte aéreo e de comunicação que o homem já havia dominado Marte. O exemplo estava na aplicação das leis. Havia, na Terra, a Suprema Corte. Devido ao grau educacional e de erudição, não se via mais violência física, mas os crimes virtuais aconteciam a todo instante. A Corte determinava que os piores bandidos e criminosos, acusados de terrorismo eletrônico e fraudes bancárias, deviam ser mandados para Marte. Lá, escavariam rochas, que seriam transportadas, por comboios espaciais, para a Terra, onde seriam transformadas em ouro e diamante.

2079 - Parte III


Com os passar dos anos, cientistas da Compus desenvolveram um telescópio de longo alcance e um emissor e receptor de mensagens intergalácticas radiofônico. Ambos foram instalados num satélite, movido a luz solar, e lançado no espaço. Foi possível conhecer outros planetas e suas civilizações, alguns primitivos e outros mais evoluídos. Porém, havia um planeta, chamado Auríferus, que era a origem daquele meteorito até então misterioso. Lopes desenvolveu pesquisas com mais afinco. Ele conhecia a língua de Auríferus e se comunicava, via vídeo-satélite, com seu povo e governantes. Devido às ferramentas e recursos tecnológicos, descobriu-se que Auríferus era muito evoluída. Seus habitantes eram pacíficos e viviam em harmonia. Suas casas, como redomas de vidro e aço, flutuavam no ar. Havia um poder eletromagnético que mantinha as casas elevadas por cima de árvores. Os seres e criaturas, conforme a vontade do vento, podiam flutuar. Todos eram humildes e sábios. Trabalhavam para o sustento, viviam em família e o alimento brotava da terra. Sua natureza era magnífica e abundante. No céu, cintilavam cinco luas que ditavam a atmosfera e, ao mesmo tempo, os protegia do seu astro maior: um ser incandescente que salta em chamas como um vulcão. Ele era gigantesco, em torno de mil vezes maior que Auríferus. Nos lugares mais longínquos, havia seres e animais de todas as espécies e tipos jamais vistos, como homens com asas, gigantes ou civilizações que viviam no fundo do mar. Porém, não era apenas no sentido animalesco que a vida existia nesse planeta. A engenharia genética era evoluída e lá havia a cyberware, que é a mistura do homem com a máquina. Isso não era visto como anormal ou bizarro, e sim como resultado da evolução científica e de anos de pesquisa. O avanço era visto nas leis, na medicina, nas universidades, meios de comunicação, transporte e, principalmente, na sociedade, que era organizada. Lá, misteriosamente, os seres viviam mais de 1.000 anos, seja naturalmente ou adaptando máquinas em seus corpos. A tribo dos homens com pernas de aço era uma delas. Eram seres altos, com mais de cinco metros de altura, davam passos longos e partes de seu corpo eram transformadas pela engenharia genética, como seus corações, pulmões e rins. Outros seres anormais eram aqueles que voavam. Se pareciam em muito com o ser humano, mas eram robustos como ursos e possuíam grandes asas. Tinham mais de três metros de altura e sobrevoavam vales e montanhas, levando mensagens às pessoas. Eram conhecidos por Hermes.
O líder de Auríferus, o grande Imperador Aquarianus, dizia que o avanço do planeta se deu por não existir conflito interno e por que eles sempre respeitaram seus recursos naturais.
Porém, um dia, Aquarianus foi traído por um correligionário e a vida em Auríferus mudou. Houve discórdia e as guerras. Sabia seu líder que logo não sobraria vida no planeta. O povo foi escravizado e outros morreram em lutas e conflitos sem razão. Mitters, o correligionário que traiu Aquarianus, havia trabalhado para ele no Palácio de Cristal, mas há centenas de anos queria conquistar o poder, mesmo que, para isso, tivesse que fazer as piores coisas.
Neste período de transgressão política, a comunicação entre a Terra e Auríferus, era constante. Em grandes projetores, se via o terror nos céus da Terra. A platéia, nas grandes metrópoles frias, se emocionava com a barbárie ao vivo. Eram berros, vozes e gritos abafados, causados pela autodestruição. Sabiam, os habitantes da Terra, que a amizade com o planeta distante estaria no fim. Eram cenas chocantes da barbárie estampada em imagens horrendas, em que se via o belo destruído e restos de seres inocentes. Assistia-se, com pena, angústia e covardia, os que pediam socorro, jamais seriam ouvidos. O sofrimento aumentava quando os seres restantes eram capturados, mortos ou aprisionados para servirem de escravos. Não se entendia como tamanha beleza podia ser assim exterminada. A distância era imensa, mas Lopes recebia mensagens intergalácticas do líder. Pedia a ele que, mesmo com a grande que distância que os separavam e sem terem esperança de salvar a vida em Auríferus, ele devia ir até lá. Como ele conhecia o planeta e pode ver como ele era, que fosse ele a reconstruí-lo. Isso transformaria a sua vida e de muitos que o acompanhariam para dar vida nova para o planeta, que lhe enviou aquele preciso fragmento um dia.
Não demorou muito e os que lutavam por poder transformaram tudo numa barbárie. Não havia mais comida e os que restaram morreram de fome. Sabia Aquarianus, por meio de sonhos e visões noturnas, que um dia a ganância destruiria seu mundo. Coube a Lopes dar nova vida para aquele lugar.

2079 - Parte IV

Lopes, de alguma forma, sabia que a descoberta do metal e a construção do futuro da humanidade não foram por acaso. Havia um segredo maior naquele planeta e, cabia a ele, como um predestinado cientista, descobrir do que se tratava. Se fizesse a viagem ao planeta inabitado e com recursos naturais abundantes, seria reconhecido pelo resto da sua vida pela humanidade e teria a chance de construir um novo mundo para ela. Com estudos avançados em matemática, física e astronomia, descobriu que a viagem para Auríferus, levaria em torno de oito anos. Suas pesquisas, registros fotográficos e sensoriais apontam que a atmosfera de Auríferus é igual a da Terra e a quantidade daquele meteorito, no mar e nos rios, era imensa. Com esse conhecimento, Lopes, dono da Compus, a corporação que mais crescia e exercia influência no mundo e com capital maior que todos países da Europa, Ásia e América juntos, resolveu investir nesta viagem. Contratou milhares de engenheiros, técnicos, mecânicos e uma imensa equipe para a construção dos comboios estrelares para a exploração da Galáxia. Não tinha a ambição pela descoberta de novos materiais ou de dominação, mas queria provar ao mundo que o homem sempre poderia desenvolver a ciência, mesmo que, para isso, tivesse muitos desafios. Na Terra, após as suas descobertas, não havia escassez de metais, porém, não era mais permitida a exploração. A matéria-prima sempre vinha de Marte e, algum tempo atrás, o Conselho da Corte Suprema criou uma lei que não permitia a extração de recursos naturais no planeta. Isso ocorreu porque, aos poucos, a depredação do meio ambiente tornou-se assustadora e a vida na Terra estava a se extinguir. Quando os problemas de aquecimento global e falta de água começaram a prejudicar os países, o mundo não dormia e as bolsas de valores ficaram tensas. A criação dos campos de exploração de Marte foi a alternativa para a salvação da humanidade, sem que houvesse declínio do seu desenvolvimento industrial e tecnológico.
Após a construção das naves, Lopes, com as imagens dos amigos de Auríferus guardadas na lembrança, convocou a todos que queriam ir naquela expedição. Havia sábios cientistas, nobres filósofos, médicos, bombeiros e uma infinidade de pessoas capacitadas. Seu comboio era gigantesco. Havia mais de 1.000 naves. Naquela longa expedição, os intergalácticos levaram os devidos mantimentos para sobreviver, mas decolaram da Terra sem saber se voltariam. Na despedida, muitos abraços e a convicção de que a Terra já não estava só e que a descoberta do outro planeta deveria ser realizada.
Foram oito longos anos, mas sempre em contato com a Terra, até que as naves espaciais cruzassem em chamas os céus de Auríferus. Lopes, com seus próprios olhos, pode, ao mesmo tempo, contemplar a beleza daquele planeta primitivo e os resquícios do que um dia foi uma civilização. Ao chegar no planeta despovoado, se defrontou com uma rica vida animal e maravilhosas obras na natureza.
Toda a tripulação saiu na nave e Lopes escreveu na tela de seu computador:

“À nossa volta, o mundo infinito. Ao olhar para o céu, fiquei pasmo com as cinco luas no céu, que brilhavam sobre o efeito de um astro que saltava em chamas, bem ali, muito próximo aos meus olhos. Suas explosões são constantes, mas as luas protegem este mundo distante. Ao olhar para o alto, vi montanhas de nuvens no céu azulado. São rochas infinitas em altas colinas embranquecidas pela neve. Ao longe, pude ver a formação da chuva que ofereceu, para a terra, o espetáculo das águas. Ao me aproximar da água que forma longos rios, observei, aos meus pés, o nascimento de uma árvore frutífera. Era a vida e o alimento que ali nascia”.

Aquecedor Solar gera economia e ensina estudantes sobre o valor da energia.

O tema energia renovável e preservação dos recursos naturais estão pautados e discutidos por toda sociedade. Diversos são os projetos e estudos que visam diminuir o custo da geração e uso das fontes de energéticas. Em Londrina, o professor de Química e Educação Ambiental do Colégio Olympia Moraes Tormenta, Márcio Adriano Medina, desenvolve, junto com alunos do curso de Técnico em Meio Ambiente, placas que capturam raios solares que aquecem água de reservatórios. Medina explica que a placa é constituída de material reciclado, tem baixo custo e aquece água para uso em chuveiros e torneiras. “O aquecedor economiza energia elétrica, beneficia o meio ambiente com a reciclagem direta, sem qualquer processo industrial nos descartáveis. As embalagens, após o consumo, têm aplicação útil até no lado social”, afirma. Medina diz que a construção do artefato demanda garrafas pet cristal, caixas de leite, tubos e conexões. Os raios solares incidem no painel e causam o efeito estufa. A água, em constante circulação pelos tubos, aumenta a temperatura, podendo chegar a 60 graus. Para cada garrafa pet, um litro de água é aquecido e mesmo num compartimento único, água quente e fria não se misturam. A instalação é feita no telhado com painéis sempre direcionados ao norte, onde a incidência de raios solares é maior. O mecanismo influência nos custos por diminuir o uso da eletricidade e gerar conforto. Mesmo com o tempo nublado, a água é aquecida e uma família de cinco pessoas economiza até R$50,00 por mês. Para a confecção de um aquecedor, para um reservatório de 500 litros, o custo é inferior a R$100,00.
Medina relata que a idéia surgiu a partir da necessidade de implantar técnicas pedagógicas diferenciadas. Através de pesquisas na internet descobriu o invento, construído por José Alcino Alano, de Tubarão, Santa Catarina. Os resultados foram positivos, tanto em sala de aula, quanto na aplicação prática e de economia. “Temos um aquecedor na escola que foi visto como uma inovação pelo baixo custo. Não há restrições e ele pode ser instalado tanto em residências, escolas e creches”, afirma.
Uedes Lins de Souza, aluno do curso de Técnico em Meio Ambiente, participa da elaboração de um aquecedor, com 500 garrafas pet, que será instalado na Creche do Maria Cecília, coordenada por Aparecida Cândida Araújo. A creche atende 80 crianças em período integral e a água aquecida será usada nos chuveiros e na cozinha. “São boas iniciativas projetos que educam e racionalizam o uso dos recursos. Em breve, devido a industrialização, a demanda por energia será maior e devem ser criadas alternativas”, completa Aparecida.
O aquecedor solar foi à primeira experiência dos alunos e inovou em termos de aproveitamento de recursos renováveis, da reciclagem e inclusão social. A tendência, explica Uedes, é um projeto piloto que deva se expandir às empresas, que tem por objetivo economizar eletricidade e refletir no comportamento do consumidor. “O vilão da energia é o chuveiro, que representa em torno de 25% da conta”.

Em 2003, a Secretaria de Educação do Paraná implantou diversos cursos técnicos, mas com uma visão diferenciada e destinado a alunos que já concluíram o ensino médio e com duração de três semestres. Na época da adoção, a secretaria pesquisou os interesses da comunidade e notou a necessidade da prestação de serviços. Hoje, a forma é integrada ao Ensino Médio e em quatro anos o aluno terá o conhecimento do ensino médio e a qualificação técnica, além de um currículo mais aprofundado quanto a Legislação Ambiental, preservação do meio ambiente, reciclagem, cuidados com rios, solos e reciclagem. Em Londrina, o curso de técnico de meio ambiente é oferecido no Colégio Olympia de Moraes Tormenta e Albino Feijó. Maria Isabel Felix (3371-1341), coordenadora da equipe de ensino do Núcleo Regional de Educação, diz que a aplicação do aprendizado da área ambiental está ligada a esfera pública, como autarquias, e secretarias. Os mesmos oferecem estágios e concursos. “Ainda não existe uma legislação que obriga as empresas a contratar um técnico para conservar e analisar o meio ambiente”.
Existem, no ramo da construção civil, empresas interessadas neste tipo de profissional. Uedes é formado em Segurança do Trabalho e se interessou pelo Técnico em Meio Ambiente. Com a formação marcada para junho deste ano, Uedes diz que o curso abre perspectivas de conhecimento e maiores possibilidades no mercado de trabalho. Com um programa na Rádio Comunitária Dinâmica, que faz parte de um projeto do curso, no sábado, durante uma hora, ele transmite informações sobre meio ambiente, alerta sobre os cuidados e perigos da dengue, e ensina o que é o 3R (Reutilizar, Reciclar e Reduzir). Além disso, Uedes faz estágio numa construtora. “Desenvolvo um projeto ambiental para cumprirmos as normas. Isso agrega valor, conscientiza pela prática da cidadania e na economia dos recursos. É uma tendência às empresas entrarem na onda da reciclagem”.
O professor de Educação Ambiental, Anderson Gomes Vieira, explica que o estágio é obrigatório e tem duração de 360 horas/aula, onde a metodologia é aplicada na prática. São quatro horas por dia. Em Londrina, o Parque Arthur Thomas e Daisaku Ikeda oferecem estágios, onde os estagiários dão palestras sobre a ocupação do solo urbano de Londrina; monitoram escolas a visitas a empresas relacionadas ao meio ambiente e aos parques; discutem temas relacionados ao meio ambiente; atualizam, recolhem e sistematizam material para a Biblioteca do Meio Ambiente; e buscam informações sobre o Programa Rio da Minha Rua. “É um mercado novo, mas promissor. Um técnico em meio ambiente, formado, ganha em torno de R$1.200,00”, diz. Anderson diz que o curso, além de técnico, aborda questões sobre a conscientização e a discernimento para a realidade que cerca o aluno. “O meio ambiente deve ser visto como o homem inserido na natureza e formas de harmonizar essa relação para obter resultados positivos. Tudo isso ajuda na formação do caráter do cidadão”.