sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Sucesso nos anos 70 com “Os Carbex”, Paulo Cavalcante hoje se dedica a reconstruir a história do município.


Ele é simples, humilde e gosta de conversar sobre as histórias da cidade. Seu nome é Paulo Alves Cavalcante (63), autor do hino do Rotaract Club, que também “empresta” a voz para o hino de Jataizinho e integrou várias bandas. Nascido em 1952, aos sete anos ele já tocava sanfona e 1969 iniciou a vida artística com o grupo Bad Boys Bands, de Cornélio Procópio, além de integrar a New Sound e Os Carbex. “Os Carbex eram o sucesso época e as apresentações eram em boates e restaurantes. Tamanho o entusiasmo dos fãs, que em 1976 um grupo de jovens pediu que eu fizesse o Hino do Rotaract Club num concurso, o qual fui vencedor”, recorda.                                      

Não foi apenas este hino que ele canta, mas o de Jataizinho também. Ele cita que em 1969 foi determinado que todos os municípios teriam seu hino, o que aconteceu na cidade. Porém, em 1988, gravando jingles políticos com o Junior Som, viu um caderno com o hino local e quis ouvir a gravação. Como não existia o disco original de 78 rotações, gravado por Sebastião Lima, ele então o gravou, sendo sua voz que consta no site da Prefeitura.                                            

A música foi muito presente em sua vida e transita na sua memória “Os Carbex”, iniciada como Banda São Marcos Som em junho de 1969 no Baile dos Cravos, mudando o nome para MSom 6 e iniciando nos anos 70 uma aventura arrojada, que foi tocar por dois meses em bailes no Estado de São Paulo. “Ficamos com este nome até 1974. Tamanha a qualidade dos músicos que muitos subiam no palco para ver se as músicas eram gravadas ou cantadas ao vivo, num repertório com Beatles, Ivan Lins, forró e sucessos de novelas. Os bailes acabavam às três da manhã e esperávamos o ônibus da Viação Garcia até as cinco horas. No trecho conheci vários jornalistas e músicos”.                           

“Os Carbex” são apenas um capitulo na vida de Paulo Cavalcante, sendo que a paixão pela arte também se expressou no cinema, o qual se recorda como surgiu na cidade. “O Cine Pernambuco era a atração da época. A Praça Frei Timóteo era maior e foi dividida em duas. Na parte de baixo construiu-se o centro comercial com a Pernambucanas, Banco Mercantil, Cine São João e demais comércios. Com a saída da Pernambucanas e a disposição de espaços, o engenheiro Pedro Brandão, filho do ex-prefeito Antônio Brandão, ampliou o cinema e criou a Cine Pernambuco, que funcionou até 1992 e rodou filmes como “O dólar furado”, “Zulu”, “Os 10 Mandamentos”, “Moisés”, todos os clássicos de Mazzaroppi, “A paixão de Cristo”, filmes em preto e branco do Tonico e Tinoco, sucessos de Glauber Rocha como “Deus e Diabo na Terra do Sol”, além de futebol e filmes pornográficos às quarta feiras, das 20 às 22 horas. “Os filmes eróticos eram para maiores de 18 anos e havia na portaria o Juiz de Paz, que hoje é a Vara da Infância e Juventude. Eram cidadãos voluntários, como o João de Deus, que minuciosamente conferiam o documento de todos. E, mesmo sendo filmes para adultos, a censura da época não permitia o nú”, diz. Além de filmes e futebol, cantores, humoristas e eventos que não eram ao ar livre, se apresentavam no recinto.                                               

Com o fim do Banestado, onde Paulo Cavalcante trabalhou, ele foi para a prefeitura e tornou-se curador do museu. Hoje, aposentado, resgata a história do município, que segundo ele, surgiu em 1851 a serviço da pátria. “Muitos documentos foram embora e aos poucos os resgatamos. Há um projeto para recompor o museu e lembrar as famílias tradicionais que ajudaram a construir a cidade”, pontua. 

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