segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Parque Estadual de Ibiporã se mostra como opção de turismo ecológico


Em meados de 1974 o engenheiro agrônomo Iolder Colombo chegou a Ibiporã, vindo de Santa Catarina. A cidade era diferente de hoje e havia em posse do IAPAR uma área de mata com 92 hectares. “Não existiam guardas no local, era comum a caça de animais silvestres e o desmatamento de peróbas e angico”, recorda Iolder. Ele era caçador e numa investida na mata avistou um inhambu-xintã e, antes de atirar com a espingarda, se arrependeu e lhe surgiu a idéia de criar um movimento para salvar o espaço verde dentro da cidade. “Procurei o Hélio Dutra no ITC (Instituto de Terras e Cartografia) e fui orientado a falar com o Renato Johnsson, Secretário do Interior no governo de Ney Braga. Fiz um documento em 1976 com as principais idéias do que era possível. Como as cerâmicas produziam muito na época, sugeri a implantação de um viveiro com eucaliptos para lenha e árvores nativas para reflorestar as vertentes dos rios. Após três meses foi solicitado um projeto. Sentei com o Hélio Dutra e o fizemos, com previsão de um milhão mudas e apoio de uma associação ambientalista. Assim criou-se a Associação de Proteção ao Meio Ambiente em 1977 e em 30 de abril de 1980 nascia Parque Estadual de Ibiporã. Neste processo, o Doutor Justino Alves Pereira soube que o município ganharia o espaço e deu a idéia de colocar a APAE junto ao parque devido à ação ajudar muitas pessoas. Dos 92 hectares, 18 foram desmembrados e cedidos a APAE”, recorda.                                                                                                         
Com o parque e a APAE estabelecidos, o viveiro produzia e doava mudas aos agricultores para reflorestamento e produção de lenha para cerâmicas. “Pessoas de Ibiporã, Londrina, Jataizinho e Sertanópolis levavam mais de 50 mil mudas de uma só vez. Além do eucalipto haviam mudas frutíferas e exóticas que servem de alimento a animais, como araçá, goiaba, abacate e figueira. Também foram soltos bichos como inhambu-xintã, cotia, curió, paca e jacu, sendo o último chegando a ter mais de 130 espécies no local. Com todo o desenvolvimento, em 1990 o IAP (Instituto Ambiental do Paraná) instalou a sede para coordenar o parque com uma mentalidade organizada, além de plantar outras espécies e acompanhar o cultivo nas propriedades. “A mata é uma zona de amortecimento para o Tibagi e a fauna, que a usa para chegar aos rios e na Bacia do Jacutinga, como o guará, a onça, o quati, a paca e o tatu”, declara.                                                                                                       
Tendo orgulho em trabalhar no Parque Estadual, Sérgio Luís Ferreira, Reinaldo de Almeida Marques e Irineu Burim atuam na produção de mudas para reflorestamento em fundos de vale, mananciais, locais públicos como praças e propriedades rurais. São mais de 32 espécies nativas e frutíferas, como gurucaia, canafistula, cedro, pitanga, araçá, cereja, angico, jangada e amendoim. Para retirá-las é preciso ter cadastro junto ao IAP ou solicitar via oficio. Reinaldo cita que devido às árvores serem de grande porte elas não podem ser plantadas em áreas urbanas. Quanto à doação para escolas isto não ocorre devido à grande quantidade que foi desperdiçada no passado.                      
Os 36 anos dedicados ao IAP trouxeram muito conhecimento a Irineu Burim. Numa primeira observação, ele cita que o desmatamento, erosão e assoreamento está diminuindo a vazão, secando rios, tampando as minas de água, além dos rios mudarem o curso devido à falta da mata ciliar, que deve ter no mínimo 30 metros. Em médio prazo o reflorestamento é uma solução a ser adotada. “O desrespeito aos limites da mata ciliar causa desequilíbrio natural”, afirma.                                                                                                                        
As visitas ao Parque Estadual, um dos pulmões de Ibiporã, são de 2ª a 6ª das 8 às 18 h. Na trilha com 2600 metros de ida e 1300 metros volta, o visitante (com pré agendamento) aprecia árvores nativas, minas, o viveiro, além de uma palestra sobre educação ambiental que aborda a separação correta do lixo, algo que desenvolve a criticidade. “As crianças devem ter consciência ambiental e preservar a natureza para o futuro”, pontua Irineu. O agendamento é no telefone 3258 4366.



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