Bom de
bola, Benedito Fernandes um dia sonhou em ser jogador profissional.
Naturais de Jataizinho, os
irmãos gêmeos Benedito Fernandes Pereirae João Fernandes Pereira, de 78 anos,
nasceram em 1935, quando a cidade se chamava Jatay. “Aos 12 anos trabalhávamos
na Olaria Domingos Diana, engraxando prensa e desbarbando telha. Desde aquela
época me chamam de Bilé”, recorda Benedito, que após trabalhar na olaria,
ajudou os irmãos Mario Inoe e Massami Inoe, como balconista no bar da
rodoviária, localizado na atual Praça Frei Timóteo e o irmão na venda de
secos e molhados. “Em meados dos anos 60, Jataizinho era bem menor e a única diversão
era o futebol”, destaca.
Prestes há completar 79 anos, Bilé
recorda que aos domingos todos iam ao campo de futebol. E ele, como era um
bom jogador, teve a oportunidade de jogar nas categorias amador, aspirante e
juvenil do extinto Jatay Futebol de Regatas. “Jogamos até o fim do Jatay de
Regatas e quase fomos profissionais. O antigo campo de futebol ficava nas
imediações da hoje Rua Carmela Dutra e entre os jogadores, treinados pelo
Domingão, estavam o Evilásio Rangel Cordeiro, Zé Silvério, Pancho, Cateto,
Xôxo, Orídio, Dirceu Lopes, Fagá, Fiso Giavarina, além do médico José Maria
Pinto”, afirma.
Com partidas
que não se restringiam apenas a Jataizinho, o time ia num caminhão, para
Cornélio Procópio, Assai, Cambé, Rolândia, Fazenda Cachoeira, Londrina, Urai,
São Sebastião da Amoreira, Rancho Alegre e outras localidades que não recorda
mais. “Os jogos mais emocionantes eram contra o Estrela de Ibiporã e o São
Paulo de Londrina, onde dificilmente perdíamos. Teve um jogo contra o São
Paulo de Londrina, que emprestamos quatro profissionais de Cornélio Procópio.
Ganhamos e eles queriam brigar devido o placar de 5 x 2, onde marquei um gol,
atuando como meia direita. As partidas contra o Estrela e o Cruzeiro, de
Ibiporã, também eram disputadas e, os jogos aos domingos, levavam muitas famílias
ao campo”, afirma. Com satisfação de ter vivido esta época, Bilé recorda que
o melhor jogador de Jataizinho foi o Pancho, que antes de vir para cidade,
atuou como profissional, junto com o irmão, conhecido por Cateto.
Quase chegando a ser profissional,
Benedito Fernandes foi trabalhar em Santa Bárbara do Oeste. Como morava
próximo ao campo, não demorou a compor o time local. Por lá, enfrentou adversários
como a Ferroviária de Araraquara. Porém, uma queda de bicicleta acabou com o sonho.
De volta a Jataizinho, Benedito
Fernandes vive com o irmão João Fernandes Pereira e a irmã Lázara Fernandes
Pereira, de 74 anos. Já a mãe, Regina Matias de Arruda, faleceu há pouco
tempo, aos 103 anos.“Ainda tenho muitas saudades dela. Mesmo aos 103 anos, ela
não adoeceu. Aos poucos enfraqueceu por negar a se alimentar. Tamanha era sua
participação na igreja, que seu aniversário de 100 anos foi comemorado pelo Apostolado,
um grupo de oração da igreja católica”, afirma Lázara.
Aposentado do futebol, Benedito
resolveu contar um segredo: quando times de fora vinham a Jataizinho, ele e o
irmão João, por serem gêmeos, alternavam, jogando um no primeiro tempo e o
outro no segundo, trocando as camisas no vestiário. Como são gêmeos
idênticos, os adversários jamais desconfiaram. “Isto foi em diversos jogos e
não havia quem provasse a armação. Quem deu a ideia foi o Pancho, o Dorival
Ribeiro”, finaliza.
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