A principal dificuldade de produzir filmes no Brasil é o alto custo e a falta de incentivos, que, apesar de terem crescido, ainda são poucos. Essa é a principal reclamação de diretores e produtores, como Flávio R. Tambellini, da Ravina Filmes. "As dificuldades existem: os custos de produção são elevados e a falta de uma distribuição realmente interessada no crescimento do cinema nacional é uma lacuna grave".
A Lei do Audiovisual libera, para a produção de filmes, apenas R$ 3 milhões por filme, mas o longa infantil Tainá 2, ainda em projeto, tem orçamento de R$ 5 milhões. Como alternativa, está surgindo no cenário nacional o cinema digital.
O cinema digital ou DV já está em exibição e a primeira sala de projeção de filmes em digital foi inaugurada no Barra Shopping, no Rio de Janeiro. Campinas também tem sua sala de projeção digital, no Shopping Parque D.Pedro. Em 2001, foram exibidos cerca de dez filmes produzidos em digital, como Janela da Alma, de João Jardim e As Avassaladoras, de Mara Mourão.
Porém, filmes como esses foram, depois da captação em DV, kinescopados, ou seja, transformados em película apenas para a projeção. Apenas o infantil Xuxa e os Duendes foi exibido em um projetor DLP, ou seja, projetado diretamente do suporte digital para a tela. Porém o longa foi filmado em suporte de alta definição (HD), uma tecnologia ainda muito cara para a realidade nacional.
A produção de filmes em DV traz várias vantagens, principalmente o baixo orçamento. O filme A Morte da Mulata, do diretor Marcel Cordeiro, foi todo filmado em DV e consumiu apenas R$190 mil. É um número irrisório se comparado com outras produções. A câmera DV DSR500 da Sony, muito usada em documentários, custa cerca de US$ 18 mil e grava imagens no formato 16:9, ideal para a projeção em cinema. Além disso, não é preciso, com o DV, pensar na produção de cópias em película, o que barateira consideravelmente o custo.
Outra alternativa para o cinema nacional é fazer o que se convencionou chamar de blow up: tudo é filmado em Super 16 e depois passado por intermediação em alta definição para 35mm, ficando pronto para a projeção. Esse processo, de acordo com o diretor da Estudios Mega, José Augusto de Blasiis, permite "uma infinidade de efeitos especiais, com correções de luz e de foco". É o caso de O Invasor, de Beto Brant, premiado no último Festival de Brasília.
Outros filmes também utilizaram esse processo e obtiveram resultados ótimos: Houve uma Vez Dois Verões, de Jorge Furtado, e Caramuru, de Guel Arraes. O próximo longa-metragem a ser lançado, que foi filmado em DV, é Rua Seis, sem Número, de João Batista de Andrade, da produtora Raiz.
A cinematografia brasileira caminha a passos largos. Produtoras surgem em todo o país, leis fiscais possibilitam o levantamento de capital para a produção e parcerias com distribuidoras internacionais e com a TV trazem novas possibilidades.
Abordagem teórico prática
Cinematografia, arte e técnica de fazer filmes. Embora Thomas Edison tenha patenteado o quinetoscópio em 1891, o cinema propriamente dito só surgiu realmente com o lançamento, em 1895, pelos irmãos Louis e Auguste Lumière, em Paris, do cinematógrafo, capaz de projetar películas sobre uma tela. O som foi conseguido com a invenção dos sistemas de sincronização som-imagem, pela Vitaphone (1926) e a Movietone (1931). O funcionamento do cinema baseia-se em uma propriedade do olho humano, conhecida como princípio da persistência das imagens na retina. Esse princípio foi formulado em 1829 pelo físico belga Joseph Plateau.
ORIGENS
O cinema desenvolveu-se cientificamente antes que suas possibilidades artísticas e comerciais fossem conhecidas e exploradas. Uma das primeiras conquistas científicas que levaram diretamente ao desenvolvimento do cinema foram as observações de Peter Mark Roget, secretário da Real Sociedade de Londres, que, em 1824, publicou um importante trabalho intitulado Persistência da visão no que tange aos objetos em movimento, no qual afirmava que o olho humano retém as imagens durante uma fração de segundo posterior ao momento em que elas desaparecem de seu ângulo de visão. Essa descoberta estimulou vários cientistas a inventarem diversos meios capazes de demonstrar o princípio.
PRIMEIRAS EXPERIÊNCIAS
Tanto nos Estados Unidos como na Europa, animavam-se imagens desenhadas à mão como forma de diversão, empregando dispositivos que se tornaram populares nos salões da classe média. Concretamente, descobriu-se que se 16 imagens estáticas de um movimento que transcorre em um segundo são passadas sucessivamente também em um segundo, a persistência da visão as une, fazendo com que sejam vistas como uma só imagem em movimento.
O zoótropo, que chegou até nossos dias, traz uma série de desenhos impressos horizontalmente em tiras de papel, colocadas no interior de um tambor giratório montado sobre um eixo. Na metade do cilindro, uma série de ranhuras verticais pelas quais se olha permite que, ao girar-se o tambor, veja-se imagens em movimento. Máquina mais elaborada foi o praxinoscópio, do inventor francês Charles Émile Reynaud. Ele consistia em um tambor giratório com um aro dotado de espelhos colocado no centro e os desenhos postos na parede interior. Conforme se girava o tambor, os desenhos pareciam animar-se.
Naqueles mesmos anos, William Henry Fox Talbot, no Reino Unido, e Louis Daguerre, na França, trabalhavam em um novo projeto que possibilitaria o desenvolvimento do cinematógrafo: a fotografia. Em 1861, o inventor norte-americano Coleman Sellers patenteou o quinematoscópio, que conseguia animar uma série de fotografias fixas montadas sobre uma roda giratória dotada de palhetas.
Um passo relevante para o desenvolvimento da primeira câmera de imagens em movimento foi dado pelo fisiologista francês Etienne Jules Marey, cujo cronofotógrafo (um fuzil fotográfico) portátil movia uma única faixa, que permitia obter 12 imagens em uma placa giratória que dava uma volta completa em um segundo. Por volta de 1889, os inventores norte-americanos Hannibal Goodwin e Georges Eastman desenvolveram películas de emulsão fotográfica de alta velocidade montadas em um celulóide resistente: sua inovação eliminou um obstáculo essencial para uma experimentação mais eficiente com as imagens em movimento.
Na década de 1890, Thomas Alva Edison construiu a primeira máquina de cinema, o quinetoscópio, que tinha uns 15 metros de película em um dispositivo análogo a uma espiral sem fim, que o espectador individual tinha que ver através de uma lente de aumento. As experiências com projeção de imagens em movimento visíveis por mais de um espectador foram realizadas simultaneamente nos Estados Unidos e na Europa. Na França, os irmãos Louis e Auguste Lumière, em 1895, chegaram ao cinematógrafo, invento que era ao mesmo tempo câmera, copiadora e projetor e que é o primeiro aparelho que se pode qualificar autenticamente de cinema. Produziram também uma série de curtas-metragens, no gênero documentário, com grande êxito. Em 1896, o ilusionista francês Georges Méliès demonstrou que o cinema servia não apenas para registrar a realidade, mas também para torná-la divertida ou falseá-la. Realizou uma série de filmes que exploravam o potencial narrativo do novo meio e rodou o primeiro grande filme a ser exibido, cuja projeção durou cerca de 15 minutos: L’affaire Dreyfuss (O caso Dreyfuss, 1899). Mas Méliès é famoso sobretudo por suas notáveis fantasias, como Viagem à lua (1902), nas quais experimentava as possibilidades de trucagens com a câmera cinematográfica.
O estilo documentalista dos irmãos Lumière e as fantasias teatrais de Méliès fundiram-se nas ficções realistas do inventor norte-americano Edwin S. Porter, que produziu o primeiro filme interessante de seu país, Great train robbery em 1903. Esse filme teve um grande êxito e muito contribuiu para que o cinema se transformasse em um espetáculo de massa. As pequenas salas de exibição, conhecidas como cinema poeira, espalharam-se pelos Estados Unidos e o cinema começou a firmar-se como indústria.
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