A história da Família Birelo em Ibiporã começa em 10 de outubro de
1953, quando vieram de Batista Botelho (SP) para morar numa chácara na atual
Rua 19 de Dezembro, onde hoje é o Bar do Ciro. Antônio Birelo (69) tinha seis
anos e na chácara de um alqueire, entre 1953 a 1958 foi cultivado o café. “Em 3
de maio de 1958 trocamos a chácara por um sitio de cinco alqueires onde hoje é
a SAMAE, entre os rios Tucano e Jacutinga. Ficamos até agosto de 1970 e no
período foram cultivados quatro mil pés de café, vendidos para a máquina de
cereais. Com a erradicação do “Ouro Verde” fomos para outras culturas, como
arroz, milho, feijão e algodão. Criávamos porcos e galinhas para consumo e
venda”, recorda. Birelo cita que o pai Armínio Birelo (nome de Rua na Vila
Romana) era apegado ao café, mas a geada lhe obrigou a mudar de ramo. “O
Governo pagava para erradicar a cultura. Ele foi queimado devido às geadas e
fez o agricultor perder a emoção que havia quanto ao cultivo”, lamenta.
Com a venda do sitio e a ida para a área
urbana, aos 23 anos Antônio Birelo tinha pouco estudo e por isto foi
matriculado no Rotary, onde fez o ginásio até 1975. De 1976 a 1978 fez Técnico
em Contabilidade na Escola Carlos Augusto Guimarães. Ele conciliou os estudos com
atividades na algodoeira, fábrica de móveis, madeireira, no depósito da Família
Calsavara, IBGE e em escritórios. Mesmo formado não atuava na área devido à
simplicidade que trazia do campo. Mas, em 18 de outubro de 1986 fez um teste
seletivo e começou a trabalhar na prefeitura como fiscal de obras e comércio,
atuando por 25 anos. “Subordinado a Tributação, ajudava a montar, classificar e
entregar o IPTU, além de fazer vistoria de habite-se nos imóveis. No inicio
trabalhava a pé com trena e prancheta, depois de bicicleta e em meados de 1991
a prefeitura comprou três motos, deixando o serviço mais rápido”, recorda. Nos 25
anos dedicados a prefeitura, ele gostou muito do que fez. Mesmo aposentado tinha
vontade de ajudar os companheiros de trabalho. “O serviço de fiscal tinha
diversos questionamentos, mas cabia a nós orientar a população”. Paralelo a
isto Birelo era famoso por jogar futebol em diversos times, como o Internacional,
Portuguesa, Ases do Volante, Café, Baiano e Atlético do Paraná, todos de
Ibiporã. “A paixão pelo futebol começou quando viemos morar na Estudantes, 310,
em frente ao Estádio do Cruzeiro e onde fica o prédio da Prefeitura”, diz.
Casado
com Clarisse Soares Birelo (52) e pai de Hugo Soares Birelo (29), hoje se
dedica a várias atividades, como o acordeom, que desde a infância faz parte da
sua vida. Ele já tocou em bailes, no asilo, no Grêmio dos Funcionários da
Prefeitura, na feira de Domingo e em fanfarras. “As pessoas do asilo me
conhecem por sanfoneiro e a música para eles é uma terapia. Comecei a tocar com
dez anos, quando meu pai tinha uma Stradella. Ele era tão invocado, que tocava
a noite inteira. No outro dia quando ia para a roça, assoviava músicas como A
jardineira”, recorda Birelo, que em 1963 estudou música com o professor Almir
Bonfim. “No inicio senti dificuldades devido os calos desenvolvidos pelo
trabalho na enxada”, diz. Com o gosto musical apurado, ele é uma das atrações na
feira de domingo, onde a família tem uma banca. “A sanfona é tradicional na
feira e quando não toco as pessoas sentem saudades. Quanto as músicas, toco as antigas
de Tião Carreiro e Pardinho, Tonico e Tinoco, Lio e Léo, Moreno e Moreninho.
Elas têm muito com minha historia de vida, pois eram duplas tradicionais que
cantavam a vida do homem da roça. Ainda guardo CD’s, fitas k7 e vinis, como um
de 78 rotações feito em carvão e um de 1940 com a música ‘Moreninha Linda’, de
Tonico e Tinoco. Eles representam o caipira e me identifico muito devido entre
1958 a 1970, quando morávamos na roça, ouvirmos o programa ‘Na beira da tuia’,
transmitido pela Rádio Nacional de São Paulo e apresentado pela dupla. Ao chegarmos
em casa no escurecer, ligávamos o radio para escutar o programa e já assisti um
show deles no Munhecão”, pontua Antônio Birelo, que hoje desenvolve cruzadinhas
e caça palavras para o jornal Gazeta de Ibiporã.
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