Um dos maiores orgulhos de
Osmilto Lopes, o popular Português, é ter nascido e se criado na mesma casa na
Rua Benjamin Giavarina, onde vive há mais de 63 anos. Seus pais, Joaquim Lopes
e Madalena Lopes, desembarcaram de Portugal em Santos no ano de 1910.
Posteriormente foram para Barretos, na fazenda da Família Junqueira e de lá para
a Colônia Preta a fim de administrar a Fazenda Moça Bonita, de propriedade do
Sinofuti Villanoiva, antigo deputado e dono de um hospital em Rolândia. Após
anos como meeiro, seu pai veio para Jataizinho, onde em 1953 ele nasceu e logo
aos sete anos começou a trabalhar como vendedor. Entre os produtos constam tachos
e canecas feitos de lata de óleo, doces, lingüiça, sardinha cavala e frutas,
vendidos na antiga rodoviária da Praça Frei Timóteo e nas propriedades rurais
da Água Branca e Água do Pari, aonde ia de carroça e tinha como sócios os
amigos Mijotela, Chamilete, Paca e Zé Inácio. “Quando o trem ou o ônibus parava,
embarcávamos e vendíamos pão com sardinha, refrigerantes, frutas, cocadas,
sorvete e demais alimentos. Havia a empresa de ônibus do Lázaro Rivereto, meu
padrinho de batismo. Ali vendíamos passagens porque não havia cobrador. Já nos sítios,
quando o agricultor não possuía dinheiro trocávamos a mercadoria por leitoa,
cabrito e galinha, chegando a voltar com duas carroças cheias por dia”, recorda
Osmilto Lopes.
Com
aptidão para as vendas, junto com seu pai ele encarou um novo ramo: a venda de
frangos, no qual se autodenominava “frangueiro”. “Não havia o frango de granja,
apenas o caipira. Com a expansão dos negócios começamos a vender cabrito e
leitoa e após o aumento dos lucros compramos duas caminhonetes ‘Pé de Bode’ para
buscar galinha caipira em propriedades mais distantes. O produto era
comercializado em São Paulo, onde caminhões buscavam a carga. Eu tinha uns dez
anos e o comprador, de apelido Sabugo, vinha de Cornélio Procópio com um
Mercedes Bicudo 1957. Já estocamos mais de 500 galinhas”, afirma. Nesta mesma
época, seus pais o deixavam sair à noite para assistir televisão. “Até uma
determinada altura não havia energia elétrica nas residências e poucos tinham
TV, como Osvaldo Zanini e o Zé Brás, que até hoje mantêm a marcenaria em casa.
Era umas 40 crianças e a programação consistia nos filmes do Rim Tim Tim ou
Bonanza. As famílias nos convidavam e ficávamos no chão ou olhando pela fresta
da janela”, afirma.
Desta
trajetória, ele também guarda lembranças da infância, como a Escola Joana e as
professoras Florípedes e Aparecida Marques. E, quando se formou aos 18 anos, conheceu
o amor de sua vida e no qual estão juntos até hoje. Trata-se da esposa Lucélia
Lopes, que tinha 15 anos. “Fui a uma Festa de 15 anos e como era boêmio e
apaixonado, cantei a música ‘Eu não ou cachorro não’. Tanto a Lucélia, quanto
sua mãe Conceição gostaram de mim. A partir daquele momento começamos a viver
uma história de amor que resultou em casamento e numa família. Casei-me aos 24
anos e dali para frente virei membro de uma família que me acolheu bem, onde
tenho as filhas Daiane, formada em Direito e a Josiane, que é professora, casada
com Fabiano e pais de Osmilto Lopes Neto Marques”, relata. Na época, seu sogro
Zé Mineiro era um tradicional ceramista, fazendo Osmilto Lopes abandonar o ramo
de mecânica dos tratores de esteiras em Londrina para trabalhar na cerâmica,
onde está há mais de 40 anos. “O trabalho na cerâmica não é fácil. De empregado
tornei-me patrão e isto trouxe responsabilidades. Mas graças ao trabalho
adquiri meus bens e tenho sucesso como empresário”, afirma Osmilto Lopes, que
via no sogro Zé Mineiro as virtudes do trabalho e da honestidade.
Com mais de 63 anos, Português
tem saudades da mãe, que foi muito “trabalhadeira”, pois além de cuidar do lar,
lavava roupa para fora, criou sete filhos, do pai Joaquim Lopes (falecido com
89 anos) e do filho João Lopes, que nunca andou e viveu numa cadeira de rodas
até os 64 anos. Os outros filhos são Manoel Lopes, que teve dez filhos e
faleceu com 63 anos; Maria Lopes, que mora em Santa Catarina e; Joaquina Lopes,
que mora no Paraguai, tem algumas propriedades rurais, além do seu filho ser o
único prefeito brasileiro de uma cidade paraguaia, Santa Fé del Paraná. Com as recordações da casa de peroba da Rua
Benjamin Giavarina viva até hoje, ele cita que muitos ainda vivem no local,
como as famílias do Manoel Salomão, Goulart, Benedito e Elvira Atanásio, pais
do Valentin, Ênio, Nivaldo, sendo que o local onde era a casa da família foram construídos
dois edifícios. “A amizade com os vizinhos é grande e se consolidou pelas brincadeiras
de jogar bola, correr na rua, caçar passarinho e bola queimada. Pegávamos lenha
na mata para as nossas mães e ao lado de casa existia o Matadouro Municipal,
localizado no sítio do Nicola Passardi e atual loteamento Maria Júlia”,
recorda.
Tendo
uma carreira política, que consta o mandato de vereador, ele hoje participa da
Rádio Comunitária Nova Geração, do antigo jornal Folha de Jataizinho e do Clube
de Carros Antigos. “Procuro ajudar o próximo, as entidades assistenciais e as
pessoas carentes”, pontua Osmilto Lopes, que aos fins de semana se reúne com
familiares na sua chácara, onde também funciona a Cerâmica Jacutinga.
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