quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Fatos sobrenaturais e aparições tem rondado o Cemitério Jardim da Saudade nos últimos dias.

A vida de quem trabalha no cemitério se mistura a dor e tristeza das famílias que enterram seus mortos, tendo por muitas vezes que consolar e dar palavras de apoio numa época de grande sofrimento.                                                   
Assim acontece com o pedreiro Luís Carlos Mariano, que há 18 anos trabalha no Cemitério Jardim da Saudade, localizado na Zona Norte de Londrina. “Em 1995 havia a frente de trabalho, que realizava diversas atividades para a prefeitura. Nos cemitérios tinha pedreiros, zeladores e coveiros. Eu fazia parte dela. Porém, com o fim da frente de trabalho, comecei a construir e revestir túmulos. Neste período de 18 anos e nos últimos dias, presenciei muitas atividades paranormais”, revela.                                   
Surpreendentemente, ele diz que os fenômenos acontecem no fim da tarde, quando o cemitério está mais tranquilo e as pessoas de coração puro, crianças e animais tem maior percepção em relação aos acontecimentos. Um dos episódios foi em 2008, às cinco da tarde. “Escutei uma voz feminina chamando meu nome por três vezes. Ao olhar não vi ninguém. Aquilo me arrepiou, mas não tive medo. No cemitério estão enterradas pessoas boas e ruins e aqui há assombrações e almas que vagam e procuram uma luz ou caminho. No começo tinha medo, mas já me acostumei”, afirma.                                              
O pedreiro Luis Carlos Mariano.
Apesar do fato distante, Luís diz que nos últimos dias, algumas assombrações e coisas estranhas rondam o cemitério. “Ao construir uma sepultura, tinha que colocar quatro lajes de 50 quilos cada em cima da mesma. É um trabalho difícil e havia dificuldade. Inesperadamente, surge um homem, de uns 40 anos, saudável e vestido com uma roupa azul clara que me ajudou. Porém, ao se virar para agradecer, ele não estava lá e vi um revoar de pássaros”, diz. Evangélico de igreja pentecostal, Luís acredita que na hora mais difícil do trabalho, um anjo lhe ajudou. Outro fato que o deixou assustado, foi quando uma loira, com os cabelos compridos soltos e um vestido branco longo, pediu uma informação a respeito da sepultura de uma criança com seis anos, morta há pouco tempo de maneira trágica. Ao não saber com exatidão, pediu que a moça, de olhos azuis, procurasse a portaria do cemitério, distante a seiscentos metros, para obter a informação. Ela agradeceu e, ao se abaixar por alguns instantes a loira já estava na portaria.                                                             
Mas não é apenas a bondade que ronda o lugar. Muitos vão aos cemitérios para realizar mal ao próximo e os exemplos são muitos. Certo dia, Luís presenciou duas moças agachadas numa cova, mexendo na terra por uns dez minutos. Ao saírem, por curiosidade, o pedreiro foi verificar o que haviam feito. Ele constatou a terra revirada e lá haviam enterrado um pequeno caixão com a fotografia de outra mulher. Desconfiado dum feitiço, no mesmo instante retirou a fotografia e a levou na igreja, no intuito de quebrar a maldição. Além deste tipo de feitiço, é comum ver nos cemitérios sapo com a boca costurada com o nome de alguém lá dentro; o nome da pessoa amarrado ou acorrentado no cruzeiro; ou bonecos, que representam a pessoa, espetado com agulhas, tudo isso desejando o mal.                                             
Apesar dos fatos sobrenaturais e feitiços, os cemitérios são bem frequentados no dia a dia. Os motivos são diversos, como visitas a um ente falecido; os que celebram cultos e novenas, este último sempre às segundas feiras, no Jardim da Saudade. Há também os que vão para meditar e refletir, devido à tranquilidade. Mas, com certeza, o local mais visitado dum cemitério é o cruzeiro, onde fiéis acendem velas para “iluminar” o caminho das almas, ou dar oferendas a santos e orixás. São inúmeras as oferendas, como dinheiro, cachaça, vinho, champanhe, cigarro, pipoca, velas, quadros, santos de gesso, balas e uma infinidade de objetos ligados à cultura que envolve as crenças e religiões. “É comum, ao passar próximo ao cruzeiro, achar dinheiro, porem não pego, foi oferecido a alguém. No entanto, vejo pessoas se apoderar das bebidas, do dinheiro e dos cigarros encontrados no local. Não faço isso. Acredito que ao pegar algo que está lá, pode trazer coisas ruins para a vida do sujeito”, afirma. 


Apesar da mística e religiosidade do cemitério, Luís se recorda com tristeza da tragédia ocorrida há oito anos no Jardim da Saudade. “Fazia muito calor à tarde. Era em torno das 16 horas e formou-se repentinamente um temporal. Muitos se alojaram abaixo de uma mangueira, algo não recomendado na situação. Além disso, há uma particularidade que transforma os cemitérios em locais perigosos durante as chuvas: a existência de ferro e bronze nos túmulos, que atraem raios. Com o cortejo descendo e a tempestade caindo, uma enorme descarga elétrica tocou a mangueira, chegando ao chão. Com a energia gerada, muitos tombaram e ficaram paralisados. A tragédia vitimou duas mulheres: uma faleceu no momento e a outra, uma jovem, morreu após dois meses internada no hospital. A marca do raio está ainda hoje na mangueira e também profundamente no asfalto”, finaliza. 

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