segunda-feira, 12 de agosto de 2019

A variação lingüística diacrônica no Norte Paranaense nos anos de 1930 a 1936, com a materialidade histórica de jornais e documentos públicos


A pesquisa aborda “A variação lingüística diacrônica no Norte Paranaense nos anos de 1930 a 1936, com a materialidade histórica de jornais e documentos públicos”. O trabalho se fundamenta no fato da língua se modificar no tempo e no espaço, condicionada a diversos fatores internos e externos de ordem sociocultural, histórica, regional, situacional e entre outras que contribuem para as mudanças. A materialidade histórica a partir de jornais e documentos públicos permite um estudo aprofundado e com referências a partir de acervo. O corpus também permite descrever uma narrativa linear sobre os acontecimentos históricos do período, que consistem numa disputa de terras e que tem como personagens pioneiros e figuras que ajudaram a constituir a história local. Outro ponto de grande valia é a confecção de um glossário com aproximadamente 500 palavras que sofreram transformações na escrita e grafia, como os exemplos de “officio”, “acto” e “accordo”.

Problemática
Segundo Ferdinand Saussure, em “Curso de Lingüística Geral” (2004, p. 247), “a lingüística diacrônica acompanha o curso do tempo”. O autor (2004, p 89) complementa: “O tempo, que assegura a continuidade da língua, tem outro efeito: o de alterar mais ou menos rapidamente os signos lingüísticos. O signo está em condições de alterar-se porque se continua. O que domina, em toda alteração, é a persistência da matéria velha; a infinidade ao passado é apenas relativa. Eis porque o principio de alteração se baseia na continuidade”. Portanto, temos como problemática o estudo das palavras que sofreram transformações no período do tempo, observadas seus usos no período compreendido entre 1930 a 1936. Como base temos a materialidade histórica de documentos e exemplos do glossário.
Outra problemática, que não compreende o campo lingüístico, mas social, histórico e jornalístico, está na pesquisa dos acontecimentos do período e que darão subsídios para uma narrativa acerca da colonização do Norte Paranaense. O trabalho aborda a lingüística estruturalista, no entanto, a investigação sobre a história, visa enriquecer a monografia quanto à narrativa e produção textual. Esta proposta se encaixa na Pós Graduação em Língua Portuguesa devido haver no currículo a disciplina de Produção Textual.

Objetivos
Mostrar a variação da língua no decorrer do período histórico e resgatar a memória do Norte Paranaense. Através de referências históricas, acervo de documentos públicos, mapas e jornais de 1930 a 1936, a pesquisa segue três linhas de estudo e busca o resultado único: a investigação da variação lingüística diacrônica na região Norte do Paraná; subsídios para a colonização local através da narrativa, uma vez que os personagens do processo e jornais são Mábio Palhano e Osvaldo Ramalho, que viveram em Jataizinho. Mábio Palhano era um engenheiro curitibano que veio a região de “Jatahy” e São Jerônimo da Serra na época, em troca de terras, para demarcar terrenos e construir ruas. Mas devido aos conflitos de terras e a Revolução de 1930 que culminou na Era Vargas, o mesmo, junto com sua família foram expulsos de forma violenta e a “mão armada” de “Jatahy”; criar um glossário com aproximadamente 500 palavras e tendo por referencia o léxico do período, além de explicar a transformação e as variantes na língua que causaram as mudanças.
Jornais e documentos são referenciais e nos dão embasamento e materialidade histórica para estudarmos léxico e variação lingüística diacrônica. Para o mesmo é preciso senso de observação, imparcialidade e não distorcer fatos, principalmente no que tange a narrativa de 1930 a 1936, se deve cultivar a honestidade ao descrever a história que coincide com os anos iniciais de Londrina. Vale citar que são poucas as referências acerca da região e do que acontecia antes da fundação das cidades do “Norte Novo”. O que temos e é ensinado nas escolas foi a atuação da Companhia de Terras do Norte do Paraná e o período posterior. Ou seja, além do glossário e a variação diacrônica, o trabalho contempla a memória histórica e lingüística local e contribui nos três aspectos citados anteriormente: estudos da linguagem, glossário, além do resgate, construção e preservação da memória. O trabalho não é apenas relevante a Londrina, mas ao Estado do Paraná, pois dá subsídios para estudarmos uma nova visão de como pode ter ocorrido à colonização local, além de criar referências e fontes para ampliar o estudo da língua portuguesa local e reforçar a identidade cultural.

Metodologia
O trabalho consiste nos estudos da língua no período através de manuscritos e jornais, tem como metodologia a transcrição de textos e com base um processo que envolve disputa de terras. O corpus tem anexas cartas, ofícios e declarações repletas de exemplos. A segunda metodologia fundamenta-se, concomitante a transcrição, a identificação de palavras que sofreram a variação e como conseqüência a formulação do glossário. Por fim, o autor da monografia tem nos documentos uma base para construir a narrativa linear baseada nos fatos históricos a partir de jornais e documentos.
Os corpora da pesquisa constituem documentos datilografados e manuscritos e específicos das cidades de Jatahy (atual Jataizinho), São Jerônimo da Serra e Curitiba. A organização do material e estudo se deu a pedido da Rádio Comunitária Nova Geração de Jataizinho, onde o discente presta serviços relacionados à produção jornalística, área na qual tem formação acadêmica pela Universidade Estadual de Londrina. Conforme Vanessa Lini, em “A Escrita de Manuscritos Paranaenses e Portugueses do Século XIX e a Relação com o Português Brasileiro” (p. 41 e 42), “a escolha de trabalhos com manuscritos justifica-se pelo alto teor histórico que eles representam. O documento manuscrito é considerado a mola mestra da História e possibilita o resgate de dados da escrita da época e evidenciam características próprias dos períodos da língua”.

Teoria base
Quanto ao livro “As grandes teorias da lingüística – Da gramática comparada à pragmática”, de Marie Anne Paveau e Georges Élia Sarfati, por conta da formação em Comunicação Social e Jornalismo, obtive dificuldades para localizar um capitulo adequado. Por conta disto e da liberalidade em relação ao conteúdo, busquei subsídios no “Curso de Lingüística Geral”, de Ferdinand de Saussure, publicado em 1916 e versão impressa de 2004. Outra referência foi o Trabalho de Conclusão de Curso para obtenção do Titulo de Mestrado, “A Escrita de Manuscritos Paranaenses e Portugueses do Século XIX e a Relação com o Português Brasileiro”, de autoria de Vanessa Lini. Saussure é um dos idealizadores do estruturalismo, que possui relação direta com a diacronia, estudo que tem ligação direta com a monografia. Nesta obra ele examinou como a linguagem se relaciona no presente e como era no passado. O termo que determina isto é sincronia e diacronia. Após diversas leituras, observei que ele focou seus estudos não apenas no uso da linguagem (o falar), mas também no sistema de linguagem (escrita e signos).
No caso de Vanessa Lini, sua abordagem trata a língua na sua diversidade quanto às variações lingüísticas, além de fornecer subsídios de como deve ser o trabalho relativo a manuscritos.

Considerações finais
A pesquisa “A variação lingüística diacrônica no Norte Paranaense nos anos de 1930 a 1936, com a materialidade histórica de jornais e documentos públicos”, busca três eixos de compreensão e terá como resultado o glossário, que dará subsídios para futuros pesquisadores observarem como era a composição de algumas palavras no período; a pesquisa lingüística que tem o foco na diacronia e; por fim a narrativa histórica, que busca enriquecer os estudos acerca da história do Norte Paranaense.

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