Cambé é o exemplo em cultivo de hortas
comunitárias. Um dos bairros que realiza esta atividade é o Nova Cambé,
presidido por Luciana Cristina Leão Papa, de 39 anos. Moradora do bairro há
doze anos e no segundo mandato, diversas foram as conquistas: horta comunitária,
implantação de quebra mola, placas de sinalização na entrada do bairro e nas
ruas, calçadas, terreno para Centro Comunitário, escola, academia ao ar livre e
a implantação da rede de esgoto. “A luta pelo esgoto vinha desde agosto de
2009. Foram encaminhados ofícios, protocolos e abaixo assinados. Após
intermédio da COMDEC (Companhia de Desenvolvimento de Cambé) e Prefeitura, a
SANEPAR aprovou a implantação do serviço e a instalação da rede já foi executada
e interligada”, afirma a líder comunitária. “O serviço é fundamental. Ao
perfurar fossas, com dois metros encontramos água e pedras. Há imóveis com três
fossas. Para esvaziar é caro”, completa.
Outra conquista foi a horta comunitária. A
princípio houve dificuldades para implantar, uma vez que o terreno era
particular. “O ex-prefeito João Pavinato foi simpático a questão e abraçou a
causa. Conseguimos espaço e a horta atende 30 famílias, sendo que há espaço
para outras, interessadas em cultivar”, afirma. Com a prefeitura cedendo água,
esterco e sementes, cada família tem a obrigação de cuidar do seu canteiro.
Quanto ao que é produzido, há liberdade para doar, trocar e comercializar. As
famílias complementam a alimentação e a renda com o que é produzido. Com o
lucro é possível quitar dívidas menores de água ou luz. Os canteiros possuem
doze metros de comprimento por três de largura e há limitações no plantio
devido alguns alimentos atraírem pragas e insetos. Alface, beterraba, repolho,
rúcula, couve, almeirão salsinha, cebolinha, cenoura e chicória são os mais
comuns. Todos sem agrotóxicos.
Com cerca de mil moradores e 270 casas
construídas, muitos terrenos vazios ou em construção, Luciana Cristina
reconhece que a maior dificuldade do Nova Cambé é o horário de ônibus, que
passa três vezes por dia. Para sanar o problema a Associação de Moradores fez
um abaixo assinado solicitando que a TIL (Transporte Intermunicipal de
Londrina) faça circular ônibus durante todo dia. Em resposta, a empresa criou
novos horários e falta apenas o coletivo para atender a demanda. Deve ser
reconhecido que Luciana Cristina representa a liderança popular oriundo dos
bairros, além de exercer o papel de mãe e dona de casa. “O presidente de bairro
é elogiado e criticado. Por ser mulher sinto dificuldades e preconceito. Alguns
devem respeitar este papel de representatividade e ter consciência do nosso
trabalho, que é documentado e protocolado. Não ganho nada. O trabalho é
voluntário e gratuito”, cita. Tamanha a determinação da liderança popular, que
ela recorda um episódio: Na última reunião para decidir a questão da rede de
esgoto, ela estava grávida e teve descolamento de placenta. Como não havia
substituto, foi assim mesmo. Vendo a situação, o ex-prefeito João Pavinato
ficou preocupado e pediu o cancelamento da reunião. No entanto, o senso de
compromisso era tamanho, que Luciana Cristina não deixou que isto acontecesse.
“Ser presidente é uma responsabilidade. O engajamento com as causas populares é
primordial, além de existir a preocupação com o bem estar do próximo. Busco e levo
pessoas no hospital, compramos remédios e cesta básica. Prestamos um serviço
social, onde conhecemos os moradores e seus problemas”, finaliza.
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