terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Casos recentes de pedofilia abalam a sociedade

Conselho Tutelar orienta que pais devem estar próximos aos filhos
Na manhã de cinco de novembro, um fato gerou revolta e comoção no Paraná: o corpo da criança Raquel Genofre, de nove anos, foi encontrado numa mala, na Rodoferroviaria de Curitiba. Fontes da Policia Militar indicam que havia sinais de violência sexual e estrangulamento. Jorge Luiz Pedroso Cunha, já condenado por estupro e assassinato, foi preso em Itajaí, mas exames de DNA confirmam que ele não foi o autor do crime. Mesmo assim, Cunha ficou detido por ter cometido outros crimes no litoral. A garota Raquel, apesar da idade, conhecia várias pessoas, virtualmente através da internet e, mantinha uma página no site de relacionamento Orkut. O acontecimento deixou muitos pais chocados e o Zona Norte traz a tona o debate e dicas de segurança sobre o uso e controle da internet para as crianças.
O Conselho Tutelar da Zona Norte, alerta que os fami liares devem ficar atentos e observar com quem seus filhos conversam e o conteúdo abordado no Orkut e MSN. Segundo a conselheira Fernanda Tássia de Oliveira, a falsidade ideológica e o uso da má fé são constantes e infelizmente muitos usam a web para a sedução de menores. Ela afirma que os pais devem manter uma comunicação constante com os filhos e em casos mais graves, imprimir as conversas para que sejam encaminhadas ao Conselho Tutelar. "Isso não é invasão de privacidade. Os pais devem mexer no Orkut dos filhos como medida de cuidado e precaução. A internet é uma realidade virtual e a criança não está preparada para a responsabilidade de alguns conteúdos que acessa". Fernanda diz isso, ao saber que muitos familiares delegam confiança a filhos pequenos, mesmo quando não há amadurecimento ou não estão preparados para tamanha autonomia. Para evitar que se envolva com desconhecidos, ela orienta que os pais devem saber e conhecer quem são os melhores amigos dos filhos na escola, na internet e nas brincadeiras de rua.
Segundo a Conselheira Tutelar Leoni Alves Garcia, o melhor é a atenção e a conversa, mostrando aos filhos que seus melhores amigos são seus pais, que estão dentro de casa. "Cabe aos pais demonstrar a amizade através do sentimento de confiança. Isso não se dá por surras, mas pela conversa". Ela ressalta que, devido à vontade de manter um padrão social, os familiares se afastam das crianças, sendo a falta de diálogo substituída pelas beneficies materiais. "Mesmo que se de tudo aos filhos, deve existir o afeto e o bom relacionamento. A troca do carinho pelos bens de consumo atrapalha." Outras medidas é sempre estarem atentos as amizades, estar presente e oferecer propostas. No caso da internet, mostrar sites educativos e oficiais, como o do SESC ou TV Cultura

Suspeitas e confirmação de abuso devem ser encaminhados ao Conselho Tutelar

Leoni diz que a escola e as instituições de educação, devem prestar atenção e observar sintomas anormais no comportamento das crianças. Se a mesma demonstrar apatia, agressividade e se afastar dos amigos, é sinal que algo errado pode estar acontecendo. O educador deve ter um diálogo adequado e através de metáforas, desenhos e observações, deve elucidar os problemas. Se algo for descoberto, ele tem que procurar o Conselho Tutelar, o Centro de Referência Especializado de Atenção a Criança e Adolescentes Vitimas de Violência ou denunciar anonimamente pelo disque 100.
A psicóloga Cristina Watarai, do Centro de Referência, explica que são encaminhados para a instituição casos de abuso e v iolência triados pelos conselhos tutelares. "Existe uma equipe psico social que atende as vítimas e que tem por objetivo minimizar as seqüelas físicas e emocionais, como o medo, a vergonha, o sentimento de culpa e a mudança de comportamento. Acompanhamos a criança e a família", diz. Cristina afirma que mais de 50% dos casos de abuso sexual é cometido dentro de casa por familiares. "Num lar, onde o agressor foi o pai ou o padrasto, as mães se vêem fragilizadas. Cabe a nós o atendimento psico social e recursos lúdicos para que se superem os traumas e o sofrimento. São raros os casos onde o abuso foi cometido por desconhecidos", afirma. A favor de medidas mais severas para pedófilos, como a aprovada na Câmara dos Deputados, que prevê o aumento da pena, de seis para oito anos e com aumento em um terço, se o agressor comete o crime prevalecendo-se de relações domésticas ou de parentesco, a psicóloga comenta que os pais devem manter diálogos constantes com os filhos, além de existir uma relação de confiança onde os familiares devem estar presentes nas atividades. Outro ponto citado e de alerta é que se evite deixar as crianças sozinhas em casa, ou que fiquem com um responsável.


Alguns sintomas do abuso sexual

Sintomas
- Mal estar pela sensação de modificação no corpo e confusão de idade
- Regressão a comportamentos infantis, como choro excessivo sem causa aparente, micção noturna, chupar dedos, etc.
- Tristeza, abatimento profundo ou depressão crônica. Fraco controle de impulsos e comportamento autodestrutivo ou suicida.
- Comportamento agressivo, raivoso, principalmente dirigido contra os irmãos e um dos pais não incestuoso.
- Prática de delitos.
- Envolvimento em exploração sexual.
- Uso e abuso de substancias como álcool, drogas ilícitas e lícitas.
- Baixo nível de auto-estima e excessiva preocupação em agradar os outros.
- Culpa e autoflagelação.
- Ansiedade generalizada, comportamento tenso, sempre em estado de alerta e fadiga
- Freqüentes fugas de casa.

Sinais corporais
- Doenças sexualmente transmissíveis (DST´s incluindo AIDS) e outras enfermidades de causa psicológica e emocional (doenças psicossomáticas como a dor de cabeça).
- Dificuldades de caminhar ou sentar-se devido a lesões e dores na área vaginal ou anal.
- Roupa intima rasgada ou manchada de sangue.
- Gravidez precoce ou aborto.
- Ganho ou perca de peso. Aparência descuidada e suja pela relutância em trocar de roupa (visando afetar a atratividade do agressor).
- traumatismo físico ou lesões corporais, por uso de violência física.

Sexualidade
- Interesse ou conhecimento súbitos e não usuais sobre questões sexuais.
- Expressão de afeto sensualizada ou mesmo certo grau de provocação erótica, inapropriado para uma criança.
- Desenvolvimento de brincadeiras sexuais com amigos, animais ou brinquedos.
- Masturbar-se compulsivamente.
Desenhos de órgãos genitais com detalhes e características além de sua capacidade etária.

Conseqüências a longo prazo: São efeitos a longo prazo que podem variar de acordo com a idade do inicio do abuso; duração; grau ou ameaça de violência; diferença de idade entre agressor e vítima; grau de parentesco; etc.
- Seqüelas dos problemas físicos gerados pela violência sexual (doenças e gestações problemáticas).
- Dificuldade de ligação afetiva e amorosa.
- Dificuldades de manter uma vida sexual saudável ou tendências de hipersexualizar os relacionamentos sociais.
- Engajamento em trabalho sexual (exploração comercial infanto-juvenil).
- Viciação em substancias lícitas e ilícitas.

Fonte: Centro de Referência Especializado de Atenção a Criança e Adolescentes Vitimas de Violência

Serviço:
- Conselho Tutelar da Zona Norte: Avenida Francisco Gabriel Arruda, 628 (33780375 ou 9991-6752)
- Delegacia da Criança e do Adolescente: Rua Joel Braz de Oliveira, 103 (33342200)
- Centro de Referência Especializado de Atenção a Criança e Adolescentes Vitimas de Violência: Rua Ibiporã, 573 (33362003)

Sites:
TV Cultura: http://www.tvcultura.com.br/
SESC: http://www.sesc.com.br

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