O índio Caingang Renato Crine Caiene diz que o conhecimento dos índios do Apucaraninha se baseia numa história presente e dos antepassados. "O que viveu nossos antepassados, é preservado culturalmente. Porém a situação no presente não é igual ao passado como a abundância de caça e de peixes nos rios. As terras foram destruídas e as aldeias do Paraná diminuiram gradativamente. Sabe-se que existe a preservação, mas ela é pouca". Na opinião de Renato, a cultura, o conhecimento e os saberes aos poucos foram retirados pelo não índio. Cabe aos índios dizer e ensinar aos filhos que eles devem se preocupar mais com a preservação do que ainda resta.
"o que conhecemos, passamos aos filhos. No fundo, se existe algum conhecimento esquecido, tentamos resgatá-lo e preservá-lo. Nossa cultura ninguém pode tirar da gente, um direito e cada um possui os seus".
Calene diz que a Reserva do Apucaraninha abriga em torno de 1500 habitantes. São índios que trabalham na agricultura e se preocupam com a saúde e a educação. "Quando estes fatores não estão bons (saúde e educação), procuramos melhorar. Hoje o índio é cidadão e tem direitos iguais, como todo cidadão. Cabe a nós, indígenas, a busca pelos seus direitos e principalmente a liderança. Sou de uma associação e busco os direitos da minha comunidade. Isso resplandece em confiança. Um exemplo é o aumento da população, que torna-se uma preocupação constante. A terra é pequena e daqui alguns anos não haverá espaço suficiente para agricultura e muito menos para a sobrevivência. Por consequência, precisamos de mais terras e da demarcação delas.
Outro ponto é a agricultura, que precisa melhorar. Isso se reflete na alimentação, que deve ser considerada pelo governo estadual, federal e com a ajuda dos depútados. Hoje, no meu conhecimento, o índio é cidadão e ele tem direitos porque elege políticos. É um eleitor que elege prefeito, vereador, deputado estadual, federal, presidente da república e senador. Então, com toda esta responsabilidade, está na hora de aparecer os direitos e a concessão dos mesmos. Tanto no social, como na cultura. O índio é cidadão e ele conhece sua cultura e a cultura não índia. Todos tem direitos iguais.
Caiene, que nasceu no Apucaraninha, tem a mãe como índia da etnia caingang e seu pai, que vem de Ibiama (Santa Catarina), é um índio Xoclén. Para ele, ser Caingang e Xoclén é um privilégio, pois pentence a duas raças distintas. "O índio é da terra e o Brasil é da terra. Como Pedro Álvares Cabral, isso está na história. Quando os portugueses chegaram aqui, foi avistado primeiro os índios. Só que quem descobriu o Brasil foi Pedro Álvares Cabral, que nem índio era. Mas na verdade, quem vivia aqui a milhares de anos eram os índios. Se for para dizer quem foi o primeiro brasileiro, pode-se considerar que foi um índio. Mas isso não é considerado como se têm visto. Infelizmente o índio é visto como um ser que vive no mato. Mas isso não é verdade. Acho que não. Primeiramente ele é um brasileiro, mas sem direitos, garantias e igualdades. Sou índio, mas sou um ser humano. No Brasil o índio sofre muitos preconceitos. Isso deve acabar e deve-se criar uma visão de que ele possui o conhecimento e preserva uma cultura milenar como o gosto pelo trabalho com artesanato ou na agricultura. O preconceito é visto quando o índio que faz artesanato vêm a cidade para negociar seu trabalho. Isso é uma barreira a ser enfrentada. Muitos índios são contra o preconceito. Pela sua natureza, ele vive livre, da mesmo forma como nas aldeias. O preconceito é tamanho, que muitos chamam a polícia, mesmo quando não se está fazendo nada de errado, como roubo. Isso é puro preconceito. Esta situação deve parar. O preconceito também é visto quando defendo meus direitos. Até mesmo na política sofremos preconceito, quando dizem que os índios tem terra, mas não fazem nada. Algumas reservas tem muita terra boa para o plantio de soja e trigo, mas, o que falta para começar a trabalhar? Faltam recursos e principalmente alimentação para fortalecer os trabalhadores. Não tem semente e as vezes se ela existe, não há verbas para se alimentar, trabalhar e comer. Qualqueer serviço que você faça e não tiver recursos para se alimentar, não prospera. Tem gente que não sabe, mas a barriga tamém dói com a fome. Como disse anteriormente, a desmatação acabou com a caça. Tinhamos fartura, pinheiros e pinho, carne assada e peixes. Mas hoje não existe mais. A devastação tomou conta. O que resta nas aldeias está sendo preservado.
O Governo do Estado, junto com o federal e as prefeituras, poderiam fazer um projeto da melhoria da qualidade de vida das aldeias. Um projeto bom para que a comunidade tenha, ou eles mesmos trabalhem, produzam a comida para consumo. Temos essa idéia, porque senão vira aquela história: os índios não trabalham, estão passando fome e vivem na miséria. Ví uma reportagem na televisão que me preocupa. Os índios têm terra, mas não tem condições de cultiva-lá. Acho que está na hora da gente ver isso.
terça-feira, 30 de dezembro de 2008
segunda-feira, 29 de dezembro de 2008
E como vivem os índios da nossa região?
O estagiário de Ciências Sociais, Adriano Francisco da Cruz, atua na Secretaria de Ação Social de Londrina e trabalha no projeto que atende as necessidades das populações indígenas do Apucaraninha. Para ele, trabalhar com os Caingangs é uma ótima experiência devido a disciplina de Antropologia, que estuda a questão teórica dos indígenas. "Estudar a teoria e trabalhos etnográficos sobre uma certa comunidade indígena é uma coisa. Quando você começa a conviver com eles pessoalmente, seu conhecimento se enriquesse cada vez mais através da junção teórica e prática. O que se observa é a relação e contato com os não índios e também que certas teorias clássicas indígenas (comparadas com o contato), mudanças e principalmente a questão da resistência. Aparente, eles dizem que vão "deixando de ser índio", porém, cada vez mais eles resistem. A resistência é vista no fato da cultura ser algo dinâmico e nessa dinâmica, cada vez mais eles recriam formas tradicionais no presente".
Questionado como o Caingang faz isso, o estudante respondeu:
"Por exemplo, um dos grandes fatores que se vê presente é a língua, pois são bilingues, porém a preferência é falar o Caingang. Coordeno uma escola de futebol com a intenção de prevenir o alcoolismo, situação grave nas terras indígenas. Quando tem campeonato e jogamos fora da reserva, a torcida se comunica com os jogadores em caingang. Eles não falam português. Isso é algo forte que se vê presente e que tem valor antropológico. Numa analise complexa, dizer que o futebol prejudica a cultura dele é errado, pois ele reforça cada vez mais a tendência de serem caingangs".
Adriano afirma que hoje em dia a situação dos indios é muito crítica devido a falta de recursos naturais que existiam no passado. Por consequencia, a situação de miséria é comum. "Muitos querem ter uma televisão ou outro bom material. No entanto não existe o apego igual a nós. O que existe na verdade é a relação de proximidade junto as famílias e o fato de não negarem alimento, mesmo sendo escassa. Pela pouca alimentação que eles tem e por mais miseráveis que sejam, sempre que houver uma refeição, o índio convida outra pessoa de fora. Isso mostra que eles compartilham e mantém os laços familiares".
O estudante diz que a sobrevivência dos índíos do Apucaraninha é de subsist~encia e se baseia na agricultura, além de alguns serem pensionistas, aposentados e venderem artesanatos. Ele confirma que a renda bruta vêm mesmo da venda de artesanato, que é feita em Londrina e região. "Alguns poucos são empregados pela Funai, outros pela FUNASA, mas até esse mesmo passa apurado. Mesmo que ele seja funcionário da FUNAI e ganhe bem, sua família é numerosa, sendo entre dez a quinze pessoas para sustentar". isso mostra que existe estímulos para o crescimento da população indígena. Há menos de uma décvada, haviam 750 caingang. Hoje são mais de 1500 caingangs no Apucaraninha, sendo que a maioria são crianças. Elas (as crianças) através da Secretaria de Ação Social, FUNASA, Funai, Secretaria da Agricultura, são cuidadas pelo Programa da Saúde Indígena. "A escola, na reserva, é do índio, onde a educação é orientada por estatuto e especifica conforme a cultura Caingang. Muitos professores são índios, duas professoras são não índias e a educação é bilíngüe. A questão da saúde tem acompanhamento no Posto de Saúde dentro da reserva e durante a semana, vários médicos estão presentes, além de dentista, enfermeira e auxiliares de enfermagem. Existem os agentes indígenas que acompanham as crianças", diz.
Mesmo com todo esse cuidado, existe o problema do alcolismmo, que é tratado com oficinas nas escolas, tanto para os professores e alunos através de cartilhas, folders e palestras sobre alcoolismo.
Ciente de que seu trabalho ajuda na preservação da cultura indígena, Adriano diz que a politica da Funai é precária quanto aos indígenas e cabe a prefeitura de Londrina, muitos trabalhos. "Comparada com outras reservas, o Apucaraninha é previlegiada. Se não fosse alguns projetos, como o envio de cesta básica, ajuda para fazer documento, acolhimento e despesas com água, luz, manutenção, telefone e outras coisas, a situação estaria mais precária. O dever de tudo isso é da Funai, porque ela tem a jurisdição sobre os índios. A política indianista tem muito a desejar e questões que estão no estatudo não são cumpridos. Em relação a política indianista, eles (os indios) já perderam muito, mas aos poucos tentam reconquistar seus direitos. Como a demarcação de terras. Isso é um dos primeiros passos, pois eles já perderam muitas."
Questionado como o Caingang faz isso, o estudante respondeu:
"Por exemplo, um dos grandes fatores que se vê presente é a língua, pois são bilingues, porém a preferência é falar o Caingang. Coordeno uma escola de futebol com a intenção de prevenir o alcoolismo, situação grave nas terras indígenas. Quando tem campeonato e jogamos fora da reserva, a torcida se comunica com os jogadores em caingang. Eles não falam português. Isso é algo forte que se vê presente e que tem valor antropológico. Numa analise complexa, dizer que o futebol prejudica a cultura dele é errado, pois ele reforça cada vez mais a tendência de serem caingangs".
Adriano afirma que hoje em dia a situação dos indios é muito crítica devido a falta de recursos naturais que existiam no passado. Por consequencia, a situação de miséria é comum. "Muitos querem ter uma televisão ou outro bom material. No entanto não existe o apego igual a nós. O que existe na verdade é a relação de proximidade junto as famílias e o fato de não negarem alimento, mesmo sendo escassa. Pela pouca alimentação que eles tem e por mais miseráveis que sejam, sempre que houver uma refeição, o índio convida outra pessoa de fora. Isso mostra que eles compartilham e mantém os laços familiares".
O estudante diz que a sobrevivência dos índíos do Apucaraninha é de subsist~encia e se baseia na agricultura, além de alguns serem pensionistas, aposentados e venderem artesanatos. Ele confirma que a renda bruta vêm mesmo da venda de artesanato, que é feita em Londrina e região. "Alguns poucos são empregados pela Funai, outros pela FUNASA, mas até esse mesmo passa apurado. Mesmo que ele seja funcionário da FUNAI e ganhe bem, sua família é numerosa, sendo entre dez a quinze pessoas para sustentar". isso mostra que existe estímulos para o crescimento da população indígena. Há menos de uma décvada, haviam 750 caingang. Hoje são mais de 1500 caingangs no Apucaraninha, sendo que a maioria são crianças. Elas (as crianças) através da Secretaria de Ação Social, FUNASA, Funai, Secretaria da Agricultura, são cuidadas pelo Programa da Saúde Indígena. "A escola, na reserva, é do índio, onde a educação é orientada por estatuto e especifica conforme a cultura Caingang. Muitos professores são índios, duas professoras são não índias e a educação é bilíngüe. A questão da saúde tem acompanhamento no Posto de Saúde dentro da reserva e durante a semana, vários médicos estão presentes, além de dentista, enfermeira e auxiliares de enfermagem. Existem os agentes indígenas que acompanham as crianças", diz.
Mesmo com todo esse cuidado, existe o problema do alcolismmo, que é tratado com oficinas nas escolas, tanto para os professores e alunos através de cartilhas, folders e palestras sobre alcoolismo.
Ciente de que seu trabalho ajuda na preservação da cultura indígena, Adriano diz que a politica da Funai é precária quanto aos indígenas e cabe a prefeitura de Londrina, muitos trabalhos. "Comparada com outras reservas, o Apucaraninha é previlegiada. Se não fosse alguns projetos, como o envio de cesta básica, ajuda para fazer documento, acolhimento e despesas com água, luz, manutenção, telefone e outras coisas, a situação estaria mais precária. O dever de tudo isso é da Funai, porque ela tem a jurisdição sobre os índios. A política indianista tem muito a desejar e questões que estão no estatudo não são cumpridos. Em relação a política indianista, eles (os indios) já perderam muito, mas aos poucos tentam reconquistar seus direitos. Como a demarcação de terras. Isso é um dos primeiros passos, pois eles já perderam muitas."
quinta-feira, 18 de dezembro de 2008
Como os indígenas vêem sua cultura?
Aparecido Marcolino, Cacique Caingáng da Reserva Indígena do Apucaraninha, diz que a cultura de sua etnia perdeu muitos valores devido a inserção dos indígenas na sociedade capitalista e por estarem civilizados.
"Hoje trabalhamos com a agricultura. Na cultura indígena, o nativo caiu bastante porque chegou muita gente da sociedade não índia e se misturaram. Mas, existem alguns que tentam resgatar os antigos valores. Sou um deles e coordeno um grupo que reconquistou muito do que se perdeu com a ruptura das tradições."
Para Marcolino, ser caingang é o mesmo que ser uma tribo. O significado desta palavra é muito valioso para os índios.
"Nossa tribo é a dos Índios Coroados devido o corte de cabelo, mas para nós, caingang é o sentido da etnia na linguagem indígena. Se vejo um Guarani, na minha linguagem falo que aquele é Caingang, o mesmo que índio. Tenho muito orgulho da minha origem e dos meus ancestrais. Não tenho vergonha de ser alguém. Tenho orgulho de ser índio."
Essa afirmação torna-se mais contundente com o resgate da cultura, que está presente na oralidade e é repassado aos mais jovens, que aprendem o que se deve fazer em cada situação. "Passamos para as crianças também. Esse é um processo de afirmação da cultura, que inclue a apresentação das crianças indígenas. Apesar da interação com o mundo exterior, elas se comunicam com maior facilidade. Isso é bom", comenta o cacique.
Em relação a agricultura, ele afirma que ela mudou muito, sendo obrigados a incorporam as novas tecnologias, modos de plantio e espécies que não fazem parte de seu cotidiano. "A fartura que existia há anos atrás não exitem mais, como a caça e a pesca, que aos poucos se esvai. O que restou é a exploração das terras pela agricultura com o plantio de arroz, feijão, mandioca e milho. A soja ainda não faz parte da nossa cultura, porém estamos aprendendo com as novas tecnologias. Temos que nos adaptar para aumentar a produção".
Questionado sobre a relação dos indígenas com a soja, Marcolino disse que ela é uma cultura que não está incorporada, mas que pretendem cultivá-la. "Temos pessoas das aldeias que estão na universidade. Eles estudam para aprender. Quem sabe daqui a alguns anos chegamos lá".
Como era de se esperar, Marcolino abordou uma questão muito importante: os conflitos de terras. Em relação ao tratamento desta questão, ele disse:
"Quando alguém me faz uma pergunta dessa fico pensando. Pelas leis, fizeram um decreto, em 1775, que somos índios. Agora estão sendo esses invasores favoráveis a esse decreto de 1775. Vamos supor que um índio invada essas terras. Ele está invadindo o que o dele, mas só que o indio não faz esse tipo de coisa. Estamos tentando descobrir o que já foi perdido e o que perdemos. Quem sabe daqui alguns anos, vamos resgatar o que nos foi sequestrado. Hoje os índios não são iguais como os de antigamente. Muitos frequentam a universidade e entraram na política. Conhecemos as leis e lutamos pelo nosso povo", finaliza.
"Hoje trabalhamos com a agricultura. Na cultura indígena, o nativo caiu bastante porque chegou muita gente da sociedade não índia e se misturaram. Mas, existem alguns que tentam resgatar os antigos valores. Sou um deles e coordeno um grupo que reconquistou muito do que se perdeu com a ruptura das tradições."
Para Marcolino, ser caingang é o mesmo que ser uma tribo. O significado desta palavra é muito valioso para os índios.
"Nossa tribo é a dos Índios Coroados devido o corte de cabelo, mas para nós, caingang é o sentido da etnia na linguagem indígena. Se vejo um Guarani, na minha linguagem falo que aquele é Caingang, o mesmo que índio. Tenho muito orgulho da minha origem e dos meus ancestrais. Não tenho vergonha de ser alguém. Tenho orgulho de ser índio."
Essa afirmação torna-se mais contundente com o resgate da cultura, que está presente na oralidade e é repassado aos mais jovens, que aprendem o que se deve fazer em cada situação. "Passamos para as crianças também. Esse é um processo de afirmação da cultura, que inclue a apresentação das crianças indígenas. Apesar da interação com o mundo exterior, elas se comunicam com maior facilidade. Isso é bom", comenta o cacique.
Em relação a agricultura, ele afirma que ela mudou muito, sendo obrigados a incorporam as novas tecnologias, modos de plantio e espécies que não fazem parte de seu cotidiano. "A fartura que existia há anos atrás não exitem mais, como a caça e a pesca, que aos poucos se esvai. O que restou é a exploração das terras pela agricultura com o plantio de arroz, feijão, mandioca e milho. A soja ainda não faz parte da nossa cultura, porém estamos aprendendo com as novas tecnologias. Temos que nos adaptar para aumentar a produção".
Questionado sobre a relação dos indígenas com a soja, Marcolino disse que ela é uma cultura que não está incorporada, mas que pretendem cultivá-la. "Temos pessoas das aldeias que estão na universidade. Eles estudam para aprender. Quem sabe daqui a alguns anos chegamos lá".
Como era de se esperar, Marcolino abordou uma questão muito importante: os conflitos de terras. Em relação ao tratamento desta questão, ele disse:
"Quando alguém me faz uma pergunta dessa fico pensando. Pelas leis, fizeram um decreto, em 1775, que somos índios. Agora estão sendo esses invasores favoráveis a esse decreto de 1775. Vamos supor que um índio invada essas terras. Ele está invadindo o que o dele, mas só que o indio não faz esse tipo de coisa. Estamos tentando descobrir o que já foi perdido e o que perdemos. Quem sabe daqui alguns anos, vamos resgatar o que nos foi sequestrado. Hoje os índios não são iguais como os de antigamente. Muitos frequentam a universidade e entraram na política. Conhecemos as leis e lutamos pelo nosso povo", finaliza.
quinta-feira, 11 de dezembro de 2008
Bandeirantes no Guairá
O assédio dos bandeirantes, que passou a se intensificar a partir de 1628, tinha como objetivo capturar os índios para vendê-los como escravos a donos de canaviais e de engenhos de açúcar, pois a mão-de-obra escrava passou a ser mais escassa e mais valiosa, em vista do fechamento do porto de embarque de negros em Angola e do risco dos navios negreiros sofrerem ataques da pirataria oceânica.
Em 1580 os bandeirantes (Capitão Jerônimo Leitão) já capturavam índios na região para comercializá-los, investida que se repetiu em 1599, em 1602 (Nicolau Barreto), em 1606 (Diogo Quadros e Manoel Preto), em 1607 (Belchior Dias Carneiro), em 1610 (Clemente Alvares, Cristóvão Aguiar e Bras Gonçalves), em 1611 (Pedro Vaz de Barros), em 1612 (Sebastião Preto), em 1615 (Lázaro Costa).
Em 18/09/1628, saiu de São Paulo a maior de todas as bandeiras, com destino o Guairá, composta por 2.000 índios tupis, 900 mamelucos e 69 paulista, tendo no comando o mestre-de-campo Manoel Preto e como imediato Antônio Raposo Tavares, auxiliados por Antônio Pedro Brás Leme, Pedro Vaz de Barros, Salvador Pires de Medeiros e André Fernandes. Também acompanharam a bandeira padres seculares.
Em janeiro de 1629, a bandeira chegou na região e atacou sucessivamente às reduções San Miguel, San Antonio, Jesus Maria, Encarnacion, San Javier e San Jose. Nessa investida foram mortos em torno de 15 mil índios e escravizados perto de 60 mil, para serem vendidos em São Paulo e em capitanias do norte. Com isso a oferta de mão-de-obra indígina foi tanta, que o preço de cada índio no mercado baixou de 100$000 para 20$000.
Os índios, que não foram aprisionados ou mortos nessa investida, debandaram pelo sertão ou atravessaram o rio Paraná, espalhando-se pela região onde hoje se localizam o Mato Grosso e o Paraguai.
Depois desses ataques, por recomendação do provincial Padre Francisco Vasques Trujillo, os jesuítas reuniram-se em conselho e resolveram abandonar o Guairá, sendo atribuído aos padres Montoya, Dias Tanho, Simão Maceta e Pedro Álvarez a tarefa de dirigir o êxodo. Além desses padres, haviam outros três que auxiliaram na transmigração.
Dos índios que tinham debandado, 7.000 voltaram e se incorporam aos outros 5.000 que viviam nas reduções de Loreto e San Inácio, ainda não atacadas pelos bandeirantes, somando 12.000 almas, prontas para a mudança.
Em pouco tempo 700 jangadas e numerosas canoas estavam às margens do Paranapanema e puseram-se a enfrentar as inúmeras cachoeiras e tantos outros perigos, inicialmente no Paranapama e depois do rio Paraná (com portugueses paulistas ao seu encalço e espanhóis atacando pelas margens).
Quando chegaram nas cataratas de Guairá (Sete Quedas - Salto Grande), passaram também a andar a pé. Nessa altura já estavam quase sem comida e com tantas outras privações.
A fadiga, os obstáculos cada vez maiores, as doenças, o sofrimento, as pessoas idosas, os acidentes, passaram a provocar um desalento muito grande em todos.
Sobreveio a fome, com todos os seus horrores, pois nada encontravam ou tinham para satisfazê-la. Então, passaram a comer as sementes que transportavam, os brotos das que germinavam, couro de vaca já seco, cobras, sapos e tudo mais que encontravam e que servia de alimento.
A desesperança tomou conta de todos e para piorar uma epidemia baixou sobre todos os retirantes, matando 2.000 mil índios, depois de tomarem o sacramento. Em vista disso, 6.000 debandaram, sobrando apenas 4.000 dos que tinham iniciado a viagem.
A situação só se amenizou quando encontraram, nas margens do rio que navegavam, uns aipos que cresciam até um metro de altura, de gosto salgado, mas comestíveis. Esses aipos, conforme iam sendo arrancados, logo rebrotavam, saciando provisoriamente a fome de todos.
Nessa altura novos recursos passaram a chegar, pois os padres do baixo Paraná lhes socorreram com gado bovino, que foi colocadoà disposição dos famintos.
Com a chegada de nova estação de plantio, os índios passaram a cultivar a terra e garantir futuras colheitas de milho, feijão, mandioca, batata e algodão.
Na época os padres também conseguiram arregimentar um rebanho com 1.800 ovelhas, para produção de lã, além de plantéis de porcos, patos, galinhas e pombos que se formaram, voltando a abundância para esse povo que sofrera tantas privações.
Era o ano de 1631. Um templo foi erigido, grande e belo, e a vida dos antigos cristãos do Guairá voltava ao normal, agora nas margens do rio Paraná, onde hoje é a Argentina, que recebeu as reduções com os mesmos nomes de San Inacio Mini e Loreto.
Em meados do século XVII, já não havia mais espanhóis no Guairá. A ocupação que durara cerca de um século, desde 1542, quando o Adelantado Don Alvar Nuñes Cabeza de Vaca, após desembarcar na costa catarinense, percorreu rios e planaltos paranaense, utilizando-se principalmente do caminho do Peabiru, com duzentos homens, rumo a Assunção, até o fim dos anos 1640, quando os bandeirantes acabaram de destruir os povoados espanhóis que lá permaneciam - Villa Rica e Ciudad Real del Guairá, época que coincide com a ocupação efetiva do litoral paranaense pelos portugueses.
Da localização das reduções e povoados do Guairá hoje pouco se sabe. Graças aos trabalhos de pesquisadores e arqueólogos do Museu Paranaense e da Universidade Federal do Paraná, conhece-se a localização da Villa Rica del Espiritu Santo e dos povoados missioneiros de Nossa Senhora de Loreto, San Inácio Mini e San Pablo, dos quais ainda existem vestígios.
Em 1580 os bandeirantes (Capitão Jerônimo Leitão) já capturavam índios na região para comercializá-los, investida que se repetiu em 1599, em 1602 (Nicolau Barreto), em 1606 (Diogo Quadros e Manoel Preto), em 1607 (Belchior Dias Carneiro), em 1610 (Clemente Alvares, Cristóvão Aguiar e Bras Gonçalves), em 1611 (Pedro Vaz de Barros), em 1612 (Sebastião Preto), em 1615 (Lázaro Costa).
Em 18/09/1628, saiu de São Paulo a maior de todas as bandeiras, com destino o Guairá, composta por 2.000 índios tupis, 900 mamelucos e 69 paulista, tendo no comando o mestre-de-campo Manoel Preto e como imediato Antônio Raposo Tavares, auxiliados por Antônio Pedro Brás Leme, Pedro Vaz de Barros, Salvador Pires de Medeiros e André Fernandes. Também acompanharam a bandeira padres seculares.
Em janeiro de 1629, a bandeira chegou na região e atacou sucessivamente às reduções San Miguel, San Antonio, Jesus Maria, Encarnacion, San Javier e San Jose. Nessa investida foram mortos em torno de 15 mil índios e escravizados perto de 60 mil, para serem vendidos em São Paulo e em capitanias do norte. Com isso a oferta de mão-de-obra indígina foi tanta, que o preço de cada índio no mercado baixou de 100$000 para 20$000.
Os índios, que não foram aprisionados ou mortos nessa investida, debandaram pelo sertão ou atravessaram o rio Paraná, espalhando-se pela região onde hoje se localizam o Mato Grosso e o Paraguai.
Depois desses ataques, por recomendação do provincial Padre Francisco Vasques Trujillo, os jesuítas reuniram-se em conselho e resolveram abandonar o Guairá, sendo atribuído aos padres Montoya, Dias Tanho, Simão Maceta e Pedro Álvarez a tarefa de dirigir o êxodo. Além desses padres, haviam outros três que auxiliaram na transmigração.
Dos índios que tinham debandado, 7.000 voltaram e se incorporam aos outros 5.000 que viviam nas reduções de Loreto e San Inácio, ainda não atacadas pelos bandeirantes, somando 12.000 almas, prontas para a mudança.
Em pouco tempo 700 jangadas e numerosas canoas estavam às margens do Paranapanema e puseram-se a enfrentar as inúmeras cachoeiras e tantos outros perigos, inicialmente no Paranapama e depois do rio Paraná (com portugueses paulistas ao seu encalço e espanhóis atacando pelas margens).
Quando chegaram nas cataratas de Guairá (Sete Quedas - Salto Grande), passaram também a andar a pé. Nessa altura já estavam quase sem comida e com tantas outras privações.
A fadiga, os obstáculos cada vez maiores, as doenças, o sofrimento, as pessoas idosas, os acidentes, passaram a provocar um desalento muito grande em todos.
Sobreveio a fome, com todos os seus horrores, pois nada encontravam ou tinham para satisfazê-la. Então, passaram a comer as sementes que transportavam, os brotos das que germinavam, couro de vaca já seco, cobras, sapos e tudo mais que encontravam e que servia de alimento.
A desesperança tomou conta de todos e para piorar uma epidemia baixou sobre todos os retirantes, matando 2.000 mil índios, depois de tomarem o sacramento. Em vista disso, 6.000 debandaram, sobrando apenas 4.000 dos que tinham iniciado a viagem.
A situação só se amenizou quando encontraram, nas margens do rio que navegavam, uns aipos que cresciam até um metro de altura, de gosto salgado, mas comestíveis. Esses aipos, conforme iam sendo arrancados, logo rebrotavam, saciando provisoriamente a fome de todos.
Nessa altura novos recursos passaram a chegar, pois os padres do baixo Paraná lhes socorreram com gado bovino, que foi colocadoà disposição dos famintos.
Com a chegada de nova estação de plantio, os índios passaram a cultivar a terra e garantir futuras colheitas de milho, feijão, mandioca, batata e algodão.
Na época os padres também conseguiram arregimentar um rebanho com 1.800 ovelhas, para produção de lã, além de plantéis de porcos, patos, galinhas e pombos que se formaram, voltando a abundância para esse povo que sofrera tantas privações.
Era o ano de 1631. Um templo foi erigido, grande e belo, e a vida dos antigos cristãos do Guairá voltava ao normal, agora nas margens do rio Paraná, onde hoje é a Argentina, que recebeu as reduções com os mesmos nomes de San Inacio Mini e Loreto.
Em meados do século XVII, já não havia mais espanhóis no Guairá. A ocupação que durara cerca de um século, desde 1542, quando o Adelantado Don Alvar Nuñes Cabeza de Vaca, após desembarcar na costa catarinense, percorreu rios e planaltos paranaense, utilizando-se principalmente do caminho do Peabiru, com duzentos homens, rumo a Assunção, até o fim dos anos 1640, quando os bandeirantes acabaram de destruir os povoados espanhóis que lá permaneciam - Villa Rica e Ciudad Real del Guairá, época que coincide com a ocupação efetiva do litoral paranaense pelos portugueses.
Da localização das reduções e povoados do Guairá hoje pouco se sabe. Graças aos trabalhos de pesquisadores e arqueólogos do Museu Paranaense e da Universidade Federal do Paraná, conhece-se a localização da Villa Rica del Espiritu Santo e dos povoados missioneiros de Nossa Senhora de Loreto, San Inácio Mini e San Pablo, dos quais ainda existem vestígios.
Éramos para ser Paraguaios?
Essa parte da história do Paraná não encontramos nos livros brasileiros. Porque será? Onde hoje vivemos, na região de Londrina, estava localizada a região do Guairá. Sua delimitações eram os rios Iguaçu (ao sul), Paraná (oeste), Paranapanema (norte) e o Tibagi (leste).
Seu nome teve origem num poderoso cacique guarani que dominava todo o território entre o rio Iguaçu e o Paranapanema, incluíndo o sul do Mato Grosso do Sul. Guairacá, como era conhecido, enfrentou e derrotou os espanhóis (Irala, Ñuflo Chavez, Alonso Riquielme, Garay, Hernandarias) nos séculos XVI e XVII (o que evidencia a possibilidade de ter existido mais de um cacique com esse nome), a quem é atribuída a frase "Co ivi oguerocó yara", que em guarani significa "Esta terra tem dono", duzentos anos antes da morte de Sepé Tiaraju.
Em 1554, por determinação de Domingos Martinez Irala, Governador do Paraguai, seu comandado, Garcia Rodrigues de Vergara, acompanhado de 60 espanhóis, fundou o primeiro povoado no Guairá, que foi denominado Ontiveros (mesmo nome da cidade natal de Irala, localizada na Espanha), uma légua acima dos saltos de Sete Quedas (a grande cachoeira), na margem esquerda do Rio Paraná, que logo seria completamente abandonado. Em 1556, Irala confiou ao capitão Ruy Diaz Melgarejo a fundação de outro vilarejo naquela região, a quem foi dado o nome de Ciudad Real del Guairá, instalado na foz do rio Piquiri, no rio Paraná. Seus primeiros habitantes somaram perto de cem espanhóis, originados de Assunção e Ontiveros, que, com isso, desapareceu.
Diferentemente do que ocorreu com Ontiveros, a Ciudad Real progrediu. Ali foi incentivado o plantio de gêneros alimentícios diversificados, a criação de animais e a exploração da erva-mate nativa, que chegou a ser comercializada anos mais tarde com algumas reduções jesuíticas do Rio Grande do Sul.
A Leste de Ciudad Real, em fevereiro de 1570, o capitão Melgarejo decidiu fundar uma nova comunidade, num lugar que imaginava existir ouro, porém próximo do povoado o único metal encontrado foi o ferro. Acompanhado de 40 homens e 53 cavalos, há 60 léguas da Ciudad Real, em terras do cacique Coraciberá, estabeleceu Villa Rica del Espiritu Santo. Lá mandou erigir uma cruz e uma igreja, ordenando a construção de uma fortaleza com cerca de 70 metros de comprimento por 10 de largura. Depois de traçar a estrutura urbana do povoado, o capitão repartiu entre os espanhóis terrenos para construção de casas dentro da vila e chácaras.
Em 1592, depois de mudar pelo menos três vezes de lugar, houve a transferência da Villa Rica, por ordem do capitão Guzman, para junto do rio Corumbataí, no Ivaí, onde se fixou.
A evangelização na região iniciou em 1588. O jesuíta Manuel Ortega, acompanhado por Tomas Fields, durante 16 anos, com algumas interrupções, atuou na Ciudad Real del Guaira, na Villa Rica, na bacia do rio Ivai até Santiago del Xerez, no Itatim. A primeira carta ânua do Padre Diogo de Torres, de 17/05/1609, registra que o Padre Ortega, no tempo em que andou pela região, batizou 22.000 índios, sendo considerado o primeiro evangelizador do Guairá.
Em fim de 1603 ou no início de 1604, o Padre Ortega foi chamado pela Inquisição de Lima e, ali chegando, foi preso em cárcere secreto, vítima de acusação feita em Villa Rica, a de violar o sigilo da confissão. Ortega somente foi liberado em 1606, quando o delator, um notário público daquela comunidade, arrependido, assumiu que o caluniara. Após esse período de prisão, ao Padre Ortega foi confiada uma difícil missão, de pregar para os índios Chiriguanos, no distrito de Tarija, no Peru, os que mais resistiam à envagilização e indomáveis às armas espanholas. Em 1622, com 42 anos de trabalho na Companhia, o Padre Manoel Ortega faleceu no Colégio de Chuquisaca.
A Província do Paraguai foi fundada em 1607 e, depois de 5 anos de ausência no Guairá, foi em fins de 1609, a pedido do Governador Hernando Arias de Saavedra, dirigido ao Padre Diogo de Torres, Provincial da Companhia de Jesus, que os Jesuítas voltaram para a região. Os Padres Joseph Cataldino e Simão Maceta para lá se dirigiram em 08/12/1609 e reiniciaram as catequeses nos povoados de Ciudad Real e Villa Rica Del Spiritu Santo e juntos aos índios naquela extensa região.
Em novembro de 1610, os jesuítas Cataldino e Maceta chegaram às margens do rio Paranapanema, por intermédio do sertão de Apuracarana, navegando pelo rio Pirapó, até a sua foz, e no encontro desses rios ergueram uma cruz e uma pequena igreja, em homenagem à Nossa Senhora de Loreto (área rural do atual município de Itaguajé-PR).
Após alguns dias de permanência no novo local, perceberam que nos arredores havia 25 aldeias indígenas, com cerca de 2.000 índios, com os quais poderiam estabelecer uma redução. A capela recém construída foi transformada em embrião de um novo povoado, que se tornou a capital das missões do Guairá.
Os Padres Cataldino e Maceta, ao tomarem conhecimento da existência de mais índios na região, seguiram o curso do Paranapanema e fundaram, onze quilômetros rio acima, a Redução de San Inácio Mini (Santo Inácio Menor), em 1611, na aldeia Ipaucumbu, na foz do rio denominado Santo Inácio, atual área rural do município de Santo Inácio/PR (essa redução abrigou o maior número de indígenas de todas as construídas no Guairá. Em 1620 contava com 8.000 almas).
Em princípios de 1612 se juntaram aos dois, os Padres Martin Javier Urtazu e Antônio Ruiz de Montoya, este iria se tornar, em poucos anos, o grande motivador e construtor das Reduções do Guairá, das quais, em 1620, foi nomeado Superior.
A pobreza e a falta de recursos materiais, principalmente de comida, dificultava muito a prática reducional. Inúmeros são os relatos sobre a adaptação que os jesuítas tiveram de fazer em relação à falta de alimentos, que tiveram que se habituar a comer o que os índios lhe davam (farinha de mandioca, batatas doce, bananas, abóboras e eventualmente carne de pequenas caças que recebiam). Quando da chegada dos padres Montoya e Martin, a miséria era tanta que Montoya registrou que não chegava a distinguir o remendo do pano original da batina dos jesuítas Cataldino e Maceta. Foram essas dificuldades que motivaram a morte do Padre Martin, de fome.
Com a morte desse Jesuíta, não foi possível aos padres restantes ampliar a área de atividade, que concentraram seus esforços no desenvolvimento e funcionamento de Loreto e San Ignacio.
Somente a partir do momento em que o Padre Montoya assumiu a direção dos trabalhos no Guairá, em 1622, é que os jesuítas voltaram a expandir suas catequeses. Nessa época atuavam na região os Padres Montoya, como Superior, José Cataldino, Simão Maceta, Juan Vaseo, Diego Salazar, Francisco de Ortega, Francisco Diaz Taño e Cristobal de Mendoza. Em seis anos, sob a liderança do novo Superior, foram fundadas mais onze povos sonsolidados (totalizando 13, que somados à redução de Santa Maria Maior, no rio Iguaçú, chegaram a 14, no Guairá):
San Francisco Javier, fundada em 1622, pelos Padres Antônio de Montoya e Simão Maceta, nas nascentes rio Tibagi (nascente do Tibaxiba, na aldeia Ibitirembatá, do cacique Ybyty, distante menos de 30 léguas do povoado de Villa Rica, possivelmente entre as atuais cidades de Santa Cecília do Pavão, Irerê e Londrina. Na redução ficou o Padre Maceta, enquanto Montoya continuou avançando.
San Jose, fundada em 1625, pelo Padre Antônio de Montoya, na margem esquerda do Tibagi, na aldeia Tucuti, dos índios Camperos, na passagem para a Redução de São Francisco Javier, possivelmente nas imediações dos atuais municípios de Bela Vista do Paraíso e Sertanópolis. Esse povoado foi fundado com a intenção de abrir um novo caminho que facilitasse a interligação e fosse um ponto de parada entre San Ignacio e San Francisco Xavier. Sobre ela Montoya escreveu "buscamos um posto, o estabelecemos por gosto do cacique principal junto a um riacho que desemboca no Tibagi, pelo qual será fácil a comunicação com a Redução de San Francisco Javier". Esse lugar quase foi abandonado, em vista da grande fome que o assolou. O Padre Francisco Ortega, cura da Redução, chegou a apelar para o Provincial para resolver esse problema.
Encarnación, fundada em 1625, pelo Padre Antônio de Montoya, na margem esquerda do Tibagi, na aldeia Ibatingui (ou Nhutingui), próxima do atual município de Telêmaco Borba, num trecho de solo fértil, rodeado por Araucárias, regado por um rio cristalino, que possibilitou a exploração de uma ampla variedade de hortaliças e milho. A fertilidade do local possibilitou que os jesuítas formassem um grande vinhedo, com três mil mudas. A redução foi formada com índios denominados de cabelludos, camperos ou coroados.
San Miguel, fundada em 1626, pelos Padres Montoya e Mendoza, no monte Ybytyrú, na margem direita do Tibagi, nas terras de Pataguirusú Oybytycoi, próxima da redução de Encarnación, provavelmente na região do noroeste de Castro e Ponta Grossa.
San Pablo, fundada no final de 1626/início de 1627, pelos Padres Antônio Montoya e Simon Maceta, na margem esquerda do Ivai (Yñ-é-Y), na aldeia Iguacura, do cacique Güyrebera, há dois dias de marcha da redução de Encarnacion e também dois dias da San Francisco Javier, próxima de Villa Rica, em local hoje desconhecido, no centro do Paraná. Apesar do otimismo de Montoya, quando fundou esse povoado, este apresentou sérias dificuldades para o experiente Padre Simon Maceta, que dela ficou responsável. As constantes investidas dos encomenderos espanhóis e bandeirantes portugueses obrigaram os jesuítas a adotarem medidas defensivas como, por exemplo, a construção de paliçadas para a defesa.
San Pedro, fundada em 1627, pelo Padre Antônio de Montoya, algumas léguas à leste do Tibagi, possivelmente nas imediações dos atuais municípios de Ivaiporã, Manoel Ribas e Grandes Rios;
Arcangeles ou Los Angeles, fundada em 1627, pelo Padre Antônio de Montoya e Salazar, na margem esquerda do Corumbatai; à direita dos rios dos Fachinais (origem: aldeia Taioba, dos índios caingangues e Cabeludos, em local isolado e de difícil acesso no centro do Estado, possivelmente ao leste do atual município de Ivaiporã). Somente depois de dois anos de tentativas é que Montoya conseguiu estabelecer essa Redução, pois eram terras do temido cacique Taiaoba, um dos principais da região do Guairá, que liderava antropófagos, gente muito guerreira, terror dos espanhóis. Nas proximidades dessa redução foi que Montoya encontrou vestígios da passagem de habitantes do Brasil, quando da fundação de Assunção, pelo Caminho do Peabiru.
San Antonio, fundada em 1627, pelo Padre Antônio de Montoya, na margem direita do Ivai, possivelmente nas imediações dos atuais municípios de Ivaiporã, Manoel Ribas e Grandes Rios.
Concepción, fundada em 1627, pelo Padre Antônio de Montoya e Diaz Taño, à direita do rio Iguaçu, próxima da nascente do Corumbatai, em terras dos Guananas, do cacique Co-Ën, na aldeia Ipiturapin. Ao sul de Villa Rica, próximo do Tombo, das minas de ferro.
San Tome, fundada em 1628, pelo Padre Antônio de Montoya, ao leste do rio Corumbatai, na aldeia do Cacique Pindobá, esta constituída de mais de 1.000 famílias, à esquerda dos rio dos Fachinais, afluente do Ivai (índios guaianazes/tapuias), próxima da Arcangeles, possivelmente nas imediações de Ivaiporã, Manoel Ribas e Grandes Rios.
Jesus Maria, fundada entre 1629 e 1630, a última do Guairá, pelos Padres Antônio de Montoya e Mendoza, na margem direita do Ivai ("nascente do Huybay" ), entre Arcangeles e San Antonio, possivelmente entre os portos Planaltina e São Carlos.
Santa Maria Maior, fundada em 1626, no rio Icarai, na margem direita do Rio Iguaçu e a esquerda do Paraná, bem afastada das demais, pelos Padres Diogo de Boroa e Cláudio Royer. Assolada pelos paulistas em 1633, transladou-se para as imediações do antigo povo dos Mártires, donde passou para melhor situação, à meia légua da margem direita do rio Uruguai.
A literatura que cita a existência de outras reduções além das que constam acima. O mapa de Juan de la Cruz Cano Y Olmedilla, cartógrafo do Rei da Espanha, de 1775, assinala também outras reduções no Guairá, como, por exemplo, Copacabana, no rio Piquiri; e Tambo, no rio Piquiri.
Outros autores acrescentam mais as reduções de Santana, no rio Ivai (transferida a população para a redução Los Angeles); Assiento de la Iglesia, no rio Ivai; e São Roque Evangelista, no rio Ivai.
Muito provavelmente essas últimas foram tentativas de consolidação de povoados indíginas, embriões das reduções jesuíticas, que não prosperaram.
Nas reduções de Loreto e San Ignacio Mini foram construídos templos melhores do que os que existiam em Assunção, na época. As igrejas contavam com órgãos e corais de índios, possuíam absides triplos e altares com retábulos pintados. Em ambos os lados das naves centrais das igrejas existiam filas de colunas com pedestais e capitéis, com pórticos e muitos ornamentos trabalhados em cedro.
Esses povoados dispunham-se em forma quadrangular, com ruas retas e casas funcionais. Cada residência tinha pátio com galinheiros. Nos campos cultivavam cereais e algodão, este utilizado pelos índios para a confecção de grande variedade de tecidos. Nas elevações viam-se bandos de ovelhas e cabras e nos currais vacas e mulas.
Os próprios jesuítas desempenhavam as funções de vinhateiros, carpinteiros, pedreiros e arquitetos, transmitindo aos indígenas os seus conhecimentos.
Até 1628, quando os bandeirantes de Piratininga passaram a atacar com mais freqüência as reduções do Guairá, elas prosperavam nos vales dos rios Tibagi, Ivai, Piquiri e Iguaçu, somando perto de 100 mil índios reduzidos.
Os Índios Kaingáng
Os índios kaingángs formam um numeroso grupo indígena do Brasil Meridional. Pertencentes ao tronco lingüístico Jê, eles são descendes dos índios Guayaná e ocupam os estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, representando um contingente populacional de 25 mil pessoas.
Habitantes dessa parte do Brasil, mesmo antes da chegada do homem branco, os kaingangs foram pacificados no período de 1770 a 1930, tendo seus territórios expropriados, perdendo sua autonomia como grupo e seus territórios de caça e pesca. Neste periodo, viviam em florestas e eram arredios à civilização.
Atualmente, os kaingangs vivem essencialmente de três atividades: A agricultura de subsistência, o assalariamento temporário e o artesanato, que são ornamentados e coloridos com tintas industrializadas. As mulheres que detem o saber e a técnica dos trançados, ensinado suas filhas todo o conhecimento sobre esta arte. Habilidosos na produção de cestos e balaios, desde o final do século 19, os objetos artesanais dos Kaingangs tem sido uma alternativa de renda para as familias, além das mulheres cuidarem dos afazeres domésticos e da educação dos filhos, cabendo a meninas a responsabilidade de cuidar dos irmãos mais novos.
A alimentação dos índios kaingangs, era a base de milho e dele, era produzido várias comidas e bebidas, como o kiki, uma espécie de milho fermentado, mistudo com água e mel, que era servido nas festas e rituais indígenas, que tinham muita carne de aves, anta e queixada. Quando mortos, os animais eram moqueados para que se ficassem conservados por bastante tempo. Além dessa técnicas, os índios preparam animais maiores em buracos no chão revestidos com pedras. O fogo, era feito dentro do buraco até as pedras se tornatrem incandescentes, então as cinzas e as brasas eram removidas, e as pedras recobertas com folhas. Por cima era colocada a carne envolta com folhas. Outro alimento importante que os kaingangs utilizavam na sua alimentação era o pinhão. Vale ressaltar que em sua cultura, os produtos pertencem a quem os obteve, mas no momento do consumo, pelas regras de reciprocidade, a produção chega a todas as pessoas.
Outro ponto que marca a cultura kaingang, é que eles preservam a sua língua, sendo que todos os índios da reserva do Apucaraninha, que fica em Londrina, são bilingues, falando o Portugues e o kaingang. Aparentemente, os kaingangs atuais vivem de modo muito semelhante aos não índios e é como se tivessem perdido seus valores antigos e suas tradições, os quais entretanto, permanecem nas camadas mais profundas que orientam todas as suas práticas cotidianas e rituais. Quando se dirigem às matas para caçar ou aos rios para pescar, os kaingangs acionam seus sistemas sociais e simbólicos que orientam e regulam suas relações com os espíritos guardiões das matas e dos rios, com os espíritos dos mortos que podem estar à espreita para fazer contato com um parente vivo.
Desde 1910, procura-se demarcar as terras indígenas no Brasil. Mas o processo nunca foi concluido. Em toda a história, os povos indígenas tem sido expropriados de seus territórios por interesses do capitalismo. Os modos de produção dos povos indígenas são diferentes, tradicionalmente não objetivam a acumulação. Em 1988, com a advinda da nova Constituição, foi definido um prazo de cinco anos para a tal demarcação das terras indígenas. Esgotado o prazo dessa determinação constitucional, em 1993, as terras ainda não estão demarcadas. O território é fator básico na produção e reprodução física, material e simbólica dos grupos indígenas. A identificação, delimitação e demarcação de territórios indígenas exigem conhecimento especifico, uma vez que cada sociedade define e utiliza de maneira muito própria o seu meio ambiente. É preciso garantir aos povos indígenas o direito sobre as terras que ocupam, promovendo a identificação, demarcação, regularização, desintrusão, registro e fiscalização das mesmas, assegurando-lhe a posse e o usufruto exclusivo das riquezas naturais e de todas as utilidades nelas existentes.
Habitantes dessa parte do Brasil, mesmo antes da chegada do homem branco, os kaingangs foram pacificados no período de 1770 a 1930, tendo seus territórios expropriados, perdendo sua autonomia como grupo e seus territórios de caça e pesca. Neste periodo, viviam em florestas e eram arredios à civilização.
Atualmente, os kaingangs vivem essencialmente de três atividades: A agricultura de subsistência, o assalariamento temporário e o artesanato, que são ornamentados e coloridos com tintas industrializadas. As mulheres que detem o saber e a técnica dos trançados, ensinado suas filhas todo o conhecimento sobre esta arte. Habilidosos na produção de cestos e balaios, desde o final do século 19, os objetos artesanais dos Kaingangs tem sido uma alternativa de renda para as familias, além das mulheres cuidarem dos afazeres domésticos e da educação dos filhos, cabendo a meninas a responsabilidade de cuidar dos irmãos mais novos.
A alimentação dos índios kaingangs, era a base de milho e dele, era produzido várias comidas e bebidas, como o kiki, uma espécie de milho fermentado, mistudo com água e mel, que era servido nas festas e rituais indígenas, que tinham muita carne de aves, anta e queixada. Quando mortos, os animais eram moqueados para que se ficassem conservados por bastante tempo. Além dessa técnicas, os índios preparam animais maiores em buracos no chão revestidos com pedras. O fogo, era feito dentro do buraco até as pedras se tornatrem incandescentes, então as cinzas e as brasas eram removidas, e as pedras recobertas com folhas. Por cima era colocada a carne envolta com folhas. Outro alimento importante que os kaingangs utilizavam na sua alimentação era o pinhão. Vale ressaltar que em sua cultura, os produtos pertencem a quem os obteve, mas no momento do consumo, pelas regras de reciprocidade, a produção chega a todas as pessoas.
Outro ponto que marca a cultura kaingang, é que eles preservam a sua língua, sendo que todos os índios da reserva do Apucaraninha, que fica em Londrina, são bilingues, falando o Portugues e o kaingang. Aparentemente, os kaingangs atuais vivem de modo muito semelhante aos não índios e é como se tivessem perdido seus valores antigos e suas tradições, os quais entretanto, permanecem nas camadas mais profundas que orientam todas as suas práticas cotidianas e rituais. Quando se dirigem às matas para caçar ou aos rios para pescar, os kaingangs acionam seus sistemas sociais e simbólicos que orientam e regulam suas relações com os espíritos guardiões das matas e dos rios, com os espíritos dos mortos que podem estar à espreita para fazer contato com um parente vivo.
Desde 1910, procura-se demarcar as terras indígenas no Brasil. Mas o processo nunca foi concluido. Em toda a história, os povos indígenas tem sido expropriados de seus territórios por interesses do capitalismo. Os modos de produção dos povos indígenas são diferentes, tradicionalmente não objetivam a acumulação. Em 1988, com a advinda da nova Constituição, foi definido um prazo de cinco anos para a tal demarcação das terras indígenas. Esgotado o prazo dessa determinação constitucional, em 1993, as terras ainda não estão demarcadas. O território é fator básico na produção e reprodução física, material e simbólica dos grupos indígenas. A identificação, delimitação e demarcação de territórios indígenas exigem conhecimento especifico, uma vez que cada sociedade define e utiliza de maneira muito própria o seu meio ambiente. É preciso garantir aos povos indígenas o direito sobre as terras que ocupam, promovendo a identificação, demarcação, regularização, desintrusão, registro e fiscalização das mesmas, assegurando-lhe a posse e o usufruto exclusivo das riquezas naturais e de todas as utilidades nelas existentes.
terça-feira, 9 de dezembro de 2008
Casos recentes de pedofilia abalam a sociedade
Conselho Tutelar orienta que pais devem estar próximos aos filhos
Na manhã de cinco de novembro, um fato gerou revolta e comoção no Paraná: o corpo da criança Raquel Genofre, de nove anos, foi encontrado numa mala, na Rodoferroviaria de Curitiba. Fontes da Policia Militar indicam que havia sinais de violência sexual e estrangulamento. Jorge Luiz Pedroso Cunha, já condenado por estupro e assassinato, foi preso em Itajaí, mas exames de DNA confirmam que ele não foi o autor do crime. Mesmo assim, Cunha ficou detido por ter cometido outros crimes no litoral. A garota Raquel, apesar da idade, conhecia várias pessoas, virtualmente através da internet e, mantinha uma página no site de relacionamento Orkut. O acontecimento deixou muitos pais chocados e o Zona Norte traz a tona o debate e dicas de segurança sobre o uso e controle da internet para as crianças.
O Conselho Tutelar da Zona Norte, alerta que os fami liares devem ficar atentos e observar com quem seus filhos conversam e o conteúdo abordado no Orkut e MSN. Segundo a conselheira Fernanda Tássia de Oliveira, a falsidade ideológica e o uso da má fé são constantes e infelizmente muitos usam a web para a sedução de menores. Ela afirma que os pais devem manter uma comunicação constante com os filhos e em casos mais graves, imprimir as conversas para que sejam encaminhadas ao Conselho Tutelar. "Isso não é invasão de privacidade. Os pais devem mexer no Orkut dos filhos como medida de cuidado e precaução. A internet é uma realidade virtual e a criança não está preparada para a responsabilidade de alguns conteúdos que acessa". Fernanda diz isso, ao saber que muitos familiares delegam confiança a filhos pequenos, mesmo quando não há amadurecimento ou não estão preparados para tamanha autonomia. Para evitar que se envolva com desconhecidos, ela orienta que os pais devem saber e conhecer quem são os melhores amigos dos filhos na escola, na internet e nas brincadeiras de rua.
Segundo a Conselheira Tutelar Leoni Alves Garcia, o melhor é a atenção e a conversa, mostrando aos filhos que seus melhores amigos são seus pais, que estão dentro de casa. "Cabe aos pais demonstrar a amizade através do sentimento de confiança. Isso não se dá por surras, mas pela conversa". Ela ressalta que, devido à vontade de manter um padrão social, os familiares se afastam das crianças, sendo a falta de diálogo substituída pelas beneficies materiais. "Mesmo que se de tudo aos filhos, deve existir o afeto e o bom relacionamento. A troca do carinho pelos bens de consumo atrapalha." Outras medidas é sempre estarem atentos as amizades, estar presente e oferecer propostas. No caso da internet, mostrar sites educativos e oficiais, como o do SESC ou TV Cultura
Suspeitas e confirmação de abuso devem ser encaminhados ao Conselho Tutelar
Leoni diz que a escola e as instituições de educação, devem prestar atenção e observar sintomas anormais no comportamento das crianças. Se a mesma demonstrar apatia, agressividade e se afastar dos amigos, é sinal que algo errado pode estar acontecendo. O educador deve ter um diálogo adequado e através de metáforas, desenhos e observações, deve elucidar os problemas. Se algo for descoberto, ele tem que procurar o Conselho Tutelar, o Centro de Referência Especializado de Atenção a Criança e Adolescentes Vitimas de Violência ou denunciar anonimamente pelo disque 100.
A psicóloga Cristina Watarai, do Centro de Referência, explica que são encaminhados para a instituição casos de abuso e v iolência triados pelos conselhos tutelares. "Existe uma equipe psico social que atende as vítimas e que tem por objetivo minimizar as seqüelas físicas e emocionais, como o medo, a vergonha, o sentimento de culpa e a mudança de comportamento. Acompanhamos a criança e a família", diz. Cristina afirma que mais de 50% dos casos de abuso sexual é cometido dentro de casa por familiares. "Num lar, onde o agressor foi o pai ou o padrasto, as mães se vêem fragilizadas. Cabe a nós o atendimento psico social e recursos lúdicos para que se superem os traumas e o sofrimento. São raros os casos onde o abuso foi cometido por desconhecidos", afirma. A favor de medidas mais severas para pedófilos, como a aprovada na Câmara dos Deputados, que prevê o aumento da pena, de seis para oito anos e com aumento em um terço, se o agressor comete o crime prevalecendo-se de relações domésticas ou de parentesco, a psicóloga comenta que os pais devem manter diálogos constantes com os filhos, além de existir uma relação de confiança onde os familiares devem estar presentes nas atividades. Outro ponto citado e de alerta é que se evite deixar as crianças sozinhas em casa, ou que fiquem com um responsável.
Alguns sintomas do abuso sexual
Sintomas
- Mal estar pela sensação de modificação no corpo e confusão de idade
- Regressão a comportamentos infantis, como choro excessivo sem causa aparente, micção noturna, chupar dedos, etc.
- Tristeza, abatimento profundo ou depressão crônica. Fraco controle de impulsos e comportamento autodestrutivo ou suicida.
- Comportamento agressivo, raivoso, principalmente dirigido contra os irmãos e um dos pais não incestuoso.
- Prática de delitos.
- Envolvimento em exploração sexual.
- Uso e abuso de substancias como álcool, drogas ilícitas e lícitas.
- Baixo nível de auto-estima e excessiva preocupação em agradar os outros.
- Culpa e autoflagelação.
- Ansiedade generalizada, comportamento tenso, sempre em estado de alerta e fadiga
- Freqüentes fugas de casa.
Sinais corporais
- Doenças sexualmente transmissíveis (DST´s incluindo AIDS) e outras enfermidades de causa psicológica e emocional (doenças psicossomáticas como a dor de cabeça).
- Dificuldades de caminhar ou sentar-se devido a lesões e dores na área vaginal ou anal.
- Roupa intima rasgada ou manchada de sangue.
- Gravidez precoce ou aborto.
- Ganho ou perca de peso. Aparência descuidada e suja pela relutância em trocar de roupa (visando afetar a atratividade do agressor).
- traumatismo físico ou lesões corporais, por uso de violência física.
Sexualidade
- Interesse ou conhecimento súbitos e não usuais sobre questões sexuais.
- Expressão de afeto sensualizada ou mesmo certo grau de provocação erótica, inapropriado para uma criança.
- Desenvolvimento de brincadeiras sexuais com amigos, animais ou brinquedos.
- Masturbar-se compulsivamente.
Desenhos de órgãos genitais com detalhes e características além de sua capacidade etária.
Conseqüências a longo prazo: São efeitos a longo prazo que podem variar de acordo com a idade do inicio do abuso; duração; grau ou ameaça de violência; diferença de idade entre agressor e vítima; grau de parentesco; etc.
- Seqüelas dos problemas físicos gerados pela violência sexual (doenças e gestações problemáticas).
- Dificuldade de ligação afetiva e amorosa.
- Dificuldades de manter uma vida sexual saudável ou tendências de hipersexualizar os relacionamentos sociais.
- Engajamento em trabalho sexual (exploração comercial infanto-juvenil).
- Viciação em substancias lícitas e ilícitas.
Fonte: Centro de Referência Especializado de Atenção a Criança e Adolescentes Vitimas de Violência
Serviço:
- Conselho Tutelar da Zona Norte: Avenida Francisco Gabriel Arruda, 628 (33780375 ou 9991-6752)
- Delegacia da Criança e do Adolescente: Rua Joel Braz de Oliveira, 103 (33342200)
- Centro de Referência Especializado de Atenção a Criança e Adolescentes Vitimas de Violência: Rua Ibiporã, 573 (33362003)
Sites:
TV Cultura: http://www.tvcultura.com.br/
SESC: http://www.sesc.com.br
Na manhã de cinco de novembro, um fato gerou revolta e comoção no Paraná: o corpo da criança Raquel Genofre, de nove anos, foi encontrado numa mala, na Rodoferroviaria de Curitiba. Fontes da Policia Militar indicam que havia sinais de violência sexual e estrangulamento. Jorge Luiz Pedroso Cunha, já condenado por estupro e assassinato, foi preso em Itajaí, mas exames de DNA confirmam que ele não foi o autor do crime. Mesmo assim, Cunha ficou detido por ter cometido outros crimes no litoral. A garota Raquel, apesar da idade, conhecia várias pessoas, virtualmente através da internet e, mantinha uma página no site de relacionamento Orkut. O acontecimento deixou muitos pais chocados e o Zona Norte traz a tona o debate e dicas de segurança sobre o uso e controle da internet para as crianças.
O Conselho Tutelar da Zona Norte, alerta que os fami liares devem ficar atentos e observar com quem seus filhos conversam e o conteúdo abordado no Orkut e MSN. Segundo a conselheira Fernanda Tássia de Oliveira, a falsidade ideológica e o uso da má fé são constantes e infelizmente muitos usam a web para a sedução de menores. Ela afirma que os pais devem manter uma comunicação constante com os filhos e em casos mais graves, imprimir as conversas para que sejam encaminhadas ao Conselho Tutelar. "Isso não é invasão de privacidade. Os pais devem mexer no Orkut dos filhos como medida de cuidado e precaução. A internet é uma realidade virtual e a criança não está preparada para a responsabilidade de alguns conteúdos que acessa". Fernanda diz isso, ao saber que muitos familiares delegam confiança a filhos pequenos, mesmo quando não há amadurecimento ou não estão preparados para tamanha autonomia. Para evitar que se envolva com desconhecidos, ela orienta que os pais devem saber e conhecer quem são os melhores amigos dos filhos na escola, na internet e nas brincadeiras de rua.
Segundo a Conselheira Tutelar Leoni Alves Garcia, o melhor é a atenção e a conversa, mostrando aos filhos que seus melhores amigos são seus pais, que estão dentro de casa. "Cabe aos pais demonstrar a amizade através do sentimento de confiança. Isso não se dá por surras, mas pela conversa". Ela ressalta que, devido à vontade de manter um padrão social, os familiares se afastam das crianças, sendo a falta de diálogo substituída pelas beneficies materiais. "Mesmo que se de tudo aos filhos, deve existir o afeto e o bom relacionamento. A troca do carinho pelos bens de consumo atrapalha." Outras medidas é sempre estarem atentos as amizades, estar presente e oferecer propostas. No caso da internet, mostrar sites educativos e oficiais, como o do SESC ou TV Cultura
Suspeitas e confirmação de abuso devem ser encaminhados ao Conselho Tutelar
Leoni diz que a escola e as instituições de educação, devem prestar atenção e observar sintomas anormais no comportamento das crianças. Se a mesma demonstrar apatia, agressividade e se afastar dos amigos, é sinal que algo errado pode estar acontecendo. O educador deve ter um diálogo adequado e através de metáforas, desenhos e observações, deve elucidar os problemas. Se algo for descoberto, ele tem que procurar o Conselho Tutelar, o Centro de Referência Especializado de Atenção a Criança e Adolescentes Vitimas de Violência ou denunciar anonimamente pelo disque 100.
A psicóloga Cristina Watarai, do Centro de Referência, explica que são encaminhados para a instituição casos de abuso e v iolência triados pelos conselhos tutelares. "Existe uma equipe psico social que atende as vítimas e que tem por objetivo minimizar as seqüelas físicas e emocionais, como o medo, a vergonha, o sentimento de culpa e a mudança de comportamento. Acompanhamos a criança e a família", diz. Cristina afirma que mais de 50% dos casos de abuso sexual é cometido dentro de casa por familiares. "Num lar, onde o agressor foi o pai ou o padrasto, as mães se vêem fragilizadas. Cabe a nós o atendimento psico social e recursos lúdicos para que se superem os traumas e o sofrimento. São raros os casos onde o abuso foi cometido por desconhecidos", afirma. A favor de medidas mais severas para pedófilos, como a aprovada na Câmara dos Deputados, que prevê o aumento da pena, de seis para oito anos e com aumento em um terço, se o agressor comete o crime prevalecendo-se de relações domésticas ou de parentesco, a psicóloga comenta que os pais devem manter diálogos constantes com os filhos, além de existir uma relação de confiança onde os familiares devem estar presentes nas atividades. Outro ponto citado e de alerta é que se evite deixar as crianças sozinhas em casa, ou que fiquem com um responsável.
Alguns sintomas do abuso sexual
Sintomas
- Mal estar pela sensação de modificação no corpo e confusão de idade
- Regressão a comportamentos infantis, como choro excessivo sem causa aparente, micção noturna, chupar dedos, etc.
- Tristeza, abatimento profundo ou depressão crônica. Fraco controle de impulsos e comportamento autodestrutivo ou suicida.
- Comportamento agressivo, raivoso, principalmente dirigido contra os irmãos e um dos pais não incestuoso.
- Prática de delitos.
- Envolvimento em exploração sexual.
- Uso e abuso de substancias como álcool, drogas ilícitas e lícitas.
- Baixo nível de auto-estima e excessiva preocupação em agradar os outros.
- Culpa e autoflagelação.
- Ansiedade generalizada, comportamento tenso, sempre em estado de alerta e fadiga
- Freqüentes fugas de casa.
Sinais corporais
- Doenças sexualmente transmissíveis (DST´s incluindo AIDS) e outras enfermidades de causa psicológica e emocional (doenças psicossomáticas como a dor de cabeça).
- Dificuldades de caminhar ou sentar-se devido a lesões e dores na área vaginal ou anal.
- Roupa intima rasgada ou manchada de sangue.
- Gravidez precoce ou aborto.
- Ganho ou perca de peso. Aparência descuidada e suja pela relutância em trocar de roupa (visando afetar a atratividade do agressor).
- traumatismo físico ou lesões corporais, por uso de violência física.
Sexualidade
- Interesse ou conhecimento súbitos e não usuais sobre questões sexuais.
- Expressão de afeto sensualizada ou mesmo certo grau de provocação erótica, inapropriado para uma criança.
- Desenvolvimento de brincadeiras sexuais com amigos, animais ou brinquedos.
- Masturbar-se compulsivamente.
Desenhos de órgãos genitais com detalhes e características além de sua capacidade etária.
Conseqüências a longo prazo: São efeitos a longo prazo que podem variar de acordo com a idade do inicio do abuso; duração; grau ou ameaça de violência; diferença de idade entre agressor e vítima; grau de parentesco; etc.
- Seqüelas dos problemas físicos gerados pela violência sexual (doenças e gestações problemáticas).
- Dificuldade de ligação afetiva e amorosa.
- Dificuldades de manter uma vida sexual saudável ou tendências de hipersexualizar os relacionamentos sociais.
- Engajamento em trabalho sexual (exploração comercial infanto-juvenil).
- Viciação em substancias lícitas e ilícitas.
Fonte: Centro de Referência Especializado de Atenção a Criança e Adolescentes Vitimas de Violência
Serviço:
- Conselho Tutelar da Zona Norte: Avenida Francisco Gabriel Arruda, 628 (33780375 ou 9991-6752)
- Delegacia da Criança e do Adolescente: Rua Joel Braz de Oliveira, 103 (33342200)
- Centro de Referência Especializado de Atenção a Criança e Adolescentes Vitimas de Violência: Rua Ibiporã, 573 (33362003)
Sites:
TV Cultura: http://www.tvcultura.com.br/
SESC: http://www.sesc.com.br
quarta-feira, 3 de dezembro de 2008
Cinema - Transformações e relações com as novas tecnologias
A principal dificuldade de produzir filmes no Brasil é o alto custo e a falta de incentivos, que, apesar de terem crescido, ainda são poucos. Essa é a principal reclamação de diretores e produtores, como Flávio R. Tambellini, da Ravina Filmes. "As dificuldades existem: os custos de produção são elevados e a falta de uma distribuição realmente interessada no crescimento do cinema nacional é uma lacuna grave".
A Lei do Audiovisual libera, para a produção de filmes, apenas R$ 3 milhões por filme, mas o longa infantil Tainá 2, ainda em projeto, tem orçamento de R$ 5 milhões. Como alternativa, está surgindo no cenário nacional o cinema digital.
O cinema digital ou DV já está em exibição e a primeira sala de projeção de filmes em digital foi inaugurada no Barra Shopping, no Rio de Janeiro. Campinas também tem sua sala de projeção digital, no Shopping Parque D.Pedro. Em 2001, foram exibidos cerca de dez filmes produzidos em digital, como Janela da Alma, de João Jardim e As Avassaladoras, de Mara Mourão.
Porém, filmes como esses foram, depois da captação em DV, kinescopados, ou seja, transformados em película apenas para a projeção. Apenas o infantil Xuxa e os Duendes foi exibido em um projetor DLP, ou seja, projetado diretamente do suporte digital para a tela. Porém o longa foi filmado em suporte de alta definição (HD), uma tecnologia ainda muito cara para a realidade nacional.
A produção de filmes em DV traz várias vantagens, principalmente o baixo orçamento. O filme A Morte da Mulata, do diretor Marcel Cordeiro, foi todo filmado em DV e consumiu apenas R$190 mil. É um número irrisório se comparado com outras produções. A câmera DV DSR500 da Sony, muito usada em documentários, custa cerca de US$ 18 mil e grava imagens no formato 16:9, ideal para a projeção em cinema. Além disso, não é preciso, com o DV, pensar na produção de cópias em película, o que barateira consideravelmente o custo.
Outra alternativa para o cinema nacional é fazer o que se convencionou chamar de blow up: tudo é filmado em Super 16 e depois passado por intermediação em alta definição para 35mm, ficando pronto para a projeção. Esse processo, de acordo com o diretor da Estudios Mega, José Augusto de Blasiis, permite "uma infinidade de efeitos especiais, com correções de luz e de foco". É o caso de O Invasor, de Beto Brant, premiado no último Festival de Brasília.
Outros filmes também utilizaram esse processo e obtiveram resultados ótimos: Houve uma Vez Dois Verões, de Jorge Furtado, e Caramuru, de Guel Arraes. O próximo longa-metragem a ser lançado, que foi filmado em DV, é Rua Seis, sem Número, de João Batista de Andrade, da produtora Raiz.
A cinematografia brasileira caminha a passos largos. Produtoras surgem em todo o país, leis fiscais possibilitam o levantamento de capital para a produção e parcerias com distribuidoras internacionais e com a TV trazem novas possibilidades.
Abordagem teórico prática
Cinematografia, arte e técnica de fazer filmes. Embora Thomas Edison tenha patenteado o quinetoscópio em 1891, o cinema propriamente dito só surgiu realmente com o lançamento, em 1895, pelos irmãos Louis e Auguste Lumière, em Paris, do cinematógrafo, capaz de projetar películas sobre uma tela. O som foi conseguido com a invenção dos sistemas de sincronização som-imagem, pela Vitaphone (1926) e a Movietone (1931). O funcionamento do cinema baseia-se em uma propriedade do olho humano, conhecida como princípio da persistência das imagens na retina. Esse princípio foi formulado em 1829 pelo físico belga Joseph Plateau.
ORIGENS
O cinema desenvolveu-se cientificamente antes que suas possibilidades artísticas e comerciais fossem conhecidas e exploradas. Uma das primeiras conquistas científicas que levaram diretamente ao desenvolvimento do cinema foram as observações de Peter Mark Roget, secretário da Real Sociedade de Londres, que, em 1824, publicou um importante trabalho intitulado Persistência da visão no que tange aos objetos em movimento, no qual afirmava que o olho humano retém as imagens durante uma fração de segundo posterior ao momento em que elas desaparecem de seu ângulo de visão. Essa descoberta estimulou vários cientistas a inventarem diversos meios capazes de demonstrar o princípio.
PRIMEIRAS EXPERIÊNCIAS
Tanto nos Estados Unidos como na Europa, animavam-se imagens desenhadas à mão como forma de diversão, empregando dispositivos que se tornaram populares nos salões da classe média. Concretamente, descobriu-se que se 16 imagens estáticas de um movimento que transcorre em um segundo são passadas sucessivamente também em um segundo, a persistência da visão as une, fazendo com que sejam vistas como uma só imagem em movimento.
O zoótropo, que chegou até nossos dias, traz uma série de desenhos impressos horizontalmente em tiras de papel, colocadas no interior de um tambor giratório montado sobre um eixo. Na metade do cilindro, uma série de ranhuras verticais pelas quais se olha permite que, ao girar-se o tambor, veja-se imagens em movimento. Máquina mais elaborada foi o praxinoscópio, do inventor francês Charles Émile Reynaud. Ele consistia em um tambor giratório com um aro dotado de espelhos colocado no centro e os desenhos postos na parede interior. Conforme se girava o tambor, os desenhos pareciam animar-se.
Naqueles mesmos anos, William Henry Fox Talbot, no Reino Unido, e Louis Daguerre, na França, trabalhavam em um novo projeto que possibilitaria o desenvolvimento do cinematógrafo: a fotografia. Em 1861, o inventor norte-americano Coleman Sellers patenteou o quinematoscópio, que conseguia animar uma série de fotografias fixas montadas sobre uma roda giratória dotada de palhetas.
Um passo relevante para o desenvolvimento da primeira câmera de imagens em movimento foi dado pelo fisiologista francês Etienne Jules Marey, cujo cronofotógrafo (um fuzil fotográfico) portátil movia uma única faixa, que permitia obter 12 imagens em uma placa giratória que dava uma volta completa em um segundo. Por volta de 1889, os inventores norte-americanos Hannibal Goodwin e Georges Eastman desenvolveram películas de emulsão fotográfica de alta velocidade montadas em um celulóide resistente: sua inovação eliminou um obstáculo essencial para uma experimentação mais eficiente com as imagens em movimento.
Na década de 1890, Thomas Alva Edison construiu a primeira máquina de cinema, o quinetoscópio, que tinha uns 15 metros de película em um dispositivo análogo a uma espiral sem fim, que o espectador individual tinha que ver através de uma lente de aumento. As experiências com projeção de imagens em movimento visíveis por mais de um espectador foram realizadas simultaneamente nos Estados Unidos e na Europa. Na França, os irmãos Louis e Auguste Lumière, em 1895, chegaram ao cinematógrafo, invento que era ao mesmo tempo câmera, copiadora e projetor e que é o primeiro aparelho que se pode qualificar autenticamente de cinema. Produziram também uma série de curtas-metragens, no gênero documentário, com grande êxito. Em 1896, o ilusionista francês Georges Méliès demonstrou que o cinema servia não apenas para registrar a realidade, mas também para torná-la divertida ou falseá-la. Realizou uma série de filmes que exploravam o potencial narrativo do novo meio e rodou o primeiro grande filme a ser exibido, cuja projeção durou cerca de 15 minutos: L’affaire Dreyfuss (O caso Dreyfuss, 1899). Mas Méliès é famoso sobretudo por suas notáveis fantasias, como Viagem à lua (1902), nas quais experimentava as possibilidades de trucagens com a câmera cinematográfica.
O estilo documentalista dos irmãos Lumière e as fantasias teatrais de Méliès fundiram-se nas ficções realistas do inventor norte-americano Edwin S. Porter, que produziu o primeiro filme interessante de seu país, Great train robbery em 1903. Esse filme teve um grande êxito e muito contribuiu para que o cinema se transformasse em um espetáculo de massa. As pequenas salas de exibição, conhecidas como cinema poeira, espalharam-se pelos Estados Unidos e o cinema começou a firmar-se como indústria.
A Lei do Audiovisual libera, para a produção de filmes, apenas R$ 3 milhões por filme, mas o longa infantil Tainá 2, ainda em projeto, tem orçamento de R$ 5 milhões. Como alternativa, está surgindo no cenário nacional o cinema digital.
O cinema digital ou DV já está em exibição e a primeira sala de projeção de filmes em digital foi inaugurada no Barra Shopping, no Rio de Janeiro. Campinas também tem sua sala de projeção digital, no Shopping Parque D.Pedro. Em 2001, foram exibidos cerca de dez filmes produzidos em digital, como Janela da Alma, de João Jardim e As Avassaladoras, de Mara Mourão.
Porém, filmes como esses foram, depois da captação em DV, kinescopados, ou seja, transformados em película apenas para a projeção. Apenas o infantil Xuxa e os Duendes foi exibido em um projetor DLP, ou seja, projetado diretamente do suporte digital para a tela. Porém o longa foi filmado em suporte de alta definição (HD), uma tecnologia ainda muito cara para a realidade nacional.
A produção de filmes em DV traz várias vantagens, principalmente o baixo orçamento. O filme A Morte da Mulata, do diretor Marcel Cordeiro, foi todo filmado em DV e consumiu apenas R$190 mil. É um número irrisório se comparado com outras produções. A câmera DV DSR500 da Sony, muito usada em documentários, custa cerca de US$ 18 mil e grava imagens no formato 16:9, ideal para a projeção em cinema. Além disso, não é preciso, com o DV, pensar na produção de cópias em película, o que barateira consideravelmente o custo.
Outra alternativa para o cinema nacional é fazer o que se convencionou chamar de blow up: tudo é filmado em Super 16 e depois passado por intermediação em alta definição para 35mm, ficando pronto para a projeção. Esse processo, de acordo com o diretor da Estudios Mega, José Augusto de Blasiis, permite "uma infinidade de efeitos especiais, com correções de luz e de foco". É o caso de O Invasor, de Beto Brant, premiado no último Festival de Brasília.
Outros filmes também utilizaram esse processo e obtiveram resultados ótimos: Houve uma Vez Dois Verões, de Jorge Furtado, e Caramuru, de Guel Arraes. O próximo longa-metragem a ser lançado, que foi filmado em DV, é Rua Seis, sem Número, de João Batista de Andrade, da produtora Raiz.
A cinematografia brasileira caminha a passos largos. Produtoras surgem em todo o país, leis fiscais possibilitam o levantamento de capital para a produção e parcerias com distribuidoras internacionais e com a TV trazem novas possibilidades.
Abordagem teórico prática
Cinematografia, arte e técnica de fazer filmes. Embora Thomas Edison tenha patenteado o quinetoscópio em 1891, o cinema propriamente dito só surgiu realmente com o lançamento, em 1895, pelos irmãos Louis e Auguste Lumière, em Paris, do cinematógrafo, capaz de projetar películas sobre uma tela. O som foi conseguido com a invenção dos sistemas de sincronização som-imagem, pela Vitaphone (1926) e a Movietone (1931). O funcionamento do cinema baseia-se em uma propriedade do olho humano, conhecida como princípio da persistência das imagens na retina. Esse princípio foi formulado em 1829 pelo físico belga Joseph Plateau.
ORIGENS
O cinema desenvolveu-se cientificamente antes que suas possibilidades artísticas e comerciais fossem conhecidas e exploradas. Uma das primeiras conquistas científicas que levaram diretamente ao desenvolvimento do cinema foram as observações de Peter Mark Roget, secretário da Real Sociedade de Londres, que, em 1824, publicou um importante trabalho intitulado Persistência da visão no que tange aos objetos em movimento, no qual afirmava que o olho humano retém as imagens durante uma fração de segundo posterior ao momento em que elas desaparecem de seu ângulo de visão. Essa descoberta estimulou vários cientistas a inventarem diversos meios capazes de demonstrar o princípio.
PRIMEIRAS EXPERIÊNCIAS
Tanto nos Estados Unidos como na Europa, animavam-se imagens desenhadas à mão como forma de diversão, empregando dispositivos que se tornaram populares nos salões da classe média. Concretamente, descobriu-se que se 16 imagens estáticas de um movimento que transcorre em um segundo são passadas sucessivamente também em um segundo, a persistência da visão as une, fazendo com que sejam vistas como uma só imagem em movimento.
O zoótropo, que chegou até nossos dias, traz uma série de desenhos impressos horizontalmente em tiras de papel, colocadas no interior de um tambor giratório montado sobre um eixo. Na metade do cilindro, uma série de ranhuras verticais pelas quais se olha permite que, ao girar-se o tambor, veja-se imagens em movimento. Máquina mais elaborada foi o praxinoscópio, do inventor francês Charles Émile Reynaud. Ele consistia em um tambor giratório com um aro dotado de espelhos colocado no centro e os desenhos postos na parede interior. Conforme se girava o tambor, os desenhos pareciam animar-se.
Naqueles mesmos anos, William Henry Fox Talbot, no Reino Unido, e Louis Daguerre, na França, trabalhavam em um novo projeto que possibilitaria o desenvolvimento do cinematógrafo: a fotografia. Em 1861, o inventor norte-americano Coleman Sellers patenteou o quinematoscópio, que conseguia animar uma série de fotografias fixas montadas sobre uma roda giratória dotada de palhetas.
Um passo relevante para o desenvolvimento da primeira câmera de imagens em movimento foi dado pelo fisiologista francês Etienne Jules Marey, cujo cronofotógrafo (um fuzil fotográfico) portátil movia uma única faixa, que permitia obter 12 imagens em uma placa giratória que dava uma volta completa em um segundo. Por volta de 1889, os inventores norte-americanos Hannibal Goodwin e Georges Eastman desenvolveram películas de emulsão fotográfica de alta velocidade montadas em um celulóide resistente: sua inovação eliminou um obstáculo essencial para uma experimentação mais eficiente com as imagens em movimento.
Na década de 1890, Thomas Alva Edison construiu a primeira máquina de cinema, o quinetoscópio, que tinha uns 15 metros de película em um dispositivo análogo a uma espiral sem fim, que o espectador individual tinha que ver através de uma lente de aumento. As experiências com projeção de imagens em movimento visíveis por mais de um espectador foram realizadas simultaneamente nos Estados Unidos e na Europa. Na França, os irmãos Louis e Auguste Lumière, em 1895, chegaram ao cinematógrafo, invento que era ao mesmo tempo câmera, copiadora e projetor e que é o primeiro aparelho que se pode qualificar autenticamente de cinema. Produziram também uma série de curtas-metragens, no gênero documentário, com grande êxito. Em 1896, o ilusionista francês Georges Méliès demonstrou que o cinema servia não apenas para registrar a realidade, mas também para torná-la divertida ou falseá-la. Realizou uma série de filmes que exploravam o potencial narrativo do novo meio e rodou o primeiro grande filme a ser exibido, cuja projeção durou cerca de 15 minutos: L’affaire Dreyfuss (O caso Dreyfuss, 1899). Mas Méliès é famoso sobretudo por suas notáveis fantasias, como Viagem à lua (1902), nas quais experimentava as possibilidades de trucagens com a câmera cinematográfica.
O estilo documentalista dos irmãos Lumière e as fantasias teatrais de Méliès fundiram-se nas ficções realistas do inventor norte-americano Edwin S. Porter, que produziu o primeiro filme interessante de seu país, Great train robbery em 1903. Esse filme teve um grande êxito e muito contribuiu para que o cinema se transformasse em um espetáculo de massa. As pequenas salas de exibição, conhecidas como cinema poeira, espalharam-se pelos Estados Unidos e o cinema começou a firmar-se como indústria.
quarta-feira, 26 de novembro de 2008
Tipos de cinema (Parte II)
FILMES MUSICAIS
Chama-se musical o filme em que as seqüências cantadas ou dançadas predominam. Nasceu com o cinema sonoro e se firmou nos Estados Unidos, com imitações em vários países, segundo o modelo dos espetáculos da Broadway. Entre os grandes criadores estiveram os diretores Busby Berkeley, Stanley Donen e Vincente Minnelli, os atores Fred Astaire, Dick Powell e Bing Crosby, as atrizes Ginger Rogers, Betty Grable e Cyd Charisse, o ator e diretor Gene Kelly e o coreógrafo Bob Fosse.
FILMES COMÉDIA
Baseia-se a comédia no enredo e nas situações bem-humoradas e visa sobretudo ao riso. A mímica, que predominou no filme silencioso, cedeu lugar às piadas de duplo sentido que depois consagraram os Irmãos Marx, Stan Laurel e Oliver Hardy ("O Gordo e o Magro"), Red Skelton, Dean Martin e Jerry Lewis e diretores como Frank Capra, Ernst Lubitsch, Leo McCarey, William Wellman, George Cukor, Howard Hawks, Van Dyke, Gregory La Cava, Preston Sturges, Blake Edwards e Frank Tashlin. Na Europa triunfaram as comédias italianas e o francês Jacques Tati. Nos Estados Unidos, destacaram-se o ator Peter Sellers e o ator e diretor Woody Allen, autor de obras-primas como Annie Hall (1977; Noivo neurótico, noiva nervosa), Zelig (1983) e The Purple Rose of Cairo (1985; A rosa púrpura do Cairo).
FILMES POLÍTICOS
A temática política explícita tem sido tratada com freqüência pelo cinema contemporâneo. Foram muitos os especialistas nesse tipo de abordagem, tanto no documentário quanto na dramatização de episódios autênticos. Nas primeiras décadas da história do cinema, seus principais cultores foram os soviéticos, especialmente Eisenstein, autor de O encouraçado Potemkim e Strachka (1924; A greve). Mais tarde, a partir da década de 1960, cineastas italianos dedicaram boa parte de sua carreira às discussões políticas. São importantes nesse gênero Gillo Pontecorvo, autor de Queimada (1969) e Bernardo Bertolucci, com o épico 1900 (1976). O franco-grego Costa-Gravas, autor de Z (1968) e Missing (1982; Desaparecido), e o argentino Fernando Solanas, realizador de La hora de los hornos (1966-1968), têm lugar privilegiado nessa tendência.
DRAMAS SOCIAIS
Os enredos de conotação social estiveram sempre presentes ao longo da evolução do cinema. Merecem destaque títulos como Fury (1936; Fúria), de Fritz Lang, The Grapes of Wrath (1940; As vinhas da ira), de John Ford; Ladri di biciclette (1948) e Umberto D (1951), de Vittorio De Sica, Nous sommes tous des assassins (1952; Somos todos assassinos), de André Cayatte, e I Want to Live (1959; Quero viver), de Robert Wise.
FILMES POLICIAIS E DE GANGSTERISMO
Os argumentos tradicionais do gênero policial envolvem crimes e criminosos, policiais e detetives particulares, gângsteres e ladrões. O tema preferido tem sido o do submundo onde campeia a miséria econômica e moral. O diretor mais célebre desse tipo de filmes foi Alfred Hitchcock, que usou o suspense para criar atmosferas de tensão e medo. Em mais de setenta filmes, ele criou obras magistrais como Vertigo (1958; Um corpo que cai) e Rear Window (1954; Janela indiscreta).
Também obtiveram êxito filmes inspirados nos romances de Dashiell Hammett e Raymond Chandler, mestres das tramas criminais amargas e violentas. Atores como James Cagney, Humphrey Bogart, Edward G. Robinson e George Raft alcançaram grande notoriedade, sobretudo no período inicial do cinema sonoro. Na longa relação dos clássicos do gênero não poderiam faltar: Underworld (1927; Paixão e sangue), de Josef von Sternberg; City Street (1931; Ruas da cidade), de Rouben Mamoulian, I Am a Fugitive from a Chain Gang (1932; O fugitivo), de Mervyn LeRoy; G-men (1935; Contra o império do crime), de William Keighley; Dead End (1937; Beco sem saída), de William Wyler; Angels with Dirty Faces (1938; Anjos de cara suja), de Michael Curtiz; The Maltese Falcon (1941; Relíquia macabra) e muitos outros em Hollywood. Essencialmente americano, o filme policial também teve bons momentos na França e no Reino Unido.
MELODRAMA
Centrado nas paixões humanas, o melodrama realça o trágico e o dramático e desenvolve conflitos individuais. Nele sobressaíram W. F. Murnau, com Sunrise (1926; Aurora), os austríacos Erich Von Stroheim e Josef von Sternberg, o italiano Luchino Visconti, o americano John M. Stahl, os japoneses Mikio Naruse e Yasujiro Ozu e o francês François Truffaut.
FILMES DE PROPAGANDA
Os filmes de propaganda divulgam idéias sociais e políticas em defesa de determinada ideologia. Os primeiros a usá-los foram os soviéticos. Na Itália fascista e na Alemanha nazista desenvolveu-se a propaganda política de exaltação racista e, depois da segunda guerra mundial, nos Estados Unidos, foram feitos filmes anticomunistas durante o período mais agudo da guerra fria.
FILMES DE ANIMAÇÃO
Os precursores do desenho animado foram os franceses Émile Reynaud e Émile Cohl. O maior impulso veio de Walt Disney e seus seguidores nos Estados Unidos. Entre as principais escolas estão a tcheca, com Jiri Trnka, e a canadense, de Norman McLaren.
Chama-se musical o filme em que as seqüências cantadas ou dançadas predominam. Nasceu com o cinema sonoro e se firmou nos Estados Unidos, com imitações em vários países, segundo o modelo dos espetáculos da Broadway. Entre os grandes criadores estiveram os diretores Busby Berkeley, Stanley Donen e Vincente Minnelli, os atores Fred Astaire, Dick Powell e Bing Crosby, as atrizes Ginger Rogers, Betty Grable e Cyd Charisse, o ator e diretor Gene Kelly e o coreógrafo Bob Fosse.
FILMES COMÉDIA
Baseia-se a comédia no enredo e nas situações bem-humoradas e visa sobretudo ao riso. A mímica, que predominou no filme silencioso, cedeu lugar às piadas de duplo sentido que depois consagraram os Irmãos Marx, Stan Laurel e Oliver Hardy ("O Gordo e o Magro"), Red Skelton, Dean Martin e Jerry Lewis e diretores como Frank Capra, Ernst Lubitsch, Leo McCarey, William Wellman, George Cukor, Howard Hawks, Van Dyke, Gregory La Cava, Preston Sturges, Blake Edwards e Frank Tashlin. Na Europa triunfaram as comédias italianas e o francês Jacques Tati. Nos Estados Unidos, destacaram-se o ator Peter Sellers e o ator e diretor Woody Allen, autor de obras-primas como Annie Hall (1977; Noivo neurótico, noiva nervosa), Zelig (1983) e The Purple Rose of Cairo (1985; A rosa púrpura do Cairo).
FILMES POLÍTICOS
A temática política explícita tem sido tratada com freqüência pelo cinema contemporâneo. Foram muitos os especialistas nesse tipo de abordagem, tanto no documentário quanto na dramatização de episódios autênticos. Nas primeiras décadas da história do cinema, seus principais cultores foram os soviéticos, especialmente Eisenstein, autor de O encouraçado Potemkim e Strachka (1924; A greve). Mais tarde, a partir da década de 1960, cineastas italianos dedicaram boa parte de sua carreira às discussões políticas. São importantes nesse gênero Gillo Pontecorvo, autor de Queimada (1969) e Bernardo Bertolucci, com o épico 1900 (1976). O franco-grego Costa-Gravas, autor de Z (1968) e Missing (1982; Desaparecido), e o argentino Fernando Solanas, realizador de La hora de los hornos (1966-1968), têm lugar privilegiado nessa tendência.
DRAMAS SOCIAIS
Os enredos de conotação social estiveram sempre presentes ao longo da evolução do cinema. Merecem destaque títulos como Fury (1936; Fúria), de Fritz Lang, The Grapes of Wrath (1940; As vinhas da ira), de John Ford; Ladri di biciclette (1948) e Umberto D (1951), de Vittorio De Sica, Nous sommes tous des assassins (1952; Somos todos assassinos), de André Cayatte, e I Want to Live (1959; Quero viver), de Robert Wise.
FILMES POLICIAIS E DE GANGSTERISMO
Os argumentos tradicionais do gênero policial envolvem crimes e criminosos, policiais e detetives particulares, gângsteres e ladrões. O tema preferido tem sido o do submundo onde campeia a miséria econômica e moral. O diretor mais célebre desse tipo de filmes foi Alfred Hitchcock, que usou o suspense para criar atmosferas de tensão e medo. Em mais de setenta filmes, ele criou obras magistrais como Vertigo (1958; Um corpo que cai) e Rear Window (1954; Janela indiscreta).
Também obtiveram êxito filmes inspirados nos romances de Dashiell Hammett e Raymond Chandler, mestres das tramas criminais amargas e violentas. Atores como James Cagney, Humphrey Bogart, Edward G. Robinson e George Raft alcançaram grande notoriedade, sobretudo no período inicial do cinema sonoro. Na longa relação dos clássicos do gênero não poderiam faltar: Underworld (1927; Paixão e sangue), de Josef von Sternberg; City Street (1931; Ruas da cidade), de Rouben Mamoulian, I Am a Fugitive from a Chain Gang (1932; O fugitivo), de Mervyn LeRoy; G-men (1935; Contra o império do crime), de William Keighley; Dead End (1937; Beco sem saída), de William Wyler; Angels with Dirty Faces (1938; Anjos de cara suja), de Michael Curtiz; The Maltese Falcon (1941; Relíquia macabra) e muitos outros em Hollywood. Essencialmente americano, o filme policial também teve bons momentos na França e no Reino Unido.
MELODRAMA
Centrado nas paixões humanas, o melodrama realça o trágico e o dramático e desenvolve conflitos individuais. Nele sobressaíram W. F. Murnau, com Sunrise (1926; Aurora), os austríacos Erich Von Stroheim e Josef von Sternberg, o italiano Luchino Visconti, o americano John M. Stahl, os japoneses Mikio Naruse e Yasujiro Ozu e o francês François Truffaut.
FILMES DE PROPAGANDA
Os filmes de propaganda divulgam idéias sociais e políticas em defesa de determinada ideologia. Os primeiros a usá-los foram os soviéticos. Na Itália fascista e na Alemanha nazista desenvolveu-se a propaganda política de exaltação racista e, depois da segunda guerra mundial, nos Estados Unidos, foram feitos filmes anticomunistas durante o período mais agudo da guerra fria.
FILMES DE ANIMAÇÃO
Os precursores do desenho animado foram os franceses Émile Reynaud e Émile Cohl. O maior impulso veio de Walt Disney e seus seguidores nos Estados Unidos. Entre as principais escolas estão a tcheca, com Jiri Trnka, e a canadense, de Norman McLaren.
sexta-feira, 21 de novembro de 2008
Tipos de cinema
DOCUMENTÁRIO OU FILME FACTUAL
O objeto do filme documental é ser o reflexo mais ou menos fiel da vida real. Seus pioneiros foram os irmãos Lumière, com suas tomadas da vida cotidiana, e Charles Pathé, com noticiários. O americano Robert Flaherty foi seu principal cultor, com Nanook of the North (1922; Nanuk, o esquimó). Na antiga União Soviética destacou-se Dziga Vertov, com a "câmara-olho". Também os ingleses foram pioneiros: John Grierson criou importante escola documentarista, mas enquanto enfatizava o caráter propagandístico do filme não-ficcional, outros ingleses, como Raul Rotha e Basil Wright, conceituavam o gênero como uma mensagem não só para a comunidade atual como para a posteridade.
O filme não-ficcional inclui o documentário propriamente dito, o filme factual, o de viagens, o educativo, de treinamento ou didático; os cinejornais ou noticiários em desuso desde o aparecimento dos telejornais e, para alguns, os desenhos animados.
A tradição jornalística dos Estados Unidos consagrou documentaristas como Pare Lorentz e Paul Strand. O holandês Joris Ivens evoluiu desde a realização experimental até a denúncia social. A Alemanha teve em Walther Ruttman e depois em Leni Riefenstahl dois documentaristas de peso. O brasileiro Alberto Cavalcanti, que trabalhou na França e no grupo de Grierson em Londres, foi mais documentarista que ficcionista. Outros brasileiros dedicados ao gênero foram Lima Barreto, Jurandir Passos Noronha, Jorge Iléli, Genil Vasconcelos, Rui Santos e, posteriormente, Vladimir Carvalho.
ÉPICOS E AVENTURAS
O filme épico e de aventuras revela um mundo heróico de conflitos e combates, de grandes cenários, nos quais predomina a ação. Os pioneiros do filme épico foram os italianos, no cinema mudo, que louvaram o passado de seu país, e os soviéticos lhe deram um impulso épico com temas revolucionários. O francês Abel Gance fez um monumental Napoléon (1926). No cinema sonoro, vale lembrar The Private Life of Henry VIII (1933; Os amores de Henrique VIII), de Alexander Korda; Abraham Lincoln (1930), de D. W. Griffith; Cleopatra (1934), de Cecil B. DeMille; Scipione, l'Africano (1937; Cipião o Africano), de Carmine Gallone; e Ivan Grozny (1944-1948; Ivan, o terrível), de Serguei M. Eisenstein.
FILMES DE GUERRA
Em tom patriótico ou crítico, os filmes de guerra apelam à violência como espetáculo. No cinema silencioso, o gênero foi realçado com The Birth of a Nation. As duas guerras mundiais inspiraram muitas produções, das quais são importantes The Big Parade (1925; O grande desfile), de King Vidor; All Quiet on the Western Front (1930; Sem novidade no front), de Lewis Milestone; Story of G. I. Joe (1945; Também somos seres humanos), de William Wellman; e A Walk in the Sun (1946; Um passeio ao sol), de Lewis Milestone. A guerra do Vietnam também inspirou bons filmes nos Estados Unidos, como Apocalypse Now (1979), de Francis Ford Coppola, e Platoon (1986), de Oliver Stone.
FILMES DE TERROR
A fantasia e o medo, despertos por personagens monstruosos ou sobrenaturais, como fantasmas, bruxas, demônios e vampiros, são os sentimentos a que apelam os filmes de terror. O gênero começou com o expressionismo alemão, do qual Nosferatu, eine Symphonie des Grauens, de Friedrich Wilhelm Murnau, foi o modelo perfeito. Tornaram-se clássicos os filmes feitos em Hollywood na década de 1930, como Drácula, com Bela Lugosi, Frankenstein (1931), com Boris Karloff, e King Kong (1933), de Merian C. Cooper e Ernest B. Schoedsack. Na década de 1940, as produtoras R.K.O. e Universal de Hollywood, e na de 1960 a Hammer britânica, se especializaram no tema. O gênero se tornou mais descritivo e violento e alcançou o auge com séries seguidas de monstros ressuscitados dos cemitérios, como a série Poltergeist, o primeiro deles de Tobe Hooper, filmado em 1982.
FICÇÃO CIENTÍFICA
As viagens interplanetárias, as experiências nucleares e as especulações sobre mundos futuros são os temas da ficção científica, gênero próximo ao terror e ao bélico. Suas obras-primas são 2001: A Space Odyssey (1968; 2001: uma odisséia no espaço) e Star Wars (1977; Guerra nas estrelas), de George Lucas, nas quais os efeitos especiais superam a dramaturgia. Estilo muito pessoal mostrou o russo Andrei Tarkovski em Solaris (1972), mas o maior nome no gênero é o americano Steven Spielberg (E.T., Contatos Imediatos em Terceiro Grau).
O objeto do filme documental é ser o reflexo mais ou menos fiel da vida real. Seus pioneiros foram os irmãos Lumière, com suas tomadas da vida cotidiana, e Charles Pathé, com noticiários. O americano Robert Flaherty foi seu principal cultor, com Nanook of the North (1922; Nanuk, o esquimó). Na antiga União Soviética destacou-se Dziga Vertov, com a "câmara-olho". Também os ingleses foram pioneiros: John Grierson criou importante escola documentarista, mas enquanto enfatizava o caráter propagandístico do filme não-ficcional, outros ingleses, como Raul Rotha e Basil Wright, conceituavam o gênero como uma mensagem não só para a comunidade atual como para a posteridade.
O filme não-ficcional inclui o documentário propriamente dito, o filme factual, o de viagens, o educativo, de treinamento ou didático; os cinejornais ou noticiários em desuso desde o aparecimento dos telejornais e, para alguns, os desenhos animados.
A tradição jornalística dos Estados Unidos consagrou documentaristas como Pare Lorentz e Paul Strand. O holandês Joris Ivens evoluiu desde a realização experimental até a denúncia social. A Alemanha teve em Walther Ruttman e depois em Leni Riefenstahl dois documentaristas de peso. O brasileiro Alberto Cavalcanti, que trabalhou na França e no grupo de Grierson em Londres, foi mais documentarista que ficcionista. Outros brasileiros dedicados ao gênero foram Lima Barreto, Jurandir Passos Noronha, Jorge Iléli, Genil Vasconcelos, Rui Santos e, posteriormente, Vladimir Carvalho.
ÉPICOS E AVENTURAS
O filme épico e de aventuras revela um mundo heróico de conflitos e combates, de grandes cenários, nos quais predomina a ação. Os pioneiros do filme épico foram os italianos, no cinema mudo, que louvaram o passado de seu país, e os soviéticos lhe deram um impulso épico com temas revolucionários. O francês Abel Gance fez um monumental Napoléon (1926). No cinema sonoro, vale lembrar The Private Life of Henry VIII (1933; Os amores de Henrique VIII), de Alexander Korda; Abraham Lincoln (1930), de D. W. Griffith; Cleopatra (1934), de Cecil B. DeMille; Scipione, l'Africano (1937; Cipião o Africano), de Carmine Gallone; e Ivan Grozny (1944-1948; Ivan, o terrível), de Serguei M. Eisenstein.
FILMES DE GUERRA
Em tom patriótico ou crítico, os filmes de guerra apelam à violência como espetáculo. No cinema silencioso, o gênero foi realçado com The Birth of a Nation. As duas guerras mundiais inspiraram muitas produções, das quais são importantes The Big Parade (1925; O grande desfile), de King Vidor; All Quiet on the Western Front (1930; Sem novidade no front), de Lewis Milestone; Story of G. I. Joe (1945; Também somos seres humanos), de William Wellman; e A Walk in the Sun (1946; Um passeio ao sol), de Lewis Milestone. A guerra do Vietnam também inspirou bons filmes nos Estados Unidos, como Apocalypse Now (1979), de Francis Ford Coppola, e Platoon (1986), de Oliver Stone.
FILMES DE TERROR
A fantasia e o medo, despertos por personagens monstruosos ou sobrenaturais, como fantasmas, bruxas, demônios e vampiros, são os sentimentos a que apelam os filmes de terror. O gênero começou com o expressionismo alemão, do qual Nosferatu, eine Symphonie des Grauens, de Friedrich Wilhelm Murnau, foi o modelo perfeito. Tornaram-se clássicos os filmes feitos em Hollywood na década de 1930, como Drácula, com Bela Lugosi, Frankenstein (1931), com Boris Karloff, e King Kong (1933), de Merian C. Cooper e Ernest B. Schoedsack. Na década de 1940, as produtoras R.K.O. e Universal de Hollywood, e na de 1960 a Hammer britânica, se especializaram no tema. O gênero se tornou mais descritivo e violento e alcançou o auge com séries seguidas de monstros ressuscitados dos cemitérios, como a série Poltergeist, o primeiro deles de Tobe Hooper, filmado em 1982.
FICÇÃO CIENTÍFICA
As viagens interplanetárias, as experiências nucleares e as especulações sobre mundos futuros são os temas da ficção científica, gênero próximo ao terror e ao bélico. Suas obras-primas são 2001: A Space Odyssey (1968; 2001: uma odisséia no espaço) e Star Wars (1977; Guerra nas estrelas), de George Lucas, nas quais os efeitos especiais superam a dramaturgia. Estilo muito pessoal mostrou o russo Andrei Tarkovski em Solaris (1972), mas o maior nome no gênero é o americano Steven Spielberg (E.T., Contatos Imediatos em Terceiro Grau).
terça-feira, 11 de novembro de 2008
O cinema nas décadas de 1980 a 1990
O impacto do cinema europeu sobre os cineastas americanos e a posterior decadência do sistema de grandes estúdios foram as duas linhas de força que, durante as décadas de 1960 e 1970, fizeram mudar o estilo do cinema americano.
Surgiu uma nova geração de realizadores sob a influência das tendências européias e com o desejo de trabalhar com diferentes distribuidores. Muitos deles realizaram filmes de grande qualidade. Pode-se citar Stanley Kubrick, Woody Allen, Arthur Penn, Francis Ford Coppola e Martin Scorsese.
Diante da filmografia representada pelos realizadores do cinema de autor e em que pese o fato de ser americano e ligado por vezes à indústria hollywoodiana, o cinema dos Estados Unidos deu seqüência a outras linhas de produção para o consumo de massa, especialmente de crianças e adolescentes. Seus filmes baseiam-se principalmente nos efeitos especiais proporcionados pelas novas tecnologias e que bem se enquadram nos temas escolhidos. Dentro dessa categoria, figuram os filmes de catástrofes, como O destino do Poseidon (1972), de Ronald Neame, e Inferno na torre (1974), de John Guillermin e Irvin Allen; as aventuras de personagens das histórias em quadrinhos, como Superman (1978), de Richard Donner, e Batman (1989), de Tim Burton, com suas intermináveis continuações; ou os filmes de guerra e de ficção científica, como Guerra nas estrelas (1977), de George Lucas. Nesses gêneros comerciais destacou-se Steven Spielberg.
Surgiu uma nova geração de realizadores sob a influência das tendências européias e com o desejo de trabalhar com diferentes distribuidores. Muitos deles realizaram filmes de grande qualidade. Pode-se citar Stanley Kubrick, Woody Allen, Arthur Penn, Francis Ford Coppola e Martin Scorsese.
Diante da filmografia representada pelos realizadores do cinema de autor e em que pese o fato de ser americano e ligado por vezes à indústria hollywoodiana, o cinema dos Estados Unidos deu seqüência a outras linhas de produção para o consumo de massa, especialmente de crianças e adolescentes. Seus filmes baseiam-se principalmente nos efeitos especiais proporcionados pelas novas tecnologias e que bem se enquadram nos temas escolhidos. Dentro dessa categoria, figuram os filmes de catástrofes, como O destino do Poseidon (1972), de Ronald Neame, e Inferno na torre (1974), de John Guillermin e Irvin Allen; as aventuras de personagens das histórias em quadrinhos, como Superman (1978), de Richard Donner, e Batman (1989), de Tim Burton, com suas intermináveis continuações; ou os filmes de guerra e de ficção científica, como Guerra nas estrelas (1977), de George Lucas. Nesses gêneros comerciais destacou-se Steven Spielberg.
segunda-feira, 10 de novembro de 2008
Cinema - IV
As experiências com filme colorido haviam começado já em 1906, mas só como curiosidade. Os sistemas experimentados, como o Technicolor de duas cores, foram decepcionantes e fracassaram na tentativa de entusiasmar o público. Mas, por volta de 1933, o Technicolor foi aperfeiçoado com um sistema de três cores comercializável, empregado pela primeira vez no filme Vaidade e beleza (1935), de Rouben Mamoulian. Na década de 1950, o uso da cor generalizou-se tanto que o preto e branco ficou praticamente relegado a pequenos filmes. No pós-guerra, a chegada da televisão colocou um desafio à indústria cinematográfica que ainda hoje permanece. A indústria respondeu com uma oferta de mais espetáculo, que se concretizou no aumento de tamanho das telas.
O FORMATO PANORÂMICO
Em 1953, a Twentieth Century-Fox estreou com seu filme bíblico O manto sagrado, de Henry Koster, um sistema novo denominado CinemaScope, que iniciou a revolução dos formatos panorâmicos que, em geral, usavam apenas uma câmera, um único projetor e um filme padrão de 35 milímetros, adaptando-se mais facilmente a todos os sistemas.
CINEMA EM TERCEIRA DIMENÇÃO
Durante um breve período, no início da década de 1950, uma novidade conhecida como 3D apareceu no mercado. Consistia na superposição de duas imagens distintas da mesma cena, cada uma tomada com um filtro de cor diferente e de um ângulo ligeiramente diferente. Essas cenas eram vistas através de óculos especiais, em que cada lente tinha um filtro colorido na cor equivalente à usada durante a filmagem, de forma a reproduzir a visão estereoscópica e dar impressão de relevo.
sexta-feira, 7 de novembro de 2008
Cinema III - História
A história do cinema é curta se comparada à de outras artes, mas em seu primeiro centenário, comemorado em 1995, já produzira várias obras-primas. Entre os inventos precursores do cinema cabe citar as sombras chinesas, silhuetas projetadas sobre uma parede ou tela, surgidas na China cinco mil anos antes de Cristo e difundidas em Java e na Índia. Outra antecessora foi a lanterna mágica, caixa dotada de uma fonte de luz e lentes que enviava a uma tela imagens ampliadas, inventada pelo alemão Athanasius Kircher no século XVII.
A invenção da fotografia no século XIX pelos franceses Joseph-Nicéphore Niépce e Louis-Jacques Daguerre abriu caminho para o espetáculo do cinema, que também deve sua existência às pesquisas do inglês Peter Mark Roget e do belga Joseph-Antoine Plateau sobre a persistência da imagem na retina após ter sido vista.
Em 1833, o britânico W. G. Horner idealizou o zootrópio, jogo baseado na sucessão circular de imagens. Em 1877, o francês Émile Reynaud criou o teatro óptico, combinação de lanterna mágica e espelhos para projetar filmes de desenhos numa tela. Já então Eadweard Muybridge, nos Estados Unidos, experimentava o zoopraxinoscópio, decompondo em fotogramas corridas de cavalos. Por fim, outro americano, o prolífico inventor Thomas Alva Edison, desenvolvia, com o auxílio do escocês William Kennedy Dickson, o filme de celulóide e um aparelho para a visão individual de filmes chamado cinetoscópio.
Os irmãos Louis e Auguste Lumière, franceses, conseguiram projetar imagens ampliadas numa tela graças ao cinematógrafo, invento equipado com um mecanismo de arrasto para a película. Na apresentação pública de 28 de dezembro de 1895 no Grand Café do boulevard des Capucines, em Paris, o público viu, pela primeira vez, filmes como La Sortie des ouvriers de l'usine Lumière (A saída dos operários da fábrica Lumière) e L'Arrivée d'un train en gare (Chegada de um trem à estação), breves testemunhos da vida cotidiana.
A história do cinema nos mostra que o modelo de linguagem narrativo clássico instituído por Griffith, predominou no decorrer da evolução da produção cinematográfica. Um cinema com estrutura narrativa linear e naturalista, demonstrando respeito pela imagem captada pela câmera. No entanto, desde os primórdios, o cinema também se preocupou em desenvolver gêneros a partir dos quais pudesse expressar suas várias possibilidades de linguagem. Assim, ao lado dos irmãos Lumière, produtores de filmes com estruturas narrativas relativamente simples, temos Georges Méliès que, fascinado pela então nova tecnologia, transforma seus filmes em verdadeiras experiências de linguagem usando efeitos de imagem como substituição de objetos a partir de interrupções da câmera ou sobre-impressão feita com a própria câmera, os chamados trick effects. O objetivo é sempre o de criar uma ilusão próxima à idéia da magia. Méliès adapta seu conhecimento de teatro ao cinema. Ele constrói cenários para seus filmes, de forma a nos dar a sensação de multicamadas e de profundidade de campo no mesmo plano, o corte evidenciando a continuidade temporal e a manutenção do mesmo espaço.
Se para alguns teóricos, dentre os quais destacamos André Bazin, o cinema deveria exprimir a realidade do mundo registrando a espacialidade dos objetos e o espaço que eles ocupam, sem uso de artifícios e respeitando sua unidade; para outros teóricos como S. M. Eisenstein, por exemplo, o cinema está baseado na montagem, que surge como necessidade ideológica uma vez que organiza os códigos para transformá-los em um meio de expressão cinematográfica. Dessa maneira, aquele cinema baseado na simples ação dá lugar a um cinema de idéias.
Nessa perspectiva, é na montagem que encontramos a imagem do tempo uma vez que, o tempo cinematográfico sendo uma representação indireta, depende da organização das imagens e sons para que ele se constitua. Entre 1909 e 1912, todos os aspectos da nascente indústria ficaram sob o domínio de um truste americano, a Motion Pictures Patents Company.
O grupo dissolveu-se em 1912, permitindo assim que os produtores independentes pudessem formar suas próprias empresas de distribuição e exibição. Em 1926, a produtora Warner Brothers lançou o primeiro sistema sonoro eficaz, conhecido como Vitaphone, e, em 1927, produziu O cantor de jazz, de Alan Crosland, protagonizado por Al Jolson. Em 1931, surgiu o sistema Movietone, que passou a ser adotado como padrão. A transição do cinema mudo para o sonoro foi tão rápida que muitos dos lançamentos distribuídos entre 1928 e 1929, que tinham começado seu processo de produção como filmes mudos, foram sonorizados depois para adequar-se a uma demanda crescente.
A invenção da fotografia no século XIX pelos franceses Joseph-Nicéphore Niépce e Louis-Jacques Daguerre abriu caminho para o espetáculo do cinema, que também deve sua existência às pesquisas do inglês Peter Mark Roget e do belga Joseph-Antoine Plateau sobre a persistência da imagem na retina após ter sido vista.
Em 1833, o britânico W. G. Horner idealizou o zootrópio, jogo baseado na sucessão circular de imagens. Em 1877, o francês Émile Reynaud criou o teatro óptico, combinação de lanterna mágica e espelhos para projetar filmes de desenhos numa tela. Já então Eadweard Muybridge, nos Estados Unidos, experimentava o zoopraxinoscópio, decompondo em fotogramas corridas de cavalos. Por fim, outro americano, o prolífico inventor Thomas Alva Edison, desenvolvia, com o auxílio do escocês William Kennedy Dickson, o filme de celulóide e um aparelho para a visão individual de filmes chamado cinetoscópio.
Os irmãos Louis e Auguste Lumière, franceses, conseguiram projetar imagens ampliadas numa tela graças ao cinematógrafo, invento equipado com um mecanismo de arrasto para a película. Na apresentação pública de 28 de dezembro de 1895 no Grand Café do boulevard des Capucines, em Paris, o público viu, pela primeira vez, filmes como La Sortie des ouvriers de l'usine Lumière (A saída dos operários da fábrica Lumière) e L'Arrivée d'un train en gare (Chegada de um trem à estação), breves testemunhos da vida cotidiana.
A história do cinema nos mostra que o modelo de linguagem narrativo clássico instituído por Griffith, predominou no decorrer da evolução da produção cinematográfica. Um cinema com estrutura narrativa linear e naturalista, demonstrando respeito pela imagem captada pela câmera. No entanto, desde os primórdios, o cinema também se preocupou em desenvolver gêneros a partir dos quais pudesse expressar suas várias possibilidades de linguagem. Assim, ao lado dos irmãos Lumière, produtores de filmes com estruturas narrativas relativamente simples, temos Georges Méliès que, fascinado pela então nova tecnologia, transforma seus filmes em verdadeiras experiências de linguagem usando efeitos de imagem como substituição de objetos a partir de interrupções da câmera ou sobre-impressão feita com a própria câmera, os chamados trick effects. O objetivo é sempre o de criar uma ilusão próxima à idéia da magia. Méliès adapta seu conhecimento de teatro ao cinema. Ele constrói cenários para seus filmes, de forma a nos dar a sensação de multicamadas e de profundidade de campo no mesmo plano, o corte evidenciando a continuidade temporal e a manutenção do mesmo espaço.
Se para alguns teóricos, dentre os quais destacamos André Bazin, o cinema deveria exprimir a realidade do mundo registrando a espacialidade dos objetos e o espaço que eles ocupam, sem uso de artifícios e respeitando sua unidade; para outros teóricos como S. M. Eisenstein, por exemplo, o cinema está baseado na montagem, que surge como necessidade ideológica uma vez que organiza os códigos para transformá-los em um meio de expressão cinematográfica. Dessa maneira, aquele cinema baseado na simples ação dá lugar a um cinema de idéias.
Nessa perspectiva, é na montagem que encontramos a imagem do tempo uma vez que, o tempo cinematográfico sendo uma representação indireta, depende da organização das imagens e sons para que ele se constitua. Entre 1909 e 1912, todos os aspectos da nascente indústria ficaram sob o domínio de um truste americano, a Motion Pictures Patents Company.
O grupo dissolveu-se em 1912, permitindo assim que os produtores independentes pudessem formar suas próprias empresas de distribuição e exibição. Em 1926, a produtora Warner Brothers lançou o primeiro sistema sonoro eficaz, conhecido como Vitaphone, e, em 1927, produziu O cantor de jazz, de Alan Crosland, protagonizado por Al Jolson. Em 1931, surgiu o sistema Movietone, que passou a ser adotado como padrão. A transição do cinema mudo para o sonoro foi tão rápida que muitos dos lançamentos distribuídos entre 1928 e 1929, que tinham começado seu processo de produção como filmes mudos, foram sonorizados depois para adequar-se a uma demanda crescente.
terça-feira, 4 de novembro de 2008
O Cinema - II
Para promover a comercialização dos filmes organizam-se mostras e festivais nacionais e internacionais, nos quais são apresentados os filmes mais recentes ou se fazem retrospectivas de épocas e de realizadores; é o caso de Veneza (o primeiro de amplitude mundial), Cannes, Berlim, Rio de Janeiro e Gramado RS. Os prêmios são conferidos, por categorias, a atores, diretores e demais integrantes da equipe técnica. O mais importante prêmio do cinema é o Oscar, outorgado anualmente pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, que constitui um incentivo à indústria e ao comércio do cinema.
Da mesma forma como evoluíram as técnicas cinematográficas, desde os processos de filmagem até os de projeção e reprodução sonora, também ampliou-se o número dos centros de produção. Os países menos desenvolvidos, embora com menos recursos que os grandes centros da cinematografia mundial, entraram na competição e nela se sustentaram até meados da década de 1980, quando a recessão econômica mundial, decorrente da crise do petróleo da década anterior, manifestou-se em toda sua plenitude. Poucos anos depois, até mesmo franceses, italianos, ingleses e alemães mergulharam na crise do mercado cinematográfico e os americanos voltaram a dominar as praças de todo o mundo.
Na última década do século XX, após anos de crise, fechamento de casas exibidoras e produção voltada apenas para filmes de efeitos especiais ou dirigidos ao público infanto-juvenil, Hollywood passou a aplicar capital em refilmagens melhoradas de clássicos de outros gêneros, como o melodrama, a comédia romântica, o western, o horror sofisticado, a comédia disparatada e o policial. As rendas milionárias reanimaram os produtores, mas o custo desse renascimento foi o virtual desaparecimento das cinematografias dos países pobres.
Dentre os aperfeiçoamentos técnicos que durante certos períodos pareceram inovar a arte cinematográfica, alguns caíram em desuso. Entre eles se encontra o Cinemascope, inventado pelo francês Henri-Chrétien, que permitia comprimir a imagem ao filmar com uma lente anamórfica e restabelecer a imagem original na projeção mediante outra lente. Também foi abandonado o Cinerama, que abrangia toda a franja de visão do olho humano ao filmar com três câmaras, registrando cada uma um terço da cena, e projetar também em três segmentos numa tela côncava, dando ilusão de tridimensionalidade.
Quando Orson Welles realiza Cidadão Kane (Citizen Kane - 1940) e, logo a seguir, surgem os filmes do neo-realismo italiano no período do pós-guerra, já se elaborava importante alteração na tradição narrativa e de representação Griffthiana em favor de um percurso que, pode-se dizer, vai do naturalismo ao realismo. Em Orson Welles temos a mistura de estilos diferentes (do jornalístico-documental ao expressionismo), a noção de fragmento (o filme constituído por blocos narrativos e seqüências independentes), a preocupação em registrar o tempo interior da ação em sua integridade (plano-sequência), o desenrolar de duas ações diferentes no mesmo plano (profundidade de campo), a narrativa em espiral fechando-se num círculo em oposição à linearidade teleológica de causa-efeito.
Com as novas tecnologias, ampliam-se os recursos para se praticar e desenvolver essas novas formas de realismo, ou, se quisermos, de realidades. O tempo cinematográfico rompe definitivamente seus laços com a noção de continuidade temporal.
Da mesma forma como evoluíram as técnicas cinematográficas, desde os processos de filmagem até os de projeção e reprodução sonora, também ampliou-se o número dos centros de produção. Os países menos desenvolvidos, embora com menos recursos que os grandes centros da cinematografia mundial, entraram na competição e nela se sustentaram até meados da década de 1980, quando a recessão econômica mundial, decorrente da crise do petróleo da década anterior, manifestou-se em toda sua plenitude. Poucos anos depois, até mesmo franceses, italianos, ingleses e alemães mergulharam na crise do mercado cinematográfico e os americanos voltaram a dominar as praças de todo o mundo.
Na última década do século XX, após anos de crise, fechamento de casas exibidoras e produção voltada apenas para filmes de efeitos especiais ou dirigidos ao público infanto-juvenil, Hollywood passou a aplicar capital em refilmagens melhoradas de clássicos de outros gêneros, como o melodrama, a comédia romântica, o western, o horror sofisticado, a comédia disparatada e o policial. As rendas milionárias reanimaram os produtores, mas o custo desse renascimento foi o virtual desaparecimento das cinematografias dos países pobres.
Dentre os aperfeiçoamentos técnicos que durante certos períodos pareceram inovar a arte cinematográfica, alguns caíram em desuso. Entre eles se encontra o Cinemascope, inventado pelo francês Henri-Chrétien, que permitia comprimir a imagem ao filmar com uma lente anamórfica e restabelecer a imagem original na projeção mediante outra lente. Também foi abandonado o Cinerama, que abrangia toda a franja de visão do olho humano ao filmar com três câmaras, registrando cada uma um terço da cena, e projetar também em três segmentos numa tela côncava, dando ilusão de tridimensionalidade.
Quando Orson Welles realiza Cidadão Kane (Citizen Kane - 1940) e, logo a seguir, surgem os filmes do neo-realismo italiano no período do pós-guerra, já se elaborava importante alteração na tradição narrativa e de representação Griffthiana em favor de um percurso que, pode-se dizer, vai do naturalismo ao realismo. Em Orson Welles temos a mistura de estilos diferentes (do jornalístico-documental ao expressionismo), a noção de fragmento (o filme constituído por blocos narrativos e seqüências independentes), a preocupação em registrar o tempo interior da ação em sua integridade (plano-sequência), o desenrolar de duas ações diferentes no mesmo plano (profundidade de campo), a narrativa em espiral fechando-se num círculo em oposição à linearidade teleológica de causa-efeito.
Com as novas tecnologias, ampliam-se os recursos para se praticar e desenvolver essas novas formas de realismo, ou, se quisermos, de realidades. O tempo cinematográfico rompe definitivamente seus laços com a noção de continuidade temporal.
sábado, 1 de novembro de 2008
O Cinema
Em seus primórdios, o cinema era um reflexo da realidade, como nos documentários dos irmãos Lumière, mas a partir das fantasias de Méliès passou a ser valorizado como uma verdadeira arte, com seus próprios recursos expressivos. O cinema é um meio de comunicação de massa, uma arte coletiva, concebida como espetáculo que pode incitar à reflexão e ao mesmo tempo divertir. Assistir a um filme supõe isolar-se da vida cotidiana a fim de participar dos sentimentos e emoções que a película provoca, sendo freqüente a interrelação entre o espectador e personagens
O trabalho no cinema combina tempo e espaço, de maneira diversa à de todas as outras artes, que utilizam ou o espaço (escultura) ou o tempo (música) para obter um ritmo narrativo. Cada imagem supõe uma composição plástica e mostra, em duas dimensões, um mundo tridimensional. O fotograma, menor unidade de expressão cinematográfica, é o fragmento de uma obra de arte, levando-se em conta sua composição, proporções, distribuição de pessoas e objetos, contrastes de claro e escuro e combinações de cor. Com o elemento temporal, o filme adquire um significado subjetivo, fazendo com que o tempo de projeção não coincida com o tempo narrativo. O autor escolhe os momentos mais significativos e dispensa as cenas sem valor. Isso o leva a dilatar ou acelerar o tempo, segundo suas conveniências. O tempo se relaciona com o ritmo narrativo: em cenas de grande tensão o ritmo se acelera, em cenas de relaxamento ele se detém. Recursos próprios da literatura (palavras), do teatro (cenografia), da fotografia (imagem, luz), das artes plásticas (decorações, composições) são utilizados pela estética cinematográfica, que se vale, para isso, de recursos como os movimentos de câmara e a tomada de diferentes planos enquanto se roda o filme.
A unidade básica de um filme é o plano, tomada feita pela câmara de uma só vez, sem interrupção. Graças à montagem, diferentes planos podem dar-nos uma visão completa de um objeto. Cada plano cumpre uma função expressiva: os gerais descrevem o ambiente onde transcorre a ação e os próximos realçam os sentimentos e emoções dos personagens, concentrando a atenção do espectador. Com esse objetivo, os planos se classificam também em fixos e móveis, estes ligados aos movimentos da câmara, fator primordial de subjetividade.
As primeiras exibições cinematográficas ocorreram em cafés e feiras. Apareceram nos Estados Unidos as salas chamadas de nickelodeons, porque o preço dos ingressos era uma moeda de cinco cents, ou níquel. As salas comerciais em geral pertencem a grandes companhias exibidoras que, nos últimos anos, dada a redução de público, vêm preferindo reunir várias salas pequenas num só local, como ocorre nos shopping centers.
Existem também salas de projeção especializadas em filmes que, por sua temática ou técnicas, se destinam a um público menor. São os chamados cinemas de arte. Há ainda salas que pertencem a cine-clubes e exibem filmes para platéias especiais ou agrupamento de aficcionados, que combinam a projeção com palestras e debates. Este último modelo se encontra, em geral, ligado a cinematecas, entidades que colecionam, conservam, restauram e exibem os filmes que marcaram a história do cinema e a evolução estética.
O trabalho no cinema combina tempo e espaço, de maneira diversa à de todas as outras artes, que utilizam ou o espaço (escultura) ou o tempo (música) para obter um ritmo narrativo. Cada imagem supõe uma composição plástica e mostra, em duas dimensões, um mundo tridimensional. O fotograma, menor unidade de expressão cinematográfica, é o fragmento de uma obra de arte, levando-se em conta sua composição, proporções, distribuição de pessoas e objetos, contrastes de claro e escuro e combinações de cor. Com o elemento temporal, o filme adquire um significado subjetivo, fazendo com que o tempo de projeção não coincida com o tempo narrativo. O autor escolhe os momentos mais significativos e dispensa as cenas sem valor. Isso o leva a dilatar ou acelerar o tempo, segundo suas conveniências. O tempo se relaciona com o ritmo narrativo: em cenas de grande tensão o ritmo se acelera, em cenas de relaxamento ele se detém. Recursos próprios da literatura (palavras), do teatro (cenografia), da fotografia (imagem, luz), das artes plásticas (decorações, composições) são utilizados pela estética cinematográfica, que se vale, para isso, de recursos como os movimentos de câmara e a tomada de diferentes planos enquanto se roda o filme.
A unidade básica de um filme é o plano, tomada feita pela câmara de uma só vez, sem interrupção. Graças à montagem, diferentes planos podem dar-nos uma visão completa de um objeto. Cada plano cumpre uma função expressiva: os gerais descrevem o ambiente onde transcorre a ação e os próximos realçam os sentimentos e emoções dos personagens, concentrando a atenção do espectador. Com esse objetivo, os planos se classificam também em fixos e móveis, estes ligados aos movimentos da câmara, fator primordial de subjetividade.
As primeiras exibições cinematográficas ocorreram em cafés e feiras. Apareceram nos Estados Unidos as salas chamadas de nickelodeons, porque o preço dos ingressos era uma moeda de cinco cents, ou níquel. As salas comerciais em geral pertencem a grandes companhias exibidoras que, nos últimos anos, dada a redução de público, vêm preferindo reunir várias salas pequenas num só local, como ocorre nos shopping centers.
Existem também salas de projeção especializadas em filmes que, por sua temática ou técnicas, se destinam a um público menor. São os chamados cinemas de arte. Há ainda salas que pertencem a cine-clubes e exibem filmes para platéias especiais ou agrupamento de aficcionados, que combinam a projeção com palestras e debates. Este último modelo se encontra, em geral, ligado a cinematecas, entidades que colecionam, conservam, restauram e exibem os filmes que marcaram a história do cinema e a evolução estética.
sexta-feira, 31 de outubro de 2008
O fim da filosofia
No século XIX, o otimismo positivista levou a filosofia a supor que, no futuro só haveria ciências. Assim, a própria filosofia poderia desaparecer, não tendo motivo para existir. Ela passou a mostrar que as ciências não possuem princípios totalmente certo, seguros e rigorosos para as investigações, e que, uma ciência desconhece até onde pode ir e quando está entrando no campo de investigação de uma outra.
Foram preocupações com a falta de rigor das ciências que levaram o filósofo alemão Husserl a propor que a filosofia fosse o estudo e o conhecimento rigoroso da possibilidade do próprio conhecimento cientifico. Foram também preocupações como essa que levaram filósofos como Bertrand Russel e Quine a estudar a linguagem cientifica, e a mostrar os paradoxos e os limites do conhecimento cientifico.
A MAIORIDADE DA RAZÃO
No século XIX, o otimismo filosófico levava a filosofia a afirmar que, enfim os seres humanos haviam alcançado a maioridade racional, e que a razão desenvolvia o conhecimento.
Marx no final do século XIX, e Freud, no início do século XX, puseram em questão esse otimismo racionalista.
Marx, voltado para a economia e a política.
Freud voltado para as perturbações e os sofrimentos psíquicos. Que descobriram eles?
Marx descobriu que temos a ilusão de estarmos pensando e agindo com nossa própria cabeça e por nossa própria vontade, racional e livremente, a isso ele deu o nome de ideologia.
Freud, mostrou que os seres humanos têm a ilusão de que tudo quanto pensam, fazem ,sentem e desejam, tudo quanto dizem ou calam estaria sob o controle de nossa consciência porque desconhecemos a existência de uma força invisível, de um poder – que é psíquico e social – que atua sobre nossa consciência sem que ela o saiba, ele deu o nome de insconsciente.
Diante dessas duas descobertas, a filosofia se viu forçada a reabrir a discussão sobre o que é e o que pode a razão. Teve que reabrir as discussões éticas e morais: O homem é realmente livre ou é inteiramente condicionado pela sua situação psíquica e histórica?
INFINITO E FINITO
O século XIX prosseguiu uma tradição filosófica que veio desde a Antiguidade e que foi muito alimentada pelo pensamento cristão. Nessa tradição, o mais importante sempre foi a idéia do infinito, isto é, da natureza eterna (dos gregos), do Deus eterno (dos cristãos). Prevalecia a idéia de todo ou de totalidade, da qual os humanos fazem parte e na qual os humanos participam.
A filosofia do século XX tendeu a dar maior importância ao finito, isto é, ao que surge e desaparece, ao que tem fronteiras e limites.
Uma corrente filosófica, chamada existencialismo, definiu o humano ou o homem como “um ser para a morte”, isto é, um ser que sabe que termina e que precisa encontrar em si mesmo o sentido de sua existência.
Foram preocupações com a falta de rigor das ciências que levaram o filósofo alemão Husserl a propor que a filosofia fosse o estudo e o conhecimento rigoroso da possibilidade do próprio conhecimento cientifico. Foram também preocupações como essa que levaram filósofos como Bertrand Russel e Quine a estudar a linguagem cientifica, e a mostrar os paradoxos e os limites do conhecimento cientifico.
A MAIORIDADE DA RAZÃO
No século XIX, o otimismo filosófico levava a filosofia a afirmar que, enfim os seres humanos haviam alcançado a maioridade racional, e que a razão desenvolvia o conhecimento.
Marx no final do século XIX, e Freud, no início do século XX, puseram em questão esse otimismo racionalista.
Marx, voltado para a economia e a política.
Freud voltado para as perturbações e os sofrimentos psíquicos. Que descobriram eles?
Marx descobriu que temos a ilusão de estarmos pensando e agindo com nossa própria cabeça e por nossa própria vontade, racional e livremente, a isso ele deu o nome de ideologia.
Freud, mostrou que os seres humanos têm a ilusão de que tudo quanto pensam, fazem ,sentem e desejam, tudo quanto dizem ou calam estaria sob o controle de nossa consciência porque desconhecemos a existência de uma força invisível, de um poder – que é psíquico e social – que atua sobre nossa consciência sem que ela o saiba, ele deu o nome de insconsciente.
Diante dessas duas descobertas, a filosofia se viu forçada a reabrir a discussão sobre o que é e o que pode a razão. Teve que reabrir as discussões éticas e morais: O homem é realmente livre ou é inteiramente condicionado pela sua situação psíquica e histórica?
INFINITO E FINITO
O século XIX prosseguiu uma tradição filosófica que veio desde a Antiguidade e que foi muito alimentada pelo pensamento cristão. Nessa tradição, o mais importante sempre foi a idéia do infinito, isto é, da natureza eterna (dos gregos), do Deus eterno (dos cristãos). Prevalecia a idéia de todo ou de totalidade, da qual os humanos fazem parte e na qual os humanos participam.
A filosofia do século XX tendeu a dar maior importância ao finito, isto é, ao que surge e desaparece, ao que tem fronteiras e limites.
Uma corrente filosófica, chamada existencialismo, definiu o humano ou o homem como “um ser para a morte”, isto é, um ser que sabe que termina e que precisa encontrar em si mesmo o sentido de sua existência.
quinta-feira, 30 de outubro de 2008
Utopias Revolucionárias
No século XIX, em decorrência do otimismo trazido pelas idéias de progresso, desenvolvimento técnico-científico, poderio humano para contruir uma vida justa e feliz, a filosofia apostou nas utopias revolucionarias – anarquismo, socialismo, comunismo -, que criaram, graças à ação política consciente dos explorados e oprimidos, uma sociedade nova, justa e feliz.
No entanto, no século XX, com o surgimento das chamadas sociedades totalitárias – fascismo, nazismo, stalinismo – e com o aumento do poder das sociedades autoritárias ou ditatoriais, a filosofia também passou a desconfiar do otimismo revolucionário e das utopias e indagar se os seres humanos, os explorados e dominados serão capazes de criar e manter uma sociedade nova, justa e feliz.
O crescimento das chamadas burocracias – que dominam as organizações estatais, empresariais, político-partidárias, escolares, hospitalares – levou a filosofia a indagar se os seres humanos poderiam derrubar esse imenso poderio que os governa secretamente, que eles desconhecem e que determina suas vidas cotidianas, desde o nascimento até a morte.
A Cultura
No século XIX, a filosofia descobre a cultura como o modo próprio e especifico da existência dos seres humanos. Os animais são seres naturais; os humanos, seres culturais. A natureza é governada por leis necessárias de causa e efeito; a cultura é o exercício da liberdade.
A cultura é a criação coletiva de idéias, símbolos e valores pelos quais uma sociedade define para si mesma o bom e o mau, o belo e o feio, o justo e o injusto, o possível e o impossível, o inevitável e o casual, o sagrado e o profano, o espaço e o tempo. A cultura se manifesta como vida social, como criação das obras de pensamento e de arte, como vida religiosa e vida política.
Para a filosofia do século XIX, em consonância com sua idéia de uma história universal das civilizações, haveria uma única grande cultura em desenvolvimento, da qual as diferentes culturas seriam fases ou etapas. Para alguns, como os filósofos que seguiam as idéias de Hegel, o movimento do desenvolvimento cultural era progressivo.
Para outros, chamados de filósofos românticos ou adeptos da filosofia do Romantismo, as culturas não formavam uma seqüência progressiva, mas eram culturas nacionais. Assim, cabia à filosofia conhecer o “espirito de um povo” conhecendo as origens e as raízes de cada cultura, pois o mais importante de uma cultura não se encontraria em seu futuro, mas no seu passado, isto é, nas tradições, no folclore nacional.
No entanto, no século XX, a filosofia, afirmando que a história é descontinua, também afirma que não há a Cultura, mas culturas diferentes, e que a pluralidade de culturas e as diferenças entre elas não se devem à nação, pois a idéias de nação é uma criação cultural e não a causa das diferenças culturais.
Cada cultura inventa seu modo de relacionar-se com o tempo, de criar sua linguagem, de elaborar seus mitos e suas crenças, de organizar o trabalho e as relações sociais, de criar as obras de pensamento e de arte. Cada uma, em decorrência das condições históricas, geográficas e políticas em que se forma, tem seu modo próprio de organizar o poder e a autoridade, de produzir seus valores.
A filosofia do século XX afirma a pluralidade cultural e nega que a nacionalidade seja causa das culturas, afirma que cada cultura se relaciona com outras e encontra dentro de si seus modos de transformação.
No entanto, no século XX, com o surgimento das chamadas sociedades totalitárias – fascismo, nazismo, stalinismo – e com o aumento do poder das sociedades autoritárias ou ditatoriais, a filosofia também passou a desconfiar do otimismo revolucionário e das utopias e indagar se os seres humanos, os explorados e dominados serão capazes de criar e manter uma sociedade nova, justa e feliz.
O crescimento das chamadas burocracias – que dominam as organizações estatais, empresariais, político-partidárias, escolares, hospitalares – levou a filosofia a indagar se os seres humanos poderiam derrubar esse imenso poderio que os governa secretamente, que eles desconhecem e que determina suas vidas cotidianas, desde o nascimento até a morte.
A Cultura
No século XIX, a filosofia descobre a cultura como o modo próprio e especifico da existência dos seres humanos. Os animais são seres naturais; os humanos, seres culturais. A natureza é governada por leis necessárias de causa e efeito; a cultura é o exercício da liberdade.
A cultura é a criação coletiva de idéias, símbolos e valores pelos quais uma sociedade define para si mesma o bom e o mau, o belo e o feio, o justo e o injusto, o possível e o impossível, o inevitável e o casual, o sagrado e o profano, o espaço e o tempo. A cultura se manifesta como vida social, como criação das obras de pensamento e de arte, como vida religiosa e vida política.
Para a filosofia do século XIX, em consonância com sua idéia de uma história universal das civilizações, haveria uma única grande cultura em desenvolvimento, da qual as diferentes culturas seriam fases ou etapas. Para alguns, como os filósofos que seguiam as idéias de Hegel, o movimento do desenvolvimento cultural era progressivo.
Para outros, chamados de filósofos românticos ou adeptos da filosofia do Romantismo, as culturas não formavam uma seqüência progressiva, mas eram culturas nacionais. Assim, cabia à filosofia conhecer o “espirito de um povo” conhecendo as origens e as raízes de cada cultura, pois o mais importante de uma cultura não se encontraria em seu futuro, mas no seu passado, isto é, nas tradições, no folclore nacional.
No entanto, no século XX, a filosofia, afirmando que a história é descontinua, também afirma que não há a Cultura, mas culturas diferentes, e que a pluralidade de culturas e as diferenças entre elas não se devem à nação, pois a idéias de nação é uma criação cultural e não a causa das diferenças culturais.
Cada cultura inventa seu modo de relacionar-se com o tempo, de criar sua linguagem, de elaborar seus mitos e suas crenças, de organizar o trabalho e as relações sociais, de criar as obras de pensamento e de arte. Cada uma, em decorrência das condições históricas, geográficas e políticas em que se forma, tem seu modo próprio de organizar o poder e a autoridade, de produzir seus valores.
A filosofia do século XX afirma a pluralidade cultural e nega que a nacionalidade seja causa das culturas, afirma que cada cultura se relaciona com outras e encontra dentro de si seus modos de transformação.
terça-feira, 21 de outubro de 2008
O Cerco da Lapa - Panteon dos Heroes
Ocorreu durante a Revolução Federalista em 1894, onde a cidade de Lapa (Paraná) tornou-se arena de um sangrento confronto entre as tropas republicanas, os chamados pica-paus (legalista) e os maragatos (federalista), contrários ao sistema presidencialista de governo. Lapa resistiu bravamente até que os lapeanos comandados pelo General Antônio Ernesto Gomes Carneiro, caíram exangues em combate. Resistiram ao cerco por 26 dias, mas sucumbiram ante ao maior número do exército Federalista.
O episódio ficou conhecido como o "Cerco da Lapa", a batalha deu ao Marechal Floriano Peixoto, chefe da república, tempo suficiente para reunir forças e deter as tropas federalistas. Ao todo foram 639 homens entre forças regulares e civis voluntários, lutando contra as forças revolucionárias formadas por três mil combatentes. Os restos mortais do General Carneiro, assim como de muitos outros que tombaram durante a resistência, estão sepultados no Panteon dos Heroes, vigiados permanentemente por uma guarda de honra do exército brasileiro.
O episódio ficou conhecido como o "Cerco da Lapa", a batalha deu ao Marechal Floriano Peixoto, chefe da república, tempo suficiente para reunir forças e deter as tropas federalistas. Ao todo foram 639 homens entre forças regulares e civis voluntários, lutando contra as forças revolucionárias formadas por três mil combatentes. Os restos mortais do General Carneiro, assim como de muitos outros que tombaram durante a resistência, estão sepultados no Panteon dos Heroes, vigiados permanentemente por uma guarda de honra do exército brasileiro.
Paranismo - O Brasão de Armas do Estado do Paraná
Foi instituído pela Lei n° 904, de 21 de março de 1910 com sua última modificação em setembro de 1990. Já o atual brasão foi estabelecido na mesma data da bandeira, 31 de março de 1947.
Formam o Brasão de Armas paranaense um escudo português apresentando um campo onde a figura de um lavrador cultiva o solo. Acima deste um sol nascente (amarelo ouro) e três picos (montanhas) simbolizando a grandeza, a sabedoria, e a nobreza do povo, bem como, os três planaltos paranaenses: 1° - Oriental ou de Curitiba; 2° - Central ou dos Campos Gerais; 3° - Ocidental ou de Guarapuava.
Servindo como suporte para o brasão, estão dois ramos verdes, assim como na bandeira. A direita pinheiro-do-paraná e a esquerda erva-mate, isto observando-se o escudo à frente.
Apesar da ave-símbolo do estado ser a gralha-azul, no brasão aparece como timbre a figura de uma falcão (Harpia harpyja) que encontrou no estado condições para se reproduzir naturalmente, estando hoje em extinção.
Formam o Brasão de Armas paranaense um escudo português apresentando um campo onde a figura de um lavrador cultiva o solo. Acima deste um sol nascente (amarelo ouro) e três picos (montanhas) simbolizando a grandeza, a sabedoria, e a nobreza do povo, bem como, os três planaltos paranaenses: 1° - Oriental ou de Curitiba; 2° - Central ou dos Campos Gerais; 3° - Ocidental ou de Guarapuava.
Servindo como suporte para o brasão, estão dois ramos verdes, assim como na bandeira. A direita pinheiro-do-paraná e a esquerda erva-mate, isto observando-se o escudo à frente.
Apesar da ave-símbolo do estado ser a gralha-azul, no brasão aparece como timbre a figura de uma falcão (Harpia harpyja) que encontrou no estado condições para se reproduzir naturalmente, estando hoje em extinção.
A imprensa grotesca do Brasil e suas trapalhadas
Fico horrorizado com a grande imprensa brasileira, A cada dia torna-se mais grotesca e na busca da audiência e por patrocinadores não respeitam mais a dignidade humana. Além de Lindemberg, a Justiça deveria intervir e punir os veículos de comunicação que exploraram o caso até a morte da vítima.
A superexposição na mídia prejudica diversos fatos criminais como o de sequestros ou assaltos a banco, ao colocar os bandidos na condição de estrelas quando cedem entevistas coletivas ou de exclusividade a um veículo.
Onde está a sensibilidade dos jornalistas da grande imprensa? Se parecem muito com Will Farnaby, personagem de Aldous Huxley (A Ilha), que para obter dinheiro e um furo jornalístico, fazia qualquer coisa como ajudar a tramar a morte de alguém ou ser conivente com a invasão de um país e o assassinato de seus líderes políticos.
O cidadão brasileiro deveria sentir repugnãncia de jornalistas como esses e o Conselho de Classe, a exemplo da OAB, têm que fiscalizar e tomar as medidas cabíveis, como a suspensão ou cassação do diploma do profissional anti-ético ao colocar em risco a vida de inocentes em troca de audiência, quando infere na notícia.
Devemos se unir e enviar cartas a emissoras boicotando tais atitudes que resultam em tragédias.
Infelizmente eles ainda não aprenderam a lição, isso não me deixa surpreso e duvido se as "víboras" não esperam tragédias e vitimas.
A superexposição na mídia prejudica diversos fatos criminais como o de sequestros ou assaltos a banco, ao colocar os bandidos na condição de estrelas quando cedem entevistas coletivas ou de exclusividade a um veículo.
Onde está a sensibilidade dos jornalistas da grande imprensa? Se parecem muito com Will Farnaby, personagem de Aldous Huxley (A Ilha), que para obter dinheiro e um furo jornalístico, fazia qualquer coisa como ajudar a tramar a morte de alguém ou ser conivente com a invasão de um país e o assassinato de seus líderes políticos.
O cidadão brasileiro deveria sentir repugnãncia de jornalistas como esses e o Conselho de Classe, a exemplo da OAB, têm que fiscalizar e tomar as medidas cabíveis, como a suspensão ou cassação do diploma do profissional anti-ético ao colocar em risco a vida de inocentes em troca de audiência, quando infere na notícia.
Devemos se unir e enviar cartas a emissoras boicotando tais atitudes que resultam em tragédias.
Infelizmente eles ainda não aprenderam a lição, isso não me deixa surpreso e duvido se as "víboras" não esperam tragédias e vitimas.
Filosofia Contemporânea
A filosofia contemporânea vai dos meados do séc. XIX até nossos dias atuais e que, por estar próxima de nós, é mais difícil de ser vista em sua generalidade, pois os problemas e as diferentes respostas dadas a eles parecem impossibilitar uma visão de conjunto.
Em outras palavras, não temos distancia suficiente para perceber os traços mais gerais e marcantes deste período da filosofia. Apesar disso, é possível assinalar quais têm sido as principais questões e os principais temas que interessavam à filosofia neste século e meio.
História e Progresso
O séc. XIX é, na Filosofia, o grande século da descoberta da História ou da historicidade do homem, da sociedade, das ciências e das artes. É particularmente com o filósofo alemão Hegel que se afirma que a história é o modo de ser dos seres humanos e que, portanto, somos seres históricos.
No século passado, essa concepção levou à idéia de progresso, isto é, de que os seres humanos, as sociedades, as ciências, as artes e as técnicas melhoram com o passar do tempo, acumulam conhecimento e praticas, aperfeiçoando-se cada vez mais, de modo que o presente é melhor e superior, se comparado ao passado, e o futuro será melhor e superior, se comparado ao presente.
Essa visão otimista também foi desenvolvida na França pelo filósofo Augusto Comte, que atribuía o progresso ao desenvolvimento das ciências positivistas. Essas ciências permitiram aos seres humanos “saber para prever, prever para prover”, de modo que o desenvolvimento social se faria por aumento do conhecimento cientifico e do controle cientifico da sociedade. É de comte a idéia de “Ordem e Progresso”, que viria a fazer parte da bandeira do Brasil republicano.
No entanto, no século XX, a mesma afirmação da historicidade dos seres humanos, da razão e da sociedade levou à idéia de que a História é descontinua e não progressiva, cada sociedade tendo sua história própria em vez de ser apenas uma etapa numa história universal das civilizações.
A idéia de progresso passa a ser criticada porque serve como desculpa para legitimar colonialismos e imperialismos (os mais “adiantados” teriam o direito de dominar os mais “atrasados”. Passa a ser criticada também a idéia de progresso das ciências e das técnicas, mostrando-se que, em cada época histórica e para cada sociedade, os conhecimentos e as práticas possuem sentido e tal valor desaparecem numa época seguinte ou são diferentes numa outra sociedade, não havendo, portanto, transformações contínua, acumulativa e progressiva. O passado foi o passado, o presente é o presente e o futuro será o futuro.
As ciências e as técnicas
No século XIX, entusiasmada com as ciências e as técnicas, bem como a Segunda Revolução Industrial, A filosofia afirmava a confiança plena e total no saber científico e na tecnologia para dominar e controlar a natureza, a sociedade e os indivíduos.
Acredita-se que a sociologia, por exemplo, nos oferecia um saber seguro e definitivo sobre o modo de funcionamento das sociedades e que os seres humanos poderiam organizar racionalmente o social, evitando revoluções, revoltas e desigualdades.
Acreditava-se, também, que a psicologia ensinaria definitivamente como é e como funciona a psique humana, quais as causas dos comportamentos e os meios de controlá-los, de tal modo que seria possível livrar-nos das angustias, do medo, da loucura, assim como seria possível uma pedagogia baseada nos conhecimentos científicos e que permitiria não só adaptar perfeitamente as crianças às exigências da sociedade, como também educá-las segundo suas vocações e potencialidades psicológicas.
No entanto, no século XX. A filosofia passou a desconfiar do otimismo científico-tecnológico do século anterior em virtude de vários acontecimentos: as duas guerras mundiais, o bombardeio de Hiroshima e Nagasaki, os campos de concentração nazistas, as guerras da Coréia, do Vietnã, do Oriente Médio, do Afeganistão, as invasões comunistas da Hungria e da Tchecoslováquia, as ditaduras sangrentas da América Latina, a devastação de mares, florestas e terras, a poluição do ar, os perigos cancerígenos de alimentos e remédios, o aumento de distúrbios e sofrimentos mentais, etc.
Uma escola alemã de filosofia, a escola de Frankfurt, elaborou uma concepção conhecida como Teoria Crítica, na qual distingue duas formas da razão: a razão instrumental e a razão critica.
A razão instrumental é a razão técnico-científica, que faz das ciências e das técnicas não um meio de intimidação, medo, terror e desespero. Ao contrário, a razão critica é aquela que analisa e interpreta os limites e os perigos do pensamento instrumental e afirma que as mudanças sociais, políticas e culturais só se realizam verdadeiramente se tiverem como finalidade a emancipação do gênero humano e não as idéias de controle e domínio técnico científico sobre a natureza, a sociedade e a cultura.
Em outras palavras, não temos distancia suficiente para perceber os traços mais gerais e marcantes deste período da filosofia. Apesar disso, é possível assinalar quais têm sido as principais questões e os principais temas que interessavam à filosofia neste século e meio.
História e Progresso
O séc. XIX é, na Filosofia, o grande século da descoberta da História ou da historicidade do homem, da sociedade, das ciências e das artes. É particularmente com o filósofo alemão Hegel que se afirma que a história é o modo de ser dos seres humanos e que, portanto, somos seres históricos.
No século passado, essa concepção levou à idéia de progresso, isto é, de que os seres humanos, as sociedades, as ciências, as artes e as técnicas melhoram com o passar do tempo, acumulam conhecimento e praticas, aperfeiçoando-se cada vez mais, de modo que o presente é melhor e superior, se comparado ao passado, e o futuro será melhor e superior, se comparado ao presente.
Essa visão otimista também foi desenvolvida na França pelo filósofo Augusto Comte, que atribuía o progresso ao desenvolvimento das ciências positivistas. Essas ciências permitiram aos seres humanos “saber para prever, prever para prover”, de modo que o desenvolvimento social se faria por aumento do conhecimento cientifico e do controle cientifico da sociedade. É de comte a idéia de “Ordem e Progresso”, que viria a fazer parte da bandeira do Brasil republicano.
No entanto, no século XX, a mesma afirmação da historicidade dos seres humanos, da razão e da sociedade levou à idéia de que a História é descontinua e não progressiva, cada sociedade tendo sua história própria em vez de ser apenas uma etapa numa história universal das civilizações.
A idéia de progresso passa a ser criticada porque serve como desculpa para legitimar colonialismos e imperialismos (os mais “adiantados” teriam o direito de dominar os mais “atrasados”. Passa a ser criticada também a idéia de progresso das ciências e das técnicas, mostrando-se que, em cada época histórica e para cada sociedade, os conhecimentos e as práticas possuem sentido e tal valor desaparecem numa época seguinte ou são diferentes numa outra sociedade, não havendo, portanto, transformações contínua, acumulativa e progressiva. O passado foi o passado, o presente é o presente e o futuro será o futuro.
As ciências e as técnicas
No século XIX, entusiasmada com as ciências e as técnicas, bem como a Segunda Revolução Industrial, A filosofia afirmava a confiança plena e total no saber científico e na tecnologia para dominar e controlar a natureza, a sociedade e os indivíduos.
Acredita-se que a sociologia, por exemplo, nos oferecia um saber seguro e definitivo sobre o modo de funcionamento das sociedades e que os seres humanos poderiam organizar racionalmente o social, evitando revoluções, revoltas e desigualdades.
Acreditava-se, também, que a psicologia ensinaria definitivamente como é e como funciona a psique humana, quais as causas dos comportamentos e os meios de controlá-los, de tal modo que seria possível livrar-nos das angustias, do medo, da loucura, assim como seria possível uma pedagogia baseada nos conhecimentos científicos e que permitiria não só adaptar perfeitamente as crianças às exigências da sociedade, como também educá-las segundo suas vocações e potencialidades psicológicas.
No entanto, no século XX. A filosofia passou a desconfiar do otimismo científico-tecnológico do século anterior em virtude de vários acontecimentos: as duas guerras mundiais, o bombardeio de Hiroshima e Nagasaki, os campos de concentração nazistas, as guerras da Coréia, do Vietnã, do Oriente Médio, do Afeganistão, as invasões comunistas da Hungria e da Tchecoslováquia, as ditaduras sangrentas da América Latina, a devastação de mares, florestas e terras, a poluição do ar, os perigos cancerígenos de alimentos e remédios, o aumento de distúrbios e sofrimentos mentais, etc.
Uma escola alemã de filosofia, a escola de Frankfurt, elaborou uma concepção conhecida como Teoria Crítica, na qual distingue duas formas da razão: a razão instrumental e a razão critica.
A razão instrumental é a razão técnico-científica, que faz das ciências e das técnicas não um meio de intimidação, medo, terror e desespero. Ao contrário, a razão critica é aquela que analisa e interpreta os limites e os perigos do pensamento instrumental e afirma que as mudanças sociais, políticas e culturais só se realizam verdadeiramente se tiverem como finalidade a emancipação do gênero humano e não as idéias de controle e domínio técnico científico sobre a natureza, a sociedade e a cultura.
segunda-feira, 20 de outubro de 2008
Questões de Estilo
Os estilos de redação que são encontrados nas redações dos jornais brasileiros estão muitos ligados aos manuais que são desenvolvidos dentro das próprias redações.
É muito comum o jornalismo brasileiro ser criticado devido ao seu estilo de redação, mais isto está ligado diretamente a fatores culturais, onde a língua e o vocabulário são muitas vezes muito discrepantes em relação com a linguagem oral.
A influencia que os Estados Unidos tem sobre os estilos começa a partir do lead e da pirâmide invertida, estes dois conceitos ou formas de se escrever, foram copiados por brasileiros a partir da década de 20.
Outras formas de se escrever no jornalismo que influenciou muito nos estilos, foi o novo jornalismo e o jornalismo literário. O primeiro traz até o leitor uma forma onde não existe o lead, mas sim todo um enredo onde um personagem vive um fato. É como se fosse parecido com aquelas grandes reportagens da televisão que criam um personagem e após isto vai se criando uma atmosfera em torno dele, para posteriormente se desenvolver um desfecho.
Já o estilo literário, criado nos meados da década de 80, traz de volta os folhetins, onde os jornalistas poderiam exprimir todo o seu talento literário através das paginas do jornal. Porem, este estilo de escrever, está perdendo espaço para o jornalismo factual e informativo.
Já outra influencia do jornalismo norte americano, que mudou muito o conceito, são os gráficos e tabelas que são inseridas nos jornais. Este trabalho de diagramação, trouxe novos recursos tecnológicos e uma maneira mais agradável para o leitor fazer a leitura diária do jornal.
Além disso, com a introdução de pesquisas de opinião, influenciado por jornais como o USA TODAY e o NYT, trouxeram ao leitor uma forma de acompanhar as notícias, além é claro de desenvolver um senso crítico mais aguçado.
É muito comum o jornalismo brasileiro ser criticado devido ao seu estilo de redação, mais isto está ligado diretamente a fatores culturais, onde a língua e o vocabulário são muitas vezes muito discrepantes em relação com a linguagem oral.
A influencia que os Estados Unidos tem sobre os estilos começa a partir do lead e da pirâmide invertida, estes dois conceitos ou formas de se escrever, foram copiados por brasileiros a partir da década de 20.
Outras formas de se escrever no jornalismo que influenciou muito nos estilos, foi o novo jornalismo e o jornalismo literário. O primeiro traz até o leitor uma forma onde não existe o lead, mas sim todo um enredo onde um personagem vive um fato. É como se fosse parecido com aquelas grandes reportagens da televisão que criam um personagem e após isto vai se criando uma atmosfera em torno dele, para posteriormente se desenvolver um desfecho.
Já o estilo literário, criado nos meados da década de 80, traz de volta os folhetins, onde os jornalistas poderiam exprimir todo o seu talento literário através das paginas do jornal. Porem, este estilo de escrever, está perdendo espaço para o jornalismo factual e informativo.
Já outra influencia do jornalismo norte americano, que mudou muito o conceito, são os gráficos e tabelas que são inseridas nos jornais. Este trabalho de diagramação, trouxe novos recursos tecnológicos e uma maneira mais agradável para o leitor fazer a leitura diária do jornal.
Além disso, com a introdução de pesquisas de opinião, influenciado por jornais como o USA TODAY e o NYT, trouxeram ao leitor uma forma de acompanhar as notícias, além é claro de desenvolver um senso crítico mais aguçado.
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