sexta-feira, 22 de julho de 2016

Após 42 anos Santina Puca, de Jataizinho, revela o segredo de seus salgados.


Aos 85 anos Santina Vagner Puca tem muitas recordações dos 42 anos que fabricou e vendeu coxinha, pastel, kibe e espetinhos. Ela pagava impostos na prefeitura para ter a exclusividade da venda. Caso surgisse algum “concorrente”, o mesmo também deveria pagar a taxa.                                          

Mas bem antes de entrar no ramo, Santina Puca recorda-se que em 1948, aos 17 anos e morando em Ribeirão Claro, conheceu o esposo Daniel Puca (falecido há mais de 30 anos) e vieram para a fazenda de Dionísio Stricker trabalhar na cerâmica fabricando telhas. Após cinco anos de relacionamento com Daniel, nasceram os filhos Alberto Cesar Puca (já falecido), Henrique, Luis Carlos e Edna. “Com a vinda do Alberto saímos da cerâmica e abrimos um bar onde hoje é o Restaurante Casarão do Vitorino. Após algum tempo, familiares do proprietário do imóvel vieram da Itália e tivemos que sair. Sem o comércio fomos para a Seção Coqueiro colher algodão. Os dois filhos pequenos iam comigo para a roça, onde ao mesmo tempo eu cuidava deles e trabalhava na colheita”, recorda.                                                        

Passado este período, Santina Puca aprendeu a fazer os salgados e de inicio obteve muito sucesso ao vender para 38 estabelecimentos comerciais. Tamanha a lucratividade que comprou duas bicicletas e remunerava garotos para levar os salgados em cestas. Com o passar do tempo a produção chegou a 800 salgados por dia e ela gastava 90 pacotes de 5 quilos de farinha de trigo e 18 latas de óleo, com vinte litros cada, por mês. A confecção artesanal da massa no cilindro e o aumento das vendas lhe obrigaram a comprar uma Kombi e fazer a seguinte proposta ao esposo Daniel, que trabalhava na Prefeitura: “Ele ganhava um determinado valor. Após os cálculos descobri que obtinha cinco vezes mais com os salgados. Ele saiu da prefeitura e veio me ajudar”, declara Santina, que após a morte do esposo retornou a entrega com bicicletas.

Quanto ao segredo do sucesso dos produtos, comercializados até em Londrina, Santina revelou que colocava óleo nas massas das frituras. Os espetos de carne, cebola e tomate eram cobertos com farinha de rosca. Outra peculiaridade é que na Quaresma ela recheava os salgados com merluza.                         

Com o avanço da idade, aos 76 anos ela parou trabalhar quando o filho Henrique veio a sua casa e foram de carro fazer as entregas. “Ele viu o longo trajeto que fazia a pé e disse que nesta idade não havia a necessidade de tanto esforço. Foi assim que parei”, recorda.                                                                                  

As lembranças de Santina da época dos salgados perduram até hoje. Quando anda pela cidade, ela é recebida com muita alegria, abraços e cumprimentos, além de muitos lhe chamarem de “mãe”. “As pessoas tem saudades dos salgados. Fico brava e digo: Mas de mim? Vocês não têm saudades?”, pontua. 

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