segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Numa carta de manifestação, enviada ao Cincão Notícias, os Kaingangs justificam a ocupação das terras.

“Nós da comunidade indígena Kaingang da aldeia indígena Serrinha no município de Tamarana, estamos acampados no entorno da Terra Indígena Apucaraninha com o objetivo de identificarmos e demarcarmos nosso território tradicional já acordado junto a Diretoria de Assuntos Fundiários em Brasília (FUNAI) em agosto de 2007, porém, estamos mobilizados com o intuito de que sejamos ouvidos e queremos urgentemente a presença de representantes da FUNAI de Brasília para podermos negociar e para que se inicie o mais rápido possível à demarcação com a criação do grupo de trabalho, pois tememos uma reintegração de posso e nós da comunidade indígena dificilmente iremos nos retirar enquanto não tivermos uma resposta concreta da FUNAI de Brasília. Estamos dispostos a ir até o final com objetivo de reavermos nossos territórios tradicionais, reduzidos em 1949, pelo governo estadual e federal.

Gostaríamos de termos então o apoio do Governo Estadual intermediando essa negociação junto a FUNAI e MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, pois poderemos ter um embate caso a polícia for tentar nos retirar a força em uma reintegração de posse por medidas judiciais.

Estamos no dia de hoje com cerca de 700 pessoas, na maioria crianças e jovens. Outros indígenas ainda não estão na ocupação por falta de lonas para barracos. Gostaríamos de frisar que não houve uma cisão do grupo do Apucaraninha, mas uma iniciativa coletiva, porque estamos vendo nossa população crescer a cada vez mais sem condições de subsistência para nosso povo, e não estamos reivindicando o que não é nosso de direito, mas para que se cumpra a Constituição Brasileira e a Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas, na qual o Brasil aderiu.
Nosso território tradicional foi tirado de nós sem o consentimento em 1949. No entanto aguardamos pronunciamento dos órgãos competentes para mantermos nosso relacionamento de bons préstimos existentes.

Na oportunidade enviamos manifestações de respeito e consideração.
Aldeia Serrinha, 07 de julho de 2009”

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