Em janeiro as chuvas
castigaram Jataizinho e outras cidades da região. Muitos foram os prejuízos e
foi necessário o amparo da população para auxiliar os desabrigados. Neste
contexto surgiram diversos heróis anônimos, como o motorista Sérgio Aparecido
Veiga de Oliveira (39). Nos dias mais intensos da chuva a água invadiu sua casa
cerca de 40 centímetros, sendo ela mais alta em relação a outros imóveis da
rua. Vendo o desespero dos vizinhos, ele foi a diversas residências e resgatou
móveis, roupas, mantimentos, animais e idosos. Quando isto aconteceu à água
estava acima da sua cintura. “Tomei a atitude por compaixão e por não desejar a
dor e o sofrimento que passei, uma vez que perdi muitos objetos. Não apenas eu,
mas muitos foram solidários”, diz Sérgio de Oliveira mora em Jataizinho desde
1994 e já viu quatro enchentes, como em 1997. Vivendo com a esposa Juliana
Firmino e mais dois filhos, ele observa que alguns imóveis próximos a Rua
Curitiba foram construídos pertos ao Ribeirão Jataizinho, sendo que não deveria
ser expedida autorização dos órgãos públicos, como por exemplo, o habite-se.
“Quando minha esposa comprou o imóvel, não sabia que estava numa área próxima
ao rio. Deve haver uma distância mínima para evitar impactos ambientais e para
se preservar o meio ambiente. Infelizmente os órgãos públicos foram coniventes
ao liberar o alvará destas casas. Os futuros compradores de imóveis devem observem
estas questões e haver mais rigor quanto
à fiscalização de obras.
A
esteticista Rosenilda Bergamini não foi diretamente atingida pela enchente,
porém a situação calamitosa a comoveu. “A tempestade durou cerca de uma hora e
interrompeu o fornecimento da energia elétrica. Comecei a ouvir pessoas
assustadas gritando por socorro e chorando. Fui até elas e ofereci minha casa
como abrigo. Fiz o que pude, mas fiquei triste porque no momento dos
acontecimentos os órgãos públicos não estavam presentes. Cabe aos mesmos avisar
a população que o rio estava subindo e que se deveria abandonar o local. Isto é
prevenção”, diz a esteticista. Através da Rádio Nova Geração ela fez um apelo para
o resgate de um casal de idosos, presos devido o alagamento. Não demorou muito e
logo surgiram vários botes para socorrer o casal. “Faz vinte anos que moro aqui
e nunca vi algo assim. Há muitos heróis anônimos que ajudaram neste dia, como o
Odemir Briola da Rádio Nova Geração e o Sérgio Oliveira. Porém faltou a ação e
orientação imediata dos órgãos públicos, uma vez que a população ficou
desorientada. Acolhi cerca de dez pessoas em minha casa, dei abrigo e comida
para grávidas, crianças e idosos”, diz. Ela ressalta que o ginásio de esportes
deveria ter sido aberto antes para receber as pessoas, além da prefeitura ter
colocado os caminhões tardiamente a disposição, algo que teria salvado muitos
objetos.
Emocionada com a situação, Maria
Elza dos Santos recorda os momentos difíceis que passou com as chuvas e
agradece a ajuda que Rosenilda ofereceu a muitas pessoas. “Ela (Rosenilda) teve
um grande coração. Estávamos desesperados, com frio e fome. Não havia quem nos
ajudasse. Neste momento surgiu esta heroína anônima, que nos acolheu e nos
alimentou. A Rosenilda provou ser mais que uma amiga. Ela foi companheira e uma
mãe, cabendo as pessoas se espelharem no seu exemplo”, pontua.
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