Aos
85 anos Santina Vagner Puca tem muitas recordações dos 42 anos que fabricou e
vendeu coxinha, pastel, kibe e espetinhos. Ela pagava impostos na prefeitura para
ter a exclusividade da venda. Caso surgisse algum “concorrente”, o mesmo também
deveria pagar a taxa.
Mas
bem antes de entrar no ramo, Santina Puca recorda-se que em 1948, aos 17 anos e
morando em Ribeirão Claro, conheceu o esposo Daniel Puca (falecido há mais de
30 anos) e vieram para a fazenda de Dionísio Stricker trabalhar na cerâmica
fabricando telhas. Após cinco anos de relacionamento com Daniel, nasceram os
filhos Alberto Cesar Puca (já falecido), Henrique, Luis Carlos e Edna. “Com a
vinda do Alberto saímos da cerâmica e abrimos um bar onde hoje é o Restaurante
Casarão do Vitorino. Após algum tempo, familiares do proprietário do imóvel
vieram da Itália e tivemos que sair. Sem o comércio fomos para a Seção Coqueiro
colher algodão. Os dois filhos pequenos iam comigo para a roça, onde ao mesmo
tempo eu cuidava deles e trabalhava na colheita”, recorda.
Passado este período,
Santina Puca aprendeu a fazer os salgados e de inicio obteve muito sucesso ao vender
para 38 estabelecimentos comerciais. Tamanha a lucratividade que comprou duas
bicicletas e remunerava garotos para levar os salgados em cestas. Com o passar
do tempo a produção chegou a 800 salgados por dia e ela gastava 90 pacotes de 5
quilos de farinha de trigo e 18 latas de óleo, com vinte litros cada, por mês.
A confecção artesanal da massa no cilindro e o aumento das vendas lhe obrigaram
a comprar uma Kombi e fazer a seguinte proposta ao esposo Daniel, que
trabalhava na Prefeitura: “Ele ganhava um determinado valor. Após os cálculos
descobri que obtinha cinco vezes mais com os salgados. Ele saiu da prefeitura e
veio me ajudar”, declara Santina, que após a morte do esposo retornou a entrega
com bicicletas.
Quanto ao segredo do
sucesso dos produtos, comercializados até em Londrina, Santina revelou que
colocava óleo nas massas das frituras. Os espetos de carne, cebola e tomate eram
cobertos com farinha de rosca. Outra peculiaridade é que na Quaresma ela
recheava os salgados com merluza.
Com o avanço da idade, aos 76 anos
ela parou trabalhar quando o filho Henrique veio a sua casa e foram de carro fazer
as entregas. “Ele viu o longo trajeto que fazia a pé e disse que nesta idade
não havia a necessidade de tanto esforço. Foi assim que parei”, recorda.
As
lembranças de Santina da época dos salgados perduram até hoje. Quando anda pela
cidade, ela é recebida com muita alegria, abraços e cumprimentos, além de
muitos lhe chamarem de “mãe”. “As pessoas tem saudades dos salgados. Fico brava
e digo: Mas de mim? Vocês não têm saudades?”, pontua.
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