quarta-feira, 27 de julho de 2016

A música e o universo infantil. (Por Aldo Moraes)


Praticamente ignorado pelo rádio, o público infantil voltou-se para a televisão. Mas a memória de um tempo em que os meios de comunicação concebiam a criança como ser criativo e velhas canções infantis ainda ecoam como sonhos perdidos em busca de um lugar. Quem não se lembra de:

“O cravo brigou com a rosa, debaixo de uma sacada. O cravo saiu ferido e a rosa despedaçada” (folclórica)
“Era uma casa muito engraçada. Não tinha teto, não tinha nada. Ninguém podia entrar nela não, porque a casa não tinha chão” (Vinicius de Moraes/Toquinho)
“Vem meu ursinho querido, meu companheirinho, ursinho pimpão. Vamos sonhar aventuras, voar nas alturas da imaginação” (T. Landa/T. Cruz e imortalizada pela turma do Balão Mágico)

São músicas de várias épocas e estilos em que a canção de roda, a valsa e ritmos mais modernos faziam parte do cotidiano de nossas crianças. Pela TV ou rádio, podiam-se ouvir histórias e canções que extrapolavam o universo infantil e eram populares para todas as idades. Atualmente a produção das rádios e TVs praticamente esqueceram que existe um público entre o jovem e o adulto e que houve um tempo no qual profissionais se dedicavam às crianças em trabalhos que demandavam suor e criatividade.              
Os anos 70, por exemplo, levaram as crianças a bordo da nave mágica do “pó de pirlimpimpim” e junto com os moradores do Sítio do Pica Pau Amarelo, as rádios executavam canções de Guilherme Arantes, Paulo Leminski, Moraes Moreira, Ângela Rô Rô e Dori Caymmi baseadas na imortal obra de Monteiro Lobato. A inserção de personagens como o Minotauro, a Cuca, o Saci e Peter Pan apresentavam referências da história grega e do folclore brasileiro às nossas crianças.                                                                                   
Nos anos 80 a criatividade do diretor Augusto César Vanucci trouxe a idéia dos Especiais Infantis como “Plunct Plact Zum” e “Arca de Noé”. Um roqueiro como Raul Seixas deu voz ao “Carimbador Maluco” que abria o programa e autorizava a viagem pelo espaço.                                                                        
Em nossa região, Tia Lucy apresentava ao vivo o programa que deu espaço a crianças para comunicação e interação com o público, sempre aos domingos. Era também um tempo em que a figura do palhaço era muito popular e o inesquecível Picolino era conhecido e amado pelas crianças.                              
Tudo que era feito na TV e no cinema como o Sítio, os Trapalhões, o Balão Mágico e os especiais infantis se transformavam em canções e discos que os pais podiam desfrutar junto com seus filhos.                                                           
As canções além do lazer são sempre temas de conversas para a educação social, cultural e ambiental em qualquer idade. A canção infantil tem o poder de mobilizar pais e educadores para uma conversa prazerosa e lúdica acerca de aspectos importantes da vida diária e do futuro a ser construído pelos pequenos.                                                                                                                              
No Brasil temos uma produção significativa voltada ao público infantil, mas que desde os anos 90 tem diminuído. Villa Lobos, Jorge Antunes, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Chico Buarque contribuíram bastante para o repertório infantil. Um grande destaque nas últimas décadas é o trabalho de Sandra Perez e Paulo Tatit com o grupo “Palavra Cantada” e que sempre tem a colaboração de Carlinhos Brown e Arnaldo Antunes. É música infantil de alta qualidade para as crianças e papais de hoje em dia!




Nenhum comentário: