Conhecido por Kalú, Nelson Vicente (53) mora na Vila Frederico.
Nascido no distrito de Santa Rosa (próximo a Bela Vista do Paraíso), após o
falecimento dos pais, sepultados em Jataizinho, aos 14 anos ele “caiu no mundo
para rodar o trecho” a pé, de bicicleta e moto. Neste período conheceu os
estados do Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, além de ter vivido
inúmeras histórias, como o dia que lavava roupas num rio em Caçapava (SP)
debaixo duma ponte e após uma confusão generaliza, para não entrar na briga ele
vestiu a roupa de outra pessoa e saiu correndo. Outro fato pitoresco é a viagem
de Belo Horizonte a São Bernardo do Campo de bicicleta. Ele se alimentou com pessoas
que jamais tinha visto antes, mostrando que na estrada há solidariedade e uma vida
alternativa. “Muitos rodam o trecho. A tendência é aumentar devido o crescente
desemprego”, cita.
Outra
peculiaridade de Nelson Vicente é a paixão pela música e em específico o rock.
No trecho ele cantou em diversas bandas, como a Kiss Me em São José dos Campos
e que tinha no repertório sucessos de Jerry Adriani, Fernando Mendes, José
Augusto, Beatles, Rolling Stones, Phollas, Scorpions, Europe, Metallica, Guns Roses
e demais grupos de sucesso. “Infelizmente é raro tocar estas músicas nas
rádios”, declara.
Devido
à idade Nelson saiu do trecho e retornou a Jataizinho para atuar no “Cinturão
Verde”, uma espécie de depósito de lixo localizado na saída para Assaí. Ele se
vê como um ambientalista e cuidou da reciclagem por oito anos, separando papelão,
metais variados, pneus e plásticos. Para lhe ajudar, ele contatou oito pessoas
que conheceu no trecho. “O planeta deve ser cuidado e isto cabe ao homem. Fico
triste por haver pouca consideração com a natureza devido não haver a prévia
separação do lixo nos imóveis. Estão destruindo tudo e cabe a nós mais
consciência. A água e as florestas são fundamentais e se os animais não tiverem
um local para viver, irão acabar”, relata.
Hoje,
como ambulante, ele faz bicos variados e tem um caminhão Dodge 75 Trucão ¾ com
peças de outros veículos, como motor e carroceria Wolkswagen e câmbio
Chevrolet. Ao todo ele investiu cerca de 50 mil no veículo, que foi usado no
“Cinturão Verde”, em mudanças e na agricultura. O Dodge ainda funciona, mas
está parado. “Meu sonho é ir ao Lata Velha do Luciano Hulk a fim de pintar e
trocar os pneus”, pontua Nelson Vicente, que também é apaixonado por bicicletas
e gosta de pedalar a noite para “curtir o silêncio, ver a lua e as estrelas”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário