Ele é
simples, humilde e gosta de conversar sobre as histórias da cidade. Seu nome é
Paulo Alves Cavalcante (63), autor do hino do Rotaract Club, que também
“empresta” a voz para o hino de Jataizinho e integrou várias bandas. Nascido em
1952, aos sete anos ele já tocava sanfona e 1969 iniciou a vida artística com o
grupo Bad Boys Bands, de Cornélio Procópio, além de integrar a New Sound e Os
Carbex. “Os Carbex eram o sucesso época e as apresentações eram em boates e
restaurantes. Tamanho o entusiasmo dos fãs, que em 1976 um grupo de jovens
pediu que eu fizesse o Hino do Rotaract Club num concurso, o qual fui
vencedor”, recorda.
Não foi apenas este hino que ele canta,
mas o de Jataizinho também. Ele cita que em 1969 foi determinado que todos os municípios
teriam seu hino, o que aconteceu na cidade. Porém, em 1988, gravando jingles
políticos com o Junior Som, viu um caderno com o hino local e quis ouvir a
gravação. Como não existia o disco original de 78 rotações, gravado por
Sebastião Lima, ele então o gravou, sendo sua voz que consta no site da
Prefeitura.
A
música foi muito presente em sua vida e transita na sua memória “Os Carbex”,
iniciada como Banda São Marcos Som em junho de 1969 no Baile dos Cravos,
mudando o nome para MSom 6 e iniciando nos anos 70 uma aventura arrojada, que
foi tocar por dois meses em bailes no Estado de São Paulo. “Ficamos com este
nome até 1974. Tamanha a qualidade dos músicos que muitos subiam no palco para
ver se as músicas eram gravadas ou cantadas ao vivo, num repertório com Beatles,
Ivan Lins, forró e sucessos de novelas. Os bailes acabavam às três da manhã e esperávamos
o ônibus da Viação Garcia até as cinco horas. No trecho conheci vários
jornalistas e músicos”.
“Os Carbex” são apenas um capitulo
na vida de Paulo Cavalcante, sendo que a paixão pela arte também se expressou
no cinema, o qual se recorda como surgiu na cidade. “O Cine Pernambuco era a
atração da época. A Praça Frei Timóteo era maior e foi dividida em duas. Na parte
de baixo construiu-se o centro comercial com a Pernambucanas, Banco Mercantil, Cine
São João e demais comércios. Com a saída da Pernambucanas e a disposição de
espaços, o engenheiro Pedro Brandão, filho do ex-prefeito Antônio Brandão,
ampliou o cinema e criou a Cine Pernambuco, que funcionou até 1992 e rodou filmes
como “O dólar furado”, “Zulu”, “Os 10 Mandamentos”, “Moisés”, todos os
clássicos de Mazzaroppi, “A paixão de Cristo”, filmes em preto e branco do Tonico
e Tinoco, sucessos de Glauber Rocha como “Deus e Diabo na Terra do Sol”, além
de futebol e filmes pornográficos às quarta feiras, das 20 às 22 horas. “Os
filmes eróticos eram para maiores de 18 anos e havia na portaria o Juiz de Paz,
que hoje é a Vara da Infância e Juventude. Eram cidadãos voluntários, como o
João de Deus, que minuciosamente conferiam o documento de todos. E, mesmo sendo
filmes para adultos, a censura da época não permitia o nú”, diz. Além de filmes
e futebol, cantores, humoristas e eventos que não eram ao ar livre, se apresentavam
no recinto.
Com o fim do Banestado,
onde Paulo Cavalcante trabalhou, ele foi para a prefeitura e tornou-se curador
do museu. Hoje, aposentado, resgata a história do município, que segundo ele,
surgiu em 1851 a serviço da pátria. “Muitos documentos foram embora e aos poucos
os resgatamos. Há um projeto para recompor o museu e lembrar as famílias
tradicionais que ajudaram a construir a cidade”, pontua.